Declaração sobre o direito à objeção de consciência

[Poucas horas depois de escrever pedindo para que os nossos bispos fossem católicos, uma amiga faz a gentileza de me mostrar a Declaração sobre o direito à objeção de consciência publicada hoje à tarde no site da CNBB e que reproduzo abaixo.

Deu trabalho, mas saiu. Laudetur Iesus Christus. É já alguma coisa. Rezemos pelos nossos bispos.

P.S.: Ninguém nega que é pouca coisa; mas, em terra de cego, quem tem um olho é rei e, na travessia do deserto rumo à Terra Prometida, qualquer filete de água que saía de uma pedra era um verdadeiro milagre. Nada mudou: continua sendo necessário bater na pedra para obter um pouco d’água. Mas é água no deserto! Animemo-nos. Avante. Canaã está à frente!]

Declaração sobre o direito à objeção de Consciência

“A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele
está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz” (Gaudium et Spes 16).

Em nome dos Bispos do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB, reunidos em Brasília, nos dias 22 a 24 de setembro de 2009, desejamos expressamos nossa solidariedade a todas as pessoas que se empenham na defesa e promoção da vida humana em todas as fases de seu desenvolvimento, sobretudo, daqueles seres sem nenhuma possibilidade de defesa.

Em nossa sociedade, marcada por tantas e tão contrastantes concepções acerca do ser humano e de sua dignidade, todos os que se propõem a assumir o compromisso de promover a justiça e defender a vida, certamente, enfrentarão muitas resistências e objeções. Movidos pelos ideais cristãos e empenhados na nobre e grave causa da defesa da vida, não nos é permitido ceder a qualquer tipo de pressão ou arrefecer nosso ânimo frente às dificuldades que continuamente enfrentamos.

É direito de toda pessoa manifestar sua objeção de consciência frente a tudo o que contraria as exigências da ordem moral, os princípios e valores éticos e a fé professada, de modo que ninguém, por tal motivo, possa ser punido ou forçado a agir de modo contrário àquilo que a consciência o move a fazer. Em certas ocasiões, com destemida firmeza, é necessário dizer: “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens” (At 5,29).

Brasília – DF, 24 de setembro de 2009

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Presidente da CNBB
Arcebispo de Mariana

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

Que nossos bispos sejam católicos

Hoje, faz uma semana que a Comissão Nacional de Ética do PT puniu com suspensão dois deputados petistas pró-vida, pelo simples fato deles serem pública e veementemente contrários ao aborto.

Na sexta-feira última, 18 de setembro, enviei um curto email a S.E.R. Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, que provavelmente não chegou às mãos de Sua Excelência; o texto integral da mensagem é o que segue:

Sua Excelência Reverendíssima,
Dom Geraldo Lyrio Rocha,
Presidente da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil,

Pax!

Conceda-me V.E.R. a sua bênção.

Excelência, como foi amplamente noticiado pelos meios de comunicação, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores puniu ontem, por unanimidade, os deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso, com suspensão dos seus direitos políticos por um ano e 90 dias respectivamente, por estes deputados serem publicamente contrários ao aborto.

Gostaria de saber se a CNBB não vai publicar uma nota de repúdio a esta gravíssima atitude do PT. Gostaria de saber se a CNBB não vai condenar publicamente e com veemência o PT, pelo fato do partido, não contente em ser a favor do aborto, proibir também os seus membros de se manifestarem contra este horrendo crime.

Recomendando-me às orações de V.E.R.,
subscrevo-me, em Cristo,
Jorge Ferraz

Não recebi, absolutamente, resposta alguma. Acabei de entrar na seção de notícias do site da CNBB e não encontrei a menor menção à atitude gritantemente imoral do Partido dos Trabalhadores, que vitimou na semana passada dois deputados pelo simples fato deles serem contrários ao aborto.

A última notícia pertinente, de ontem à tarde, intitulada “Presidência da CNBB atende à imprensa”, dizia que “[a] crise do Estado e a Reforma Política foram um dos temas da reunião ordinária do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB”, e também que “[o]utro assunto discutido pelos bispos foi o projeto que libera o funcionamento dos bingos e das máquinas caça-níqueis”. Sobre a suspensão dos pró-vida, não há uma única linha. Obviamente, há algum problema aqui que precisa com urgência ser sanado.

