Estatutos do IBP

Há uns seis meses atrás, eu perguntei sobre os Estatutos do IBP, quando, cansado com a insistência de algumas pessoas em repetir ad nauseam que o Instituto havia sido criado “para criticar o Vaticano II e a Missa Nova” e blá-blá-blá, perdi a paciência e quis saber de onde havia sido tirada esta informação. Silêncio sepulcral; se o IBP havia sido erigido com este propósito, tal fato não havia sido divulgado para ninguém.

Anteontem o Fratres in Unum noticiou que foram publicados – finalmente – os Estatutos do IBP. A íntegra – em francês – pode ser aqui encontrada; é um documento relativamente curto, de cinco páginas. Nem uma palavra sobre uma suposta crítica ao Vaticano II e à Missa Nova, como é natural. E agora, como ficam os que repetiram isso à exaustão?

O Ferretti fez o enorme favor de resolver o mistério e mostrar para todo mundo qual é a fonte desta informação, em comentário que me permito reproduzir aqui:

[A] possibilidade de crítica construtiva ao Vaticano II está prevista nas “Atas de adesão” assinadas pelos Padres do IBP quando da fundação do Instituto.

“A propósito de certos pontos ensinados pelo Concílio Vaticano II ou relativos às reformas posteriores da liturgia e do direito, que nos parecem dificilmente conciliáveis com a Tradição, nos comprometemos a ter uma atitude positiva de estudo e de comunicação com a Sé Apostólica, evitando toda polêmica. Esta atitude de estudos quer participar, por uma crítica séria e construtiva, à preparação de uma interpretação autêntica por parte da Santa Sé desses pontos do ensinamento do Concílio Vaticano II, bem como de certos elementos de textos e disciplinas litúrgicas e canônicas que decorrem”.

http://blog.institutdubonpasteur.org/spip.php?article46

Convenhamos: a “crítica construtiva” do IBP, que não é estatutária, que é uma “atitude positiva” em “comunicação com a Sé Apostólica”, e ainda por cima “evitando toda polêmica”, é completamente diferente daquilo que foi por muito tempo alardeado (e diligentemente praticado) por alguns “baluartes da tradição” (esta, com ‘t’ minúsculo mesmo) que não medem esforços para – per fas et per nefas – “justificar” de alguma maneira os seus desvarios. A Verdade sempre aparece. Já disse Nosso Senhor que não há nada de oculto que não venha a ser descoberto.

10 comentários em “Estatutos do IBP”

  1. Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!

    E olha que nem era tão oculto assim.

    Logo que saiu o IBP, bastava perguntar a quem quer que tivesse lido os Estatutos (lidos desde sempre pelos principais promotores do IBP no Brasil), que se ouvia na hora que os Estatutos não diziam uma única palavra sobre o Vaticano II.

    Nunca passou de um segredo de polichinelo.

    E bastava ler o Mascaret, que é o jornal da paróquia de Saint-Eloi, para constatar que eles do IBP estavam no mundo-da-lua: por exemplo, um artigo do Pe. Hery, teólogo do Pe. Laguérie, defendendo que Bento XVI, em 22.12.2005, condenara a Dignitatis Humanae!

    Logo depois, o bom padre (de quem já li coisas ótimas, e que certamente escrevia isso por um misto de obediência e wishful thinking) adoeceu e teve de deixar suas aulas no Seminário; pergunto-me se não houve aí um pouco da decepção com a realidade, logo manifesta, do liberalismo obstinado de Bento XVI, ou então quem sabe um reflexo somático de ter tido de forçar sua consciência para escrever tal disparate, que ele jamais voltou a repetir, ao contrário de seu superior, o Pe. Laguérie, cujo blog me leva a crer ter perdido completamente o contato com a realidade.

    Os argumentos de então do Pe. Héry, que ao contrário de seu superior creio de boa fé, baseava-se em argumentos do arco da velha, pressupuesto.

    Mas quem um ingênuo ainda perdeu seu tempo refutando-os longamente:

    No fim de 2007-começo de 2008, ofereci um dossiê sobre o IBP compilando uma dúzia de disparates escritos por eles ou sobre eles, a um líder Católico outrora muito próximo, que o desprezou olimpicamente. Quando, meses depois, o IBP disse adeus, a lembrança desse fato somada ao patético de toda a trapalhada valeu-me mais de um suspiro.

    Infelizmente, tenho um parente próximo e mais de um amigo em Courtalain que foram levados aí pelo conto da carochinha a que você alude, caro Jorge; um deles, recentemente, tirou as conseqüências da impostura e foi para os oratorianos conciliares da Holanda, para espanto da alta cúpula da Montfort, mas de modo muito coerente: se é para aceitar o Vaticano II e submeter-se ao papado conciliar, “melhor” num Seminário estruturado e sincero que num improvisado e tão ambíguo.

    Enfim, um capítulo breve triste que se conclui, dessa novela em curso da impostura do “tradicionalismo de Bento XVI”. Que ainda promete novas decepções para breve.

