Ainda as controvérsias conciliares

Não tive lá muito tempo disponível nos últimos dias para acompanhar os debates cá do Deus lo Vult! sobre o Concílio Vaticano II (aliás, há um debate pendente com o senhor Sandro que está na minha lista de coisas a fazer; Sandro, não se preocupe, que eu não me esqueci do senhor), o que é uma grande pena; mas há um comentário do sr. Antonio que foi feito sobre o qual eu gostaria realmente de tecer alguns comentários.

Ele começa com considerações sobre a Missa Nova, citando um texto que explica como há, no Novus Ordo Missae, “certas características de rito e de culto objetivamente coincidentes com a doutrina protestante da “Ceia do Senhor” e com a Nova Teologia — teologia não apenas reforçada pela Missa Nova, mas também gênese-inspiração de sua própria fabricação”. Gostaria de deixar este assunto de lado por enquanto, porque o problema aqui é essencialmente diferente daquele do Concílio, por diversos motivos. Basta por enquanto afirmar que a Santa Missa no rito em que é celebrada na virtual totalidade da Igreja Atual é, sem sombra de dúvidas, verdadeiro e próprio Sacrifício, é válida e lícita, nem herética e nem “heretizante”. Em outra oportunidade, volto a estes pontos, para explorá-los com mais detalhes; por enquanto, quero me debruçar sobre a questão do Concílio.

Comentei – e, aliás, mantenho – que qualquer documento magisterial, não importa o quão claro seja, infalível ou não, é passível de distorções, e citei como exemplo a Unam Sanctam (Por isso, declaramos, dizemos, definimos e pronunciamos que é absolutamente necessário à salvação de toda criatura humana estar sujeita ao romano pontífice), da qual se pode inferir a inexistência do Batismo de Desejo (tese condenada do pe. Jesuíta Leonard Feeney); contra isto, o sr. Antonio fez cinco ponderações, que cito abaixo:

1) O Vaticano II dá muito mais oportunidade para isso do que a Unam Sanctam; 2) Dessa bula o feeneyismo só falsamente se alimenta desvirtuando-se aquele pequeno excerto, enquanto que no Vaticano II o erro é por vezes apresentado nas autocontradições ao longo de suas páginas ou mesmo nas orações adversativas; 3) O feeneyismo, que de uma má interpretação daquela bula pode surgir, não prejudica os adeptos ignorantes desse erro tal como o faz o erro oposto do irenismo relativista, não condenado e até insinuado pelo texto e pelo espírito ecumenista do Vaticano II; 4) Ao contrário do espírito geral de compromisso e ambigüidade para fazer aprovar por vasta maioria de votos os documentos do Vaticano II, e para depois interpretar à maneira querida por muitos de seus redatores, a bula Unam Sanctam não foi escrita para, nem pensando em, o erro que depois a instrumentalizou; 5) O Vaticano II possibilita uma matiz tão mais vasta de interpretações, desde aquela dita “conservadora” (modernismo light) até aquela mais progressista, que condenar uma concede até força para as demais e também erradas interpretações, mesmo que mais brandas ou parcialmente erradas.

Ora, do exposto, segue-se que o problema do Vaticano II seria meramente de grau, e não de essência. Mantenho: quaisquer documentos católicos, infalíveis ou não, conciliares ou dos Santos Padres, das Escrituras Sagradas, do Concílio de Nicéia ao Vaticano II, são passíveis de más interpretações, e é exatamente por isso que a interpretação legítima de quaisquer textos católicos compete ao Magistério da Igreja, e não a particulares.

Com algumas das ponderações feitas dá para concordar; com outras, não. Se eu certamente concordo que o Feeneyismo “só falsamente se alimenta desvirtuando-se aquele pequeno excerto”, no entanto afirmo igualmente que o modernismo só falsamente se alimenta do Vaticano II, desvirtuando-lhe o sentido verdadeiro. A diferença de grau (que reconheço existir) pode ser muito razoavelmente creditada à extensão dos textos que o Vaticano II deixou, ou à má-intenção dos inimigos da Igreja que se apropriaram indevidamente dos documentos conciliares; não é necessário alegar uma “maldade intrínseca” do Concílio para tanto.

A quinta ponderação diz que o Concílio permite interpretações que vão “desde aquela dita “conservadora” (modernismo light) até aquela mais progressista”. Ou seja: a “faixa interpretativa” do Vaticano II seria limitada de um lado pela “heresia light” e, do outro, pela “heresia heavy”, o que é a mesma coisa que dizer que o Concílio é vere et proprie herético, pois incapaz de se prestar a uma interpretação ortodoxa! Com isso, é impossível concordar. Já afirmei aqui (e mantenho) que o Concílio é, sim, passível de descalabros interpretativos heréticos, mas também é (e, aliás, esta é a única forma na qual é lícito entender o Concílio) passível de interpretações ortodoxas. Não imagino estar sozinho nesta minha posição; também o Papa Bento XVI, no já célebre discurso de natal à Cúria Romana, afirmou claramente:

Assim podemos hoje, com gratidão, dirigir o nosso olhar ao Concílio Vaticano II: se o lemos e recebemos guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da Igreja.

