Fé adulta e obediência

Trecho da Homilia de Sua Santidade o Papa Bento XVI nas Primeiras Vésperas da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, na tradução feita pelo Marcelo Moura Coelho em seu blog:

Nas últimas décadas a expressão “fé adulta” se tornou um slogan difundido. Na maioria [das vezes] é usado em relação à atitude daqueles que não prestam mais atenção ao que a Igreja e Seus Pastores dizem, em outras palavras, àqueles que escolhem por si mesmos em que crer e deixar de crer, numa espécie de “self-service da fé”. Expressar-se contra o Magistério da Igreja é mostrado como uma espécie de “coragem”, quando na verdade não é preciso muita coragem, porque quem faz isso pode estar certo [de] que receberá apoio público.

Ao contrário, é preciso coragem para aderir à fé da Igreja mesmo se ela contradiz a “ordem” do mundo contemporâneo. Paulo chama esse não-conformismo de “fé adulta”. Para ele, seguir os ventos do momento e as correntes do tempo é um comportamento infantil.

Excelente. Que Deus abençoe o Santo Padre!

Parabéns a S.E.R. Dom José!

Há um ano eu publicava aqui: “Combati o Bom Combate”. Sua Excelência Reverendíssima Dom José Cardoso Sobrinho completava 75 anos de idade e apresentava, segundo prescreve o Código de Direito Canônico, a carta de renúncia ao Santo Padre.

O chefe do Estado-Maior dos exércitos de Nosso Senhor julgou por bem não dispensar de imediato de suas funções este valente e corajoso general. Já faz um ano. As supostas datas das nomeações se sucediam: amanhã, quarta-feira, no fim do mês. E Sua Excelência continuava. E teve trabalho – muito trabalho! – ao longo deste ano.

Enfrentou a furibunda reportagem especial do Jornal do Commercio que eu comentei aqui ao longo de duas semanas. Venceu a ação civil movida contra ele pela sra. Ivânia de Almeida. Conseguiu a reintegração de posse da paróquia de Água Fria. Teve peito de anunciar claramente a excomunhão na qual incorriam os praticantes de um aborto de gêmeas em uma menor de Recife e, com isso, enfrentou a fúria dos inimigos da vida de todo os naipes. Foi premiado pela Human Life International. E, hoje, completa mais um ano de vida.

Parabéns duplamente, como disse o Gustavo: pelo aniversário e pela fidelidade ao ministério episcopal. Parabéns, Excelência, por ser o Bom Pastor que ensina, com o exemplo, a santa intransigência nas leis de Deus e da Igreja, o esquecimento de si próprio para fazer a vontade d’Aquele de Quem recebeu o mandato de cuidar do Seu rebanho. Felicidades, Dom José Cardoso, e obrigado.

Curtas sucintos

– A coisa está ficando feia em Honduras. Após a intervenção militar e o exílio do presidente Manuel Zelaya, Evo Morales denunciou o “golpe militar”, a Venezuela denunciou o “seqüestro de três embaixadores”, Hugo Chávez cedeu um avião para que o presidente Zelaya fosse se encontrar com ele, e o presidente Lula condenou o golpe e rejeitou o novo governo. O presidente do Democratas, Rodrigo Maia, também escreveu sobre o assunto, dizendo que Chávez está “fazendo intervenção explícita em Honduras”. É necessário intensificar as orações por este país.

– Escândalo Episcopal I: Bispo Emérito e Consultor Jurídico da CNBB profere palestra em Maçonaria. “Dom Lelis disse várias inverdades: Que a posição da Igreja sobre a Maçonaria teria mudado após o Concílio Vaticano II (com a justificativa de que o Código de Direito Canônico de 1983 não pune mais a associação à Maçonaria com a excomunhão), que depois do concílio o objetivo da Igreja é só aproximar de todas as pessoas do mundo sem preconceito (falso. O objetivo da Igreja continua o mesmo: evangelizar todos os povos), entre outras“.

– Escândalo Episcopal II: Santa Sé decidirá futuro do Bispo uruguaio acusado de má conduta sexual. Caiu na internet uma foto do bispo fazendo sexo com dois presidiários (obviamente, a foto não está neste link – podem clicar) que “estavam extorquindo dinheiro do bispo para que a foto não fosse divulgada”.

– Continuamos pedindo, neste ano sacerdotal, que a Virgem Santíssima alcance um milagre para o clero da Santa Igreja. Na Colômbia, os católicos fizeram uma campanha “adota um sacerdote”. A campanha do Veritatis Splendor já tem blog próprio. Intensifiquemos as nossas orações pelos sacerdotes do Deus Altíssimo.