    Não sei se estamos em figura ou realidade dos últimos tempos, mas ai de quem, então, promover o Falso Profeta, que “tem os cornos de Moisés mas fala com a voz do Dragão”, o último dos “falsos cristos” (falsos “cristos-na-terra”, óbvio) que enganariam até aos escolhidos, se o tempo não fosse abreviado!

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

  2. Jorge, é isso. A retirada das excomunhões dos Bispos da FSSPX está criando uma nova onda de disparetas, tal como a criação do IBP.

    A posição do Papa e da Santa Sé é claríssima. Fico impressionado como certos delírios assumem contornos de verdade, mesmo diante de fatos que comprovem cabalmente o contrário. Quer dizer, há quem diga que o Papa está para revogar o Vaticano II, quando na verdade ele é um dos grandes entusiastas e defensores do Concílio.

    Enfim, a falta daquele “sentir com a Igreja” de que nos ensina Santo Inácio de Loyola traz consequencias terríveis. Quer dizer, a Igreja vai para um lado e tem gente com a impressão de que ela vai em sentido oposto! Isto é terrível!

  3. Caríssimo Felipe,
    salve Maria!
    Gostaria de ponderar algumas coisas:
    (1) O silêncio dos estatutos é, em primeiro lugar, bastante revelador. Será que poderíamos imaginar que Roma, sabendo da oposição desses Padres ao Vaticano II (pelo menos antes do acordo), se julgasse que o Vaticano II é um Concílio infalível ou que faz parte do magistério ordinário infalível (o que poderia ser bem problemático, por razões que não cito aqui no momento), não trataria de impor um reconhecimento desse Concílio? Se não pediu para eles, por que para mim isso seria exigido? Roma exigiu de D. Lefebvre um acordo sem essa parte da crítica ao Concílio e D. Lefebvre assinou (é claro que depois denunciou o acordo, não por causa do seu texto, mas sim porque julgou que estaria fazendo uma operação suicida, pois a “hora” da Tradição ainda não teria chegado a Roma; a indicação do Bispo para sucedê-lo foi um dos maiores problemas). Assim, o fato de os Estatutos não conterem menção ao Vaticano II talvez seja melhor ainda do que se contivessem uma aceitação parcial com crítica construtiva.
    (2) Veja que a incoerência do sedevacantismo termina levando-o, desculpe-me dizê-lo, para o liberalismo. O senhor afirma ser coerência ir para um seminário modernista, pois o de Courtalain seria “improvisado” e “ambíguo”. O senhor sabe perfeitamente que ser improvisado não é necessariamente ruim, pois muitas obras de Deus começaram “improvisadas”. Se fôssemos seguir o seu raciocínio, elas estariam fadadas ao fracasso. Ademais, será melhor para a alma desse seminarista que ele seja um modernista franco, ou estar no IBP e tentar aprender alguma coisa sobre a Tradição e poder rezar a Missa Tridentina exclusivamente? E digo “aprender alguma coisa” porque é óbvio que não posso afirmar que o seminário seja perfeito, e que tudo lá seja conforme a Tradição. Mas talvez nenhum seminário tenha jamais sido perfeito. O senhor sabe melhor do que eu que nas décadas anteriores ao Vaticano II o modernismo estava infiltrado nos seminários, inclusive por meio dos professores. Também seria melhor que os seminaristas da época fossem para seminários mais modernistas ainda? Ou talvez passassem logo para o protestantismo? Ou ateísmo?
    (3) Por fim, gostaria de trazer uma citação para contradizer um artigo de J.S. Daly, sedevacantista, que o senhor traduziu. Neste artigo estava estampada uma tese do Cardeal Billot sobre a impossibilidade de um católico ser herege material. Trago essa citação, em primeiro lugar, pois o senhor se diz aberto a examinar todas as hipóteses e deixar o sedevacantismo se encontrasse argumentos para tanto e, em segundo, para ajudar os outros que freqüentam este site no combate contra o sedevacantismo. Está em latim; ei-la:

    “326. Controvertitur autem num catholici in religiosis rebus nonnisi imperfecte instructi, et inter incredulos versantes, ab Ecclesia catholica secedere valeant seu negare dogma infallibilis auctoritatis Ecclesiae sine formaliter peccato infidelitatis, quin proinde habitum fidei amittant.

    (…)

    327. Si mentem in re tam difficili aperire liceat, putamos quidem nullum a vera fide jam suscepta sine aliqua culpa gravi saltem imprudentiae, secedere posse; sed haec culpa non est semper contra ipsum motivum fidei, ideoque non necessario habitum fidei expellit”. (Tanquerey, Synopsis Theologiae Dogmaticae, Tomus II, 1950, PP. 186-7).

    In Domino,
    Epiphanius.

