Havemos de chorar os mortos se os vivos os não merecerem

Confesso a minha ignorância da história portuguesa: não conheço Salazar. Sei que os anti-clericais o demonizam. E não saberia indicar nenhum texto que se empenhe em defender a memória do famoso líder português.

Mas esta resposta, dada aos familiares dos soldados portugueses mortos na Guerra do Ultramar, é um espetáculo. A voz no vídeo é do próprio Salazar. Todos os soldados que aparecem são portugueses.

“Sem hesitações, sem queixumes, naturalmente como quem vive a vida, os homens marcham para climas inóspitos e terras distantes a cumprir o seu dever. Dever que lhes é ditado pelo coração e pelo fim da Fé e do Patriotismo que os ilumina. Diante desta missão, eu entendo mesmo que não devemos chorar os mortos. Ou melhor. Havemos de chorar os mortos se os vivos os não merecerem”.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

20 comentários em “Havemos de chorar os mortos se os vivos os não merecerem”

  1. Salazar recentemente foi eleito pelo povo português como o maior português do século(ou dos últimos tempos, ou coisa assim).

  2. A mesma coisa pode-se dizer de Pinochet: muitos intelectuais o demonizam, mas recentemente meus pais foram numa excursão ao Chile e conversaram com pessoas “comuns” de lá: a maioria o adora! Ao que pese seu estilo autoritário, o Chile é hoje a maior economia da América Latina devido em grande parte às reformas econômicas e sociais iniciadas naquele período!

  3. Uma coisa não dá para negar, aonde houve ditaduras lideradas pela direita (Chile, Brasil, Argentina, Espanha, Portugal) hoje há democracia e economia crescente, aonde houve ditaduras de esquerda (Cuba; Coréia do Norte; Albânia; Camboja), ainda há tais ditaduras e a economia é um desastre, com exceção da China, que pode até ter uma economia crescente, porém, não existe liberdade, e até mesmo quanto a economia, grande parte dos chineses ainda vivem abaixo da linha de pobreza e há muitos trabalhando por salários minguados e cumprindo horários exorbitantes, toda ditadura é ruim, porém, se fosse para escolher entre uma ditadura de direita ou de esquerda escolheria a de direita (com exceção ao regime nazista) pois as ditaduras de direita foram quase sempre passageiras, a maioria delas os próprios dirigentes tiveram a iniciativa de acabar com elas (vide Chile e Brasil) fora o desenvolvimento econômico que algumas delas proporcionaram (vide o Chile e o Brasil na época do milagre econômico) enquanto as ditaduras de esquerda parecem querer se perpetuar no poder (vide Cuba e Coréia do Norte, fora a Venezuela que está indo pelo mesmo caminho) e também quanto a economia que quase nunca se desenvolve quando não praticaram atos econômicos que resultaram em verdadeira tragédias como na China através da Revolução Cultural.

  4. Houve um tempo em que eramos governados por gigantes. Que saudades!

  5. Não concordo que toda ditadura seja ruim. Os romanos diziam que o melhor regime que existe é a ditadura, quando o ditador é bom; o pior é a ditadura, quando o ditador é mau. O mesmo Aristóteles dizia que é muito melhor o governo absoluto de um só homem excepcional, do que a democracia, pois os medíocres sempre são a maioria em qualquer sociedade e o governo da maioria, por conseguinte, será um governo de medíocres. Assim, os governos democráticos nunca são nem muito ruins, nem muito bons. Os valores da democracia são adversos ao heroísmo e às grandes realizações, seu ideal é que o chefe do governo seja “alguém como todo o mundo”, “um de nóis” — o que faz o charme de Lula, por exemplo, o cara que carrega o isopor de cerveja nas costas. O problema é que nem sempre temos à disposição um homem excepcional.

    Ademais, se democracia fosse bom, Jesus Cristo teria escolhido esse tipo de regime para o governo da Igreja.