Senhores bispos, data maxima venia, nós não somos palhaços, nem acredito que sejamos aberrações abjetas, únicas dignas dentre todos os homens de desprezo. Somos católicos que nos esforçamos por sermos fiéis à Igreja, e que queremos sinceramente – e rezamos por isso – enxergar nos nossos bispos legítimos sucessores dos Apóstolos, guardiões zelosos da Fé Católica e Apostólica. Somos católicos que só desejam que a Conferência Episcopal possa, finalmente, tomar vergonha na cara e passar a trabalhar pela Igreja de Nosso Senhor, e não contra Ela. Não julgo estarmos pedindo nada de impossível, excepcional ou exótico. Queremos apenas que nossos bispos sejam católicos e, como tais, se comportem. Isso não pode ser pedir demais.

Diferentemente das outras vezes em que tentei – improficuamente – entrar em contato de modo privado com quem julgo ser responsável pela Conferência Episcopal, este texto é público, e envidarei todos os esforços para que ele chegue ao conhecimento de todos a quem possa interessar. Já não dá mais para ficar calado.

Bento XVI aos bispos da Regional Nordeste II

[O]s fiéis leigos devem empenhar-se em exprimir na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja. Diversamente, os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem ser uma referência para todos. É importante fazer crescer esta consciência nos sacerdotes, religiosos e fiéis leigos, encorajando e vigiando para que cada um possa sentir-se motivado a agir segundo o seu próprio estado.

O aprofundamento harmônico, correto e claro da relação entre sacerdócio comum e ministerial constitui atualmente um dos pontos mais delicados do ser e da vida da Igreja. É que o número exíguo de presbíteros poderia levar as comunidades a resignarem-se a esta carência, talvez consolando-se com o fato de a mesma evidenciar melhor o papel dos fiéis leigos. Mas, não é a falta de presbíteros que justifica uma participação mais ativa e numerosa dos leigos. Na realidade, quanto mais os fiéis se tornam conscientes das suas responsabilidades na Igreja, tanto mais sobressaem a identidade específica e o papel insubstituível do sacerdote como pastor do conjunto da comunidade, como testemunha da autenticidade da fé e dispensador, em nome de Cristo-Cabeça, dos mistérios da salvação.

Ad Limina dos Bispos do Brasil – Regional Nordeste 2,
17 de setembro de 2009,
Papa Bento XVI

Quimera feminista e nonsense abortista

Mulheres estão menos felizes do que nos anos 70. “Nos anos 70, quando começou a emancipação feminina, com entrada no mercado de trabalho, pílula anticoncepcional, liberdade sexual, elas se sentiram exultantes. Mas quanto mais conquistaram, mais responderam à pesquisa – que é feita desde 1972 – dizendo que estavam infelizes”. Claro que estão mais infelizes; afinal de contas, as mulheres não foram criadas para serem homens de saias (ou, pior ainda, sem saias). Jogando fora a sua sublime vocação feminina, claro que as mulheres não podem senão ficar infelizes. A troca não vale a pena.

“Quando vemos o que ocorreu nestas últimas décadas, com as mulheres tendo mais liberdade, mais escolhas, mais oportunidades e mais dinheiro, temos que perguntar: o que está acontecendo?”, pergunta a jornalista Arianna Huffington. O que está acontecendo é simplesmente o resultado óbvio de um anti-natural igualitarismo entre os sexos, o esvanecer-se da quimera, a cara quebrada na dura realidade após se ter dado ouvidos às fábulas feministas. Emancipação sexual não traz felicidade. Dinheiro também não, e nem oportunidades, nem igualdade entre os sexos, nem independência financeira, nem nada disso. O que traz felicidade é seguir a própria vocação, e não fugir dela. O que traz felicidade às mulheres é simplesmente que elas sejam mulheres. Vale muito a pena lembrar que toda mulher sonha com uma mesa cheia de crianças.

