Veritas Ipsa – Paulo III

[Fonte: Veritatis Splendor]

Bula Veritas ipsa

Considera os índios seres racionais,
capazes de se salvarem e livres por natureza

Paulo III,
a todos os fiéis cristãos que as presentes letras virem,
saúde, e bênção apostólica.

A mesma Verdade, que nem pode enganar, nem ser enganada, quando mandava os Pregadores de sua Fé a exercitar este ofício, sabemos que disse: “Ide e ensinai a todas as gentes”. “A todas”, disse, indiferentemente, porque todas são capazes de receber a doutrina de nossa Fé.

Vendo isto e envejando o comum inimigo da ger[a]ção humana, que sempre se opõe às boas obras, para que pereçam, inventou um modo nunca dantes ouvido, para estorvar que a Palavra de Deus não se pregasse às gentes, nem elas se salvassem. Para isto, moveu alguns ministros seus, que desejosos de satisfazer as suas cobiças, presumem afirmar a cada passo, que os índios das partes ocidentais, e os do meio-dia, e as demais gentes, que nestes nossos tempos tem chegado à nossa noticia, hão de ser tratados e reduzidos a nosso serviço, como animais brutos, a título de que são inábeis para a Fé Católica: e considerando que são incapazes de recebê-la, os põem sob dura servidão, e os afligem e opprimem tanto, que ainda a servidão em que tem suas bestas, apenas é tão grande como aquela com que afligem a esta gente.

Nós outros, pois, ainda que indignos, temos as vezes de Deus na terra e procuramos com todas as forças achar suas ovelhas, que andam perdidas fora de seu rebanho, para reduzi-las a Ele, pois este é o nosso ofício.

Conhecendo que aqueles mesmos índios, como verdadeiros homens, não somente são capazes da Fé de Cristo, mas que acodem a ela, correndo com grandíssima prontidão segundo nos consta, e querendo prover nestas cousas de remédio conveniente, com autoridade apostólica, pelo teor das presentes, determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as demais gentes que daqui em diante vierem à noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da Fé de Cristo, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do dominio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão; declarando que os ditos índios e as demais gentes hão de ser atraídas e convidadas à dita Fé de Cristo, com a pregação da Palavra divina e com o exemplo de boa vida.

E tudo o que em contrário a esta determinação se fizer, seja em si de nenhum valor, nem firmeza; não obstantes quaisquer coisas em contrário, nem as sobreditas, nem outras, de qualquer maneira.

Dada em Roma, ano de 1537, aos nove de junho, no ano terceiro de nosso Pontificado.

Paulo III, pp.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

25 comentários em “Veritas Ipsa – Paulo III”

  1. Jorge, não consegui achar nenhuma referência externa à sua Igreja validando essa bula…

    Você teria alguma?

    Abraço.

  2. Ôpa! Acabei de achar!

    Tem razão. Ponto pra ICAR! :)

    Agora me responda: Os clérigos da época eram recriminados pelo papa, caso apoiassem ou incentivassem o escravagismo?

  3. Isso, somado ao fato de que batizávamos essas criaturas deveria ser mais do que suficiente para suplantar a ignorância.

    Pax,

  4. Nunca demais lembrar, Jorge, mas minha apostila de História desse bimestre (estou fazendo o Ensino Médio) dizia que a Igreja considerava os índios e escravos desalmados.

    Precisavam pôr uma bula papal dessa num livro de História, você não acha, pra mostrar quão “pequena” é a ignorância da educação brasileira, voltada especialmente para denegrir a imagem da Igreja de Cristo…

    Aliás, esse documento é de uma valiosidade muito grande tanto para os católicos cruzados – que gostam de combater o bom combate – quanto para os professores de história – que gostam de atacar a Santa Mãe Igreja.

    Paz.

  5. Caros,
    A bula que excomunga quem escravizasse os índios, salvo engano, está publicada no site da Montfort.
    Os livros didáticos de História, atualmente, são escritos por ateus e inimigos da Igreja. Alguns chegam a afirmar que a Igreja já considerou que a mulher não tem alma, o que é um absurdo completo, visto que a maior Santa da história, acima de todos os santos e anjos, é uma mulher, ou melhor, é “A” Mulher.
    Quanto aos negros, tem uma santa do século 4º que é negra, mas agora não me lembro o seu nome. E aquele que ajudou Nosso Senhor a carregar a cruz era negro; Tem também São Benedito. Todos são venerados pela Igreja como santos. Como dizer, então, que não tinham alma?
    Em suma: todas as calúnias contra a Igreja são refutadas pela História. Mas tem que estudar a História (viu, Mallmal?) e não ficar lendo gibis.
    Um abraço.
    Carlos.