  4. Muito prezado “Epiphanius”, Ave Maria Puríssima!

    Quanto a seus três pontos:

    (1)

    (a) Os padres do IBP, antes de o instituto ser criado, já haviam assinado um acordo com “Roma” para obter o celebret, em que aceitavam o Vaticano II e a “Missa Nova”. É público e notório. Claro que é uma fórmula ambígua, como todos os acordos ecumênicos que a Igreja Conciliar faz, mas que já põe os germes de modo suficiente do processo de “conversão” ao Vaticano II que, antes do IBP, foi o do Barroux e o de Campos. O Pe. Cottier, então teólogo de João Paulo II, descreveu com precisão esse processo.

    (b) Sua noção de obrigatoriedade do Magistério da Igreja não é Católica. O Magistério autêntico, embora não necessariamente infalível, obriga adesão interior de inteligência e vontade sob pena de pecado mortal (cf. Cartechini). Apelar à compreensão que os modernistas têm do Magistério sempre foi um argumento “ad hominem”; o senhor parece se esquecer disso — esquecimento, hélas!, tão freqüente em tantos tradicionalistas! — e levar a sério o que Ratzinger ou outro deles diz do grau de autoridade menor do Vaticano II, como se ele também não negasse a obrigatoriedade de Lamentabili e Quanta Cura! Fico perplexo.

    O Vaticano II não ser verdadeiro Magistério é a única razão que permite a um bom Católico impugná-lo publicamente, sem rejeitar toda a Teologia dos últimos séculos e, com ela, a autoridade do próprio Magistério pré-conciliar que fundamenta nossa resistência à Igreja do Vaticano II; e note bem que não entro aqui na questão de se os “papas conciliares” são simplesmente antipapas, como creio, ou “papas materialiter” (Frei Guérard des Lauriers, OP) ou “papas liberais” e, portanto, carentes da intenção de ensinar e obrigar que faz do Magistério o Magistério (Rev. Pe. Calderón, FSSPX, se bem o entendo, principal teórico neste ponto do tradicionalismo não-sedevacantista).

    (c) O senhor leu a Biografia de Dom Lefebvre pelo Bispo Tissier de Mallerais, tratando do acordo de 1988? A questão não é tão simples como o senhor a coloca, pelo contrário, o Protocolo de 1988 é em si totalmente inaceitável, como o próprio Arcebispo, bem como depois seus sacerdotes e Bispos, sublinharam muitas vezes. Só para citar um exemplo: não é possível aceitar o Código Conciliar de 1983, com sua definição subversiva do Sacramento do Matrimônio, causa de infindáveis divórcios e destruição em massa das famílias; sua eclesiologia Vaticano II e conseqüente permissão sacrílega de dar comunhão a hereges protestantes como os de Taizé; etc.

    (2)

    (a) O senhor precisa ser mais rigoroso com o uso dos termos, para não acusar os outros de “liberalismos” que só existem em sua má compreensão do que escrevi: coerência não é o mesmo bondade! Não é óbvio? Quando Dostoiévski escreve que “Sem Deus tudo é permitido”, isso exprime a verdade de que Deus é o fundamento último de toda a Moral, de modo que um ateu 100% coerente não teria por que abster-se de qualquer pecado. Dizer isso não é endossar o pecado do ateu, como é evidente! Incrível a acusação que o senhor me faz.

    (E como o senhor não viu que eu pus “melhor” entre aspas?)

    (b) Sua confusão aqui parece baseada numa exagerada distinção entre o seminário oratoriano bi-ritualista “modernista” e um suposto seminário “tradicionalista” do IBP, mas isso é uma fantasia: o seminário do IBP no máximo guarda alguns acidentes da Tradição a mais que o Oratório, mas não é de modo nenhum tradicionalista.

    (Cf. 1-a, acima, por exemplo; ou então o recente comunicado super-escandaloso do IBP — repercutido à saciedade pelo site Veritatis Splendor — quando do levantamento das “excomunhões”, em que o IBP adere à neo-hegeliana “hermenêutica da continuidade na descontinuidade” de Bento XVI.)

    Aliás, para sua informação, caro amigo, os seminaristas do IBP estudam Teologia nas universidades modernistas de “Roma” (aqui o grande mal de serem improvisados!), e como única proteção contam com as reuniões de “desintoxicação” posteriores às aulas, dadas pelo… Abbé Tanoüarn! Que no entanto é filomodernista também ele, defensor da legitimidade da “Missa Nova”, que ele frequenta sempre que requisitado pelo “Bispo” conciliar e condena quem a recusa por princípio, e do Vaticano II. Em suma, o senhor está bem iludido! Também pudera, com a poderosa Desinformatzia do site Montfort, quase não há tradicionalista no Brasil e em Portugal que não viva um pouco no mundo maravilhoso de Alice.

    (c) Claro que o ser improvisado, no início, é até sinal, em muitos casos, de algo ser obra de Deus, mas, como já foi dito, no caso em tela estamos entre um Seminário improvisado que é essencialmente tão traidor quanto os mais estruturados, de modo que a “melhor” e mais coerente escolha não é difícil a quem enxergue isso e, infelizmente, o aceite (por razões fáceis de entender, embora jamais de justificar, diante da demonização da FSSPX pelo mundo Ecclesia Dei, cujo verdadeiro mandato recebeido de “Roma” foi o da crítica “construtiva” à Obra de Dom Lefebvre)!