O Vaticano II, portanto, pode ser justamente interpretado [e adianto que a “renovação da Igreja” não tem nada a ver com a “criação de uma Nova Igreja”, posto que esta última é precisamente a interpretação condenada pelo Santo Padre poucas linhas atrás] e deve ser justamente interpretado. Outra forma de encará-lo é inútil e só pode conduzir ao erro.

Gostaria de fazer somente mais dois comentários. Primeiro, há mais um clássico exemplo de texto magisterial historicamente mal-interpretado (e que, aliás, alguns interpretam erroneamente até hoje): trata-se da liberdade religiosa. Eu trouxe aqui, no debate com o Sandro sobre este assunto, uma citação do Beato Pio IX citada por Dom Estêvão na Pergunte & Responderemos, que reproduzo mais uma vez:

O autêntico significado do pensamento de Pio IX foi formulado pelo Bispo de Orleães, Mons. Dupanloup, num escrito que, aos 26/01/1865, comentava a Encíclica Quanta Cura e o Syllabus:

“O Papa condena o indiferentismo religioso, esse absurdo que de todos os lados e em todas as tonalidades nos é incutido hoje em dia, a saber: o Evangelho ou o Alcorão, Buda ou Jesus Cristo, o verdadeiro e o falso, o bem e o mal, tudo é igual… Condenar a indiferença em matéria de religião não é condenar a liberdade política dos cultos”.

Ora, Pio IX, aos 04/02/1865, respondeu elogiosamente a Mons. Dupanloup, dizendo:

“Reprovastes tais erros no sentido em que Nós mesmos os reprovamos… Estais em condições de transmitir aos vossos fiéis o nosso autêntico pensamento pelo fato mesmo de terdes refutado energicamente as interpretações errôneas do mesmo” (o texto de Pio IX encontra-se na sua íntegra latina no estudo de R. Aubert: Mgr Dupanloup et le Syllabus, em Revue d’Histoire Ecclésiastique, Louvain 51, 1956, p. 913).

[Pergunte & Responderemos, n. 516, junho de 2005, pp. 257-258]

E grifo: Condenar a indiferença em matéria de religião não é condenar a liberdade política dos cultos. Não é de hoje que o ensino da Igreja é mal-entendido; no tocante à liberdade religiosa, pelo menos desde Pio IX que ele é mal entendido! Portanto, tal prerrogativa não é exclusiva do Concílio Vaticano II. É importante mostrar o ensino católico; e não ficar no lenga-lenga de joeirar o Magistério e “pescar”, nos documentos emanados de Roma, o que é ortodoxo e o que não é.

O segundo comentário é sobre a entrevista de Dom Tissier; disse o bispo da Fraternidade, grosso modo, que, do fato de Lefebvre ter assinado os documentos conciliares, não segue que ele os tenha aceitado (!), porque num concílio todas as pessoas são obrigadas a assinar todos os documentos (in a collegial decision, even if you do not agree with the decision, you have to sign it). Como não tenho conhecimento sobre este assunto, embora ache muitíssimo estranho, vou me abster de criticar, pois isto é um ponto de somenos importância. O pior aqui é o que Dom Tissier diz depois, que vou até colocar o original em inglês ao lado da minha tradução traditora para que me corrijam se eu houver falsificado as palavras do bispo:

Mais do que à luz da Tradição, nós realmente devemos ler e interpretar o Vaticano II à luz da nova filosofia. Nós temos que ler e entender o Concílio em seu real significado, quero dizer, de acordo com a nova filosofia. Porque todos os teólogos que produziram os textos do Vaticano II estavam imbuídos da nova filosofia. Nós temos que lê-lo desta maneira, não para aceitá-lo, mas para entendê-lo como os teólogos modernos – que redigiram os documentos – o entendem. Ler o Vaticano II à luz da Tradição é não o ler corretamente.
[Rather than read Vatican II in light of Tradition, we really should read and interpret Vatican II in light of the new philosophy. We must read and understand the Council in its real meaning, that is to say, according to the new philosophy. Because all these theologians who produced the texts of Vatican II were imbued with the new philosophy. We must read it this way, not to accept it, but to understand it as the modern theologians who drafted the documents understand it. To read Vatican II in light of Tradition is not to read it correctly.]

E isso, evidentemente, não é um argumento. O Vaticano II é herético e deve ser condenado simplesmente porque é um erro interpretá-lo de maneira ortodoxa! Não importa quantas vezes o Papa diga que o Concílio não deve ser interpretado como uma ruptura. Oras, dizer que o Concílio está errado porque é a priori errado interpretá-lo do jeito certo é uma clara petitio principii. Com estes pressupostos absurdos, não existe debate teológico possível, e sim apenas uma “dissecação” dos alegados “erros conciliares”, contra os quais não cabe resposta alguma pelo simples e axiomático fato de que é errado não achar erros no Concílio.

