Impressões sobre o EJF

[corridas e de memória, senão acabo não fazendo isso nunca]

– É um mega-evento, sem dúvidas. Estrutura gigantesca, no Centro de Convenções, ocupando diversas salas, corredores, o auditório. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo: “acolhida das crianças” (tinha uma “competição de robótica” que eu fiquei com água na boca para participar! Pena que era só até os 17 anos…), capela com adoração permanente, café com shows musicais, workshops, stands falando sobre os diversos apostolados do movimento… muita coisa.

– É uma bonita experiência de, digamos, “comunhão eclesial”, tanto dentro do movimento Regnum Christi (a presença do diretor geral e de vários membros do Brasil inteiro e até de outros países) quanto do movimento com a Igreja (ilustrada de maneira eloqüente pela presença do Cardeal Franc Rodé, CM). Muito bom rever amigos que eu não via há longa data, que me fazem falta e com quem eu tenho bem menos contato do que eu gostaria! Uma “imagem visível da comunhão dos santos”, poder-se-ia dizer do EJF.

– Muitas palestras primorosas. Sobre os mais variados assuntos: desde sexualidade (com ênfase nos efeitos deletérios das pílulas anticoncepcionais na feminilidade da mulher) até testemunhos de atletas paraolímpicos (que nos deixavam com uma incômoda e salutar impressão de como são pequenos os nossos problemas e como somos ingratos pelas coisas que temos). Não seria capaz de citar todas.

– O fotógrafo dos papas, Arturo Mari, contou-nos diversos relatos sobre a vida dos pontífices com os quais ele conviveu, desde João XXIII, com uma ênfase em João Paulo II. Deste último, falou-nos (como testemunha ocular) do atentado de 1981 e do segundo atentado que o papa sofreu a faca, pouco depois; do seu encontro com o presidente da (então) Tchecoslováquia e com Mikhail Gorbachev; de um encontro com leprosos numa ilha da África (se a memória não me falha) e de uma visita ao Peru na qual Sua Santidade subiu numa mesa e, por sobre um muro farpado, falou aos terroristas do Sendero Luminoso que ele estava ali, que eles (os terroristas) eram assassinos que um dia iam ser julgados por Deus, e que (o Papa) não tinha medo deles; enfim, contou-nos diversas coisas interessantes, muitas das quais eu nunca tinha ouvido falar.

– O ator de Hollywood convertido ao catolicismo, Eduardo Verástegui, produtor do filme Bella, contou-nos o seu testemunho. Como ele levava uma vida promíscua, como uma sua professora de inglês fê-lo ver um dia a incoerêncida da sua vida (ao ser perguntado com que tipo de homem ele gostaria que uma sua filha casasse, ele descreveu “um santo”; ao final, a mulher perguntou-lhe simplesmente se ele era assim e, diante da resposta negativa, por que ele exigia algo que ele próprio não era), como ele decidiu que, desde então, não participaria mais de nenhum filme que ofendesse sua fé, sua família ou seu país. Aconselhado por um legionário, abriu uma produtora – a Metanoia Films – com o objetivo de não produzir senão filmes que passassem valores morais verdadeiros. Bella (não assisti ainda) é fruto deste trabalho.

– Como cada coisa tem o seu lugar, ao lado dos aplausos eufóricos diante dos belos testemunhos que se sucediam, havia o silêncio reverente diante do Sagrado; em particular, registro o terço solene, rezado diante do Santíssimo que foi exposto ao som do Pange Lingua e recolhido enquanto se cantava o Adoremus in Aeternum. Majestoso.

– Não faz parte do evento, mas fui à gravação do DVD do Anjos de Resgate. Terceira fila, à esquerda do palco; não sou o maior fã da banda, mas até gosto de algumas músicas – que ficam muito bem longe da Liturgia. Acho válido que os meninos que gostem disso possam escutá-lo, contanto que as coisas não se misturem (p. ex., eu gosto de frevo, mas tenho horror à sua presença na Liturgia – quando a Campanha da Fraternidade teve aquela música em ritmo de marchinha de carnaval “Levanta-te, chega pra cá e vem para o meio…” eu manifestei aberta discordância e claro descontentamento). Boas músicas (não sei o nome de todas, mas foram cantadas “foi por você”, “peregrino do amor”, “tua família volta pra ela”, “estou aqui”, “o céu inteiro está rezando por ti”, “como uma rosa esmagada no chão” e outras tantas) no repertório, muitos simpáticos os músicos (entra e sai, falam conosco, troca cenário, passa pó de arroz, repete a música – gravação de DVD tem dessas coisas); por esses aspectos, foi uma boa noite.

