USP, greve, estudantes e PMs

Recebi um email sobre a “violência da PM” no recente caso da greve da USP, em uma lista de emails católica (isso é relevante), onde em uníssono todos demonstravam a sua solidariedade aos alunos agredidos e o seu mais completo repúdio à atitude das autoridades (chegaram a citar Foucault!). O seguinte vídeo foi-me enviado, para mostrar a truculência dos policiais militares contra os indefesos estudantes:

Confesso não estar completamente a par do que acontece na Universidade de São Paulo. Mas vi o vídeo, onde os estudantes gritavam contra os policiais, tentavam expulsá-los do campus, faziam algazarra e debochavam da PM. E não pude deixar de questionar sobre o quê, exatamente, estava acontecendo em São Paulo.

Uma garota me respondeu rispidamente que eu lesse sobre o “direito à greve” na Constituição Federal. Retribuí dizendo-lhe que ela lesse sobre o direito à greve no Compêndio de Doutrina Social da Igreja. Sob a ótica católica, julgo ser este documento, e não o primeiro, que deva ser levado em consideração.

Sobre o caso específico da USP, ao que me conste, os estudantes ocuparam o prédio da reitoria [P.S.: esta ocupação ocorreu no final do mês passado, e não tem relação direta com o vídeo acima reproduzido; quando houve o conflito com a PM, terça feira passada, os policiais estavam no campus “para evitar que funcionários, em greve desde 5 de maio, [bloqueassem] a entrada de prédios”, e os estudantes estavam realizando um “protesto em frente à reitoria”.] e o final do vídeo mostra exatamente as “estratégias” adotadas por eles para “defenderem” a sua ocupação. Só duas perguntas sobre isso:

1) A ocupação de um prédio que não lhe pertence, à força, montando piquetes, impedindo a entrada dos funcionários, não caracteriza um pecado contra o sétimo mandamento?

2) A Constituição Federal citada legitima também o direito à ocupação violenta de patrimônio público?

O Estado de São Paulo publicou uma opinião sobre o assunto que considero relevante reproduzir:

Ao adotar medidas preventivas, pedindo à Justiça que autorizasse a Polícia Militar a dissolver piquetes nos prédios das principais coordenadorias e unidades de ensino da USP na Cidade Universitária, a reitora mostrou ter aprendido a lição da greve de 2007. Na ocasião, ela contemporizou com os líderes dos servidores e dos alunos e acabou tendo seu gabinete invadido por baderneiros que quebraram móveis, vidros e telefones, roubaram computadores e rasgaram documentos – inclusive os relativos a processos administrativos abertos contra funcionários. Os prejuízos foram estimados em R$ 346 mil. Desde o início da greve deste ano, em 5 de maio, a PM já teve de atuar duas vezes para impedir piquetes e coibir depredações. A última tentativa da invasão do prédio da Reitoria, ocorrida na semana passada, causou prejuízos de R$ 10 mil.

Até quando será que vamos ter que aturar a empulhação esquerdista da luta de classes, onde as autoridades são sempre “do mal” e os proletários [no presente caso, os “estudantes”] são a mais nobre expressão de elevados valores morais – mesmo que sejam vândalos baderneiros? Até quando esta praga vai se infiltrar até mesmo na juventude católica? É por causa desta picaretagem que o nível das universidades públicas cai a cada dia. Quando é que os jovens vão acordar e perceber que eles foram feitos para coisas muito mais elevadas do que isso?

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

7 comentários em “USP, greve, estudantes e PMs”

  1. Como aluna da USP, e, mais ainda, da FAculdade de Filosfia, Letras e Ciências Humanas, vulgo FFLCH, gostaria de ponderar mais alguns tópicos:

    – Essa greve dos funcionários É descabida, visto que a principal reinvindicação é a readmissão de um funcionáriod emitido após a greve de 2007, funcionário este líder do Movimento Sindical, que conta com diversos processos nas costas. Por conta da greve dos funcionários, alguns dos serviços mais importantes aos alunos estão parados há um mês;

    – Simplesmente são alunos esquerdistas, revolucionários, que não sabem muitas vezes nem do quê estão falando. É duro ver aquilo. Ainda mais pra quem se encontra no meio do “fogo cruzado”, como eu. Ser Católica na FFLCH tem sido muito, muito difícil.

    De mais a mais, procuro não me envolver. Só espero que essa greve acabe e logo, pois quem está prejudicada, sem aulas, sou eu e centenas de outros alunos, que nada tem a ver com isso!

  2. Prezado Jorge,

    Infelizmente, tenho presenciado que praticamente todos os membros da Pastoral da Juventude da minha diocese são socialistas… só não são católicos. Esses dias, na lista de emails deles muitos estavam defendendo a “Greve na Usp” e contra a PM considerada como “órgão repressor”.
    Se você tiver algo para me dizer como tentar tirá-los dessa mentalidade socialistóide, diga-me logo! Pois, tenho lido cada coisa na lista deles que, às vezes, dá vontade de deixá-los a própria sorte.

    Forte abraço!

  3. “praticamente todos os membros da Pastoral da Juventude da minha diocese são socialistas”

    Enche-me de esperança com relação ao futuro da humanidade ler notícias desse tipo.

  4. Jorge,
    a USP tem mais de 80 mil estudantes. Esse conflito contou com a presença de menos de mil pessoas, entre estudantes (não só da USP, mas da Unesp e da PUC também, arregimentados pelo PSTU), alguns professores e funcionários (estes, base do PSTU). Não representam a universidade. Nem sabem o que significa isso. E os policiais que lá estavam trabalhando, recebendo modesto soldo, pagam impostos, os mesmos impostos que custeiam a USP. Quem são os criminosos?
    A polícia é um braço do estado democrático de direito. Quem ataca a democracia deve ser atacado, em benefício da própria democracia. É o paradoxo democrático. A menos que se queira tropeçar na surrada questão: Devemos tolerar os intolerantes? Quem aqui claudica, não pode depois lamentar a instalação de um governo tirânico (de esquera ou de direita).
    Sds.,
    de Marcelo.

  5. ““praticamente todos os membros da Pastoral da Juventude da minha diocese são socialistas”

    Enche-me de esperança com relação ao futuro da humanidade ler notícias desse tipo.”

    Hum?

    Pois é, quem não conhece o passado (e ignora os cem milhões de cadáveres produzidos pela ideologia socialista em todo o mundo) está condenado a repeti-lo…

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