Barack Obama e o fim da objeção de consciência, publicado no Mídia Sem Máscara. “Nos EUA a objeção de consciência tem se transformado em uma grande arma democrática e liberal contra o autoritarismo do aborto. Além disso, essa arma está se espalhando pelo mundo. O próprio Papa Bento XVI recomenda a utilização da objeção de consciência como arma anti-aborto. Para combater a cultura de morte nada melhor do que a livre consciência”.

Estudo detalha os altos custos econômicos do divórcio. Da série “a Igreja tem razão mais uma vez”: “um relatório de fevereiro de 2009 da Fundação Britânica de Relacionamentos, descrita como não-partidária, dedicada a reforçar e melhorar as relações de uma sociedade mais forte, assinalou o custo da ruptura familiar em 37,03 bilhões de libras esterlinas ($ 61,07 bilhões) anualmente. Outro relatório, do Centro Social da Justiça de Londres, colocou o custo da ruptura familiar, no Reino Unido, a uma taxa anual de 20 bilhões de libras esterlinas ($ 32 bilhões)”.

– Outra agência de adoção católica fecha as portas na Inglaterra, por causa da legislação que proíbe “a todas as agências do setor no Reino Unido rejeitar a adoção de crianças a casais homossexuais”. Triste.

– “Há vezes em que um aborto é necessário. Eu sei disso. Quando você tem um negro e uma branca. Ou um estupro”. A frase é de Richard Nixon, ex-presidente americano, e foi publicada recentemente nos Estados Unidos. Foi proferida em 1973. Espero que esteja bem claro para todo mundo que o primeiro “motivo” da necessidade do aborto citado pelo ex-presidente é repugnante. Sonho com o dia em que o segundo seja considerado por todos igualmente inaceitável.

– Encerrou-se o Ano Paulino. O Papa Bento XVI anunciou que os restos mortais contidos na Basílica de São Paulo Fora dos Muros – e venerados como sendo do Apóstolo das Gentes – foram analisados e se chegou à conclusão de que pertenciam a uma pessoa “que viveu entre o primeiro e o segundo século”. Afirmou ainda o Pontífice: “Tudo parece confirmar a unânime e incontrastável tradição de que se tratam dos restos mortais do apóstolo Paulo, o que nos enche de profunda emoção”. São Paulo, rogai por nós.

Dois monstros

A Bósnia vive um processo de islamização, diz o Card. Franc Rodé. Os católicos foram os que mais sofreram com a guerra; segundo a notícia citada, “[e]m Sarajevo, cidade de 600 mil habitantes, há apenas 17 mil católicos; na diocese de Banja Luka, antes da guerra de 1991 a 1995, havia 150 mil católicos, agora restam 35 mil”. Há – disse ainda o cardeal -“de fato, uma vontade de islamizar a região de Sarajevo”.

Enquanto isso, no extremo oposto, a França estuda a possibilidade de proibir o uso da burca, e o presidente Sarkozy diz perante o Congresso que ela não é bem-vinda na França, que é um símbolo de servidão e contrária à “idéia da república francesa sobre a dignidade da mulher”.

É de fato preocupante a expansão muçulmana, diante da qual sucumbe apática uma Europa que se esqueceu de suas raízes cristãs. No entanto, também digno de preocupação é o laicismo militante, com o Estado se metendo onde não deve para dizer quais símbolos são religiosos e quais não são, quais adereços as pessoas podem usar e quais elas não podem. Sarkozy não apresenta uma solução para a islamização de Sarajevo, nem tampouco a Bósnia é o remédio para o totalitarismo francês. Diante dos dois monstros, eu sinceramente não sei dizer qual é o que provoca mais medo.

“Castigo dos pecados do padre” – Santo Afonso de Ligório

[Tenho cansado de repetir aqui que, longe de “passar a mão” na cabeça dos sacerdotes, a Igreja prega que os pecados por eles cometidos são de uma gravidade que os anti-clericais não são capazes de imaginar. Longe de ser conivente com os pecados dos clérigos, a Igreja dirige a eles duríssimas palavras. Como foi sugerido pelo Gustavo, estou postando aqui um trecho de um livro de Santo Afonso de Ligório escrito para padres e seminaristas, que fala muito bem sobre isso. Não que eu ache que vá ser de serventia para aquelas pessoas que nitidamente estão de má vontade para com a Igreja, mas para os católicos é uma obra que vale a pena – sem dúvidas! – ser conhecida. Que, neste ano sacerdotal, a Virgem Santíssima possa conseguir um milagre do Seu Filho sobre o clero da Igreja d’Ele.]