19 comentários em “Ainda as controvérsias conciliares”

  1. Ferretti,

    Muito obrigado! Na verdade, o Antonio citou corretamente, e eu que errei na hora de comentar…

    Já está corrigido.

    Abraços,
    Jorge

  2. Que belo texto! Mais claro que isso, nem água…

  3. Prezado Jorge,
    salve Maria!

    Acredito que o debate esteja desvirtuado. É óbvio que qualquer documento pode ser distorcido. NÂO é isso que está em jogo no caso do Vaticano II.

    Veja o seu argumento de que a bula Unam Sanctam pode ter uma interpretação distorcida. É claro que pode, e por quê? Minimamente, por causa do pecado original, e da tendência para o mal que dele advém.

    Mas querer equiparar as duas situações (Unam Sanctam e Vaticano II) é impossível. O Vaticano II, propositadamente, quis a ambiguidade. Não parece ser este o caso da Unam Sanctam.

    Pegue o senhor o caso de um cânon do Concílio de Trento. Ele não é ambiguo, mas, ao contrário, está claro o que ele quis dizer. Por outro lado, pergunta-se: este cânon qualquer esgotou definitivamente o assunto sobre todos os ângulos? Pode ser que não, em alguns casos. Dou um exemplo hipotético: um cânon define que, pronunciadas as palavras da consagração, dá-se a transubstanciação, ou seja, a substância do pão e do vinho deixam de existir, e passa a existir a substância do corpo e do sangue de Nosso Senhor. Ele é bastante claro, e não é ambiguo. Mas podia ser que a Igreja não tivesse se pronunciado de que forma se daria a transubstanciação, ou seja, se pela transformação da substância anterior, ou pela sua destruição e posterior substituição.

    É por isso que cai por terra o argumento veritatiano de que depois de vários Concílios (como Nicéia e Vaticano I) houve crises como a que se seguiu ao Vaticano II. As crises houve justamente por causa da clareza com que estes Concílios trataram do assunto, e cujas definições claras e precisas acerca da divindade de Nosso Senhor e da Infalibilidade do Papa, respectivamente, deixaram furiosos os adversários.

    Não se nega que, no começo, houve uma certa disputa terminológica acerca da consubstancialidade entre o Verbo e o Pai, mas isso era devido ao desenvolvimento ainda rudimentar das formalidades teológicas. O mesmo não se pode afirmar no caso do Vaticano II. Este teve dois mil anos de experiência para saber como agir.

    E em relação ao caso do Pe. Feeney, veja que ele não distorceu simplesmente a Unam Sanctam. Houve manifestações do magistério da Igreja posteriormente e que tratavam da (im)possibilidade de salvação dos que estavam fora da Igreja. Ocorre-me à memória um pronunciamento de Pio IX, o catecismo de São Pio X, e a voz quase unânime dos teólogos, mesmo anteriores ao Pe. Feeney. Com isso, quero dizer que ele quis ir contra uma posição claramente afirmada pelo Magistério. Por conseguinte, não se alegue o caso do Pe. Feeney para afirmar que a Unam Sanctam seria ambigua: ela apenas não tratou de todos os aspectos da salvação. E o Vaticano II, naquilo que ele tratou, foi ambíguo de propósito.

    No final das contas, é quase como se o Vaticano II estivesse para o Magistério pré-conciliar como o Pe. Feeney estava para a Unam Sanctam.

    In Domino,

    Epiphanius

  4. Epiphanius,

    Não me parece convincente o argumento de que “caso do Vaticano II. Este teve dois mil anos de experiência para saber como agir.”, pois isso implicaria que os 1600 anos de “experiência” do Conc. de Trento justificaria a disputa que você admite em sua interpretação.

    E a afirmação de que o CVII quis – propositadamente – ser ambíguo não deveria estar embasada em algum escrito nesse sentido nos escritos dele emanados ou alguma declaração similar do Magistério posterior?

  5. Caríssimo Epiphanius,

    Veja bem, eu não estou “equiparando” situação alguma; apenas estou dizendo que qualquer documento pode ser distorcido, coisa com a qual tu concordas.

    Eu também não estou aplicando aquilo que tu chamas de “argumento veritatiano”; o ponto aqui não é o fato de que após diversos concílios tenha havido crises. A situação atual guarda diferença das situações anteriores, coisa que precisa ser levada em consideração (e que eu, aliás, procuro levar). O ponto aqui é: por que raios o Vaticano II deveria ser proscrito como um câncer devido aos descalabros interpretativos que dele fazem, se quaisquer textos são passíveis de distorção?

