Elogios e reclamações

Elogiando o que merece ser elogiado: a CNBB protestou contra a PEC do divórcio, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara na última quarta-feira pela esmagadora maioria dos deputados: 374 votos a favor contra apenas 15 contra. A proposta é para que se elimine o tempo de “prévia separação judicial por mais de um ano ou comprovada separação de fato por mais de dois anos” exigido pela Constituição Brasileira para que os cônjuges possam se divorciar.

É uma vergonha que a maior parte das pessoas pareça simplesmente não se importar com isso. A proposta foi aprovada no mais constrangendor silêncio, como se fosse uma coisa corriqueira e banal ou – pior ainda! – entre loas como se fosse a “solução para um anacronismo legal finalmente (…) enunciada”, como disse um editorial da Folha de São Paulo de hoje (22/5/2009).

Somente quinze deputados votaram contra esta [mais uma] afronta à família brasileira, que já é tão violentamente atacada por todos os flancos. Aprovar o “divórcio imediato” é, sim, banalizar ainda mais a instituição familiar, como disse o vice-presidente da CNBB na matéria citada.

É o individualismo institucionalizado. A família tem função social – afinal, é célula mater da sociedade – e, por isso, recebe alguns benefícios do Estado [é por isso, aliás, que as “duplas gays”, que não têm a mesma função social da família, não podem receber as mesmas proteções estatais]. É falso que a separação dos cônjuges interesse somente aos dois: interessa a toda a sociedade. Transformar o casamento civil numa “qualquer-coisa” que pode ser feita, desfeita ou refeita a qualquer momento é educar os cidadãos para a irresponsabilidade. A lógica absurda dos defensores do divórcio é que a célula mater da sociedade… não deve absolutamente nada à sociedade, e só responde a ela mesma. Triste mundo no qual vivemos.

Agora, protestando contra o que deve ser protestado: não existe uma nota no site da CNBB contra esta PEC do divórcio (embora exista uma a favor de outra PEC que intenta incluir a alimentação como “direito social”…). Existe, no entanto, uma notícia que fala sobre o assunto e que é simplesmente ridícula.

A manchete da notícia fala sobre a tal PEC da alimentação. Lá pelas tantas, o texto fala sobre a Amazônia. Depois, sobre a PEC do divórcio e, por fim, sobre “homofobia”. Segundo a notícia do site da CNBB, o presidente da conferência teria dito que esta PEC é “irrelevante” (!). Percebam o absurdo: a mídia secular noticia que a CNBB criticou a PEC, enquanto o próprio site da Conferência não fala quase nada!

E, para fechar com chave de ouro a notícia, questionado sobre a homofobia [ou, melhor dizendo, questionado sobre o projeto de lei da Mordaça Gay], dom Dimas, ao invés de denunciar o lobby gayzista ou protestar contra esta lei absurda, disse ser “inconcebível qualquer tipo de discriminação e preconceito” e que “[n]ão podemos discriminar ninguém por ser homossexual, negro, quilombola, índio, migrante”. Oras, tudo isso é óbvio, mas o projeto de lei não existe para acabar com o preconceito, e sim para transformar os gays em uma super-classe de cidadãos e acabar com a liberdade religiosa no país! Não adianta falar sobre o óbvio com essa gente, porque a novilíngua por eles utilizada impede a correta compreensão das idéias. Para um gayzista, “respeito” é deixar as duplas de marmanjos ou lésbicas agarrarem-se em público e “discriminação” é impedi-los de adotar crianças. Espanta-me que os assessores de imprensa da CNBB não saibam essas obviedades.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

17 comentários em “Elogios e reclamações”

  1. O artigo linkado fala que “Defensores da proposta defendem que ela não estimula o divórcio, mas, sim, novos casamentos.”

    É impressionante o paralelo entre esse argumento e o usado pelo Obama para facilitar o aborto nos EUA!!!

    Lá defendem liberar (ainda mais) o aborto como forma de diminuir o número de abortos… E aqui facilitar ainda mais o divórcio para estimular novos casamentos !

    Ô lógica canhestra e estranha a do mundo pós-cristão.

  2. A melhor coisa que poderia acontecer ao Catolicismo no Brasil seria o fim da CNBB.

    O Jorge nem comentou, mas a fala de Dom Dimas sobre os conflitos agrários na Amazônia é saída das ostras perladas da TL. Nada como a CNBB dar uma forcinha e estimular os ódio entre ricos e pobres, brancos e índios.

    Depois, ainda vêm falar de amor. Se o importante é o amor, por que a CNBB – através do CIMI e da CPT – estimula tanto as invasões de terra?

