Tinha uma árvore no meio do caminho…

Perfeito! É quase uma parábola da Igreja, nos nossos dias: uma árvore caída no meio do caminho, o caos provocado por ela, a chuva que piora ainda mais a situação, os responsáveis por tirar a árvore do caminho sem fazer nada, as pessoas acomodadas, um menino que toma a iniciativa de mover a árvore, as demais pessoas despertando da letargia e arregaçando as mangas para mover a árvore caída, o caminho desobstruído, o sol que volta a brilhar…

A chuva é pior quando tem uma árvore no meio do caminho. O trabalho que está além das forças desanima. Mas tinha que ser uma criança – ou um jovem – para não saber que era impossível, ir lá e fazer. Vamos embora, que há muito por fazer. Há árvores a serem movidas, ad majorem Dei Gloriam. Que seja em nosso favor a Virgem Soberana.

Padre Lodi sobre gravidez ectópica

Alguém deve ter levado para o pe. Lodi a questão da gravidez ectópica que foi discutida aqui recentemente. O reverendíssimo sacerdote escreveu um texto específico sobre o assunto, cuja leitura recomendo vivamente, porque tem muito a ver com as questões morais que tratávamos aqui.

O pe. Lodi, no meu entender, adota integralmente a tese de Del Greco, segundo a qual não é lícito interromper a gravidez ectópica. O duplo-efeito que o presidente do Pró-Vida de Anápolis identifica provavelmente seria também admitido pelo autor do reconhecido Compêndio de Teologia Moral. Cito o texto do padre Lodi:

Quando a gravidez evolui até a ruptura da trompa, é preciso intervir imediatamente para estancar a hemorragia. Somente uma hemorragia em ato justifica a remoção da tuba. Muitas vezes, em tal ocasião, o bebê já morreu. Se, porém, ele não [morreu e] ainda estiver vivo, sua morte não será causada diretamente pela cirurgia.

Curiosamente, quanto à quaestio disputata de se é lícito remover a trompa com o feto ainda vivo, o pe. Lodi conclui o contrário do que foi dito pelo padre da FSSPX que foi aqui citado. O padre Peter R. Scott diz que, dado que há opiniões tanto contra quanto a favor da moralidade da remoção cirúrgica da gravidez ectópica com o feto ainda vivo, qualquer uma das duas opções pode ser seguida em consciência. Já o padre Lodi, do fato mesmo de não haver consenso, diz o contrário:

Quando se está diante do direito certo de inocente à vida, como é o caso da gravidez ectópica, não se pode seguir uma opinião apenas provável, mas não segura: “o caçador não pode disparar quando duvida se o objeto percebido ao longe é homem ou animal selvagem”. Os únicos procedimentos que seguramente não são diretamente abortivos são a conversão tubário-uterina e a expectação armada.

Não é preciso demonstrar que a tese de Bouscaren é falsa. Basta admitir que ela é insegura, conforme demonstramos, para que não se possa segui-la.

P.S.: Encontrei uma verdadeira pérola: a dissertação de mestrado do pe. Lodi cujo título é, precisamente, “O princípio da ação com duplo efeito e sua aplicação à gravidez ectópica”. 88 páginas. Cito, aliás, um trecho que encerra o debate travado no outro post sobre o aborto como meio para salvar a vida da mãe:

O novo arcebispo de Cambrai resolveu enviar ao Santo Ofício uma nova questão: um médico, sob o pseudônimo de Tício, perguntava se era lícito praticar aborto quando a presença do feto no útero materno fosse causa de uma enfermidade mortal para a gestante e quando não houvesse outro meio — a não ser a expulsão do feto — para salvar a mãe de uma morte certa e iminente. Em sua pergunta, Tício tentou justificar-se dizendo que costumava empregar meios e operações que não eram por si e imediatamente tendentes a matar o feto no útero materno [mediis et operationibus, per se atque immediate non quidem ad id tendentibus, ut in materno sinu fetum occidere], mas tendentes a removê-lo de lá vivo, se possível, ainda que logo depois ele morresse por causa de sua imaturidade.

Note-se que Tício não praticava a craniotomia, prática esta diretamente ocisiva. Ele apenas acelerava o parto, embora soubesse que tal aceleração conduziria inevitavelmente à morte da criança. Seria possível em tal caso aplicar-se o princípio da ação com duplo efeito?

A resposta do Santo Ofício, de 24 de junho de 1895, foi negativa, fazendo referência a dois outros decretos: o de 28 de março de 1884 e o de 19 de agosto de 1888, ambos relativos à craniotomia.

Ou seja, segundo o Magistério da Igreja, é diretamente ocisiva não só a destruição do bebê no seio materno, mas também a sua expulsão prematura, pela qual ele morrerá. Não se pode falar aqui de um efeito indireto, como pretendia Tício.