    Não acho sensato alegar uma suposta “intenção” do Concílio em ser “ambíguo”, porque os textos conciliares não têm “intenções” para além do que foi escrito. Dado um texto aprovado pelo Papa, o que conta é o texto aprovado pelo Papa, e não as intenções de quem o redigiu. Note que a intenção do Concílio de preservar a Doutrina da Igreja foi expressamente afirmada por todos os Papas (só João Paulo I que eu não sei, devido ao curto pontificado), de João XXIII a Bento XVI! Por que motivo deveríamos dar mais valor à intenção oculta de alguns redatores dos textos conciliares do que à intenção manifesta dos Sumos Pontífices?

    Não faz a menor diferença se os redatores dos textos conciliares “quiseram” ser ambíguos ou não. O que conta é o texto aprovado. Toda interpretação heterodoxa do Vaticano II – à semelhança do erro de Feeney – também vai “contra uma posição claramente afirmada pelo Magistério”. Só por esse motivo, ela devia ser pronta e imediatamente rechaçada a priori, e não se deveria perder mais tempo com ela, posto que obviamente ela está errada. No entanto, aparece-me dom Tissier para dizer precisamente – na contramão do que dizem todos os Papas – que a única maneira de se interpretar corretamente o Concílio é sob a ótica modernista! Este erro de princípio grosseiro torna impossível o debate. Dizer que o Concílio é herético porque é herético não é mais discussão séria, e sim birra, implicância; a crise atravessada pela Igreja não nos permite perder tempo com isto.

    Veja, p.ex., o Concílio de Nicéia: ele foi praticamente feito por um Imperador Pagão que queria precisamente acalmar os ânimos e estabelecer a concórdia entre bispos ortodoxos e hereges arianos, para fortalecer a unidade da Igreja que ele desejava utilizar como fator de coesão para o Império Romano decadente. No final das contas, o que é que vale? A intenção de Constantino, ou o texto aprovado pelo Papa?

    Abraços, em XC,
    Jorge Ferraz

  6. SE O VATICANO II NÃO CRIOU NENHUM DOGMA, NÃO PRODUZIU ANATEMAS E TUDO QUE TEM NELE TEM QUE SER INTERPRETADO SEGUNDO A TRADIÇAO, PORQUE TANTA POLEMICA? GOSTARIA QUE ALGUEM ME DISSESSE QUAL FOI O MOTIVO ALEGADO PARA A CRIAÇÃO DO NOVO ORDO POR PAULO VI, POIS A MISSA GREGORIANA ESTAVA EM USO JÁ A LONGOS SECULOS. PORQUE CRIOU-SE UMA NOVA MISSA?

  7. É um assunto muito vasto, mas tentarei explicar em linhas simples:
    Uma das desculpas (esfarrapadas) era de que as pessoas não estavam mais entendendo a Missa (como se ela fosse para ser entendida). Hoje a missa é em vernaculo e quase ninguém entende seu verdadeiro sentido… Isto quando não o deturpam…
    Já em 1962 João XXIII faz algumas intervenções no missal, mas nada e significativo. Mais tarde, um dos esquemas do Concílio Vaticano II sobre a liturgia tratava justamente da Reforma Litúrgica (mas não como esta liturgia que conhecemos). De fato, logo após o Concílio, a liturgia sofreu algumas alterações, surgindo daí o conhecido Missal de 1965, mas que não corresponde absolutamente ao Novus Ordo. Era a Missa Gregoriana mais simplificada. Frise-se que não havia previsão de se utilizar o vernáculo.
    Foi a partir de 1968/1969 que surge a liturgia de Paulo VI (Novus Ordo). É a primeira vez que uma missa é “fabricada” por peritos, não resultando de um desenvolvimento natural. Não poucos estudiosos afirmam que o Novus Ordo é antropocêntrico e ressalta a ação de graças e a “ceia do Senhor” em detrimento do sentido sacrificial. Fato é que esta liturgia (Novus Ordo) é vista por Ratzinger, papa gloriosamente reinante como Bento XVI como um dos fatores que geraram a “crise na Igreja, pela qual passamos hoje, que é causada em grande parte pela decadência da liturgia, que às vezes é concebida de uma maneira etsi Deus non daretur [Como se Deus não existisse], isto é, que nela não importa mais se Deus existe e se Ele nos fala e nos escuta. Quando, porém, na liturgia não aparece mais a comunhão da fé, a unidade mundial da Igreja, o mistério de Cristo vivo, onde, então, ainda aparece Igreja, em sua essência espiritual? Aí a comunidade ainda celebra somente a si mesma, mas isso não vale a pena. E já que a comunidade por si só nem existe, e é sempre formada somente pela fé, sendo criada como unidade pelo Senhor, é inevitável, naquela suposição, que a Igreja se divida em partidos de todo tipo, e os grupos se oponham uns aos outros dentro de uma Igreja que se dilacera a si mesma.
    (Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, Lembranças da Minha Vida, versão em português, Ed Paulinas, São Paulo, 2006, pp.128-131. Do original alemãoAus meinem Leben).
    Frise-se que o principalm mentor do Novus Ordo foi Annibale Bugnini, religioso do alto escalão que depois se descobriu ser maçom (após isto ele foi enviado do Vaticano no Irã, por volta de 1975).
    Bugnini, por exemplo, não teve qualquer entrave moral em reduzir substancialmente o sentido sacrificial da missa e ousou dizer que qualquer protestante poderia fazer seu culto com as rubricas do Novus Ordo (seis pastores protestantes teriam sido “observadores” durante os trabalhos – tem até foto deles).
    Bugnini quis ser ecumênico, mas deste ecumenismo herético surgiram aberrações como as de Assis, em 1986 e outras mais e que se disseminam em abusos litúrgicos.
    Prefiro a Missa de São Pio V, segura, católica, sacrificial, teocêntrica, resultante do desenvolvimento gradual da liturgia e sem lugar para equívocos (veja quantos santos gerou) e a qual qualquer sacerdote pode celebrar sem autorização do bispo (como podemos ver no Motu Proprio Summorum Pontificum da lavra do Santo Padre hoje reinante).
    Espero que tenha, com este pequeno resumo, assimilado a luta pelo revigoramente da Missa Tridentina.