  3. Jorge…. respeite o direito do divórcio… ninguém é obrigado a ficar junto de alguém para sempre… se o amor acaba.. pra q ficar junto???

  4. Jorge,
    lamento, mas discordo. A Santa Igreja não admite nem a separação (o velho desquite), nem o divórcio, portanto a mudança no diploma legal (civil) não muda nada em termos religiosos. No campo civil, porém, a mudança é benéfica. Esse prazo de um (depois da separação judicial decretada) ou dois anos (contados da separação de fato), requerido pela lei atual, na maioria das vezes só causa mais dor e sofrimento aos separandos. Não se perca de vista que muitas separações são provocadas por atos de grande violência, desconselhando a vida em comum. Caso os litigantes desistam do divórcio, podem fazê-lo por ação judicial, ou basta que se casem novamente apenas no cartório, porque continuam casados na Igreja.
    Saliento que a maioria das casamentos fracassados são o resultado de uniões que jamais deveriam ter acontecido. Erros de escolha, erros no conhecimento do outro cônjuge, erros de conceito quanto à vida conjugal, ausência de objetivos comuns e tantos outros provocam essa onda de separações/divórcios. A Igreja deveria insistir para que os cônjuges meditem sobre a decisão de casar, em vez de promover cursinhos de noivos do tipo vapt-vupt.
    Sds.,
    de Marcelo.

  5. Acho que essa mudança na lei não muda nada. O casamento não será mais valorizado nem menos por isso. As folhas secas, melhor que caiam logo. Não gosto dessas interferências do Estado na vida das pessoas e quem quer ficar junto, quem dá valor à família, dá independente das leis e quem não dá, não dá independente das leis.

    Joe, respeitamos o “direito do divórcio”. Respeite nosso direito de dizer que achamos o divórcio um pecado.

  6. 6 – Em 60 anos dessas queixas, o governo irlandês não se moveu NENHUMA vez? Algo cheira a podre no reino das notícias “imparciais”…

  7. Desculpe, mas não concordo que a separação de um casal interessa a toda sociedade.
    As pessoas não se separam sem motivos e são vários os motivos que podem levar a uma separação: maus tratos, adultério, alcolismo …
    Se uma coisa afeta a pessoa de forma individual, como pode ser do interesse coletivo?
    Se uma mulher é espacada pelo marido, só ela fica com hematomas e mais ninguém.

  8. Lucas,
    se vc. pensa em um só caso, isolado, vc. tem toda a razão. Mas se vc. pensar em um número muito grande de casais, aí vc. será obrigado a lembrar daquela batida expressão de que a família é a “célula mater” da sociedade. Então, tudo o que afete a família deve ser considerado de interesse da sociedade.
    Sds.,
    de Marcelo.

  9. Caro Marcelo,
    Você disse que “A Santa Igreja não admite nem a separação (o velho desquite), nem o divórcio”.
    Acho que voce está equivocado, pois acredito que a Igreja sempre admitiu a separação (o velho desquite), em casos especiais, claro.
    Se eu estiver enganado, peço desculpas antecipadamente. Mas até onde eu sei, só o divórcio, que permite nova união, é condenado pela Santa Igreja.
    Por favor, peço que me esclareça, se estou enganado.
    Em Cristo,
    Carlos.

  10. Caríssimos,

    A Igreja admite a chamada “separação de corpos”, em casos graves [como, p.ex., se um marido espancador estiver colocando em risco a integridade física da mulher]. Acho que é equivalente ao desquite civil.

    Quanto à lei em si, por mais que isso esteja esquecido, é importante lembrar que o divórcio é contrário à Lei Natural e, portanto, não pode ser adotado assim simpliciter.

    O Catecismo fala que ele pode ser tolerado se for “a única maneira possível de garantir certos direitos legítimos, o cuidado dos filhos ou a defesa do patrimônio” (CIC 2383).

    Quanto às famílias e à sociedade, insisto: há relação entre umas e outra. Dizer que os casais não têm nada a ver com ninguém mesmo a não ser com eles próprios é de um individualismo triste.