  6. O principal problema que vejo na ditadura é que o poder excessivo facilmente corrompe a pessoa e distorce seu julgamento… claro que um ditador “do bem” seria o líder perfeito, mas é difícil… geralmente poder em excesso corrompe…

  7. Na verdade, o poder revela o homem. Não o corrompe, até porque já nascemos corrompidos. Queres conhecer o Inácio? Coloca-o no palácio! «Não compreendeis que tudo o que, de fora, entra no homem, não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas vai ter ao ventre e lança-se num lugar escuso? O que sai do homem é que contamina o homem. Porque, do interior do coração dos homens é que procedem os maus pensamentos» (Mc 7, 18-21).

    Na ditadura, mais que na democracia, os governantes deixam conhecer seus méritos e vícios pessoais. Além disso, a corrupção é muito mais frequente nas democracias do que nas ditaduras. Por que o ditador vai roubar, se o Estado todo já é dele? Na democracia, o governo é temporário, e a preocupação do governante é roubar do primeiro ao último dia, até porque eleição custa dinheiro. O verdadeiro problema das ditaduras é o abuso do poder, pela falta de freios. Assim como o abuso do poder é a doença das ditaduras, a corrupção é endêmica nos governos democráticos.

  8. O problema da ditadura que eu vejo também, é que em um certo momento o governante vai se deparar com uma série de pessoas que irão contra ele,e aí como fica?, é aí que mora o perigo, é aí que muitos governantes fizeram bobagens os quais são mais lembrados por estas bobagens do que pelos seus efeitos bons, como no Brasil em que os governantes militares são sempre relembrados pelos porões da ditadura, as perseguições aos comunistas, a censura, mas a imprensa, tendenciosamente, esquece de lembrar dos benefícios que estes mesmos governantes militares trouxeram e fizeram pelo pais, fora que eles não divulgam que a tal guerrilha comunista como a do Araguaia não era para livrar o Brasil da ditadura e devolver a democracia ao pais mas substituir um ditadura a da direita pela esquerda, e aí estaríamos sim, em uma ditadura até os dias de hoje.

  9. Um “exercício de pensamento”: na opinião dos colegas, o governo mundial do Anticristo que o livro de Apocalipse nos fala seria uma ditadura de esquerda ou de direita?

  10. O “governo mundial do Anticristo” não precisa ser um governo no sentido político da coisa.

    =)

  11. Caramba, nunca havia pensado a ditadura da forma como vocês expuseram. Muito obrigada por “alumiarem a escuridão da minha ignorância”!

  12. Na minha fraca opinião, o Anticristo será um grande “democrata”, um Obama da vida. Chegará pregando o diálogo, a paz e a tolerância. Afinal de contas, não existe verdade mesmo, a não ser a de cada um. Só não haverá tolerância com aqueles intolerantes católicos, que acham que a verdade deles vale também pros outros.

  13. Muitos estão falando aqui sobre quem haveria de ser o governo mundial citado no Apocalipse, poderiam me explicar melhor isto?, pois pelo que eu sabia até hoje, a Igreja Católica não tem um interpretação literal sobre o Apocalipse mas simbólica, como por exemplo do reino de mil anos conforme Ap. 20, e quanto a besta que seria identificada pelo número 666 seria Nero Cesar o primeiro grande perseguidor da Igreja, poderiam então me explicar melhor isto, pois o governo do anti cristo já passou que foi Cesar Nero ou virá outro pior que ele, haverá o reino de 1000 anos? Ou como muitos já interpretaram na Igreja como Santo Agostinho este 1000 anos é apenas simbólico é reflete o período da Igreja sobre a terra que vai entre a 1º vinda de CRISTO até a sua segunda vinda no fim dos tempos.