  6. A igreja não concordava com a escravidão negra? Devo estar sonhando.

  7. IN SUPREMO

    Por Papa Gregório XVI
    Carta Apostólica

    IN SUPREMO

    sobre a condenação da escravidão dos indígenas e do comércio dos negros

    1. Elevados à suprema dignidade do apostolado e representando, ainda que sem nenhum mérito, a pessoa de Jesus Cristo Filho de Deus, que por sua desmedida caridade se fez homem e se dignou morrer pela redenção do mundo, sentimos que pertence à nossa solicitude pastoral esforçar-nos para dissuadir completamente os fiéis do desumano mercado dos negros e de quaisquer outros homens.

    2. Em verdade, desde quando o evangelho começou a se difundir, começou a ficar mais aliviada junto aos cristãos a condição daqueles míseros, então muito numerosos, que tinham caído em duríssima escravidão, especialmente na ocasião de guerras. Os apóstolos, inspirados pelo Espírito de Deus, ensinavam os escravos a obedecer aos patrões carnais como a Cristo, e a cumprir com satisfação a vontade de Deus, mas impunham aos senhores que agissem humanamente com os escravos para dar-lhes o que era justo e equânime, e não exercessem ameaças, sabendo que nos céus há um Senhor comum destes e daqueles, e que para Deus não há distinção de pessoas (Ef 6,5ss; Cl 3,22ss; 4,1). Como era anunciada universalmente uma sincera caridade em relação a todos como lei evangélica, uma vez que Cristo Senhor havia declarado que retinha feito ou negado a si aquilo que de bom e misericordioso houvesse sido feito ou negado aos mais pequeninos e aos indigentes (Mt 25,35ss), derivou facilmente que os cristãos não apenas considerassem como irmãos os seus escravos, especialmente se eles fossem cristãos (1), mas muitos eram também orientados a conceder a liberdade àqueles que a mereciam – o que era costume fazer-se especialmente por ocasião das solenidades pascais, como lembra Gregório Nisseno (2). Não faltaram os que, animados de caridade mais ardorosa, “entregaram-se espontaneamente à escravidão para redimir os outros”. Nosso predecessor, Clemente I, homem apostólico de santíssima memória, atesta ter conhecido muitos desses (3). Portanto, com o transcorrer do tempo, tendo-se dissipado o nevoeiro das bárbaras superstições, e tendo-se mitigado os costumes também dos povos mais selvagens sob o influxo da caridade, chegou-se ao ponto que, há vários séculos, não mais existiam escravos em meio aos povos cristãos. Mas depois, e o dizemos com imensa dor, apareceram entre os cristãos alguns que, cegados de modo torpe pela cobiça do ganho sujo, em distantes e inacessíveis regiões, reduziram indígenas, negros e outros míseros à escravidão. Com comércio cada vez mais organizado, daqueles que tinham sido capturados por outros, não hesitaram em favorecer o indigno delito destes.