(Pe. Lodi, op. cit., pp. 36-37)

Reinaldo Azevedo e os aiatolás celibatários

Eu detesto chegar a esta conclusão, mas ela infelizmente é imperativa: as sucessivas declarações do Reinaldo Azevedo sobre o celibato clerical chegaram a um tal ponto que se torna possível questionar ou a sua boa fé, ou a sua sanidade intelectual. Não é possível. Após a vergonha do texto de ontem pela manhã que eu comentei aqui ontem mesmo, ele voltou à carga, ontem a noite, com um novo texto no qual a sua fúria anti-clerical é agora dirigida para as pessoas que – como eu – defendem o celibato e não conseguem ver lógica nenhuma nos disparates ad nauseam repetidos pelo articulista.

A Igreja, o celibato e o poste de Chesterton é o título do novo artigo.  Esbraveja o Reinaldo (todos os gritos são dele):

Defendi, sim, o fim do celibato na Igreja Católica — que não é e nunca foi matéria doutrinária.

Eu não cometo é o erro estúpido de considerar o celibato uma questão doutrinária.

Até quando uma escolha  — QUE NÃO É DOUTRINÁRIA, REITERO, OU ME PROVEM O CONTÁRIO —, tornada deletéria ao longo da história, continuará a deitar a sua sombra sobre a instituição (…)?

Quem se dispõe a provar que o celibato está entre as verdades que podemos dizer reveladas?

O CELIBATO É UMA ESCOLHA; NÃO É MATÉRIA DE DOUTRINA E JAMAIS FOI INSPIRADO POR DEUS!

Ora bolas, e quem foi que disse jamais que o celibato é matéria doutrinária? Este nunca foi o ponto. O Reinaldo, com este espantalho pueril e esta cortina de fumaça grosseira, quer enganar a si mesmo ou quer enganar aos seus leitores? Quem é mesmo o brucutu que está imbuído de espírito petralha? Nós, que defendemos – junto com o Papa – o celibato eclesiástico, ou o articulista que inventa teses (no mínimo) não provadas e, depois, quer se defender dando piti e levantando uma cortina de fumaça que nada tem a ver com a discussão?

Vamos tentar esquematizar quais são os problemas aqui.

Primeiro disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo: “Não sou da hierarquia católica, apenas um católico. Como tal, não só posso como devo debater o que não for matéria dogmática”, aqui. Quem disse ao Reinaldo que os leigos têm o dever de debater o celibato eclesiástico? Ele que prove esta afirmação gratuita. Como eu falei ontem, os leigos até “podem” discutir a disciplina da Igreja. Mas nem isto é uma obrigação, nem isto pode ser feito do jeito irresponsável que faz o Reinaldo. Aquilo a que os leigos estão obrigados – aí sim – é a respeitar a Suprema Autoridade de Governo da Igreja e se submeter às disciplinas que Ela prescreve. Coisa na qual o Reinaldo falha miseravelmente.

Segundo disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo: “Mas é evidente que [o celibato] se tornou um malefício, um perigo mesmo, fonte permanente de desmoralização”, aqui. Não, não é “evidente”. Quem disse? O próprio Reinaldo? Reinaldo locuta, causa finita, é isto? Bento XVI discorda do articulista da Veja: para o Papa, o celibato sacerdotal é “uma riqueza inestimável” e “uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade” (cf. Sacramentum Caritatis, 24). Será que o Papa não consegue perceber uma “evidência”? Percebe-a, aliás, exatamente ao contrário? O Reinaldo Azevedo está chamando o Papa de burro, uma vez que este “não consegue” ver uma evidência? Ou o articulista simplesmente está em uma aiatolesca crise de megalomania que o impede de diferenciar os próprios preconceitos da realidade objetiva?

Terceiro disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo: “Não é preciso ser muito agudo para perceber que os padres vivem uma realidade que absolutamente os aparta da vida real”, aqui. Por acaso “vida real” é sexo, Reinaldo? De onde, de novo, esta besteira monumental foi tirada? De que tratado de antropologia? Mutatis mutandis, então, um oncologista que não tem câncer leva uma vida absolutamente apartada da “vida real”? E um ginecologista homem? Um sujeito que seja contra as drogas sem nunca ter sido um drogado? Quem disse que é preciso fazer sexo para se ter uma vida real? Esta tese, nada surpreendentemente, é… do próprio Reinaldo! Por que eu deveria simplesmente aceitá-la sem mais nem menos? Quem está com petralhice aqui?