  8. Sr. Jorge Ferraz,
    Peço licença para discordar de seu posicionamento ao dizer que “não interessa a intenção dos redatores do textos conciliares” afirmando em seguida que “o que interessa é a intenção formalmente expressa nos textos”.
    Interessa sim! E muito!
    Considerando que não se trata de Magistério Extraordinário ( e sim Ordinário), o CVII deveria POR OBRIGAÇÃO, reafirmar o Ensino Magisterial precedente.
    Se não ensinou, deve ser questionado a fim de que se busque esclarecimentos e, por uma questão de PRUDÊNCIA, CORRIGIR SUAS AMBIGUIDADES (como pede a FSSPX).
    Não é pelo simples fato de um documento ter recebido a assinatura do Papa que ele se torna “ortodoxo” da noite para o dia. A História mostra que já houve casos de Papas que ensinaram e agiram colocando a fé dos fiéis em perigo, e muitos santos falaram sobre isso. Não há que se falar em “religioso obséquio de obediência” numa situação de crise.
    Que o CVII ensinou doutrinas heterodoxas, não há dúvida, pois Cristo nunca ensinou que no futuro haveria a “unificação do gênero humano”(GS), nem Trento ensinou que “hereges podem ser inspirados pelo Espírito Santo”(LG). Portanto ninguém acusa o CVII de favorecer heresias de forma gratuita e sem fundamento, como o senhor afirmou.
    E quem afirma que houve intenção PROPOSITAL em adotar ambiguidades foram as próprias testemunhas que acompanharam os debates na época. Sugiro que o senhor leia O RENO SE LANÇA SOBRE O TIBRE-O CONCÍLO DESCONHECIDO de Ralph W. E também DO LIBERALISMO A APOSTASIA de D. Lefebvre.
    Sugiro a leitura de A NOVA TEOLOGIA: OS QUE PENSAM QUE VENCERAM. O livro explica como a Nova Teologia de Henri De Lubac (condena por PIO XII na Humanis Generis) foi disseminada dentro da Igreja por meio das AMBIGUIDADES do CVII.

  9. Sr. Jorge Ferraz,
    em tempo….
    sobre o Pe. Henri de Lubac, gostaria de acrescentar que ele foi perito do Concílio Vaticano II e teve influência profunda na revisão dos textos concilares.

  10. O CVII introduziu PROPOSITALMENTE termos ambiguos a fim de que as teses da Nova Teologia (condenadas por S.Pio X, Pio XI e Pio XII) pudessem ser disseminadas subliminarmente pelos textos conciliares com uma APARÊNCIA de ortodoxia.
    Isso obviamente não aconteceu em concílios anteriores, porque se tivesse, as heresias não teriam sido condenadas e os hereges não teriam se separado da Igreja. Luteranos, arianos, nestorianos e vetero-católicos estariam ainda nela integrados valendo-se justamente das suspostas ambiguidades.
    Logo não se pode comaparar os concílios dogma´ticos do passado com o CVII (meramente pastoral