    3. Numerosos pontífices romanos de venerando memória, nossos predecessores, como imperiosa obra de seu ministério, nunca deixaram de repreender com firmeza tal comportamento, contrário à salvação espiritual de quem o cumpre e ultrajante para o nome cristão, prevendo que os povos infiéis se tornariam sempre mais revoltados contra a nossa verdadeira religião. Confirmam-no a carta apostólica de Paulo III, datada de 29 de maio de 1537, sob o anel do pescador, endereçada ao cardeal arcebispo de Toledo, e outra mais extensa de Urbano VIII, datada de 22 de abril de 1639 ao procurador da Câmara apostólica de Portugal. Nesta carta são condenados severissimamente todos os que ousam ou intentam “reduzir à escravidão os indígenas ocidentais ou meridionais, vendê-los, comprá-los, trocá-los ou doá-los, separá-los das esposas e filhos, retirar-lhes os bens, transportá-los de um lugar para outro, privá-los por qualquer meio da liberdade, mantê-los escravos, favorecer os que praticam tudo isso através do conselho, ajuda e obra atuada sob qualquer pretexto ou nome, ou também afirmar e pregar que tudo isso é lícito, ou cooperar de qualquer outro modo no que foi dito” (4). Em seguida o Papa Bento XIV confirmou e renovou essas sanções dos mencionados pontífices com nova carta aos bispos do Brasil e de outras regiões, com a data de 20 de dezembro de 1741, pela qual estimulou a tal fim a solicitude dos mencionados prelados (5). Ainda antes outro antigo predecessor, Pio II, no tempo em que o domínio dos portugueses se estendia pela Guiné, habitada por negros, com a data de 7 de outubro de 1462, enviou uma carta ao bispo de Rubicon (Espanha) que estava se preparando para partir para lá. Naquela carta não só foram concedidas ao bispo todas as oportunas faculdades para exercitar com o maior êxito possível o seu ministério, mas naquela ocasião também condenou severamente os cristãos que reduziam a escravos os neófitos (6). Também no nosso tempo, Pio VII, movido pelo mesmo espírito de fé e de caridade, empenhou-se com muito zelo junto a homens poderosos para que o tráfico dos negros cessasse completamente entre os cristãos.

    4. Essa atenção a essas sanções dos nossos predecessores contribuíram muito, com a ajuda de Deus, para que os indígenas e os outros acima mencionados fossem defendidos da crueldade dos invasores e da cupidez dos mercadores cristãos, mas não o suficiente para fazer com que esta Santa Sé pudesse alegrar-se do pleno sucesso dos seus esforços a esse respeito, dado que o tráfico dos negros, ainda que tenha diminuído notavelmente em muitas partes, todavia ainda é bastante utilizado por numerosos cristãos. Por essa razão nós, querendo fazer desaparecer o mencionado crime de todos os territórios cristãos, após madura consideração, recorrendo também a conselho de nossos veneráveis irmãos cardeais da santa Igreja de Roma, seguindo as pegadas de nossos predecessores, com a nossa apostólica autoridade, admoestamos e esconjuramos energicamente no Senhor todos os fiéis cristãos de qualquer condição que, doravante, ninguém ouse fazer violência, desapropriar de seus bens ou reduzir seja quem for à condição de escravo, ou prestar ajuda ou favorecer àqueles que cometem tal delito ou querem exercitar o indigno comércio por meio do qual os negros são reduzidos a escravos – como se não fossem seres humanos, mas pura e simplesmente animais, sem nenhuma distinção, contra todos os direitos de justiça e humanidade -, são comprados, vendidos e constrangidos a trabalhos duríssimos. Ademais, quem propõe esperança de ganho aos primeiros traficantes de negros provoca também revoltas e contínuas guerras nas suas regiões. Nós, julgando as mencionadas ações indígenas do nome cristão, condenamo-las com nossa apostólica autoridade. Proibimos e vetamos com a mesma autoridade a qualquer eclesiástico ou leigo defender como lícito o tráfico dos negros, qualquer seja o escopo ou pretexto, e de presumir ensinar outro modo, pública e privadamente, contra aquilo que com a presente carta apostólica expressamos.

    5. Para que esta nossa carta chegue mais facilmente ao conhecimento de todos e ninguém possa alegar ignorância, decretamos e ordenamos que essa seja tornada pública por algum dos nossos cursores, como de costume, com a afixação nas portas da basílica do primeiro dos apóstolos e da chancelaria apostólica, como também da cúria geral de Montecitório e na praça Campo dei Fiori na Urbe, e de deixar afixadas as cópias.

    Roma, dado em Santa Maria Maior, sob o anel do pescador, no dia 03 de dezembro de 1839, ano IX de nosso pontificado.

    PAPA GREGÓRIO XVI
    IN SUPREMO

    Por Papa Gregório XVI
    Fonte: gentilmente enviado por Marcus Pimenta
    Carta Apostólica
    In Supremo
    sobre a condenação da escravidão dos indígenas
    e do comércio dos negros

    1. Elevados à suprema dignidade do apostolado e representando, ainda que sem nenhum mérito, a pessoa de Jesus Cristo Filho de Deus, que por sua desmedida caridade se fez homem e se dignou morrer pela redenção do mundo, sentimos que pertence à nossa solicitude pastoral esforçar-nos para dissuadir completamente os fiéis do desumano mercado dos negros e de quaisquer outros homens.