    Claro que eu rezo que meu parente e amigos não tenham a mesma coerência, embora eu pense que, levando em conta onde eles estão e onde está a lealdade deles, suas vocações caminham para a mesma destruição de tantas outras que seguiram a mesma orientação no passado. Pois assim como os acordos com os modernistas sempre dão no mesmo fim (cf. 1-a acima), assim também o manejo de vocações pelo líder deles sempre segue fim idêntico, paralelo este, aliás, bem interessante de constatar, embora no último caso haja ainda outros problemas suplementares. Enfim, não se vê por que seria diferente agora. Mas rezemos, que a Deus tudo é possível, e Ele não cessa de confundir as esperanças dos que trabalham por si próprios e não por amor da Santa Igreja.

    (d) Minha ênfase na maldade do IBP estava na ambiguidade, dizendo mais diretamente: na duplicidade, na insinceridade; ora, Deus “não precisa de nossas mentiras” (Jó) e “amaldiçoa a língua dupla” (Eccl.). Pelo menos os oratorianos são sinceros, e neles não há fraude. Claro que eles participam de um culto repugnante a Deus Nosso Senhor, mas os membros do IBP também começaram a dele participar, vide o Pe. Tanoüarn, para mostrar “comunhão” com hereges, quando a Escritura e a Fé Católica prescrevem ex-comungar (e até, em certos casos, rejubilar-se por estar excomungado por) os excomungados.

    (3)

    (a) O senhor traz citação em latim para, em suas palavras, ajudar os outros leitores do blog a melhor combater o sedevacantismo?!? Falando sério, quantos leitores latinistas o senhor julga que haverá deste blog, por melhor que seja sob tantos aspectos? Novamente, ainda outra vez, fico pasmo com sua falta de percepção da realidade, meu caro! Mas já quase começo a me acostumar…

    (b) Não atino para o que teria que ver a questão terminológica de se se pode ou não chamar um Católico de “herege material”, com a presente vacância da Sé Apóstolica. O único nexo entre ambos que, com muito esforço, consigo imaginar, mostraria um tal não-entendimento da questão, que não ouso apresentá-lo, pois não o quero ofeneder. Sendo assim, o senhor poderia, por caridadem, esclarecer melhor onde viu tal paralelo?

    (c) Se bem o entendo — note que tampouco meu latim passa do precário! –, o Pe. Tanquerey está dizendo que para ser excluído da Igreja não é necessário ter cometido o pecado interno formal de heresia, é isso? Se for, é um fato arquiconhecido, e o próprio São Roberto Bellarmino trata da questão justamente ao defender o bem-fundado da deposição do Papa São Libério pelo clero de Roma, apesar da inocência daquele!

    Mas prefiro agüardar, também aqui, maiores esclarecimentos do senhor (o trecho é bem curto, por que não o traduzir, o senhor que obviamente conhece latim muito melhor do que eu? Se eu for traduzir, arrisco dar algum passo em falso, e demoraria demais.)

    * * *

    Enfim, agüardo suas respostas aos itens acima, caro amigo, e peço perdão se me exaltei além da medida, o que é bem possível, pois é difícil consertar em pouco tempo um estilo adquirido em muitos anos.

    Se quiser ser mais escolástico, não apenas quanto ao rigor que exige, mas também quanto a economizar tempo tanto seu quanto meu, sinta-se livre para se limitar a escrever “Passo” (para os assuntos periféricos em que não quiser insistir) ou “Concedo” (quando julgar que eu o convenci); no mais, por favor, objete à vontade, que com certeza estou disposto a ser corrigido se se me provar que erro, o que não é difícil de acontecer, sobretudo em se tratando de questões atuais e contingentes como as de que tratamos.

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

  5. Prezado Felipe Coelho,
    Salve Maria!

    Só dois ligeiros comentários.

    1) A menos que seja uma gritante coincidência, eu conheço o amigo a quem tu te referes, que foi para os oratorianos da Holanda, porque ele é de Recife, cursava Direito com uns amigos e assistia Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano comigo; não é o mesmo? De onde o conheces?

    2) Apenas para enfatizar mais uma vez o meu apreço pela coerência dos que levam as suas premissas às últimas conseqüências [ao contrário de outros tantos que nem vale a pena citar aqui], quero dizer que concordo integralmente com a proposição seguinte: O Vaticano II não ser verdadeiro Magistério é a única razão que permite a um bom Católico impugná-lo publicamente. É uma pena que, a partir dela, nós dois tomemos rumos diametralmente opostos.

    Abraços,
    Jorge

  6. Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!

    Não, não e não.

    De jeito nenhum que vou deixá-lo aproveitar minhas palavras impunemente, para atacar meus irmãos tradicionalistas não-sedevacantistas, ainda que também eu tenha enorme apreço e simpatia com sua exasperação diante de certos “argumentos”, e especialmente do tom, de muitos deles. Via de regra aprendidos no site que você que não quis nomear.