Consideremos agora o castigo, que tem de ser proporcionado à gravidade do seu pecado. S. João Crisóstomo tem por condenado o padre que no tempo do seu sacerdócio comete um só pecado mortal: Se pecardes como particular, será menor o vosso castigo; se pecais no sacerdócio, estais perdido.

São em verdade terríveis as ameaças, que o Senhor profere pela boca de Jeremias contra os padres que pecam: Estão manchados o profeta e o sacerdote, e eu encontrei na minha casa a iniqüidade deles, diz o Senhor. Por isso o seu caminho será como um atalho escorregadio e coberto de trevas; hão de impeli-los e cairão. Que esperança de vida poderíeis dar a quem caminhasse à borda dum precipício, em terreno escorregadio e às escuras, sem ver onde punha os pés, e ao mesmo tempo impelido fortemente para o abismo por seus inimigos? Tal é o estado desgraçado a que se encontra reduzido o padre que comete um pecado mortal.

Lubricum in tenebris. Pecando, o padre perde a luz e cai nas trevas. Mais lhes valera, assegura S. Pedro, não ter conhecido o caminho da justiça, do que voltar atrás depois de o haver conhecido. Ó, sem dúvida, mais valia para um padre que peca ser antes um camponês ignorante, que nunca tivesse estudado coisa alguma; porque depois de tantos conhecimentos adquiridos, — pelos livros que leu, pelos oradores sagrados que ouviu, pelos diretores que teve — depois de tantas luzes recebidas de Deus, o desgraçado calca aos pés todas as graças, pecando, e merece que as luzes recebidas só sirvam para o tornar mais cego e impenitente. A maior ciência, diz S. Crisóstomo, dá lugar a mais severo castigo; se o pastor cometer os mesmos pecados que as suas ovelhas, não receberá o mesmo castigo, mas uma pena muito mais dura. Um padre cometerá o mesmo pecado que os seculares; mas sofrerá um castigo muito maior, permanecerá mais profundamente cego que todos os outros; será punido conforme o anúncio do Profeta: Que vendo não o vejam, e ouvindo não compreendam!

É o que a experiência deixa ver, diz o autor da Obra imperfeita: Um secular, depois de pecar, facilmente se arrepende. Se assiste a uma missão, se ouve um sermão enérgico sobre alguma verdade eterna, — malícia do pecado, certeza da morte, rigor do juízo de Deus, penas do inferno, entra facilmente em si e volta-se para Deus; porque estas verdades, como coisas novas, tocam-no e penetram-no de temor. Mas quando um padre há calcado aos pés a graça de Deus, com todas as luzes e conhecimentos recebidos, — que impressão podem fazer ainda nele as verdades eternas e as ameaças das divinas Escrituras? Tudo quanto encerra a Escritura, continua o mesmo autor, é para ele uma coisa sediça de pouco valor; porque as coisas mais terríveis que lá se encontram, por muito lidas, já lhe não fazem impressão. Donde conclui que nada mais impossível que a emenda de quem sabe tudo e peca.

Quanto maior é a dignidade dos padres, diz S. Jerônimo, tanto maior é a sua ruína, se num tal estado chegam a abandonar a Deus. Quanto mais alto é o posto em que Deus os colocou, diz S. Bernardo, tanto mais funesta será a sua queda. Quando se cai em plano, diz Sto Ambrósio, raro se experimenta grande mal; mas cair de alto não é só cair, é precipitar-se, e a queda será mortal.

Nós os padres regozijamo-nos, diz S. Jerônimo, por nos vermos erguidos a tão alta dignidade; mas seja igual o nosso temor de cair. Parece que é aos padres que Deus fala, quando diz pela boca de Ezequiel: Coloquei-vos sobre o monte santo de Deus… e vós pecastes; e eu vos expulsei do monte de Deus, e vos entreguei à ruína. Vós que sois padres, diz o Senhor, eu vos estabeleci sobre a montanha santa, para serdes os faróis do universo: Sois vós a luz do mundo. Uma cidade assente no cimo duma montanha não pode estar escondida.

Tem pois razão S. Lourenço Justiniano em dizer que quanto maior é graça concedida por Deus aos padres, tanto mais digno de castigo é o seu pecado, e quanto mais alto o seu estado, mais mortal a sua queda. Quem cai num rio, diz Pedro de Blois, mergulha tanto mais fundo, quanto de mais alto tiver caído.

Compreende bem, ó padre: Deus, elevando-te ao sacerdócio, ergueu-te até ao Céu, e fez de ti, não mais um homem da terra, mas um homem celeste, pensa pois quanto te será funesta uma queda, segundo o aviso de S. Pedro Crisólogo. A tua queda, diz S. Bernardo, será semelhante à do raio que se precipita com impetuosidade. Quer dizer que a tua perda será irreparável. Assim, ó desgraçado, cairá sobre ti a ameaça que o Senhor lançou sobre Cafarnaum: E tu, ó Cafarnaum, erguida até ao Céu, serás abatida até ao inferno.