    2. Em verdade, desde quando o evangelho começou a se difundir, começou a ficar mais aliviada junto aos cristãos a condição daqueles míseros, então muito numerosos, que tinham caído em duríssima escravidão, especialmente na ocasião de guerras. Os apóstolos, inspirados pelo Espírito de Deus, ensinavam os escravos a obedecer aos patrões carnais como a Cristo, e a cumprir com satisfação a vontade de Deus, mas impunham aos senhores que agissem humanamente com os escravos para dar-lhes o que era justo e equânime, e não exercessem ameaças, sabendo que nos céus há um Senhor comum destes e daqueles, e que para Deus não há distinção de pessoas (Ef 6,5ss; Cl 3,22ss; 4,1). Como era anunciada universalmente uma sincera caridade em relação a todos como lei evangélica, uma vez que Cristo Senhor havia declarado que retinha feito ou negado a si aquilo que de bom e misericordioso houvesse sido feito ou negado aos mais pequeninos e aos indigentes (Mt 25,35ss), derivou facilmente que os cristãos não apenas considerassem como irmãos os seus escravos, especialmente se eles fossem cristãos (1), mas muitos eram também orientados a conceder a liberdade àqueles que a mereciam – o que era costume fazer-se especialmente por ocasião das solenidades pascais, como lembra Gregório Nisseno (2). Não faltaram os que, animados de caridade mais ardorosa, “entregaram-se espontaneamente à escravidão para redimir os outros”. Nosso predecessor, Clemente I, homem apostólico de santíssima memória, atesta ter conhecido muitos desses (3). Portanto, com o transcorrer do tempo, tendo-se dissipado o nevoeiro das bárbaras superstições, e tendo-se mitigado os costumes também dos povos mais selvagens sob o influxo da caridade, chegou-se ao ponto que, há vários séculos, não mais existiam escravos em meio aos povos cristãos. Mas depois, e o dizemos com imensa dor, apareceram entre os cristãos alguns que, cegados de modo torpe pela cobiça do ganho sujo, em distantes e inacessíveis regiões, reduziram indígenas, negros e outros míseros à escravidão. Com comércio cada vez mais organizado, daqueles que tinham sido capturados por outros, não hesitaram em favorecer o indigno delito destes.

    3. Numerosos pontífices romanos de venerando memória, nossos predecessores, como imperiosa obra de seu ministério, nunca deixaram de repreender com firmeza tal comportamento, contrário à salvação espiritual de quem o cumpre e ultrajante para o nome cristão, prevendo que os povos infiéis se tornariam sempre mais revoltados contra a nossa verdadeira religião. Confirmam-no a carta apostólica de Paulo III, datada de 29 de maio de 1537, sob o anel do pescador, endereçada ao cardeal arcebispo de Toledo, e outra mais extensa de Urbano VIII, datada de 22 de abril de 1639 ao procurador da Câmara apostólica de Portugal. Nesta carta são condenados severissimamente todos os que ousam ou intentam “reduzir à escravidão os indígenas ocidentais ou meridionais, vendê-los, comprá-los, trocá-los ou doá-los, separá-los das esposas e filhos, retirar-lhes os bens, transportá-los de um lugar para outro, privá-los por qualquer meio da liberdade, mantê-los escravos, favorecer os que praticam tudo isso através do conselho, ajuda e obra atuada sob qualquer pretexto ou nome, ou também afirmar e pregar que tudo isso é lícito, ou cooperar de qualquer outro modo no que foi dito” (4). Em seguida o Papa Bento XIV confirmou e renovou essas sanções dos mencionados pontífices com nova carta aos bispos do Brasil e de outras regiões, com a data de 20 de dezembro de 1741, pela qual estimulou a tal fim a solicitude dos mencionados prelados (5). Ainda antes outro antigo predecessor, Pio II, no tempo em que o domínio dos portugueses se estendia pela Guiné, habitada por negros, com a data de 7 de outubro de 1462, enviou uma carta ao bispo de Rubicon (Espanha) que estava se preparando para partir para lá. Naquela carta não só foram concedidas ao bispo todas as oportunas faculdades para exercitar com o maior êxito possível o seu ministério, mas naquela ocasião também condenou severamente os cristãos que reduziam a escravos os neófitos (6). Também no nosso tempo, Pio VII, movido pelo mesmo espírito de fé e de caridade, empenhou-se com muito zelo junto a homens poderosos para que o tráfico dos negros cessasse completamente entre os cristãos.