Enquanto isso, eu leio provavelmente a coisa mais surreal que já li nos últimos tempos: uma americana que foi inseminada com o embrião errado se viu “diante da decisão de interromper a gestação ainda no início ou entregar o bebê aos pais biológicos após o parto”.

Como é o negócio?! Ela não poderia ficar com a criança porque não era dela, mas poderia matá-la?! Os pais biológicos iriam ser informados disso? E caso não concordassem com o assassinato do próprio filho?

Graças a Deus, a americana decidiu ter o bebê. “Tem sido difícil, mas tínhamos que colocar as necessidades da criança em primeiro lugar”. Quem dera houvesse mais pessoas que pensassem em colocar as necessidades da criança em primeiro lugar! Certamente não o fez quem ofereceu ao casal a possibilidade de matar a criança. Os pais biológicos têm direito ao filho, mas este não tem nem mesmo direito à vida! Tempos terríveis em que vivemos. Tenha Deus misericórdia de nós todos.

Nossa Senhora de Coromoto

Recebi hoje por email: Surpreendentes descobertas na imagem de Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela. Eu não conhecia a história; mas é certo que, sofrendo a Venezuela o que sofre, o país precisava, sem dúvidas, de uma especial proteção da Virgem Santíssima.

Nossa Senhora de Coromoto. Padroeira da Venezuela. Tem um artigo sobre Ela em Catolicismo. Tem outro na ACI. A história me lembrou a de Nossa Senhora de Guadalupe. Em ambos os casos, a Virgem apareceu a um índio. Em ambos, provocou inúmeras conversões. Em ambos, deixou uma imagem que até hoje existe. Mas, em Coromoto, o índio ao qual Ela apareceu não era batizado: a este, a “Mãe de Deus dirigiu-lhe a palavra na língua nativa dele, recomendando-lhe que fosse viver junto aos brancos para ‘poder receber água sobre a cabeça e assim poder ir ao Céu'” (Catolicismo).

E as análises científicas feitas na imagem de Nossa Senhora de Coromoto revelaram coisas muito semelhantes àquelas que sabemos sobre a imagem de Guadalupe: “estudando o olho esquerdo [da imagem] através do microscópio[, os especialistas] puderam discernir um olho com características humanas. Nele os especialistas diferenciaram com clareza a órbita ocular, o conduto lacrimal, o iris e um pequeno ponto de luz nele. Mas, a surpresa estava começando. Maximizando o ponto de luz os especialistas julgaram detectar uma figura humana que se assemelha muito à de um indígena”.

Que seja em nosso favor a Virgem Soberana. Que Ela nos livre do inimigo, com o Seu valor.

Os números do “Orgulho”

“Governo anunciou ontem durante parada em Boa Viagem que, em caso de morte de servidor, companheiro homossexual terá direito a uma pensão” – diz o Jornal do Commercio de hoje. Pelo menos cinqüenta mil pessoas na oitava edição do evento, “segundo a Polícia Militar”, como noticia o mesmo jornal.

Gays cobram respeito em Parada, é a manchete da Folha de Pernambuco. O número de participantes dobrou: aqui, é dito que o evento reuniu 100 mil pessoas.

O Diário de Pernambuco, na chamada da reportagem (à esquerda da página do Vida Urbana), fala que mais de 100 mil pessoas participaram da Marcha, embora o texto da matéria fale que o público foi “estimado pela Polícia Militar em 100 mil pessoas”.

Volto ao Jornal do Commercio. Mesma matéria citada acima. “Para a organização, pelo menos 200 mil pessoas participaram do ato público” – grifos meus. É impressionante a gradação.

Aliás, sobrou até para o senhor Arcebispo! No JC: “‘Minha roupa tem uma cruz para agradecer à igreja católica que, com o novo bispo (dom Fernando Saburido), fez um chamado aos que se sentem marginalizados’, afirmou Sarita Metálica, nome usado pelo maquiador Sérgio Stefano, 46 anos, quando assume o visual feminino”.