Um padre que peca merece tal castigo, por causa da sua ingratidão para com Deus, a quem deve um reconhecimento tanto maior quanto recebeu dele os maiores benefícios, como nota S. Gregório. Merece o ingrato ser privado de todos os bens que recebera, como observa um sábio autor. Jesus Cristo disse: Ao que já possui, dar-se-á, e ele estará na abundância; mas o que nada possui, ver-se-á despojado até do que parecia ter. Quem é grato para com Deus obterá maior abundância de graças; mas um padre que, depois de tantas luzes, depois de tantas comunhões, volta as costas a Deus, e desprezando todos os favores recebidos, renuncia à sua graça, — este padre será com justiça privado de tudo. É o Senhor liberal com todas as suas criaturas, mas nunca com os ingratos. A ingratidão, diz S. Bernardo, faz estancar a fonte da bondade divina.

Por isso S. Jerônimo pôde dizer: Nenhuma besta há no mundo mais feroz que um mau padre, porque esse não se quer deixar corrigir. E o autor da Obra imperfeita: Os leigos facilmente se emendam, mas um mau eclesiástico é incorrigível. Segundo S. Damião, é de preferência aos padres pecadores que se aplicam estas palavras do Apóstolo: Porque os que foram alumiados, os que saborearam o dom celeste, e receberam o Espírito Santo… depois caíram, é impossível que se renovem pela penitência. Com efeito, quem mais que o padre recebeu de Deus graças abundantes? Quem mais do que ele gozou dos favores do Céu e participou dos dons do Espírito Santo? Segundo Sto. Tomás, permaneceram obstinados no pecado os anjos rebeldes, porque pecaram em face da luz; é assim, escreve S. Bernardo, que o padre será tratado por Deus: tornado anjo do Senhor, ou há de ser eleito como anjo, ou réprobo como o anjo. Eis o que o Senhor revelou a Sta. Brígida: Olho os pagãos e os judeus, mas não vejo ninguém pior que os padres: o seu pecado é como o que precipitou Lúcifer. E notemos aqui o que diz Inocêncio III: Muitas coisas que nos leigos são pecados veniais, nos eclesiásticos são mortais.

É ainda aos padres que se aplicam estas palavras de S. Paulo: Uma terra, que, depois de muito regada pelas chuvas, só produz espinhos e silvas, está reprovada e sujeita a maldição: acabará por ser entregue ao fogo. Que chuva de graças não recebe de Deus continuamente o padre? E contudo, em vez de frutos, só produz silvas e espinhos: Desgraçado! Está prestes a ser reprovado e a receber a maldição final, para ir, depois de tantas graças, que Deus lhe prodigalizou, arder no fogo do inferno! — Mas, que temor pode ter ainda do fogo do inferno um padre, que voltou as costas a Deus? Os padres que pecam perdem a luz, como levamos dito, e perdem também o temor de Deus. É o Senhor quem no-lo declara: Se eu sou o Senhor, onde está o meu temor, vos diz o Senhor, a vós, ó padres, que desprezais o meu nome?. Segundo S. Bernardo, os sacerdotes, caindo da altura a que se acham elevados, de tal modo se afundam na malícia, que perdem a lembrança de Deus, e tornam-se surdos a todas as ameaças da justiça divina, a tal ponto que nem o perigo da sua condenação os espanta.

Mas que haverá nisso de admirável? O padre, pecando, cai no fundo do abismo, onde fica privada da luz e despreza tudo. Acontece então o que diz o Sábio: Caído no fundo do abismo do pecado, o ímpio despreza. Este ímpio é o padre que peca por malícia; um só pecado mortal o precipita no fundo das misérias, em que cegamente permanece mergulhado. Nesse estado despreza tudo: castigos, advertências, presença de Jesus Cristo, a quem toca no altar. Não córa de se tornar pior que o traidor Judas, como o próprio Senhor um dia disse a Sta. Brígida: Tais padres já não são sacerdotes meus, mas verdadeiros traidores. Sim, tais padres são verdadeiros traidores, porque abusam da celebração da Missa, para ultrajarem mais cruelmente a Jesus Cristo pelo sacrílego!