  11. Caro Jorge,

    O problema da reforma litúrgica consiste não só em suas semelhanças e identidades com o culto protestante — várias delas já rejeitadas no passado, contra as quais muros doutrinários, litúrgicos e catequéticos haviam sido erguidos –, mas também o movimento, a mudança, que se deu do Missal de João XXIII, de sua rubrica e do Ritual para seus novos pares cunhados por Bugnini, com a ajuda de seus amigos protestantes e os auspícios de Paulo VI. Em outras palavras, não é o quadro estático do novo Missal (e dos demais livros) que tanto permite atribuir-lhe a pecha de protestante (muito embora se possa dizer, no mínimo, menos católico e mais imperfeito), mas a mudança que se fez para chegar nele. Com tal mudança, pode-se, sim, afirmar que o Missal de Bugnini/Paulo VI foi (e ainda é, pela mais fácil comparação com a Missa Gregoriana agora reabilitada universalmente) protestantizante, pois inaugurou passos em direção a vários pontos da doutrina protestante e/ou passos distanciadores daquela mesma doutrina que durante tanto tempo foi defendida e reforçada na Missa. Para muitas dessas alterações, adições e substrações de rito, calendário e liturgia alegou-se simplificação, resgaste do que se teria perdido em tempos remotos, enriquecimento (tão voluptuoso, às vezes, que parece insinuar até uma suposta e vergonhosa pobreza do missal precedente), ou ainda certas desnecessidades ou mesmo inconveniências com o homem e tempo modernos. Só contra esse último argumento, será mesmo que os elementos reforçadores da doutrina católica (e protetores contra atos/conceitos errados e heréticos) na Missa Gregoriana já teriam perdido sua conveniência para aquele tempo e para aqueles homens modernos? Nem ontem, nem hoje. Eu diria mais que não só não haviam naqueles tempos perdido suas razões de existir como até, hoje, as têm como nunca.

    Criticável a imperfeição do Missal de Bugnini, injustificáveis muitas das alterações feitas para se chegar até ele, o que podemos dizer a respeito da intenção dos autores dessas mudanças? E ainda, que frutos, que proveitos realmente católicos pudemos observar (ou mesmo esperar) a partir delas?

    Ainda, mesmo sem ilustrar as máculas (algumas, diria, dificilmente sanáveis) que recaem sobre a intenção dos fabricadores, a mudança, o estado e o proveito geral que dizem respeito ao Novus Ordo Missae (crítica mais ou menos extensível aos demais sacramentos), afirmo que esse assunto — a despeito de suas preventivas, caro Jorge — diz, sim, respeito ao Vaticano II. Foi nesse mesmo concílio que vingaram os partidarismos, a teologia, as intenções e, na letra de sua constituição litúrgica, as novas determinações, permissões (algumas universalizações de erros outrora, no máximo, a posteriori
    e em casos particulares, tolerados), ambigüidades e omissões que foram depois exploradas para se chegar ao novo Missal e sua instrução. Consistiu a reforma de Bugnini, portanto, na implementação de todo esse rol mudanças por parte daquelas mesmas forças e personagens que antes e durante o concílio, por exemplo, combateram um esquema prévio que se pode presumir bem mais modesto e católico. A reforma litúrgica só detonou “as bombas-relógio do Vaticano II”, nas palavras de Michael Davies. A ânsia pelas novidades e pela consecutiva deformação da Missa Gregoriana era tamanha que nem se esperou a conclusão de tal reforma para se por em prática vários desses ditames nos próprios Missal e Ritual do beato João XXIII. Os livros foram publicados em tempo recorde, as traduções, a toque de caixa. A vontade pela proibição jurídica do antigo Missal era tamanha que valeu até um puxão-de-orelha ao então todo-poderoso Bugnini, por “aversão desmedida” (dando até a entender que uma aversão comedida fosse aceitável) às coisas da Tradição. Muitas das inovações e mutilações nacionais, diocesanas, paroquais, sacerdotais ou mesmo de assistentes leigos, autorizadas ou não — que passaram a fazer de uma Missa radicalmente diferente da próxima na mesma igreja — não são nada além de passos adicionais e na mesma direção daqueles a que me referi mais acima. Cada um desses níveis tem seu grau de culpa, mas em geral não são mais culpáveis do que os textos e a disciplina que lhe deram espaço ou lhes inauguraram a direção que exploraram mais adiante.

    Sobre o quadro comparativo “sintetizado por D. Williamson” que vc elegeu para tecer seus comentários, realmente, para mim, que li o livro a que ele faz referência, eu diria até desinformador. Portanto, a fazer par com o livro dos padres da FSSPX intitulado “O Problema da Reforma Litúrgica – A Missa de Paulo VI e do Vaticano II”, eu sugeriria ainda a leitura de “The Modern Rite” e “The Reform of the Roman Liturgy”, de mons. Gamber (esse último título é aquele cuja edição francesa é prefaciada pelo então cardeal Ratzinger); a parte de “O Reno se lança no Tibre”, do pe. Wiltgen, que faz referência à comissão de liturgia do concílio; “The Liturgical Time-Bombs in Vatican II – The Destruction of Catholic Faith through Changes in Catholic Worship”, de M. Davies; e, também, “O Espírito da Liturgia”, do cardeal Ratzinger. A carga de informação e crítica a respeito da reforma litúrgica e do concílio Vaticano II é tão grande que fica impraticável e pouco proveitoso expô-la aqui, num quadro para comentários de um blog.