Quarto disparate defendido pelo Reinaldo Azevedo (e talvez o ponto nevrálgico da questão): o celibato está entre as “práticas que concorrem para os desvios de conduta”, aqui. Quem foi que disse que os escândalos sexuais são causados, favorecidos, facilitados, propiciados, catalisados ou o que quer que seja pelo celibato clerical? Tese absurdamente gratuita e completamente apartada da realidade. Por acaso existem menos escândalos sexuais entre os protestantes, cujos ministros são casados, Reinaldo? É empírico que não. Basta, portanto, isso para derrubar a tese do articulista da Veja. No entanto, parece que, se a realidade não se adequa à visão de mundo do Reinaldo, pior para a realidade…

Em resumo: se o celibato eclesiástico é uma disciplina em vigor desde Nosso Senhor Jesus Cristo (o fato de só ter sido tornada obrigatória depois não muda o fato de que a Igreja já nasceu com um clero celibatário – e, aliás, o celibato episcopal sempre foi obrigatório na Igreja, quer no Oriente, quer no Ocidente); se não existe a mais remota ligação entre esta disciplina e os escândalos que atualmente se precipitam sobre a Igreja; se o Papa, que é quem detém o supremo poder de governo da Igreja, recentemente corroborou a obrigatoriedade do celibato para a tradição latina em documento oficial (cf. Sacramentum Caritatis, 24); tendo tudo isso em vista, então, o que justifica a artilharia pesada que o Reinaldo – que se diz católico – está descarregando sobre o celibato dos sacerdotes do Deus Altíssimo?

O problema nunca foi doutrinário. Afinal de contas, não é só em matéria doutrinária que um católico pode falar besteira e se comportar como um perfeito inimigo da Igreja de Cristo – e, disto, os textos do Reinaldo Azevedo sobre o celibato são prova incontestável.

Aos sacerdotes e religiosos [da Irlanda] que abusaram dos jovens

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

Bento XVI,
Carta pastoral aos católicos da Irlanda
19 de março de 2010 – solenidade de São José.

Reinaldo e o celibato – será possível, DE NOVO!?

O Reinaldo Azevedo, mais uma vez, teve a gentileza de prestar um grande desserviço à Igreja Católica que ele diz servir, dobrando os joelhos diante de Satanás, dando munição aos anti-clericais de todos os naipes e engrossando as hostes dos inimigos da Igreja que contra Ela se lançam com virulência. De novo, Reinaldo, de novo! E com os mesmos argumentos gagás de sempre. Em um texto verdadeiramente péssimo, que não traz nada de novo, onde o articulista da Veja só faz destilar o seu ranço contra o Celibato Eclesiástico.

“Ou a Igreja acaba com o celibato ou o celibato acaba com a Igreja” – é o nome da estupidez que o sr. Reinaldo teve a pachorra de escrever. E não é a primeira vez; portanto, este senhor precisa ser tratado como o inimigo da Igreja que é. Com vaticínios aterradores (que espécie de católico, aliás, teria capacidade de profetizar o fim da Igreja?), o Reinaldo Azevedo afirma que “o celibato tem que acabar”. Em uma crise de megalomania, julgando-se mais católico do que o Papa, o Reinaldo – de novo – demoniza a disciplina do celibato eclesiástico. A troco de quê? Qual a real motivação do articulista da Veja?

Se velhas e caducas são as “argumentações” do Reinaldo Azevedo, permito-me reproduzir velhas refutações. O texto abaixo foi escrito no “antecessor” do Deus lo Vult!, em 2007. Serve perfeitamente para responder às sandices ditas pelo Reinaldo hoje, porque a vitrola arranhada é a mesma, e a cantilena rançosa não mudou absolutamente nada de dois anos e meio para cá. Impressionante como tem gente que não aprende nunca.

* * *

Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda. (São Mateus XIX, 12)

Encontrei, por acaso, no blog do Reinaldo Azevedo, um conjunto de posts [intitulados Se o bispo não puxa a sua orelha, puxe a orelha dele (i), Igreja não é armário (ii) e O desastre do celibato: São Pedro tinha sogra! (iii)], nos quais o conhecido articulista tece críticas (por vezes demasiadamente ásperas) à disciplina do celibato sacerdotal, em vigor no rito latino da Igreja Católica. Tal fenômeno é curioso e merece algumas linhas de consideração.

Em primeiro lugar, causa espécie uma afirmação estapafúrdia presente no endereço acima: “Não sou da hierarquia católica, apenas um católico. Como tal, não só posso como devo debater o que não for matéria dogmática” (i). Esta afirmação é – ouso dizer – o ponto nevrálgico de toda essa discussão, o erro original do qual decorrem todos os demais deslizes do autor. Mas, como? Agora os leigos não só podem como devem debater o que não for matéria dogmática?! De onde foi tirado esse despautério?