    Assim, passo à defesa, por um tradicionalista-sedevacantista, dos tradicionalistas-sedeplenistas, contra meu amigo Jorge Ferraz (pois o amigo do meu amigo é meu amigo, não?), o tradicionalista-que-se-ignora:

    Em seu segundo item, você omitiu (não por qualquer cálculo, fique bem entendido, mas talvez induzido por minha redação pouco feliz) um pedaço importantíssimo do que eu disse, o qual ponho em itálico a seguir:

    “O Vaticano II não ser verdadeiro Magistério é a única razão que permite a um bom Católico impugná-lo publicamente, sem rejeitar toda a Teologia dos últimos séculos”.

    Mas eu jamais disse que não pode haver um bom Católico que, não obstante ser um bom Católico, rejeite, porém, toda a Teologia dos últimos 200 a 400 anos!

    A confusão inaudita que vivemos certamente o permitiria; baste-nos pensar nos Gerson e Pedro d’Ailly, que durante o Cisma do Ocidente defenderam erros gravíssimos (que porém, por mistério da permissão divina, no fim levaram à solução do problema!), e sem embargo são tidos como doutos e piedosos pela Santa Igreja (que deve ser nossa régua, e não as releituras leigas da História Sagrada da Igreja que vêem infiltrados e esotéricos nas figuras mais insignes e louvadas pelos Papas).

    Voltando a como um bom Católico pode, apesar de o ser, rejeitar algum passo inconcusso da Teologia dos últimos séculos, há o exemplo desse que a Rádio Cristiandad chama de verdadeiro Ecce Homo do momento, o Bispo Williamson — e não tenho dúvida, nem por um instante, de que esse grande homem seja meu superior tanto intelectual quanto espiritualmente –, que não hesita(va?), entretanto, em rejeitar…

    “uma noção da infalibilidade muito difundida a partir de 1870 (concílio Vaticano I), noção, no entanto, falsa. […] os livros de teologia escritos entre 1870 em 1950, que para estabelecer uma verdade não solenemente definida, se sentem – visivelmente – na necessidade de construir como um magistério ordinário infalível a priori, copiado do magistério extraordinário infalível a priori, somente com três condições, ou três condições e meia, no lugar de quatro. Mas precisamente não é assim!”

    Não sei se esse grande Bispo, e muito melhor Católico que eu, ainda pensa assim; parece-me inclusive ter lido declarações dele mais recentes que indicam o contrário, sendo mais compatíveis talvez com a tese do eminentíssimo Professor de Dogmática de La Reja, que sobre esta questão ensina o seguinte (perdoe-me a longa citação, mas o assunto é delicado, e as palavras do Pe. Calderón, luminosíssimas):

    “7º Explicación por la no infalibilidad
    Pero, ¿acaso puede haber error en el magisterio conciliar? ¿Por qué se le debe reconocer menor autoridad a su enseñanza que a la del magisterio tradicional? Ante la evidencia de los errores, se ha respondido mostrando que en el nuevo magisterio no se cumplen las condiciones de la infalibilidad. Esto es claro y cierto. El Concilio declaró su carácter puramente «pastoral» e insistió extrañamente en que no tenía intención de definir doctrina, y las pocas veces que los Papas posteriores han parecido imponer infaliblemente su autoridad doctrinal, lo han hecho en el sentido tradicional. Sin embargo, si la explicación del problema se detiene aquí, nos parece doblemente insuficiente.
    Nos parece insuficiente, en primer lugar, porque explica un efecto especial por una causa general. El problema que hoy se nos plantea es algo único y especialísimo en la historia de la Iglesia. Nunca se han dado errores, y menos tan importantes, en actos tan graves de las autoridades legítimas. Por lo tanto, no puede darse como propia causa y explicación el margen de no infalibilidad que siempre ha tenido el Magisterio. Si ese margen explica tales errores, tendrían que haberse repetido más de una vez en los casi dos mil años de ejercicio del magisterio por parte de la Iglesia.
    En segundo lugar, no parece suficiente explicar un oposición de contrarios por una diferencia de grados. Como dijimos más arriba, la diferencia entre magisterio infalible y no infalible es una diferencia de grados entre lo totalmente perfecto y lo más o menos perfecto. En cambio, el magisterio conciliar en cuanto tal, se opone al magisterio tradicional no como menos perfecto sino como contrario. Quedarse en esta explicación conlleva el grave peligro de restar autoridad al magisterio no infalible, porque podría darse a entender que si un acto del magisterio no posee las notas de la infalibilidad, ya con eso dejaría de estar asistido por Nuestro Señor y quedaría librado a cualquier error. Además, se derribaría así la gran muralla que nos defiende contra el ataque modernista, porque sus posiciones han sido condenadas por los último Papas sobre todo por medio de Encíclicas, las que implican generalmente un magisterio no ex cathedra, pero sí de gran autoridad. Precisamente uno de los principales objetivos del neomodernismo es desacreditar la autoridad del magisterio no infalible, para volver a poner en discusión lo que había sido definido por Quanta Cura, Pascendi, Mortalium Animos, Mystici Corporis, Mediator Dei y Humani Generis.”