Enquanto isso, não sai nem no JC, nem na Folha, nem no Diário, mas o Fabrício publica no seu blog: Estudo revela abundantes casos de pedofilia homossexual no sistema que cuida das crianças órfãs. “O estudo [do Instituto de Pesquisa de Família envolvendo o sistema público que cuida das crianças órfãs] revelou que uma percentagem desproporcionalmente elevada de casos de abuso sexual era de natureza homossexual”. Duvido que as milhares de pessoas que lotaram boa viagem se orgulhem disso também. Isso, preferem fingir que não existe. E, se brincar, vão tachar de homofobia…

“Minha Batina”

[Fonte: Associação Cultural Santo Tomás, via Fratres in Unum. Vejam também, neste último, diversas fotos de sacerdotes em seus trajes clericais, em situações as mais diversas possíveis.]

Minha Batina

Com que alegria e juvenil transporte
Eu te vesti, batina tão querida!…
Nessa cor preta, que relembra a morte,
Com voz tão clara, só me dizes – Vida!…

O teu pesado e desejado porte
À epopéia de Cristo me convida!…
E eu, que era fraco, já me sinto forte;…
Era medroso, e só desejo a lida!…

Dentro de ti eu sinto-me guardado,
Tal qual se fora intrépido soldado
A combater de um forte baluarte!…

E eu juro a Deus, perante os céus e a Terra,
Pois que a batina o meu futuro encerra:
Minha santa batina, eu juro honrar-te!…

Padre Manuel Albuquerque

PT e punição dos pró-vida: a repercussão

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* * *

Carta de Jaime Ferreira Lopes ao presidente do PT

Brasília, 17 de Setembro de 2009.

Excelentíssimo Senhor

Deputado Federal Ricardo Berzoini

Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores

Não sei se devo chamá-lo de companheiro como normalmente tratei todos os militantes do PT em todos os 30 anos que, filiado ou não, estive ligado ao Partido dos Trabalhadores, depois do tratamento injusto e violento que o Senhor me dispensou nesta reunião do Diretório Nacional do partido.

Quero, antes de tudo, esclarecer que ali estava na condição de Chefe de Gabinete do Deputado Federal Luiz Bassuma-PT/BA e a pedido dele iria gravar o seu depoimento quando do momento em que iria lhe ser dado a oportunidade de apresentar, oralmente, suas alegações sobre o processo do qual é réu na Comissão Nacional de Ética do PT. E esclareço ainda que não adentrei ao recinto do Diretório sem a devida autorização do porte da filmadora e da máquina fotográfica. A minha reação quando, o Senhor, aos gritos, pedia a minha retirada do recinto foi, num primeiro momento de estarrecimento, mas, graças a Deus, pude imediatamente processar um raciocínio de que o melhor para o momento era realmente atender aos seus gritos e me retirei, pacificamente, do recinto.

Deputado Ricardo Berzoini eu tenho 54 anos, destes, 30 anos, dedicados à luta social e maior parte deles vinculados ao Partido dos Trabalhadores. Fui padre franciscano durante 16 anos da minha vida e todos eles contribuindo para a construção e fortalecimento do movimento popular, a partir das Comunidades Eclesiais de Base e da Pastoral Operária em Minas Gerais, mais especificamente na região do Vale do Aço. Participei do Diretório Municipal do PT em Ipatinga, na década de 80. Ajudei a construir o PT naquela região até a primeira eleição de Chico Ferramenta (1986) para deputado estadual e depois para prefeito de Ipatinga (1988) e de Geraldo Nascimento (1988), sendo depois Chefe de Gabinete (1990) e Secretário de Educação, Cultura, Esporte e Lazer da prefeitura petista de Timóteo (1991-1992). Em seguida, já em 1993, fui assessor especial do Gabinete da então Secretária de Educação de Belo Horizonte, Sandra StarlinG-PT/MG, na gestão do Prefeito Patrus Ananias, acompanhando-a depois, por quase 3 anos, como Coordenador Político do seu mandato de Deputada Federal. Em 1995, a convite, assumi a Chefia de Gabinete do então Deputado Federal Chico Ferramenta. Em 1997, tornei-me Chefe de Gabinete do Deputado Federal Walter Pinheiro-PT/BA. Em 1999, com muita alegria, passei a integrar o Mandato da então Deputada Federal Maria do Carmo Lara, hoje Prefeita de Betim, com ela trabalhando 6 anos. E, em 2004, passei a integrar, a convite, o Gabinete do Deputado Federal Luiz Bassuma.