  14. Taí um bom tema para o Deus lo Vult! explorar (vide comentários acima)… Jorge: se habilita? ;)

  15. Prezados Sidnei e Alien

    O Apocalipse é um livro profético e, como tal, enigmático. No entanto, muitas das figuras empregadas no Apocalipse também o foram por profetas do Antigo Testamento e isso “facilita”, em termos, a leitura. Por exemplo, em Ap 5,1 fala-se num “livro escrito por dentro e por fora”, enquanto em Ezequiel 2,10 a mesma figura é empregada. Ou seja, não só por estar no fim da Bíblia, mas pela sua intensa intertextualidade, você precisa ter estudado toda a Sagrada Escritura para atrever-se a interpretar o Apocalipse. Aliás, talvez este seja um dos motivos por que esse livro foi parar no fim das Escrituras.

    Quanto ao 666, e mesmo não compartilhando de todas as opiniões do professor Orlando Fedeli, devo reconhecer que ele tem uma interpretação muito engenhosa. Como o número 7 simboliza a totalidade das perfeições (sete são os dias da semana, as notas musicais, as artes liberais, os planetas visíveis a olho nu e, no plano sobrenatural, os sacramentos, as virtudes teologais somadas às cardeais, os pedidos do Pai-Nosso, os dons do Espírito Santo, as bem-aventuranças etc.), 6 seria 7 menos 1. Ora, 1 é Deus — por ser o princípio de tudo e por ser perfeitamente Uno, sem deixar de ser trino. Sete menos um seria a ordem total sem Deus — uma semana sem domingo, o mundo sem Deus.
    http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=numero&lang=bra

    Interessante é que o Apocalipse diz que as pessoas terão a marca da Besta na sua mão direita (ou seja, nas suas obras), bem como na sua fronte (isto é, nos seus pensamentos).

    Há quem diga também que o símbolo da Besta é a chamada “estrela de Davi”, usada como símbolo nacional do Estado de Israel e do povo judeu. De fato, a chamada estrela de Davi possui seis pontas, seis triângulos e possui inscrito um hexágono (polígono de seis lados). Ocorre que a narrativa bíblica em ponto algum associa estrela alguma ao Rei Davi. Pelo contrário, as referências bíblicas a estrelas (em latim, stellae, no plural; stella, no singular) são das mais negativas.
    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/Star_of_David.svg

    Se você perguntar a um caboclo brasileiro o que seja a “estrela de Davi”, ele não vai saber te responder. Mas se você mostrar pra ele a dita cuja, ele vai dizer que aquilo é um “sino-salamão”, ou, em linguagem mais culta, “signo ou selo de Salomão”, um dos símbolos sagrados da umbanda. Realmente, foi Salomão, em sua velhice, quem abriu as portas de Israel para a idolatria e a corrupção da verdadeira religião… «Salomão prestava culto a Astarteia, deusa dos sidônios, e a Moloque, ídolo dos amanitas» (1Reis 11,7).

    Os santos padres diziam que o Anticristo será um israelita da tribo de Dã (a única tribo não mencionada em Ap 7,4-8, e observe o que Jacó diz a Dã em Gn 49,16-18), tentará reconstruir o Templo de Jerusalém e será aclamado pelos judeus como o seu Messias (disse o Senhor: «Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; se vier outro em seu próprio nome, recebê-lo-eis» – Jo 5,43).

    Os padres da Igreja também concordam que 1000 é um número simbólico, que designa o tempo em que Jesus Cristo reina no mundo por meio da Igreja. «A Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.» (Constituição dogmática Lumen Gentium, n. 5)
    http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html

    Mil é um número simbólico, que designa muito tempo — como quando dizemos “eu repeti aquilo ‘mil’ vezes”. «Vi descer do céu um anjo que tinha na sua mão a chave do abismo e uma grande corrente. Prendeu o dragão, a serpente antiga, que é o demônio e satanás, e amarrou-o por mil anos; meteu-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não seduza mais as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, deve ser solto por um pouco de tempo. Quando se completarem os mil anos, satanás será solto da sua prisão, sairá e seduzirá as nações que estão nos quatro ângulos da terra» (Ap 20,1-3.7).