    Abraços,
    Jorge

  11. Jorge,
    vc. está certo quanto à dogmática católica, mas não quanto ao direito civil. A separação de corpos é apenas um elemento da separação judicial. Esta precisa contemplar também a partilha dos bens, o regime de guarda dos filhos e a extinção dos direitos e deveres recíprocos. Por exemplo, o desquite (uso a nomenclatura velha pela facilidade de entendimento) acaba com o dever de fidelidade entre os ex-cônjuges. A simples separação de corpos, não. A Igreja aceita a separação de corpos como medida preventiva contra violências domésticas ou humilhações, sem extinguir o vívulo matrimonial. Lembro-me, quando criança, de que as mulheres desquitadas, mesmo vítimas de maridos infiéis e torpes, eram estigmatizadas pela sociedade.
    Enfim, reitero o que afirmei antes: casais separados/divorciados são o resultado de uniões que não deveriam ter acontecido. Não adianta condenar o divórcio ou o desquite. O problema está na educação e orientação dos jovens. Reitero também que sigo e defendo a orientação da Santa Madre Igreja quanto ao casamento e à moral familiar. Mas sofro com a dor dos irmãos e irmãs que tiveram seus tropeços nessa questão.
    Sds.,
    de Marcelo.

  12. Dia desses ouvi o Boechat comentando no rádio que a medida já veio atrasada, pois quando um casal quer se separar, deve ser feito quando se deseja e o Estado nada tem que retardar o processo.

    Ele fez soar que nenhum divórcio é traumático e que todos são para melhor condição de vida dos ex-cônjuges, mas se esqueceu: 1) de que as pessoas desistem de se separar (e ninguém se lembra de estatísticas sobre isso ou dos custos em que isso incorre); 2) dos filhos, quando os há; 3) de que divórcios são quase endêmicos e que prejudicam a sociedade inteira, não apenas os diretamente afetados.

    Divórcios são custosos para a sociedade, e não apenas porque destroem famílias (o que por si, como sabemos, gera enorme custo). Ao divórcio, atrelam-se custos em qualidade de vida — depressão, desgaste emocional e psicológico que afetam no bem-viver, no trabalho, na relação em sociedade — econômicos — mais casas e apartamentos para menos pessoas (já foi comprovado por estudos econômicos, não me recordo a fonte), maiores custos com seguridade, previdência etc. — judiciais — mais processos na justiça com relação patrimônio, guarda, herança, e os divórcios em si, freando o já moroso Poder Judiciário — apenas para citar os mais óbvios.

    De cara já vemos que um problema familiar não é só da família — uma mulher espancada, filhos mal-amparados, brigas por patrimônio entre divorciados podem prejudicar toda a sociedade, pois não são casos isolados; acontecem aos borbotões e oneram a todos, economicamente, judicialmente, socialmente.

    O Marcelo diz que a Igreja deveria investir na formação dos noivos sobre a decisão de se casar, e concordo; mas a sociedade também deveria. Ela é a maior prejudicada pelo individualismo.

    Paz e bem.

  13. Marcelo,

    Obrigado pelas informações jurídicas, que eu desconhecia. Sim, se o desquite faz cessar o dever de fidelidade, então ele não corresponde à separação de corpos permitida pela Igreja.

    Sim, tu estás absolutamente correto quando dizes que é preciso investir na educação e na orientação dos jovens, mas acontece que o Estado também tem dever de não “deseducar” e nem “desorientar”, e o divórcio deseduca e desorienta. Agora, claro que, na situação atual, não se pode esperar milagres do Estado do Brasil. Tenho plena consciência de que as lutas contra o divórcio são, nas atuais conjunturas, fadadas ao fracasso. Mas, mesmo assim, importa dar testemunho do que é correto.

    Abraços,
    Jorge

  14. Jorge,

    obrigado pela compreensão. Só uma observação: o Estado somos nós. Cada um precisa fazer mais do que a “sua parte”. Cristãos, somos o sal da terra, o fermento da massa. Precisamos provocar o debate, apontar caminhos e lutar para a melhor educação dos jovens.
    Nesse ponto, preciso dar os parabéns para vc. meu caro Jorge. Seu blog é de grande utilidade para a informação e formação de jovens (e dos não tão jovens, como eu). Persevere na missão, com as bençãos de Deus.
    Sds.,
    de Marcelo.

    Pedro,
    O Boechat é simpático, mas fala cada bobagem…
    E manifesta profundo ódio à Santa Igreja.
    Sds.,
    de Marcelo.

  15. estou insastifeita com os servicos da claro.A propaganda enganosa que voces fizeram na promoçao (FALE 01 MINUTO E GANHE 30 MINUTOS) significa enganosa. estao retendo os creditos,bonus e dividiram alguns minutos para celular e outros minutos para fixo.Quando fizerao a promoçao nao falaram sobre essa clasula. Segnifica que LESARAO O CLIENTE isso dar direito ao cliente lutar por ter sido LESADO. Agora ficamos com credito e voces retem como eu e alguns se encontram neste exato momento. Ate o numero
    *1052. *525 temos que ter credito para falar com a claro?
    desejo uma resposta.

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