Como vê, Deputado Ricardo Berzoini, tenho uma trajetória de trabalho e participação na construção do PT. Alguns dos que estão hoje, nesta reunião do Diretório Nacional, conhecem a minha história. O Senhor por desconhecê-la julgou-se no direito de me tratar com a total falta de respeito no dia de hoje, nesta reunião do Diretório Nacional.

Não quero aqui nem fazer referência à minha luta contra a ditadura militar, antes mesmo do PT ser fundado e quando ainda era um estudante de filosofia no Seminário da Ordem dos Franciscanos de Minas Gerais, no trabalho quase anônimo de resistência popular ao regime autoritário.

Como Deputado Bassuma sou também um militante pró-vida, fundador, primeiro Presidente Nacional e hoje Vice-Presidente Nacional Executivo do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto. Um movimento suprapartidário e supra-religioso que tem como objetivo a mobilização popular contra a legalização do aborto no Brasil com 15 Comitês Estaduais constituídos.

Nunca imaginei que um dia poderia ser tratado com tanta arrogância numa reunião do Partido dos Trabalhadores e ainda mais por seu Presidente Nacional e, pior ainda, por uma razão insignificante, pois, repito, entrei com autorização de quem administrativamente coordenava a recepção na ante-sala do auditório. Portanto, tive o cuidado de perguntar se podia usar a filmadora e recebi o consentimento para utilizá-la. E a intenção era apenas gravar o depoimento do deputado Luiz Bassuma, a seu pedido.

Quero aqui dizer que sou totalmente solidário ao Deputado Luiz Bassuma e ao Deputado Henrique Afonso pela coragem e determinação com que travam a luta de resistência contra a legalização do aborto no Brasil. Esta é uma questão que está acima das questões políticas e ideológicas, pois, como construir uma sociedade democrática quando o mais fundamental de todos os direitos humanos – o direito constitucional à vida – , torna-se objeto de julgamento por um partido político que nasceu exatamente defendendo os direitos humanos fundamentais. Como vamos construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais humana quando se quer legalizar a morte de milhões de seres humanos ainda no útero materno, sem nenhuma possibilidade de defesa? Atender aos apelos de uma minoria que, equivocadamente, a meu ver, quer impor a bandeira da legalização do aborto, é querer colocar o PT num “gueto”, ou seja, isolado da maioria da população que é contra o aborto e a sua legalização.

No momento de seu destempero, agradeço a Deus, ter mantido a serenidade preferindo não contrapor e, humildemente, me retirei do recinto para não tornar ainda mais difícil e tenso o debate que se anunciava extremamente eivado de muita contenda.

Prezado Deputado Ricardo Berzoini, quero dizer-lhe que tornarei pública esta carta.

Atenciosamente,


Jaime Ferreira Lopes
Chefe de Gabinete do
Deputado Federal Luiz Bassuma-PT/BA

* * *

Mais informações no Posterous do Brasil Sem Aborto. Atualizações constantes.

Aborto: a perseguição, o apoio, o caso concreto

O Diretório Nacional do PT puniu ontem – por unanimidade – os deputados federais Luiz Bassuma e Henrique Afonso com suspensão, por um ano e por 90 dias, respectivamente. Como diz o Reinaldo Azevedo (leiam), isso significa que os deputados “[n]ão poderão votar nem ser votados nas instâncias partidárias ou discursar em nome do partido”.

Novidade? Nenhuma. Lamento profundamente, como já disse alhures, que os dois deputados não tenham tido a hombridade de sair do antro de depravados batendo o pó dos sapatos. Mas é muito bom que o partido tenha mostrado qual é mesmo a sua “ética”. A ética petista não permite que se defenda o direito à vida desde a concepção. A ética petista não permite que se seja contra o aborto. Espero que isso seja suficiente para que alguns católicos percebam, de uma vez por todas, que este partido é anti-cristão e não pode ser apoiado de nenhuma maneira.