E qual será, depois de tudo, o triste fim do padre mau? Ei-lo: Praticou a iniqüidade na terra dos santos, não verá a glória do Senhor. Será, numa palavra, o abandono de Deus, e depois o inferno. — Mas, dirá alguém, essa linguagem é demasiado aterradora: quereis lançar-nos da desesperação? — Respondo com Sto. Agostinho: Se vos espanto, “é que eu próprio estou espantado”. — Assim, dirá um padre, que tiver tido a desgraça de ofender a Deus no sacerdócio, não haverá para mim esperança de perdão? — Ó, não posso afirmar isso; haverá esperanças, desde que haja arrependimento do mal cometido. Que esse padre seja pois extremamente reconhecido para com o Senhor, se ainda se vê ajudado da graça; mas é preciso que se apresse a dar-se a Deus, enquanto o chama, conforme o aviso de Sto. Agostinho: “Abramos os ouvidos à voz de Deus, enquanto nos chama, com receio de que se recuse a ouvir-nos, quando estiver prestes a julgar-nos”.

[Santo Afonso de Ligório, “A Selva”, para ordenandos e sacerdotes; download em .pdf aqui]

Diversos

– Um pequeno – mas muito bom! – texto sobre a alma da Dicta & Contradicta: Apenas Letal. “Uma casa é uma pilha de tijolos, mas não é apenas uma pilha de tijolos. Não acredita em mim? Vá aos fundos de uma olaria; lá haverá muitas pilhas de tijolos, mas nenhuma casa. A definição dada responde à causa material, à pergunta ‘do que é feito?’, mas é apenas uma parte da resposta à pergunta mais ampla ‘o que é?’. Faltou o mais essencial: uma casa é definida, antes de tudo, não pelos materiais que a compõem (embora também por eles), mas por seu projeto: ela é dividida em cômodos, cada um com sua função no todo cujo fim último é abrigar e permitir a vida de uma pessoa ou grupo delas. E o que é esse projeto? Ele está desenhado num papel, na planta, mas ele não é o desenho. Tanto é assim que é possível desenhar o mesmo projeto em outro papel com outro lápis, e nem por isso a casa terá dois projetos. O projeto é aquilo que o desenho expressa: a estrutura lógica, racional, da construção: os tamanhos e localizações dos cômodos, onde cada material será usado, a função de cada cômodo, etc. […] Tijolos sem projeto, e projeto sem tijolos, não seriam uma casa”.

Número especial da revista “Brava Gente” sobre o príncipe Dom Pedro Luiz de Orleans e Bragança. Um compêndio de tudo o que aconteceu com a Família Imperial desde o desaparecimento do vôo 447 da Air France; de quebra, uma oportunidade de conhecer melhor a Casa Imperial.

Não há lugar no ministério sacerdotal para pedófilos, como diz Dom Cláudio Hummes. Sem dúvidas, Eminência, sem a menor sombra de dúvidas: eis o verdadeiro discurso do óbvio! No entanto, é de se lamentar que Sua Eminência prefira louvar os sacerdotes por serem homens que “se esforçam pela dignidade humana, pelos direitos humanos, a justiça social e a solidariedade com os pobres”. Data venia, Eminência, não é este o apanágio do sacerdote católico!

– Hoje é dia de San Josemaría Escrivá, e o santo espanhol fala sobre o sacerdócio muito melhor do que o cardeal brasileiro: “Através desse sacerdócio ministerial, que difere essencialmente – e não com uma simples diferença de grau do sacerdócio comum de todos os fiéis -, os ministros sagrados podem consagrar o Corpo e o Sangue de Cristo, oferecer a Deus o Santo Sacrifício, perdoar os pecados na confissão sacramental e exercer o ministério da doutrina in iis quae sunt ad Deum, em tudo e somente naquilo que se refere a Deus”. San Josemaría Escrivá de Balaguer, rogai por nós!

– Uma interessante decisão do juiz Valter Alexandre Mena, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, ao suspender parte da Lei Antifumo estadual. Vale a pena dar uma olhada na íntegra da decisão, da qual destaco:

Veja-se o paradoxo: o governo federal aumentou a alíquota para os cigarros e a reduziu para os carros, supostamente para reduzir o consumo daqueles em proteção da saúde. Na verdade, trata-se apenas de compensar a perda (1,5 bilhão) com a redução tributária de um setor, transferindo-a para o outro. Ora, os veículos (dada a péssima qualidade do combustível) poluem muito mais e prejudicam muito mais a saúde. E nada indica que haverá redução do consumo de cigarro, porque 40% não pagam impostos (contrabandeados ou produzidos por sonegadores), mas sim estimular a ilegalidade.

Quanto ao tabaco, existem alternativas, há medida intermediária à proibição: de um lado, áreas reservadas ou fumódromos; de outro, a livre escolha dos não-fumantes em frequentar tais ambientes.

