Insistindo sobre o aborto e a excomunhão

Eu corro o risco de ser maçante e repetitivo; mas, enquanto não cessar a onda de ataques à Igreja Católica na figura do Arcebispo de Olinda e Recife, eu não posso me dar ao luxo de parar de falar sobre o assunto. Há coisas novas a serem divulgadas e coisas velhas a serem repetidas. Paciência. Vamos lá.

Para quem ainda não recebeu por email, a carta do pe. Lodi de apoio a Dom José Cardoso Sobrinho é primorosa e merece uma leitura. Está publicada na íntegra no Palavras Apenas (entre outros lugares), razão pela qual me escuso de reproduzí-la também aqui, limitando-me a fornecer o link. Também o Pedro Ravazzano publicou um excelente texto de sua lavra no seu blog, cuja leitura também recomendo, e do qual me permito citar um parágrafo, pois ele rebate uma das maiores mentiras sobre o assunto que estão sendo repetidas ad nauseam (a de que a menina ia morrer – assim, mesmo, dito como se fosse uma certeza dogmática – caso a gravidez fosse levada adiante):

O mundo já presenciou casos de gravidez onde a medicina foi de crucial importância para o nascimento dos filhos. No Peru houve Lina Medina, mãe com apenas cinco anos. Nos Estados Unidos todo mundo acompanhou a orgulhosa matriarca que teve oito filhos. Outra peruana, com nove anos de idade, deu à luz a uma criança prematura que após o parto foi imediatamente tratada pelos médicos. Aqui mesmo no Brasil uma garotinha da mesma idade pariu em no meio da Amazônia. Ou seja, a medicina tem plena capacidade e tecnologia para acompanhar uma criança grávida de gêmeos e fazer com que tenha seus filhos com saúde e sem risco imediato de vida.

Sobre o mesmo assunto (da morte certa e inevitável da garota caso o aborto não fosse prontamente realizado), vale a pena (re)ler o parecer da dra. Elizabeth Kipman, bem como esta carta a uns professores da UFPE, escrita por um amigo, da qual eu já citei um trecho aqui e, agora, destaco:

Até que alguém me prove o contrário, a gravidez da menina era cientificamente viável. Todos nós sabemos que a medicina é imprevisível, e é assim como devemos encará-la. E na minha opinião, a conduta correta deveria ser esperar a evolução do caso, acompanhar de forma contínua a gravidez, e induzir o parto se necessário, sempre procurando SALVAR VIDAS, que é a verdadeira atribuição da medicina.

Agora, o blá-blá-blá anti-clerical. O Diário de Pernambuco trouxe uma reportagem sobre as feministas contrárias à posição da Igreja; os motivos alegados não têm nada a ver com nada. Dizem estas senhoras que “o tipo de aborto feito na menina foi legal e está previsto em lei”, quando isso (além de ser falso) não está, absolutamente, em discussão. Os “médicos” que realizam abortos (p. ex.) nos Estados Unidos, ainda que o procedimento seja 100% legal, incorrem em excomunhão latae sententiae do mesmo jeito, porque o assassinato não deixa de ser assassinato só porque tem amparo legal (como, por exemplo, as Leis de Nuremberg não faziam com que o anti-semitismo fosse justo). Dizer o contrário disso é cair em um positivismo relativista, que só pode conduzir à barbárie.

Registro, outrossim, que as feministas estão se aproveitando do caso para fazer propaganda a favor do aborto livre no Brasil em qualquer caso: “o fato poderia ter tido um final diferente se o Estado brasileiro reconhecesse e legalizasse o aborto”.

O que a legalização do aborto tem a ver com a excomunhão da Igreja? Absolutamente nada. Portanto, se o aborto fosse legalizado – nunca é demais repetir -, os médicos que o realizaram estariam excomungados do mesmíssimo jeito (aliás, não dizem as feministas que este tipo de aborto já é legal?). O protesto das feministas só faz sentido se se estiver desejando a implantação do aborto livre no país – o que é exatamente o que elas desejam.

O site do Jornal Nacional tem uma enquete nonsense sobre o assunto, na página principal, perguntando: “O que você achou da decisão do arcebispo de Olinda e Recife, que excomungou os envolvidos no aborto sofrido por uma menina de 9 anos, que engravidou de gêmeos após ser violentada pelo padrasto?”. Os resultados atuais estão aqui. A pergunta é duplamente errônea, primeiro porque não houve “decisão” do Arcebispo de “excomungar” ninguém (dado que a pena de excomunhão para quem pratica aborto, como já cansamos de repetir, é automática) e, segundo, porque o que as pessoas “acham” ou deixam de achar sobre o assunto não tem nenhuma relevância, posto que se trata de um assunto interno da Igreja – a opção que diz “[e]rrada, pois a lei permite aborto em casos de estupro” é um completo disparate.