    4. Essa atenção a essas sanções dos nossos predecessores contribuíram muito, com a ajuda de Deus, para que os indígenas e os outros acima mencionados fossem defendidos da crueldade dos invasores e da cupidez dos mercadores cristãos, mas não o suficiente para fazer com que esta Santa Sé pudesse alegrar-se do pleno sucesso dos seus esforços a esse respeito, dado que o tráfico dos negros, ainda que tenha diminuído notavelmente em muitas partes, todavia ainda é bastante utilizado por numerosos cristãos. Por essa razão nós, querendo fazer desaparecer o mencionado crime de todos os territórios cristãos, após madura consideração, recorrendo também a conselho de nossos veneráveis irmãos cardeais da santa Igreja de Roma, seguindo as pegadas de nossos predecessores, com a nossa apostólica autoridade, admoestamos e esconjuramos energicamente no Senhor todos os fiéis cristãos de qualquer condição que, doravante, ninguém ouse fazer violência, desapropriar de seus bens ou reduzir seja quem for à condição de escravo, ou prestar ajuda ou favorecer àqueles que cometem tal delito ou querem exercitar o indigno comércio por meio do qual os negros são reduzidos a escravos – como se não fossem seres humanos, mas pura e simplesmente animais, sem nenhuma distinção, contra todos os direitos de justiça e humanidade -, são comprados, vendidos e constrangidos a trabalhos duríssimos. Ademais, quem propõe esperança de ganho aos primeiros traficantes de negros provoca também revoltas e contínuas guerras nas suas regiões. Nós, julgando as mencionadas ações indígenas do nome cristão, condenamo-las com nossa apostólica autoridade. Proibimos e vetamos com a mesma autoridade a qualquer eclesiástico ou leigo defender como lícito o tráfico dos negros, qualquer seja o escopo ou pretexto, e de presumir ensinar outro modo, pública e privadamente, contra aquilo que com a presente carta apostólica expressamos.

    5. Para que esta nossa carta chegue mais facilmente ao conhecimento de todos e ninguém possa alegar ignorância, decretamos e ordenamos que essa seja tornada pública por algum dos nossos cursores, como de costume, com a afixação nas portas da basílica do primeiro dos apóstolos e da chancelaria apostólica, como também da cúria geral de Montecitório e na praça Campo dei Fiori na Urbe, e de deixar afixadas as cópias.

    Roma, dado em Santa Maria Maior, sob o anel do pescador, no dia 03 de dezembro de 1839, ano IX de nosso pontificado.

    PAPA GREGÓRIO XVI

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    (1) Lactâncio, Divin. Institution .1.V,c.16:Bibl. veterorum patrum, editado em Veneza por Gallandio, p. 318.
    (2) De Ressurrect. Domini orat.III: tom. III, p. 420, da ed. parisiense de 1638 das obras.
    (3) Ad Corinthios ep. I, c. 55, t. I da bibl. de Dalland, p. 35.
    (4) Commissum Nobis: Bullarium Romanum, t. 6, II, pp. 183-184.
    (5) Immensa: CIC Fontes, 1 (n. 321), p. 708s.
    (6) Em Rinaldo nos Annalibus ecclesiastici referentes ao ano 1462, n. 42.

  8. Corrigindo:

    Tenho este documento em casa, mas pesquisei para ver se encontrava uma versao digital e encontrei. Esqueci da fonte:

    PAPA, Gregório XVI. Apostolado Veritatis Splendor: IN SUPREMO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4498. Desde 31/08/2007.

  9. Caros,

    O raciocínio anti-clerical é sempre este: TUDO o que aconteceu de errado no passado é culpa da Igreja. Mesmo que ela tenha se colocado firmemente contra.