Gostaria muitíssimo que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se manifestasse contra o PT. Afinal, há tantas manifestações sobre assuntos tão menos importantes do que este… Gostaria muitíssimo que a CNBB protestasse pública e oficialmente contra este partido que pune, em seu conselho de ética, aqueles que defendem a vida humana. Senhores bispos, por favor, não se omitam desta vez. Não mais uma vez.

Enquanto isso, o PT quer Chalita no palanque de Dilma. Isso mesmo, Gabriel Chalita, o da Canção Nova, que escreve livros com o padre Fábio de Melo. Isso mesmo, Dilma Rousseff, ex-terrorista e abortista. O Veritatis Splendor protestou, e espera da Canção Nova um pronunciamento oficial exortando Chalita a “não ir ter com comunistas, socialistas, perseguidores de cristãos, defensores de doutrinas anticatólicas, pró-aborto, pró-gays, pró-totalitarismo, amigos de ditaduras sinistras, promotores dos anticlericalismo, difusores da teologia da libertação, anti-legítima defesa, anti-subsidiariedade, em suma, com partidos do naipe do PSB e PT – e mesmo o PV”.

Enquanto isso, uma menina de 11 anos, grávida e vítima de estupro, vai abortar em São Paulo – a Justiça já autorizou a pena de morte para o inocente, pelos pecados do pai. A menina diz que tem pena do bebê e fica triste, mas vai “tirar” (sic) por não querer que o estuprador seja o pai. Será que a criança tomou esta decisão sozinha? E será que as pessoas vão continuar inertes, achando que isto é a coisa mais natural do mundo?

Domine, miserere nobis.

Up – Altas Aventuras

[ATENÇÃO! CONTÉM SPOILERS!]

upaltasaventurasAcho que eu nunca recomendei enfaticamente um filme cá no Deus lo Vult!. Faço-o agora, com o novo desenho da Pixar: Up – Altas aventuras é um filme primoroso.

Quem pretende assistir o filme, eu sugiro que não leia este post ainda, porque as revelações sobre o enredo podem tirar um pouco da graça de descobri-lo pouco a pouco, conforme a trama se desenrola na película. Ao mesmo tempo, não posso deixar de tecer alguns comentários sobre o desenho que assisti ontem à noite. Muita coisa poderia ser comentada.

Antes do mais, é inusitada a figura do herói: o protagonista da trama é um velho, viúvo, de bengala. É uma pessoa frágil e cheia de limitações, daquelas que nós nunca esperamos encontrar em situações perigosas ou enfrentando aventuras; no entanto, é precisamente este o personagem que a Pixar apresenta no desenho. Não é um alguém com super-poderes, nem um gênio de inteligência ilimitada, nem mesmo alguém de porte atlético que tenha força e velocidade: muito pelo contrário, é um senhor de idade que nem mesmo pode descer uma escada. Não é um executivo bem sucedido, nem famoso, nem aventureiro, nem nada: é um velho vendedor de balões viúvo. Personagem mais sem graça, impossível. E é aqui que o filme começa a surpreender.

Há várias formas de encontrar mensagens positivas no filme: nunca é tarde para recomeçar, as aparências enganam, os bens materiais não são a coisa mais importante da vida. São todas válidas, e todas essas coisas são mostradas nas cenas do filme. Mas a melhor de todas, para mim a que merece aplausos e faz com que o filme mereça ser assistido e divulgado, é referente ao amor e ao casamento.

Peço licença para contar a – na minha opinião – melhor parte da trama, refazendo o convite acima de que parem a leitura os que não assistiram ainda o filme e pretendem fazê-lo em breve. O filme começa quando o protagonista é ainda criança e assistia filmes de exploradores de selvas da América do Sul. É neste contexto que ele encontra a garota que, mais tarde, vai ser a sua esposa.

O sonho da menina é visitar as florestas da América do Sul quando crescer e viver as grandes aventuras com as quais sonhava. Ela tem um caderno que mostra ao garoto – “Meu livro de aventuras” -, cujas primeiras páginas estavam ocupadas com fotos de cataratas na Venezuela, penas de animais, folhas de árvores, etc. É um livro grande, mas que só está com as primeiras páginas preenchidas; todo o resto é de folhas em branco, iniciadas por uma página com o título “Coisas que vou fazer”, e a menina diz que, lá, ela vai escrever as aventuras que vai viver quando crescer.