As discotecas (danceterias) são ambientes de marcante poluição sonora (também prejudicial à saúde, inclusive dos empregados) e freqüentadas voluntariamente pelos que gostam de barulho, sem qualquer proibição em respeito à liberdade individual. Quem não aprecia, não é obrigado a nelas ingressar. Se o faz, pratica ato de opção (alguém dirá que o freqüentador está viciado por dependência química? Ou está apenas ficando surdo?).

Mais de dez anos depois de a lei federal obrigar os empresários a despender recursos na instalação de fumódromos, vem a norma estadual dizer que eles são inúteis e devem deixar de existir em 90 dias.

Moonwalker

Ontem morreu Michael Jackson aos cinqüenta anos de idade. Muito jovem; de acordo com uns comentários que ouvi ontem à noite, quem tem o dinheiro que ele tinha só morre se quiser.

Nada mais falso. Como dizia Cícero, omni aetati mors est communis: a morte não poupa ninguém, na tradução livre mais comum. “A morte é comum a todas as idades”, em tradução mais literal. A todas as idades e a todas as classes sociais: aos ricos e aos pobres. Também Michael Jackson morre, apesar da idade não tão avançada, apesar do dinheiro que possuía [se bem que eu nem sei se possuía tanto dinheiro assim; há uns anos, rolou uns boatos de que o cantor estava quase falido].

“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína”? É a pergunta que Nosso Senhor faz no Evangelho (cf. Lc 9, 25). Obviamente eu não sei em que condições morreu o astro – desejo que ele tenha tido a graça de uma boa morte -, mas é público, até onde eu sei, que o cantor nunca se destacou por suas convicções religiosas. Chico César disse ontem que achava “ruim pra ele não ter sido da Igreja Católica” [p.s.: o artista diz isso em sentido provocativo…], pois o cantor aparentemente “viveu infeliz nos últimos anos”. Acaso vale a pena…?

Foi acusado de pedofilia e, até onde me conste, absolvido. Mas a sua carreira não o foi. Sic transit gloria mundi, da Liturgia de coroação dos papas (não sei se ainda é usado): “assim passa a glória do mundo”. Passa depressa, como fumaça. Todo se pasa, diz Santa Teresa. A fama, o dinheiro, a vida… e, ao final, o que importa? “Vós, que tendes tempo sem ter conta, / não gasteis vosso tempo em passatempo. / Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta. / Pois aqueles que sem conta gastam o tempo, / quando o tempo chegar de prestar contas, / chorarão, como eu, o não ter tempo” (A conta e o tempo).

Não me recordo de ter sido, em algum momento, grande fã de Michael Jackson. Mas lembro-me de Moonwalker, do Mega Drive: cliquem aqui para baixar o emulador (Gens) e aqui para a ROM do game. Quanto ao Michael, que a Virgem Santíssima lhe tenha valido no momento derradeiro.

Requiem aeternam dona ei, Domine
et lux perpetua lucet ei.

Requiescat in Pace.
Amen.

Orações por Honduras

Não estava ciente do que estava acontecendo em Honduras. A Corte Suprema do país pediu ontem “a volta do General Romeo Vásquez  ao cargo de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas”, segundo esta notícia publicada ontem à noite.

O presidente do país, Manuel Zelaya, quer convocar uma Constituinte e tencionava fazer uma consulta popular sobre o assunto. “A Justiça e as autoridades eleitorais disseram que a pesquisa é ilegal” e, por isso, o general Vásquez recusou-se a dar apoio ao referendo, razão pela qual foi destituído pelo presidente.

Recebi também ontem à noite um email sobre o país, com um pedido de orações que tomo a liberdade de publicar aqui:

Amigos: Salve Maria.

Como já sabem, sou de Honduras, na America Central. Peco oracoes pela situacao em meu pais. Aqui o presidente atual está virando ao socialismo, e agora quer implantar pela forca uma nova constituicao de fundamento socialista. Para isso ganou-se o apoio do povo, dos camponeses, em contra dos outros membros do governo. Está promovendo uma consulta para emitir a nova constituicao apoiada pelo povo quase em totalidade (pobres) mais rejeitada pelo Tribunal Supremo como ilegal. Agora quer fazela pela forca, causando um conflicto com o Congreso e com o exército.

Hoje se diz por aí que pode haver um golpe de Estado nas próximas horas, todas as empresas e escolas estao já cerradas, a capital está deserta porque todos iram já para suas casas pelo temor do que poda acontecer.

De ficar no poder, o presidente instaurará um governo do estilo chavista. Como  os Bispos pronunciaram- se contra o presidente, é de crer que a situacao da relacao da Igreja com o Estado tornará-se muito dificil.