    Será que no futuro também irão dizer que o genocídio de nascituros foi também culpada Igreja?

    Ah, o mundo… faz o que quer e depois culpa a Deus e à sua Igreja…

  10. Outro ateu says:
    “A igreja não concordava com a escravidão negra? Devo estar sonhando.”

    Não, “Outro ateu”. Você está é acordando (espero).
    Sonhando você estava era quando aprendia estas e outras teorias da conspiração que preconceituosos inventaram contra a Igreja Católica. Imagino que você aprendeu esta e outras mentiras na escola ou na universidade. Se estou certo, tenho certeza que de quem lhe ensinou isto não apresentou nenhuma prova. Eram professores que usaram sua autoridade para propagarem sua ideologia e muitos caíram nessa conversa fiada.

    Provavelmente, os professores anti-clericais também foram vítimas deste molestamento ideológico.

    Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, dizia que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
    Este é o princípio que profesores doutrinadores aplicam, consciente ou incoscientemente.

    Quando uma falácia anti-clerical é refutada, tentam outro truque: “mas haviam padres que diziam isso”.

    Pois bem.
    Nem sempre o que padres dizem está de acordo com a doutrina da Igreja e obediente às ordens dos papas. E isso é muito frequente, infelizmente.
    Alguns “religiosos” costumam falar e fazer besteiras e quem leva a culpa é a Igreja.
    Frei Betto por exemplo, já igualou o programa Fome Zero do Lula com o milagre da multiplicação dos pães de Jesus.
    Isso significa que a Igreja rebaixa o próprio Deus a um demagogo corrupto? É claro que não.
    Portanto, não confunda erros de membros da Igreja com erros da Igreja.

    Nós, os fiéis, não somos perfeitos e cometemos erros. Eu particularmente não valho nem o que o gato enterra, mas meus pecados são meus, e não da Igreja.

  11. O grander escritor católico Gilbert Keith Chesterton dizia que quem não acredita em Deus, acredita em qualquer coisa.

  12. Caro Messias,
    Parabéns pela excelente resposta ao “outro atoa”. Depois desta vamos ver se ele se torna menos atoa e mais útil.
    Um abraço.
    Carlos.

  13. Aliás, no site da Montfort existe um documento, se não me engano já do século VIII, onde o papa de então pedia aos cristãos para se absterem do ilícito comércio humano praticado pelos sarracenos…

    Pra quem não sabe, a escravidão foi extinta na antiguidade graças à ação da Igreja Católica, que deu ao escravo o status de ser humano, portando dotado de direitos. Quando puder, escrevo mais a respeito. Parabéns aí ao Jorge pela iniciativa de publicar este documento.

  14. Quanto engodo desses revisionistas! Só falta agora dizerem que a Summis desiderantes e a caça às bruxas não existiram!

  15. H. Colvitz, não é engodo não!

    É a verdade que nossos historiadores picaretas e professores ideologicos nos esconderam durante todos esses tempos.

    As caças às bruxas existiram, e se deu em muito maior número em países protestantes que em países católicos.

    Sabia disso?

  16. Só faltou admitir que foi feita pela ICAR e com apoio do papa, não é mesmo? Ou vai negar a Summis desiderantes? Vocês só aceitam documentos papais quando estes lhes convêm?

  17. H. Colvitz, admitir o que cara palida?

    O que foi feito pela Igreja Católica?

    O que o Papa apoiou?

    Estude sobre esse assunto da “caças às bruxas”, e veja como os protestantes perseguiram e mataram muito mais que os países católicos, e que estranhamente ninguém (nem protestantes, nem ateus, nem agnósticos,…) dizem uma única palavra sobre isso!

    Os reformadores protestantes também criaram os seus tribunais para jugarem pessoas acusadas de bruxarias, você sabia disso?

    Repare que a história mais famosa sobre caça às bruxas se deu em uma colônia de protestantes nos Estados Unidos.

    Essa história ficou conhecida como “As Bruxas de Salém”.

  18. Então a sua resposta consiste em:

    1º Fingir que não entendeu.

    2º Mandar-me estudar para insinuar que eu não sei do que estou falando.

    3º Voltar a atenção para os erros dos outros para não ter que admitir os seus próprios (bem comum entre os meus alunos menores).