O tempo passa, os dois crescem, apaixonam-se, casam-se, envelhecem juntos. O livro de aventuras da menina fica esquecido. Certa vez, o velho o encontra e, lembrando-se de que a esposa sonhava em viver aventuras na América do Sul quando criança, decide surpreendê-la com uma viagem ao lugar que ela sempre sonhou em visitar, mas não tem tempo: a mulher morre antes que ele possa viajar com ela.

“É uma animação ou um filme para chorar?”, ouvi alguém comentar na cadeira de trás. O fato é que o velho fica viúvo, sozinho, ranzinza, sem ter dado à esposa a oportunidade de viver as aventuras que ela sonhara desde criança. Quando ameaçam levá-lo para um asilo, ele decide empreender – finalmente – a viagem à América do Sul para preencher o “Meu livro de aventuras” da sua esposa, fazendo tudo o que ela sonhou fazer e eles não tiveram a oportunidade de fazer juntos. E o faz de uma forma inusitada: amarrando balões à sua casa e levando-a, flutuando, até as selvas sul-americanas. Quer colocar a casa no exato mesmo lugar – no alto, junto a uma catarata – onde a esposa a desenhou um dia, quando era criança.

Tem muito trabalho para fazê-lo e passa por muitas dificuldades até chegar lá. Encontra um garoto, um pequeno escoteiro, que o seguiu, tem que tomar conta dele, encontra um cachorro e um pássaro selvagem exótico (aos quais se afeiçoa o garoto), encontra um explorador que está caçando o tal pássaro, precisa escolher entre ajudar o garoto e o pássaro ou salvar a sua casa (que ainda não havia levado para o lugar onde queria)… ao final, enfim, consegue pôr a casa no alto da montanha, ao lado da cachoeira, exatamente onde a falecida esposa a desenhou quando criança.

Imagino o que ele sente: teve trabalho para chegar até ali, demorou bastante, a esposa não está mais com ele, mas ele está finalmente está vivendo as aventuras que a esposa, um dia, muitos anos atrás, confidenciou-lhe que desejava viver. Pega o velho “Meu livro de aventuras”, folheia-o mais uma vez, pára à página “Coisas que vou fazer”, e tem-se a impressão de que ele vai começar – enfim! – a escrever as aventuras da vida dele.

Confesso que o filme me enganou e me surpreendeu; achei realmente que o sonho de aventuras das crianças havia sido frustrado, que o caderno havia sido esquecido, que a vida de aventuras desejada na infância havia sido sufocada pelo quotidiano da vida “normal”, ou que a velha era digna de compaixão porque havia tido uma vida longa e, em um certo aspecto, frustrada, por não ter conseguido fazer o que sonhara quando criança. Ledo engano meu. Sentado à cadeira, parado à folha (logo no início do caderno, lembremo-nos!) das “Coisas que vou fazer”, o velho percebe que existe algo na folha seguinte. Vira a folha.

Uma foto do casamento. Outra foto dele carregando a noiva. Fotos deles passeando. Fotos deles deitados no parque. Páginas e mais páginas repletas de fotos da vida deles, sentados em casa, lendo livros, em pequenas e banais situações do quotidiano, ao longo dos anos. O caderno está todo preenchido, até à velhice, até à última folha, na qual está escrito alguma coisa como (não lembro exatamente porque, a esta hora, as lágrimas embaraçavam-me a visão): “obrigado pelas grandes aventuras que me proporcionou”.

Após isso, o velho se transforma. Larga o ar ranzinza, sorri, lança fora um monte de quinquilharias que havia na casa (fazendo com que ela flutue novamente), vai ajudar o pássaro que havia sido capturado e o garoto que havia ido salvá-lo. Consegue, afinal; mas a cena do “Meu livro de aventuras” é apoteótica, e nunca imaginei encontrá-la em um desenho animado moderno. É sensacional. Se eu aplaudo, elogio e recomendo este filme, é principalmente por causa disso: porque ele teve a coragem de apresentar uma vida conjugal longa, de companheirismo e de fidelidade, como sendo a grande aventura de uma vida.