  16. Jonas, já que estamos debatendo sobre o Apocalipse sempre fiquei intrigado com a passagem de Ap. 20, quando fala do reino de mil anos, sobre tudo quando diz que satanás será acorrentado por mil anos e depois será solto por um pouco de tempo, sei que não devo buscar interpretação individual da Bíblia e me submeter ao que o magistério da Igreja ensina, porém sempre fiquei com esta dúvida, quem soltará satanás no final dos tempos?, será DEUS?, ou será a própria humanidade como em nossos tempos o qual através de leis iníquas como a aprovação do aborto e da eutanásia, do casamento gay, e de tudo que vai contras as leis de DEUS, não seria a própria humanidade que está soltando o diabo pouco a pouco da sua prisão até o ponto de ele aparecer e comandar todos aqueles que não querem seguir a DEUS e a JESUS CRISTO contra a sua Igreja, qual sua opinião sobre isto?

  17. Uma passagem semelhante a esta, que diz que no fim do milênio o diabo estará solto no mundo, é a de 2Tes 2: «Com efeito, o mistério da iniquidade já se opera, somente falta que aquele, que agora o retém, desapareça» (v. 7).

    Muita tinta correu para esclarecer o que seria o que retém o Anticristo, mas a maioria dos padres da Igreja parece ter se inclinado no sentido de que era o Império Romano — principalmente depois de cristianizado, tornando-se o defensor temporal da Fé e o braço secular da Igreja.

    No entanto, o Império Romano já não existe mais (seu último sucessor legal, o Sacro Império, foi dissolvido por Napoleão em 1806) e o Anticristo ainda não apareceu. Alguns interpretam que o Império Romano continuará existindo enquanto o Estado estiver unido à Igreja, outros, que o Império Romano permanecerá no poder temporal das nações latinas, herdeiras da romanidade, opinião manifestada pelo pe. Emmanuel em interessante estudo:
    http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/517/O-Drama-do-Fim-dos-Tempos-Os-Sinais-Precursores

    «Por outro lado, as raças latinas estão voltadas a exercer no mundo uma influência católica, ou bem abdicar. Sua missão é servir à difusão do Evangelho; e sua existência política está ligada a esta missão. No dia em que a ela renunciarem pela completa apostasia, seriam aniquiladas; e o Anticristo, surgindo provavelmente do Oriente, as esmagaria facilmente com os pés.
    Aqui ainda incumbe aos cristãos agir sobre o espírito público, fazer com que os governos retomem as tradições cristãs, fora do que só haverá a decadência para as nações européias e especialmente para nossa pobre pátria

    Se assim é, isso diz respeito especialmente a nós. Com a decadência irremediável das nações latinas da Europa, após o fim dos respectivos impérios coloniais, e a sua absorção pela União Europeia, nos pólos de influência mundial do século XXI (Estados Unidos, União Europeia, Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil passou a ser a única potência latina de relevante expressão geopolítica e que pode ser considerada um “império” pela extensão de seu território, população e economia. Houve mesmo um antropólogo marxista que julgou que o Brasil seria a “Nova Roma”, uma Roma tardia e tropical. Será ao Brasil, pois, neste século XXI, a quem caberá, não só, a preservação da herança cultural romana, como também empunhar, quem sabe pela vez derradeira, o gonfalão da cruz. Quando os últimos papas vêm dizendo que a América Latina é o “continente da esperança” querem significar a esperança que a própria Igreja deposita em nós, neste transe que a Cristandade atravessa, e dependerá de nós se pudermos corresponder dignamente a essa esperança:
    http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u91961.shtml

    «Levantemos o nosso povo do seu abatimento e pelejemos por nossa pátria e por nossa religião» (1Mc 3,43).

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