É bem sabido de todos, mas, dadas as atuais circunstâncias, nunca é demais repetir, que a Igreja possui, ao lado da Autoridade Suprema de Ensino, a Sua Autoridade Suprema de Governo. E tudo o que é “matéria dogmática” pertence, por excelência, à esfera do Ensino da Igreja. Em Sua Autoridade de Governo, a Igreja pode muito bem dispôr de princípios dogmáticos infalíveis e, em si mesmos, irreformáveis, para legislar; mas isso, absolutamente, não é uma necessidade! Em particular, para ficarmos só num exemplo óbvio, o Código de Direito Canônico é direito positivo eclesiástico e, por conseguinte, não é matéria dogmática; estaria então o Reinaldo dizendo que todo católico “não só pode como deve” debater o Direito Canônico? O mundo enlouqueceu! Com uma visão “dualista” do mundo, segundo a qual as únicas opções diante de um pronunciamento da Igreja são ou a adesão divina exigida à Verdade Revelada ou o debate (democrático?), o ilustre articulista, simplesmente, escamoteia a Autoridade Suprema de Governo da Igreja [que, lembremos, segundo o mesmo, “não só pode como deve” ser debatida]!

Na verdade, há aqui uma grande confusão entre matéria, digamos, “magisterial” [por falta de um termo melhor] e matéria disciplinar, seguida de uma confusão ainda maior quanto ao papel do católico diante de uma decisão não-irreformável em si mesma. Uma coisa é uma “questão aberta”, um assunto sobre o qual os católicos são livres para adotarem uma posição ou outra: por exemplo, se Nossa Senhora morreu ou não antes de ser assunta aos Céus. Isso é um ponto [propositalmente] omisso na promulgação do dogma: a Igreja entende que tal particularidade em nada afeta a adesão integral ao Depósito da Fé no tocante à Assunção da Virgem Santíssima, que se realiza plenamente quando se diz que Maria foi elevada em corpo e alma aos Céus no final de sua vida terrestre, independentemente do que tenha acontecido a Ela neste “final da vida terrestre” (se Ela morreu e ressuscitou, ou se não chegou nem mesmo a morrer).

Uma outra coisa completamente diferente é a promulgação de uma norma de direito eclesiástico, que (obviamente) não é matéria dogmática, mas que foi efetivamente promulgada e, portanto, está em vigor, como é o caso do celibato sacerdotal. Dizer que “o celibato não é dogma” não é, nem de longe, a mesma coisa que dizer “a existência do Limbo não é dogma”. Neste último caso, estamos tratando de uma hipótese teológica cujo grau de adesão exigido, de fato, enfraquece-se quando se diz que ela não é um dogma; mas, para uma questão disciplinar, não faz sentido em se falar em “adesão” de Fé, porque – evidentemente – a uma disciplina não se adere com Fé, mas se lhe obedece. E o fato (aliás auto-evidente) de que uma disciplina “não é dogma” em nada muda as obrigações que o católico tem para com ela.

E a segunda confusão do Reinaldo é sobre a posição que o católico deve tomar frente a uma exposição da Igreja sobre matéria não-irreformável em si mesma. Já vimos que há uma diferença grande entre uma matéria magisterial não-infalível (e que, portanto, só não obriga a Fé por, digamos, insuficiência do ato promulgativo do Magistério da Igreja) e uma matéria disciplinar (que é, em si mesma, não infalível e reformável). Acontece que em nenhum dos dois casos o católico tem o dever de sair debatendo sobre ele. Isso é um nonsense sem tamanhos. Nenhum católico tem o “dever de debater” a existência do Limbo [embora seja interessante que os teólogos o façam; todavia, nem estes estão obrigados a fazê-lo]. Nenhum católico tem o “dever de debater” a idade de 75 anos em que os bispos precisam apresentar o seu pedido de renúncia à Diocese que governam. E nenhum católico tem o “dever de debater” o celibato sacerdotal.

Na verdade, o católico somente pode (o que é bem diferente de deve) debater o celibato sacerdotal. Mas, para fazê-lo, ele precisa ter pelo menos três coisas, e os posts do Reinaldo Azevedo falham em todas elas.