– Não posso, no entanto, em consciência, deixar de falar sobre uma coisa terrível que presenciei neste show. Após uma excelente manifestação de um dos integrantes da banda sobre a radical oposição entre as exigências da mídia e as convicções do grupo – e da afirmação peremptória de que eles poderiam até não conseguir nunca gravar nada, mas não iam abrir mão de utilizar a banda como “ministério” para passar valores católicos -, eis que, no meio do show, da gravação do DVD, no palco, alguém tem a brilhante idéia de colocar um altar (!) e trazer o Santíssimo para uma adoração (!!). Francamente! Não saberia apontar agora os documentos da Igreja que restringem os lugares nos quais é lícito fazer adoração eucarística, mas é óbvio que [no mínimo] não convém levar o Santíssimo Sacramento para um palco de um show! Isto termina por “queimar o filme” das pessoas que eu tentava há pouco defender, porque revela uma radical incapacidade de separar o culto público da Igreja das músicas populares que elas gostam de ouvir e de tocar. Foi triste, muito triste.

– A viagem, por fim, deixa saudades. Não encontrei todas as pessoas que gostaria, mas encontrei algumas; é um verdadeiro oásis, no meio do mundo em que vivemos, ver um evento católico no qual existem dezenas de sacerdotes presentes, disponíveis o dia inteiro para ouvir confissões e dar direção espiritual, com uma capela onde há sempre muitas pessoas de joelhos diante de Cristo Eucarístico, com um cardeal celebrando a Missa de encerramento e um coral entoando o Sanctus, e tantas coisas mais que eu sem dúvidas estou esquecendo. Próximo EJF, esperamos que seja em Recife (ou, ao menos, no nordeste); já visitei muito os meus amigos de longe, e agora é minha vez de ser visitado.

17 comentários em “Impressões sobre o EJF”

  1. Vini,

    Não, não, deixe de bairrismos! =P

    Já foi em Curitiba. Busquemos as coisas do alto: subamos ao nordeste!! =D

    – Jorge

  2. Jorge,

    parece-me que já está mesmo confirmado em POA.

    Pelo jeito, temos que esperar mais um pouquinho! =(

    -Pacheco.

  3. Foi realmente tudo muito sublime, achei incrível ver tantos religiosos. Todos muito bem paramentados, nenhum padre querendo se disfarçar, achei lindo!

    Jorge, ainda bem que nem fiquei para os shows. Gosto de Anjos de Resgate, mas não tanto a ponto de ir a um show deles. Ainda mais depois da saída do Dalvimar.

    Já disse várias vezes, foi um evento muito bem organizado, uma estrutura gigantesca, enfim. Não tenho palavras. Mas tenho que lembrar outra coisa “estranha” que ocorreu durante o evento. Diga-me, por que durante o terço estavam passando imagens nos telões com o santíssimo exposto? Provavelmente foi um descuido de alguém da organização, enfim…foi a única coisa que me deixou meio “grilado”.

    Que tudo o que vivemos lá produza frutos, muitos frutos!

    amém!

  4. Vinícius,

    Não me recordo das imagens passando no telão com o Santíssimo Exposto durante o terço. Não eram as imagens do próprio Santíssimo que estava exposto? Se assim o for, creio que era para que as pessoas que estavam distantes vissem o palco.

    Abraços,
    Jorge

  5. Jorge, o que aconteceu foi o seguinte, durante os mistérios, passavam imagens para elucidar o próprio mistério. Depois que passavam as imagens, o focom voltava para o Santíssimo. Ah, mas como não foi durante todo o mistério, acho que é possível.

    Assim, quero deixar claro que não sou teólogo e muito menos especialista em liturgia, mas foi algo que não tinha visto antes, por isso achei estranho. Mas confio nos padres legionários e sei que se houvesse algo errado eles perceberiam.

  6. Vinícius,

    Acredito que era exatamente isso: após as imagens do mistério que era contemplado, voltava a câmera para o Santíssimo que estava exposto e exibia-O no telão.

    Não vejo nenhum problema com isso e considero até muito razoável, uma vez que o terço estava sendo recitado diante do Santíssimo (e que, portanto, é natural que as pessoas estivessem olhando para Ele).

    Abraços,
    Jorge

  7. Jorge,

    Estive no evento em Curitiba e infelizmente não tive condições de participar em Brasília. Vc faz parte da sessão de Recife? Estou em Aracaju e preciso de um contato em Recife.

    Diego

  8. Diego,

    Não sou do Movimento [só simpatizante], mas conheço todo mundo da seção Recife.

    Escreve-me em particular dizendo do que precisas; ser-me-á um prazer falar com os meninos e ver o que podemos fazer.

    Abraços, em Cristo,
    Jorge Ferraz

  9. ART!
    Nossa o EJF em Brasília ficara marcado na memória das pessoas que viverão aquele momento tão lindo e maravilhoso.
    Onde ficara guardado Principalmente as lições de vida onde posso citar o Eduardo Verastegui, Pe. Alvaro Corcuera L.C. e muitos outros.
    Só quem esteve para saber como foi bom aquele momento.

    Abraço, em Cristo e na Legião
    Andrei

  10. Caríssimo Jorge,

    Que (santa) inveja! É uma pena que eu não pude participar! Espero estar no próximo!

    Abraços e fique com Deus,

    Léo

  11. Jorge Ferraz:

    tinha uma “competição de robótica” que eu fiquei com água na boca para participar!

    Como era essa competição? Por que uma “competição de robótica”?

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