    Espero e rezo que muitos tradicionalistas não-sedevacantistas sorvam bem esta doutrina excelente, de um de seus mais competentes teóricos!

    (E, incidentalmente, se dêem conta de que “papista”, “ultramontano”, etc. são emblemas de honra para um Católico, e não xingamentos, o que só são e sempre o foram… na boca dos inimigos da Igreja!)

    Como vê, meu caro Jorge, eu não disse o que você (provavelmente por minha culpa) disse que eu disse.

    Depois que você comentar o que acabo de escrever, caso o faça, tenho mais dois pontos sobre isto e sobre seu post, mas por ora já escrevi demais, não?

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

  7. PS: Relendo a frase, constato que, realmente, sem sombra de dúvida, o problema esteve em minha expressão: o que eu quis dizer foi “…rejeite toda a Teologia SOBRE O MAGISTÉRIO dos últimos séculos”. Era o assunto de meu debate com o Epiphanius, o Tratado sobre o Magistério, mas a frase recortada do contexto, sem a explicitação que acabo de fazer em maiúsculas, realmente soa mal. Pelo que peço desculpas e agradeço a oportunidade de esclarecer meu pensamento que sua contestação meu proporcionou, caro Jorge. Um abraço, em JMJ, FC

  8. Caro Jorge,

    Em seu comentário mais recente, vc disse:

    “…
    2) Apenas para enfatizar mais uma vez o meu apreço pela coerência dos que levam as suas premissas às últimas conseqüências [ao contrário de outros tantos que nem vale a pena citar aqui], quero dizer que concordo integralmente com a proposição seguinte: O Vaticano II não ser verdadeiro Magistério é a única razão que permite a um bom Católico impugná-lo publicamente. É uma pena que, a partir dela, nós dois tomemos rumos diametralmente opostos.
    …”

    Primeiramente, ainda bem que o Felipe Coelho, ele mesmo, colocou grandes limites (para não dizer impedimento) na sua pretensão de usar as palavras dele como evidência da tese acima.

    Na matéria, em opinião de peso não menor que a sua, eu já proferiria meu desapreço por alguns atos de pessoas que levam a defesa da suposta ortodoxia de todo concílio Vaticano II às últimas conseqüências, tais como defender uma [limitada e interna] coerência, num idealismo que desmerece ou releva o próprio e terrível fim a que, em concreto, se prestaria tal suposta virtude: o sedevacantismo.

    Cordialmente,

    Antonio

  9. Caríssimos Felipe e Antonio,

    Felipe, lamento ter interpretado mal as tuas palavras; contudo, se esta não é a tua tese, permanece sendo, ainda assim, a minha tese, com a diferença de que, como falei, ela me serve para mostrar a falsidade da posição da “heterodoxia conciliar intrínseca” baseando-me na da posição sedevacantista, e não o contrário.

    Com relação aos comentários de Dom Williamson e do pe. Calderón – que eu não conhecia e cuja transcrição agradeço -, eu concordo com eles e não é com idéias diferentes que argumento para dizer o que digo.

    Com relação a este último, aliás, concordando com a exposição, discordo da aplicação, porque não é nada evidente que “no puede darse como propia causa [dos erros graves das autoridades legítimas] y explicación el margen de no infalibilidad que siempre ha tenido el Magisterio”; afinal, “si ese margen explica tales errores, tendrían que haberse repetido más de una vez en los casi dos mil años de ejercicio del magisterio por parte de la Iglesia” é um non sequitur… se os erros podem ser explicados por uma conjunção da não-infalibilidade com fatores externos (como eu acredito que podem ser explicados), não há necessidade de se pressupôr uma “falibilidade em ato” do texto conciliar (que, aliás, é estranha à Doutrina da Igreja e – isto sim! – seria algo verdadeiramente inaudito).

    Igualmente, com relação a “el magisterio conciliar en cuanto tal, se opone al magisterio tradicional no como menos perfecto sino como contrario”: a minha posição é exatamente a de que não há “contrário” algum entre o magistério conciliar e o anterior… mas, como o pe. Calderón não está me contestando, e como o tempo é-me curto, não vou insistir muito nisso aqui.

    Apenas gostaria de finalizar dizendo que “desacreditar la autoridad del magisterio no infalible” é precisamente o que fazem muitos católicos críticos do Concílio por ele ter sido “meramente pastoral e não-infalível”, e que concordo integralmente quando o sacerdote diz que este é uno de los principales objetivos del neomodernismo

    Antonio,

    Desculpe-me, mas julgo não ter entendido a tua frase que fala em “defender uma [limitada e interna] coerência, num idealismo que desmerece ou releva o próprio e terrível fim a que, em concreto, se prestaria tal suposta virtude: o sedevacantismo”. Podes ser mais claro?

    Abraços,
    Jorge

  10. Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!

    Penso que o que o Antonio quis dizer foi, grosso modo, que você usa de dois pesos, duas medidas, para tratar os tradicionalistas sedevacantistas e não-sedevacantistas: és mais simpático com os primeiros que com os segundos. (O Antonio me corrija se o interpretei mal.)