A primeira coisa que se exige de um católico que queira debater uma matéria disciplinar da Igreja é o “sentir” com a Igreja, é a docilidade com a qual se deve submeter à autoridade de Governo da Igreja, ainda que não se concorde integralmente. E, ainda este ano, o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, na sua exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”, reafirmou o valor do celibato para os sacerdotes da Igreja Latina:

“Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina.” (SC 24)

Sinceramente, contradizer abertamente uma posição do Sumo Pontífice e querer “debater” uma coisa cuja obrigatoriedade foi reafirmada há menos de um ano por aquele que detém a autoridade máxima para obrigar ou desobrigar as questões disciplinares da Igreja Católica é o cúmulo da teimosia. É uma tremenda extrapolação dos direitos que o católico tem em relação àquilo que não é dogmático. O Papa dizer uma coisa, e então um católico procurar “debater” em defesa da posição contrária, para o Papa reafirmar a mesma coisa, e o tal católico insistir ainda no contrário, e assim ad aeternum, não é direito de católico nenhum. Isso é um completo desrespeito às autoridades da Igreja, que são quem, em última instância, detêm a autoridade final para responder a essas questões.

A segunda coisa exigida para se debater questões disciplinares é prudência. Ninguém deve chegar defendendo a sua posição – contrária à posição vigente – como se fosse a última coca-cola do deserto, a única solução para os problemas que a Igreja atravessa. Ao contrário, deve-se expôr as próprias convicções de maneira humilde, sabendo das próprias limitações e com sinceras disposições de acatar às determinações das autoridades da Igreja, confiante na assistência prudencial do Espírito Santo que, embora não com infalibilidade certa, todavia sempre guiará a Igreja no tocante à salvação das almas. Ninguém deve utilizar os meios de comunicação em massa para tratar de assuntos internos da Igreja e que somente dentro da Igreja podem ser resolvidos, se quiser realmente que eles sejam levados a sério – e não utilizados como instrumento de descrédito da Igreja e de munição para os inimigos de Cristo. Ninguém deve achar que provocar clamor popular é uma maneira correta de se provocar mudanças na Igreja – afinal, ao contrário do que se imagina hoje em dia, todo poder vem de Deus, e não do povo.

E, finalmente, a terceira coisa exigida para se debater questões disciplinares é a qualidade dos argumentos. E é esta a parte mais lamentável dos posts do Reinaldo Azevedo: parece até que ele saiu copiando-e-colando bobagens de sites protestantes. Francamente! Entre um sem-número de outras bobagens, pode-se ler no blog supracitado:

“Um tanto provocativo, lembrei que São Pedro tinha sogra. Aí me dizem: “Mas era viúvo”. Era? Onde está escrito? Em que passagem?” (i)

O primeiro erro aqui é a mentalidade protestante: “onde está escrito?”. Oras, essa visão reducionista do Evangelho aos Quatro Livros canônicos é o que pode haver de mais estranho ao catolicismo.

O segundo erro aqui é a visão simplista da questão: não faz nenhuma diferença se Pedro era casado ou não. O que interessa, no Novo Testamento, é que está mais do que evidente a superioridade da vida una ou indivisa – que, aliás, foi o estado de vida escolhido por Cristo. Pedro ter sido casado ou não é um detalhe de pouca importância [tanto que os Evangelhos silenciam completamente sobre a mulher de Pedro], e que não pode ser usado como critério para desabonar o celibato sacerdotal. É evidente que há passagens que enaltecem o casamento – claro, pois o casamento é uma coisa boa! -, mas é igualmente evidente que não há nenhuma passagem escriturística que permita ter dúvidas sobre a perfeição maior do celibato. E a Igreja tem o direito de exigir perfeição dos que querem ser sacerdotes do Deus Altíssimo – a mais perfeita vocação à qual é chamado o homem.

“Não é preciso ser muito agudo para perceber que os padres vivem uma realidade que absolutamente os aparta da vida real.” (ii)

O que é a “vida real”, para Reinaldo Azevedo? Vida real é sexo? As pessoas que não praticam sexo vivem uma, digamos, “vida virtual”? Mais: as pessoas precisam praticar sexo para viverem “realmente” a sua vida? Não é preciso ser muito perspicaz para enxergar a insensatez dessa crítica velada.

Até se entende que um católico em particular não se sinta atraído por um estado específico de vida – no caso, o celibato. Mas, daí a debochar dele, daí a dizer que quem o abraça vive “aparta[do] da vida real”, daí a dizer que o celibato é “fonte de perturbação e de desmoralização” (ii), daí a dizer que ele é “um óbvio mal-estar” (ii), vai uma grande distância. Que o autor não transforme a sua opinião pessoal sobre o celibato na verdade absoluta sobre ele!

“O celibato sacerdotal na Igreja Católica foi instituído no ano 390” (iii)

No ano 390 aconteceu o Concílio de Cartago, que prescreveu o celibato para todos os que servem os Santos Mistérios. Mas isso não quer dizer que ele só tenha sido “instituído no ano 390”! Então a Imaculada Conceição da Virgem, para ficar só num exemplo, foi instituída somente no século XIX? É de espantar a ignorância do articulista!