    Sobre a gama interpretativa das várias partes criticadas dos documentos conciliares, creio que nem todas elas levem a entendimentos heréticos, embora, no mínimo, sejam dotadas do que se chama de “sabor de heresia”. Algumas com mais, outras com menos sabor. Algo que é dúbio, ambíguo, mesmo quando explicado e reexplicado, é digno de condenação ou correção na fonte. No caso do subsist, a declaração Dominus Jesus, por exemplo, propôs-se a elucidar a controvérsia, mas conseguiu apenas alivia-la. Sua publicação causou um rebuliço nas comunidades protestantes, mas reconheçamos que ficou a lacuna do mal explicado “elementos de Santificação”. Que elementos precisamente seriam esses? E em quais situações bem restritas e muitíssimo improváveis eles poderiam estar presentes, não nas ou através das comunidades, mas em almas agraciadas e APESAR do protestantismo de suas comunidades? E que valor salvífico têm esses elementos quando acompanhados de tantos outros erros que, longe de serem corrigidos ou compensados, parecem ganhar aparência de menor ou nenhuma gravidade? Seria possível documento melhor, sem corrigir a própria letra conciliar? Penso que não. É em razão disso que é de se esperar que as discussões conciliares entre a fraternidade e Roma revisitem o assunto.

    Sobre o debate a respeito da liberdade religiosa, havendo ainda necessidade de contra-argumentos além daqueles elencados nas respostas subseqüentes do Sandro, eu esperarei por eles por parte do mesmo Sandro.

    Finalmente, sobre as palavras de D. Mallerais, expõe a tese de que a nova filosofia (e teologia) daqueles que elaboraram a letra do concílio seria a maneira mais autêntica de se interpretar suas intenções. Que, imagino, as intenções mais autênticas não seriam somente da autoridade que lhes emprestou a assinatura para a promulgação, mas também, e principalmente, daquelas que elaboraram mesmo o texto, porque elas restarão sempre lá, mais ou menos evidentes ou imediatas, para serem rememoradas e exploradas. Por mais drástico que seja, essa é uma afirmação que pode não necessariamente fazer parte (nem iniciar) a discussão a que se dispõe D. Mallerais, mas ser um adiantamento da própria conclusão a que ele chegou e deseja que a outra parte chegue consigo ao final das discussões. Teria sido, nesse caso, imprudente sua publicação, muito embora, sejamos francos, as partes sabem muito bem o que humanamente se pode esperar, ao menos de início, de seus interlocutores. O excerto da entrevista que me interessava foi aquele do argumento histórico tachado por vc de “estranho”.

    Abraços,

    Antonio

  12. Caro Dionísio Lisboa,

    Sobre suas colocações num último comentário escrito no tópico, gostaria apenas de ponderar que nem todas as modificações implementadas no Missal de 1962 foram, por assim dizer, pouco significativas. A adição de S. José no cânon, por exemplo, é uma das mais. Não em razão deste mui venerável santo, mas pela mudança do cânon que, em momentos de turbulência e oba-oba, significou claramente que nada estaria insuscetível a alterações, mesmo aquelas que papas anteriores julgaram sem autoridade para fazê-lo! Há outras mudanças importantes, algumas das quais questionáveis em si mesmas, e não somente por discutível prudência ou conseqüências — como é o caso da liturgia de fiéis defuntos, alguns aspectos da qual comentados por mim meses atrás nesse mesmo blog. Há um blog que descobri poucos dias atrás que trata da liturgia quotidiana, não raro tecendo críticas a respeito de tais mudanças implementadas nos Missais de 1962 e 1955, sob o comando do já influente pe. Bugnini:

    http://ordorecitandi.blogspot.com/

    Para pessoas interessadas no assunto, vale a pena acompanhá-lo.

    Eu espero que um dia o Missal de 1962 venha a ser enriquecido não apenas com as bem paulatinas, temporais e católicas modificações suscetíveis a todos os Missais na história da Igreja, mas também com o restabelecimento de parte das muitas mutilações que sofreu o Missal Gregoriano ao longo dos 20 anos que antecederam a reforma litúrgica.

    Cordialmente,

    Antonio

  13. Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!

    Dois breves reparos de detalhe à sua tradução das palavras desse grande Bispo:

    (1) “Rather than… we really should…” até poderia ser traduzido como “Mais do que… nós realmente devemos…”, mas penso que a seguinte tradução, mais literal, expressa de modo mais fiel e unívoco o pensamento do Bispo tal como ressalta das palavras por ele escolhidas: “Ao invés de ler o Vaticano II à luz da Tradição, na verdade deveríamos ler e interpretar o Vaticano II à luz da nova filosofia.”