    Já que não consigo resistir à tentação de fazer o papel de advogado do diabo nem mesmo quando vai contra a defesa de minha própria causa, eis a seguir quatro pontos que, a meu ver, evidenciam que você, caro Jorge, beira a injustiça no tratamento dos tradicionalistas não-sedevacantistas como menos Católicos e coerentes que nós, os tradicionalistas sedevacantistas:

    1) Em nossa primeira “polêmica”, você me disse:

    “Tu tocaste exatamente no ponto: para mim, parece sim evidente que uma “vacância prolongada” de décadas ao longo das quais usurpadores estiveram no Trono de São Pedro implicaria na perda da Visibilidade da Igreja.” (Jorge Ferraz, http://januacoeli.wordpress.com/2009/02/02/o-problema-inexistente/#comment-5681 ).

    Sendo assim, se o tradicionalismo sedevacantista levaria, a seu ver, à negação de uma doutrina que um Católico não pode negar (a da Visibilidade da Igreja), ao passo que o tradicionalismo sedeplenista levaria, a seu ver, à negação de outra doutrina que um Católico não pode negar (a de que a Igreja é infalível em Suas leis, bem como não pode pôr em perigo a Fé e a Moral em seus ensinamentos, ainda que não-infalíveis), por que é, então, que, partindo ambos das mesmas premissas (o Vaticano II e suas reformas são heretizantes e inaceitáveis a um Católico), os primeiros seriam, a seu ver, mais coerentes e louváveis que os segundos?

    (A propósito, acabo de lhe deixar um comentário naquele tópico antigo [“O problema inexistente]” sobre a relação entre sedevacantismo e visibilidade da Igreja.)

    2) A um tradicionalista não-sedevacantista, você disse recentemente:

    “caso o senhor acredite realmente que pode continuar aplicando censuras teológicas ao Magistério da Igreja, sugiro que se dirija ao Vaticano e faça-o em audiência privada com o Santo Padre, porque é assim que manda a correção fraterna, e de modo algum difamando publicamente a Igreja Docente.” (Jorge Ferraz, http://januacoeli.wordpress.com/2009/01/29/salve-bento-xvi-salve-mons-lefebvre-pe-joao-batista-de-almeida/#comment-6267 ).

    Ocorre, porém, que o próprio Santo Tomás de Aquino ensina que, havendo perigo para a fé, como é o caso em se tratando de uma hierarquia infiel modernista, não é possível restringir-se à correção fraterna privada:

    “Devemos porém saber que, correndo iminente perigo a fé, os súditos devem advertir os prelados mesmo publicamente. [Sciendum tamen est quod ubi immineret periculum fidei, etiam publice essent praelati a subditis arguendi.]” (II-II, q. 33, a. 4, ad 2).

    “Em caso de necessidade, onde a fé periclita, todos estão obrigados a propalar aos outros a sua fé, quer para a instrução ou confirmação dos outros fiéis, quer para reprimir os insultos dos infiéis. Mas, em tempo ordinário, instruir os homens na fé não pertence a todos os fiéis. [in casu necessitatis, ubi fides periclitatur, quilibet tenetur fidem suam aliis propalare, vel ad instructionem aliorum fidelium sive confirmationem, vel ad reprimendum infedelium insultationem. Sed aliis temporibus instruere homines de fide non pertinet ad omnes fideles.]” (II-II, q. 3, a. 2, ad 2).

    (Aliás, esta última frase de Santo Tomás é a única razão pela qual tantos apostolados internéticos leigos não são totalmente subversivos da ordem da Igreja, apesar de muitos deles se esquecerem freqüentemente disso, ao mesmo tempo que é prova de que “há algo de podre” na Igreja Conciliar.

    E, incidentalmente, essas citações são a razão de que fazer a “crítica construtiva” [i.e. não polêmica pública] do Vaticano II implica em reconhecer que o Vaticano II e suas reformas não constituem “perigo iminente à Fé”, ou seja, acordos como o do IBP são uma traição à posição tradicionalista. Que sutis são os lobos vaticanos, a começar pelo que pede que se reze para que ele não fuja de seus rivais!)

    Você talvez me dirá, caro Jorge, que Santo Tomás jamais julgou ou julgaria possível que a Igreja Católica tivesse uma “hierarquia infiel modernista [=herética]” até à cabeça e ensinando erros e heresias modernistas publicamente; e eu concordo! Do contrário, não seria sedevacantista.

    Mas, dados os erros contra a Fé e Moral inadmissíveis do Vaticano II e de suas reformas, se, apesar desses erros, Bento XVI e seus predecessores próximos ainda assim fossem Papas de algum modo misterioso, teríamos então que a posição tradicionalista não-sedevacantista seria a única possível, e se aplicariam perfeitamente as citações acima da Suma ao modus operandi tradicionalista sedeplenista.