Em particular, o primeiro Concílio de Nicéia já proibia os cléricos de introduzirem mulheres em sua casa (Concílio de Nicéia [325], can. 3). E é o mesmo Concílio de Cartago citado que, ao prescrever o celibato, afirma estar se referindo a um costume que foi ensinado pelos Apóstolos e observado pelos Antigos – portanto, não tem nada a ver com uma “invenção” do século IV. Os católicos deveriam ter um mínimo de conhecimento sobre os Concílios da Igreja, antes de tecerem comentários despropositados com base neles.

E não é necessário entrar em mais detalhes. Todas as “argumentações” dos citados textos do Reinaldo Azevedo resumem-se a conclusões sem sentido e a interpretações pessoais de textos escriturísticos sobrepondo-se às interpretações que a Igreja sempre teve. No fundo, o problema central aqui é aquele que foi exposto no início: a idéia de que o católico “deve” debater aquilo que não é dogmático na Igreja dá ao católico, qualquer que seja ele, carta branca para discordar publicamente do que prescreve a Hierarquia Católica, baseado em nada que não seja a própria visão limitada e distorcida dos fatos – assim, ele está no estrito cumprimento do seu dever.

Esperamos que tenha ficado clara o quão perniciosa é essa mentalidade. E esperamos também que os católicos sejam mais cuidadosos quando forem se arvorar em especialistas de assuntos sobre os quais têm pouco ou nenhum conhecimento. Para encerrar, ficam as palavras do Santo Padre Paulo VI, na sua encíclica Sacerdotalis Caelibatus:

A verdadeira e profunda razão do celibato é, como já dissemos, a escolha duma relação pessoal mais íntima e completa com o mistério de Cristo e da Igreja, em prol da humanidade inteira. Nesta escolha há lugar, sem dúvida, para a expressão dos valores supremos e humanos no grau mais elevado. (SC 54).

Que a Virgem Castíssima nos conceda sempre santos sacerdotes, dispostos a tudo largar por Cristo – com a confiança de que os seus sacrifícios não serão em vão – e que sejam sinal verdadeiro de luz e de Salvação para os homens.

Do aeroporto

Escrevo do aeroporto de Campinas, deixando a terra da Garoa, onde estive desde a noite da última quinta-feira. Viagens corridas são divertidas. Agradeço às pessoas que gastaram parte do seu tempo comigo: à Juliana Benedetti, que junto com o seu filho – de um ano, um encanto de criança – tão gentilmente ciceroneou-me na sexta-feira; à dra. Lenise Garcia, que encontrei na Marcha pela Vida e que me concedeu a honra de um almoço no sábado; ao prof. Hermes Rodrigues Nery e ao Raymond de Souza, com quem pude trocar duas palavras na própria Marcha; ao Rodrigo Pedroso que me acompanhou como guia turístico n’alguns pontos da cidade e como auxiliar gastronômico numa excelente churrascaria à noite, in domenica; ao Wagner Moura, com quem passei a maior parte do dia do sábado, entre atos públicos e museus paulistas; e ao pe. Mateus Maria, FMDJ, que fez questão de me apresentar o mosteiro Regina Pacis e as dependências da Fraternidade Monástica dos Discípulos de Jesus. Foram poucos momentos, mais preciosos! O meu sincero agradecimento a todos. Prometo voltar com mais tempo.

Volto para Recife. Meu vôo decola já. Os encontros que tive têm a cara de um Sinal Fechado: – olá, como vai? – Eu vou indo e você, tudo bem? Um encontro no meio da correria. Mas a música tem um quê de tristeza, porque o encontro dos que não se vêem ocorre na própria cidade. A minha viagem guarda rasgos de extrema alegria, porque um sinal fechado que seja é muito bom, perto de pessoas que eu não via há tempos (e de outras que eu nem conhecia pessoalmente ainda), quando a distância física é grande o suficiente para justificar a separação. “É Páscoa quando se encontra um amigo”, disse-me o Rodrigo, citando um santo cujo nome agora não lembro. É verdade, e tive a graça de muitas páscoas neste meio de Quaresma, nesta minha viagem rápida a São Paulo.

Volto para Recife, e escrevo depois. Tenho o que escrever, principalmente sobre a Marcha, da qual conseguimos, o Wagner e eu, tirar boas fotos e fazer boas filmagens. Ele fica aqui até a quarta-feira, mas eu já estou em uma foto no seu blog. Mas uma coisa de cada vez. Now boarding. Até logo, São Paulo – até já, Recife.