    (2) “All these theologians” parece-me mais fielmente traduzido como “aqueles teólogos todos” do que como “todos os teólogos”, pois o Bispo não está realmente dizendo que absolutamente todos os participantes da redação dos textos conciliares fossem adeptos da filosofia moderna, o que não corresponde à realidade, mas, sim, está se referindo aos teólogos imbuídos dessa falsa filosofia, que foram os mais influentes e maioria dos redatores, como prova qualquer história do Vaticano II.

    Ainda volto para comentá-las e para criticar sua interpretação das palavras tanto do Bispo Tissier quanto da alocução modernista de Bento XVI em 22/12/2005, mas talvez só daqui a cinco dias, isso se a conversão no retiro não for a ponto de me afastar dos blogs para sempre… :D

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

  14. Eis mais um que quer se pôr no lugar da Igreja… Se dizem tradicionais, mas a verdadeira Tradição sempre resolveu problemas doutrinários com as armas tradicionais, jamais com sedevacantismo.
    Sem querer ofendê-lo, Felipe, mas, como não poderia deixar de ser, você adora dar suas alfinetadas de teor sedevacantista: “Anda volto para comentá-las e para criticar sua interpretação das palavras tanto do Bispo Tissier quanto da alocução modernista de Bento XVI em 22/12/2005, mas talvez só daqui a cinco dias, isso se a conversão no retiro não for a ponto de me afastar dos blogs para sempre… :D”.
    Os últimos papas tiveram formação eminentemente modernista, isto é verdade, mas o que se vê é Bento XVI cada vez mais dar uma guinada naquilo que adotava até 1968. Ele está vendo no que resultou a adoção do colegiado tão prestigiado no CVII: revolta de bispos na Áustria e de Murphy O´Connor na Inglaterra… No resto do mundo, nem se fala.
    Outro exemplo de retomada do caminho à ortodoxia foi o de Pio IX, que era maçom, mas que se arrependeu e depois veio a se tornar um ótimo papa – como bem demonstrou o Syllabus (e olhe que ninguém teve a ousadia de dizer que ele não era papa, nem mesmo São João Bosco)… Então, por que você, deslumbrado pelo SV, tem coragem de adotar tal posição?
    É fato que apesar de vermos papas em atitudes equivocadas, nem por isto vemos que estes persistem no erro (é o caso de Ratzinger – que, aos poucos, desde 1968 e da constatação do estragos da Revolução Estudantil, adota atitudes cada vez mais que se afastam da heterodoxia).
    Logo, Filipe Coelho, espero que sua “conversão no retiro” seja para a melhor, deixando de lado algo tão temerário e absurdo como o sedevacantismo.
    Paz e Bem!

  15. Caro Jorge,
    salve Maria!

    Em justiça, pelo que reveja o seu texto que trata de Msgr. Dupanloup. As pessoas o citam sem conhecê-lo, sem saber que ele era um dos maiores liberais da França, talvez o chefe do liberalismo dentro do clero francês à época.

    Antes da publicação oficial do Syllabus, o Papa Pio IX distribiu o texto em segredo para o episcopado, o que, é claro, não impediu seu vazamento. Em 9 de Outubro de 1862, uma reunião com Montalembert (em sua própria casa) incluiu o Conde de Falloux (liberal, um dos maiores responsáveis pela Lei Falloux) e.. Msgr. Dupanloup. Devemos lembrar que Montalembet foi condenado por Gregório XVI. Dom Delatte, biógrafo de Dom Gueranger, chamou essa reunião de “complô liberal”. (Yves Chiron, Pope Pius IX – the Man and the Myth, Angelus Press, 2005, p. 195).

    Agora, a carta elogiosa de Pio IX. O breve de Pio IX ao bispo de Orleans o elogiou principalmente porque ele refutou as erradas interpretações que os jornais davam acerca das proposições condenadas pelo Papa. Mas o trecho da carta que Dom Estevão esqueceu de mencionar tem mais algumas coisas interessantes… Ela diz: “Nós transmitimos esse testemunho de nossa gratidão a vós, certos de que vós ensinareis o seu povo e o fará entender o verdadeiro significado de nossas Cartas com ainda mais zelo e cuidado do que demonstrates ao refutar as interpretações caluniosas que se fizeram sobre elas”. E Yves Chiron acrescenta: ‘ou seja, o celebrado panfleto ainda não tinha apresentado o ‘verdadeiro significado’ da Encíclica e do Syllabus’ (p. 206-207).

    Como se isso não bastasse, o elogio que Pio IX fez ao livro “Ilusão Liberal” de Veuillot (que, é claro, se opõe às interpretações de Dupanlou) foi o seguinte: “Essas são minhas idéias, completa e absolutamente” (op. cit., p. 207).

    Haveria ainda muito a dizer.

    In Domino,

    Epiphanius.

  16. Tem que se entender também que a Unam Sanctam foi escrita numa época muito difícil para o papa, Bonifácio VIII tinha Filipe IV na garganta. Ele tinha de “enquadrar” o francês.

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