    Agora tentar explicar a bula Summis desiderantes e a caça às bruxas católica que é bom nada, não é verdade? Talvez porque não haja explicação. Encurralar os católicos convencidos é minha especialidade, principalmente os revisionistas.

    Percebo que há direta proporção entre o quanto um católico se diz “tradicionalista” e o quanto ele é revisionista. Serve de exemplo o bispo ignorante que recentemente negou o holocausto.

    De todos os criacionistas, os católicos tradicionalistas medievalistas são definitivamente os que vão mais longe para tentar provar suas teses absurdas, tentando até negar a História – não obstante haver abundante e evidente refutação!

  19. Senhor Colvitz,

    Vamos lá. Onde está o engodo? Onde o revisionismo? Por acaso a Veritas Ipsa não existiu? Por que o senhor, ao invés de tecer comentários sobre o assunto do post, veio puxar outro assunto que não estava sendo tratado aqui?

    E depois vem dizer que a sua “especialidade” é “[e]ncurralar católicos convencidos”! Chega a ser engraçado. A especialidade do senhor, pelo visto, é sofismar. Qual a relação entre as almas dos índios e o julgamento das bruxas?

    Quanto a Summis Desiderantes, sim, existiu. Está aqui. E quem foi que falou nesta bula aqui antes do senhor? Quem negou que ela tivesse existido? Qual, portanto, o motivo da falsa acusação de revisionismo?

    Muito interessante a sua especialidade sofista. Acusa-nos de uma coisa que nós não defendemos para, aos olhos do leitor mais incauto, desmerecer aquilo que nós defendemos e provamos. A “lógica” anti-clerical aqui é a seguinte: “já que houve ‘caça às bruxas’, então a Igreja dizia que os índios não tinham alma”. Ou então: “já que estes fanáticos negam que a Igreja tenha dito que os índios não tinham alma, então também negam a ‘caça às bruxas'”. Pura piada.

    Vá praticar mais a sua arte sofista, sr. Colvitz! Porque a minha especialidade é desmascarar patifaria intelectual.

    Abraços,
    Jorge

    P.S.: Witchcraft, via Enciclopédia Católica.

  20. “1º Fingir que não entendeu.”

    Quem não entendeu, e continua sem entender, é o senhor H. Colvitz! E além de não entender, tenta passar um ar de conhecerdor de história.

    “2º Mandar-me estudar para insinuar que eu não sei do que estou falando.”

    Mas não sabe mesmo senhor H. Colvitz!

    “3º Voltar a atenção para os erros dos outros para não ter que admitir os seus próprios (bem comum entre os meus alunos menores).”

    Não é “voltar a atenção para os erros dos outros” senhor H. Colvitz. É só mostrar aquilo daqueles que nos atacam escondem. Eu por exemplo, muitas vezes conversando com algumas pessoas que são protestantes, esses acusaram a Igreja Católica de crimes que foram praticados pelos próprios protestantes. Como foi o caso que dei acima sobre as “Bruxas de Salém”.

    ” Serve de exemplo o bispo ignorante que recentemente negou o holocausto.”

    Não senhor H. Colvitz! Dom Richard Williasom não negou o holocausto. Esse só CONTESTOU O NÚMERO DE JUDEUS MORTOS NOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NAZISTA.

    Ele em momento nenhum falou que nazistas não mataram judeus ou se não teve judeus entre os mortos pelos nazistas. ELE SÓ CONTESTOU O NÚMERO DE JUDEUS MORTOS.

    O CRIME NAZISTA CONTRA OS JJUDEUS PERMANECE, INDEPENDENTE SE FORAM 6 MILHÕES OU 600.000; 800.000 OS JUDEUS MORTOS PELOS NAZISTAS.

  21. Senhores,
    a escravidão já havia sido banida da Europa, quando foi retomada pelos árabes em suas incursões por aquele território. Obviamente, não se justifica. Além disso, o comércio de escravos era controlado…pelos africanos!!!!!

    Ah, sobre o pastor que deseja queimar o Alcorão: é um babaca, porém, tem o seu direito – quantas bandeiras norte-americanas já viram queimadas em manifestações palestinas, árabes, xiitas…? Deixem o homem queimar o alcorãozinho.

    Abraço e que Deus nos ajude,
    Observer Brasil

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