São José e Brasil Sem Aborto

Faço questão de republicar o soneto que pus aqui, ano passado, na festa de São José. Festa que a Igreja hoje comemora; o castíssimo esposo da Virgem Maria, o pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Este ano, na véspera da Grande Marcha da Cidadania pela Vida. Que São José interceda por nós, e providencie; para que o sangue de inocentes não manche esta Terra de Santa Cruz. Que a Virgem Santíssima livre o Brasil da maldição do aborto.

* * *

Os dois abraços
(Antônio Carlos Santini)

Inda se vê no céu a estrela matutina
A despedir seus raios sobre Nazaré
E já trabalha e sua o bom José:
Um tanto ferreiro, um tanto carapina

Inda é bem cedo: o galo da manhã clarina,
Convida o burgo pobre a se postar de pé.
Fina fumaça esfuma o céu, da chaminé
Da casa de Maria, aos fundos da oficina.

Entra o menino e abraça o pai devagarinho…
E a túnica do pai recende a cedro e pinho,
O cheiro da floresta quando a chuva cai…

Se um dia, no calvário, ele abraçou a cruz,
Por certo há de se lembrar, o salvador Jesus,
Que tinha esse perfume a túnica do pai…

Santa Faustina, sofrimento, sentido

[FonteContra o Aborto]

“Hoje desejei tão ardentemente rezar uma Hora Santa diante do Santíssimo Sacramento; no entanto, outra era a vontade de Deus. Às oito horas, comecei a sentir dores tão violentas que tive de me deitar imediatamente. Fiquei me contorcendo nestas dores por três horas, isto é, até às onze da noite. Nenhum remédio me ajudou, e vomitava tudo que engolia. Em certos momentos, essas dores me faziam perder a consciência.

Jesus deu-me a conhecer que, dessa maneira, participei da Sua agonia no Jardim das Oliveiras e que Ele mesmo permitiu esses sofrimentos para desagravar a Deus pelas almas assassinadas nos ventres de mães perversas. (…) Agora compreendo que sofrimento é esse, porque o Senhor me deu a conhecer… No entanto, quando penso que talvez algum dia ainda tenha que sofrer dessa maneira, tremo de terror, mas não sei se ainda alguma vez vou sofrer desta maneira; deixo isso a Deus. O que Deus quiser enviar-me, aceitarei tudo com submissão e amor. Oxalá eu possa salvar, com esses sofrimentos, ao menos uma alma do homicídio.”

Santa Faustina, Diario, 1276

“Hoje desejei tão ardentemente rezar uma Hora Santa diante do Santíssimo Sacramento; no entanto, outra era a vontade de Deus. Às oito horas, comecei a sentir dores tão violentas que tive de me deitar imediatamente. Fiquei me contorcendo nestas dores por três horas, isto é, até às onze da noite. Nenhum remédio me ajudou, e vomitava tudo que engolia. Em certos momentos, essas dores me faziam perder a consciência.

Jesus deu-me a conhecer que, dessa maneira, participei da Sua agonia no Jardim das Oliveiras e que Ele mesmo permitiu esses sofrimentos para desagravar a Deus pelas almas assassinadas nos ventres de mães perversas. (…) Agora compreendo que sofrimento é esse, porque o Senhor me deu a conhecer… No entanto, quando penso que talvez algum dia ainda tenha que sofrer dessa maneira, tremo de terror, mas não sei se ainda alguma vez vou sofrer desta maneira; deixo isso a Deus. O que Deus quiser enviar-me, aceitarei tudo com submissão e amor. Oxalá eu possa salvar, com esses sofrimentos, ao menos uma alma do homicídio.

Santa Faustina, Diario, 1276

Um novo santo para os nossos tempos?

[Publico tradução livre de email que recebi  da The Cardinal Newman Society. O email original foi republicado, entre outros, por este blog. É uma excelente notícia! A Buhardilla de Jerónimo também noticiou.]

Um novo santo para os nossos tempos?

É oficial! Em uma atitude extraordinária, o Papa Bento XVI vai pessoalmente betificar o Cardeal John Henry Neman, em setembro próximo, na Inglaterra.

Isso coloca o Cardeal Newman a um passo da canonização!

Isto é imensamente importante para qualquer um que esteja preocupado com a situação da cultura e da Igreja Católica na América. O Cardeal Newman seria um santo perfeito para os nossos tempos.

Ele pode ser um poderoso patrono para a renovação da identidade católica na educação católica… para a adoção [embrace] da autêntica teologia católica… e para a emocionante reunificação com os cristãos anglicanos.

Em oração, Deus nos permite cooperar com os Seus planos para a Igreja e para o mundo. Por este motivo, é muito importante que você se junte a nós em nossa Campanha de Oração pela canonização do Cardeal Newman! Você poderia, por favor, parar por um minuto e fazer duas coisas simples?