Por fim, o ministro do Supremo Marco Mello – tinha que ser ele – disse que o STF não tinha medo da excomunhão da Igreja. Aviso ao senhor ministro que a excomunhão automática se dá para quem pratica aborto, ocorrendo “seguindo-se o efeito”; por conseguinte, a questão não é análoga à ocorrida em Recife. Caberia, na minha opinião e salvo melhor juízo, aos ministros votantes a favor do aborto, uma excomunhão ferendae sententiae, isto é, imposta pela autoridade competente (que seria, de novo s.m.j., o(s) bispo(s) da(s) diocese(s) à(s) qual(is) pertence(m) cada um dos ministros), e não automática como a dos médicos de Recife.

Abre a boca ainda o senhor ministro para dizer que “[a] lei maior é a lei posta pelos homens e é a que norteia o julgamento dos processos”; ora, a proscrição da Lei Natural e a adoção do positivismo bruto está longe de ser uma princípio evidente. Isso não faz parte do Estado Laico: isso é uma ideologia professada por militantes anti-religiosos, e que é criminosa por ser profundamente injusta, já que instaura uma “lei do mais forte” onde o certo e o errado depende de quem está no poder. Bem disse o Yves Gandra Martins que, no Brasil, quem crê em Deus é um cidadão de segunda categoria

7 comentários em “Insistindo sobre o aborto e a excomunhão”

  1. Enquanto isso, a coluna do Ancelmo Góes, no jornal O Globo, de hoje, relata que um tal Pe. Evandro criticou D. Cardoso em duas Missas na igreja São Paulo, em Copacabana e foi aplaudido de pé pelos fiéis…

  2. Nao cabe a nos decir sobre a vida de três criança.mas eu tenho minha opinião sobre o assunto,sou FAVOR no caso de estupro,de uma gravidez que pode leva a mae morte.e de uma gravidez que a criança foi diagnostica que não teve formação do cerebro.E CONTRA no aborto ocasionado,pois hoje ja existe muitos meios de previnir uma gravidez,pro meu conhecimento e de todas a mulheres e homens existem camisinha tanto pro homem quanto pra mulher,infomativo nos jornais,e principalmente na internet,entao engravida porque que e nao por falta de informação.sobre o fato do bispo creticar que o presidente teria que conhecer ou buscar alguem que tem conhecimento sobre teologia eu descordo,pois todo mundo tem o direito de da sua opinião sobre este assunto tao comentado no paìs,eu sou catòlica fui educada e criada numa familia de principios. e acho que a minha religião pega muito pesado.No entanto onde fica colocada a opinião dessa menina que foi molestada por esse padrasto,o que essa criança ta sentindo o que passa pela cabeça dessa criança.vamos cair na real e tenta menhor esse nosso paìs,punindo criminosos colocando atras das grades pessoas que tem esse tipo de comportamento,estuprar uma criança.Que país é esse!

  3. Duciene,

    A senhora é tudo menos católica.

    Por favor pare de se dizer como tal.

    Para ser católica é preciso acatar os dogmas de nossa fé. Então…

    A Igreja não apoia; camisinha; vasectomia; laqueadura de trompas; DIU; e o aborto não é permitido em nenhuma circunstância.

    Não, dona Duciene, a sua religião não pega pesado, ela faz a vontade de Deus,
    Pois foi o próprio Deus encarnado que a constituiu.

    Não pode suportar o ônus de ser católica?
    A IURD a espera de braços abertos.

    Que Deus nos abençoe.

  4. Obrigada pela resposta Ângela. Precisamos de muitas como você!

    Julie Maria

  5. Ângela e Julie Maria… Duas mulheres que não precisaram vender suas almas ao odioso feminismo para serem verdadeiramente femininas! São mulheres assim que precisamos! Bato palmas para vocês!
    E à Sr.ª Duciene falsa católica, que procure estudar um pouco mais de lei de Deus antes de escrever tamanhas blasfêmias!

    Paz e Bem!

  6. Sra. Lampedusa, a sra. caiu mais uma vez no conto dos jornalistas esquerdistas no Brasil de hoje!

    Repare que o jornalista Ancelmo Goes, como a sra. mesmo disse, trabalha para o jornal Pravda do Brasil, o Jornal O Globo.

    Ele disse um padre de São Paulo chamado Evandro!!!!

    Ora! sra. Lampedusa, quantos padres em São Paulo se chamam Evandro?! Porque ele não falou o nome da Igreja onde o padre exercer o seu sacerdócio?

    Nossa sra. Lampedusa! a sra. não percebe que esta é típica notícia plantada para confundir ainda mais os católicos?

    Mesmo que esta notícia seja verdade, com certeza este padre deve ser seguidor da Teologia da Libertação.

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