    3) Num post recentíssimo (http://januacoeli.wordpress.com/2009/02/27/mais-sugestoes-de-leituras-diversas/ ), você recomendou elogiosamente um artigo sobre o caso Galileu que, para além dos muitos erros em questões históricas, de que eu talvez tenha tempo de tratar no futuro, faz ainda as seguintes afirmações um bocado escandalosas:

    — Quanto ao Santo Ofício, sob a direção do Papa, no tratamento dado a Galileu, “a conclusão de Fantoli seja a de que houve claramente um abuso de poder por parte da Igreja (e eu concordo com o autor)”;

    — São Roberto Bellarmino, Doutor da Igreja, “não … estava em posição de dar aula de método científico a Galileu, como dizem os detratores do astrônomo”;

    — Márcio Antonio Campos cita ainda, com aprovação, o seguinte disparate: “Havia uma dificuldade científica e filosófica de absorver certas ideias porque Galileu, com seu método, derrubava um jeito de pensar que estava totalmente consolidado na mentalidade da época: o argumento de autoridade.”.

    (Fonte das 3 citações: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/blog/tubodeensaio?id=857570 ).

    Ora, se se pode dizer essas enormidades sobre os Papas e Santos Doutores do passado, como então repreender coerentemente os tradicionalistas não-sedevacantistas por fazerem o mesmo com os do presente?

    (NB: Pessoalmente, não endosso que se possa dizer essas coisas de Papa ou Santo Doutor ou Sagrada Congregação nenhuma, em tempo algum.)

    4) Por fim, uma contradição sua neste próprio post sobre o IBP, sobre a qual creio que todos os tradicionalistas concordamos, sedevacantistas ou não:

    Você julga que os tradicionalistas estamos enganados em ver uma ruptura entre o “magistério conciliar” e o Magistério católico exercido pela Igreja desde Sua fundação até o Papa Pio XII, inclusive, e isso porque você, como muitos nas Fraternidades Ecclesia Dei, julga que o Vaticano II não foi realmente contra as doutrinas da Tradição (com “T” maiúsculo) que os tradicionalistas pensamos que este concili(ábul)o contradisse, tais como: a doutrina sobre a natureza do dogma, da Igreja, da Redenção, etc., sobre a relação entre Igreja e Estado, entre natureza e sobrenatural, entre filosofia e teologia, etc. Todas doutrinas que concordamos todos que, tal como são ensinadas nas encíclicas dos Papas pré-conciliares, pertencem à Tradição com “T” maiúsculo. Em suma: segundo essa posição “Ecclesia Dei”, que me parece ser a sua, caro Jorge, a doutrina ensinada por Pio XII continua integralmente válida ainda hoje.

    E, no entanto, você repete, neste post, a calúnia lançada contra Dom Lefebvre pelos Dom Estêvão Bettencourt, Pe. Congar e Cia., os quais julgam que as doutrinas ensinadas pelo Magistério recente pré-conciliar (Quanta Cura, Longinqua Oceani, Lamentabili, Spiritus Paraclitus, Quas Primas, Humani Generis, etc.) seriam, em grande parte, “tradição com t minúsculo”, que o Vaticano II, portanto, podia contrariar e de fato contrariou, de modo que Dom Lefebvre e os tradicionalistas cairíamos no “erro” de nos apegarmos a esse Magistério como se fosse expressão da Tradição com T maiúsculo, a qual o Vaticano II, portanto, não tinha o direito de contrariar. E assim você, caro Jorge, neste post, contrariando sua própria posição (tal como a expus em meu parágrafo anterior), repete o que dizem caluniosamente esses católico-liberais ou neomodernistas: que os tradicionalistas seríamos «…“baluartes da tradição” (esta, com ‘t’ minúsculo mesmo)…» (Jorge Ferraz, no post acima).

    E, portanto, aceita que as doutrinas que defendemos como contraditas pelo Vaticano II (1) não eram da Tradição, não eram irreformáveis, e (2) foram de fato reformadas pelo Vaticano II?

    Isso me parece ir muito além de toda a defesa do Vaticano II que li de sua autoria e, por isso, não creio que reflita sua posição, pelo contrário, seria cair no liberalismo e no modernismo, e me parece que foi apenas um lapso seu, talvez por repetir sem muita reflexão o que dizem autores em que você equivocadamente confia, como Dom Estêvão, sem atinar para o quanto esses autores foram longe na adesão aos erros da Igreja Conciliar, apesar de eles ainda, sob muitos aspectos, serem bem conservadores em comparação com a imensa maioria de seus correligionários, muito mais avançados ainda, que aliás servem, assim, de pára-raio e álibi para os desvios dos primeiros.

    Enfim, fico agüardando sua resposta a esses quatro itens, rezo eu que com algo semelhante à declaração do Bispo Williamson que traduzi em comentário recente, a propósito de que “a magnitude da crise pede muita caridade e compaixão, 355 graus, quase a volta toda da bússola, e mais caridade e compaixão a cada dia que passa. (http://januacoeli.wordpress.com/2009/02/27/retrospectiva-israel-e-santa-se/#comment-6295 )

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

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