Peco que rezem por este pobre pais, pela Cristandade (ou o que resta dela) neste pais.

Que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina, interceda por Honduras. E livre a América Latina da maldição do comunismo.

Obama’s record is clear: pro abortion to the core

[Fonte: American Life League.
Tradução: Sue Medeiros
]

O CURRÍCULO DE OBAMA É CLARO: PRÓ-ABORTO ATÉ O TALO

por  Michael Hichborn

O comentarista convidado hoje é Michael Hichborn, diretor do Projeto Cânon 915 da American Life League (Liga Americana Pró-Vida).

Recentemente, Gian Maria Vian, Editor-Chefe do jornal Osservatore Romano, do Vaticano, disse em uma entrevista que ele não acredita que Barack Obama seja um “presidente pró-aborto”. Ao comentar sobre o discurso do presidente na Universidade de Notre Dame, Vian disse:

“O [p]residente disse que a aprovação da nova lei do aborto não é uma prioridade da sua administração. O fato dele ter dito isto me deixa muito mais tranqüilo. Também reforça a minha forte crença: Obama não é um presidente pró-aborto”.

Apesar do que o novo presidente diz, ações falam mais alto que palavras, e mesmo que Barack Obama diga não estar tornando uma prioridade a aprovação da nova lei de aborto, a agenda de seu próprio gabinete deixa transparecer uma realidade completamente diferente. Na realidade, não apenas Obama escolheu cercar-se de radicais pró-aborto como também um percentual significativo destes são “Católicos”.  Listados abaixo estão os membros da administração Obama que são bem conhecidos por seu apoio ativo ao aborto, com os católicos marcados com um asterisco (*):

Além de se cercar de advogados radicais do aborto, Barack Obama – que provou sua agenda pró-aborto em Illinois ao recusar-se a proteger mesmo aqueles bebês que sobrevivem a uma tentativa de aborto – transporta agora esta agenda para o resto do país como presidente.

Durante este breve período como a mais alta autoridade do país, Obama tem trabalhado com afinco para entrincheirar ainda mais a cultura da morte nos Estados Unidos e por todo o mundo.

Lista de Atos Pró-Aborto Este Ano:

05 de janeiro – Obama seleciona o governador pró-aborto do estado da Virgínia, o “Católico” Tim Kaine, para ser o presidente do Partido Democrata.

06 de janeiro – Obama indica Thomas Perrelli para o cargo de associate attorney general. Perrelli foi ponta-de-lança do movimento para matar Terri Schiavo de fome e desidratação.

22 de janeiro – Divulga declaração em apoio à decisão do caso Roe versus. Wade. Ele disse, na ocasião do trigésimo aniversário desta decisão legal, que “somos lembrados que esta decisão não apenas protege a saúde e a liberdade reprodutiva das mulheres mas também representa um princípio maior: que o governo não deve se intrometer nas decisões privadas das famílias. Eu permaneço comprometido com o direito de escolha da mulher”.

23 de janeiro – Derruba a Política da Cidade do México. Este ato faz disponíveis centenas de milhões de dólares para custear aborto em outros países.

26 de janeiro – O Vice-Secretário de Estado de Obama, James B. Steinberg, diz a membros do Senado que a Política da Cidade do México “é uma restrição desnecessária que, se aplicada a organizações com base neste país, seria uma limitação inconstitucional da livre expressão”.

29 de janeiro – Presidente Obama indica o pró-aborto David Ogden para o cargo de deputy attorney general. Ogden foi representante legal das revistas Playboy e Penthouse, lutou contra a instalação de filtros em computadores de bibliotecas e defendeu com sucesso os direitos dos produtores de pornografia de produzir material com menores.

12 de fevereiro – Obama escolhe a pró-aborto Elena Kagan para o cargo de solicitor general. Ela era a diretora jurídica da National Abortion and Reproductive Rights Action League (Liga Nacional da Ação pelo Aborto e Direitos Reprodutivos).

27 de fevereiro – Inicia os trabalhos pela derrubada das proteções de consciência pró-vida, que tinham a intenção de proteger equipes médicas de serem forçadas a cometer abortos.

28 de fevereiro – A amiga do militante pró-aborto em gestações adiantadas George Tiller, Kathleen Sebelius, é nomeada para o cargo de Secretária do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

05 de março – Grupos pró-vida não obtêm permissão para participar de um encontro sobre saúde patrocinado pela Casa Branca, enquanto os grupos Planned Parenthood, The Human Rights Campaign, National Council of La Raza, The Children’s Defense Fund, The National Gay and Lesbian Task Force participam dele.

09 de março – Obama assina a ordem executiva “REMOVENDO BARREIRAS À PESQUISA CIENTÍFICA RESPONSÁVEL ENVOLVENDO CÉLULAS-TRONCO HUMANAS”, agora forçando os contribuintes a patrocinar pesquisas com células-tronco embrionárias.

10 de março – Obama cria o novo cargo “Embaixardor para Assuntos Globais das Mulheres”, e nomeia a pró-aborto Melanne Verveer para o cargo.

11 de março – Obama cria uma nova agência chamada Conselho da Casa Branca para Mulheres e Moças. Nomeia Tina Tchen, uma ex-vice-presidente da NOW, como diretora desta agência.

17 de março – Obama nomeia o juiz federal pró-aborto David Hamilton para servir na Corte de Apelações do Sétimo Circuito.

26 de março – O Departamento de Estado de Obama anuncia a doação de 50 milhões de dólares para a UNFPA, a organização dentro das Nações Unidas conhecida por sua cumplicidade com as táticas coercitivas de controle populacional da China.

07 de abril – Obama cria lista de três candidatos a embaixador do Vaticano. Todos acreditam em aborto.

07 de abril – Obama seleciona o professor de direito pró-aborto Harold Hongju Koh para ser o principal consultor jurídico do Departamento de Estado.

07 de abril – Está completo o Conselho Consultivo da Casa Branca Baseado na Fé [White House Faith-Based Advisory Council]. A lista inclui mais defensores do aborto.

08 de abril – Obama nomeia o pró-aborto Ron Weich para o cargo de assistant attorney general para assuntos legislativos.

14 de abril – A administração Obama divulga documento declarando que militantes pró-vida podem estar engajados em atos de violência.

17 de abril – A administração de Obama divulga as normas propostas para pesquisa com células-tronco embrionárias humanas.

23 de abril – A Secretária de Estado Hillary Clinton admite perante o Comitê de Relações Exteriores do Congresso que, no que concerne o novo governo, o termo “saúde reprodutiva” inclui o aborto. “Somos agora uma [a]dministração que protegerá os direitos das mulheres, inclusive seus direitos a cuidados de saúde reprodutiva”.

08 de maio – O novo orçamento de Obama permite a Legal Services Corporation (Corporação de Serviços Legais) a conduzir litígio envolvendo aborto.

Esta lista de indicações e ações relativas ao aborto certamente não está completa, mas ilustra claramente que Barack Obama tem toda a intenção de assegurar que controle da natalidade e aborto sejam atos protegidos neste país. Mesmo que ele diga que deseja “reduzir o número de abortos” ou da “necessidade” de abortos neste país, e mesmo que também diga que o aborto não é uma “prioridade” para ele, suas palavras tem o peso de seu valor – que é nenhum. O Presidente Obama cercou-se de radicais pró-aborto, criou novos cargos e agências dedicadas á chamada “saúde reprodutiva”, que a Secretária de Estado Clinton nos diz incluir aborto, e tem feito tudo em seu poder para dar mais dinheiro àquelas organizações dedicadas a matar crianças nascituras.

Espera-se do Editor-Chefe do jornal do Vaticano que seja melhor informado e não cometa tal gafe como a que ele cometeu quando declarou que Barack Obama não é um “presidente pró-aborto”.

03 de junho de 2009

Jornais e Gayzismo

– Um texto contrário à decisão do STF de acabar com a exigibilidade de diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Eu acho terrorista a argumentação de que “vão aparecer oportunistas”, “vai cair o nível do jornalismo”, “os profissionais vão ficar desempregados” e congêneres. Francamente, não vejo motivo para se fazer estardalhaço quanto a isso. No texto citado, no entanto, existe um argumento que é, no mínimo, interessante: o fim da exigência do diploma seria “mais uma etapa de levar o pais à comunistização, onde não existe profissional qualificado”. Não tinha visto ninguém abordar o problema sob esta ótica.

– Um sujeito teve a capacidade de dizer que a mídia é subserviente ao Opus Dei, em detrimento dos homossexuais. É uma das coisas mais surreais que já li na minha vida, uma tão absurda inversão da realidade que não sei como alguém tem coragem de o dizer em público sem corar de vergonha. Tudo isso porque alguns jornais não quiseram publicar uma refutação dele a um artigo de Carlos Alberto Di Franco. Só faltou um grande banner escrito “censura nunca mais”.

– Enquanto isso, pesquisadores da Universidade de Michigan chegaram à brilhante conclusão de que os desenhos infantis são homofóbicos, já que “só mostram casais heterossexuais”. Se depender da Gaystapo, este horrível preconceito está com os dias contados: nos quadrinhos infantis tupiniquins, a Turma da Mônica já começou a flertar com o Gayzismo