1) Rezar a “Oração pela canonização” abaixo [N.T.: Traduzi também a referida oração, apenas para fins de facilitar a compreensão. Lembrando que a minha tradução, obviamente, não tem aprovação eclesiástica; quem puder rezá-la no original, recomendo que o faça].

2) Encaminhar esta mensagem para amigos, que irão ajudar a fazer o céu tremer com suas orações [help storm Heaven with prayer].

[Pai Eterno, Vós levastes JOHN HENRY NEMAN a seguir a bondosa luz da Verdade, e ele obedientemente respondeu ao Vosso celestial chamado a todo custo. Como escritor, pregador, conselheiro e educador, como pastor, Oratoriano e servo dos pobres, ele trabalhou na construção do Vosso Reino.

Concedei que, através do Vosso Vigário na terra, nós possamos ouvir as palavras “Muito bem, servo bom e fiel, entrai na companhia dos santos canonizados”.

Que Vós possais manifestar o poder da intercessão do Vosso servo, por meio de extraordinárias respostas às orações dos fiéis em todo o mundo. Nós rezamos particularmente por nossas intenções, em seu nome e no nome de Jesus Cristo, Vosso Filho e Senhor Nosso.

Amen.]

A Sociedade Cardeal Newman (The Cardinal Newman Society (CNS)) é a patrocinadora do Projeto Legado Newman (Newman Legacy Project), um esforço para preservar e promover o pensamento e a influência do Cardeal Newman, especialmente no que se refere à educação católica.

Este trabalho é feito em parceria com o Oratório de Birmingham, Inglaterra, uma pequena comunidade de padres católicos que foi o lar de Newman depois da sua conversão da Igreja Anglicana e até sua morte em 1890.

O Reverendo Richard Duffield, reitor do Oratório, é o postulador [actor] da Causa de Canonização de Newman. Ele também atua como o John Henry Cardinal Newman Distinguished Fellow, do Centro para o Avanço da Educação Superior Católica [The Center for the Advancement of Catholic Higher Education], uma divisão da CNS.

A Sociedade Cardeal Newman e o Oratório de Birmingham estão promovendo juntos uma peregrinação para a sua beatificação, em setembro, a única peregrinação “oficial” dos Estados Unidos que é endossada pelo Oratório.

Para mais informações sobre esta e outras atividades relacionadas ao Cardeal Newman, acesse www.CardinalNewmanSociety.org.

P.S.: Você poderia, por favor, contribuir para ajudar esta Campanha de Oração e todos os trabalhos da The Cardinal Newman Society para renovar e fortalecer a educação superior católica? Por favor clique aqui. Que Deus o abençoe!

Frei Betto, São Luís e Santa Teresa

Não faz muito tempo que o Frei Betto escreveu um texto horroroso e blasfemo – até cheguei a comentar en passant aqui – no qual exaltava os filhos das núpcias de Santa Teresa com Che Guevara. Não são desconhecidas de ninguém as suas defesas escancaradas do comunismo ou as suas posições abortistas.

Não dá para ser católico e comunista ao mesmo tempo. Ninguém pode, ao mesmo tempo, ser católico e defender o aborto. As posições do frei Betto sobre estes temas são públicas e notórias. É, portanto, evidente que este senhor não pode ser considerado como um exemplo ou modelo de catolicismo.

Não obstante, a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz da Arquidiocese de São Luís está promovendo um evento no Maranhão com o frei abortista e comunista. A informação encontra-se no próprio site da Arquidiocese:

No próximo mês, a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz, que há três anos realiza o projeto “Quartas de Paz”, traz a São Luís Frei Betto, que participa, como assessor, de um seminário, nos dias 5 e 6 de abril, juntamente com o professor doutor Wagner Cabral, historiador e professor do Departamento de História da UFMA – Universidade Federal do Maranhão.

[…]

Um encontro do Frei Betto com o mundo universitário e as comunidades eclesiais está agendado para os dias 5 e 6 de abril, no Colégio Santa Tereza, às 19h.

A divulgação foi também feita em jornal arquidiocesano, como pode ser visto aqui e aqui.

O que justifica o convite, feito por uma Comissão Arquidiocesana, para que o frei Betto discurse em um evento (supostamente) católico? Por que a Comissão Justiça e Paz de São Luís trouxe o sujeito que recentemente proferiu blasfêmias contra Santa Teresa para falar, precisamente, em um colégio cujo nome homenageia a santa espanhola? Esta zombaria aos católicos, este desrespeito às coisas sagradas, esta ofensa à Igreja ficará por isso mesmo?

Peço a quem puder se manifestar, junto à Arquidiocese e ao colégio, que o faça. Recebi por email, de um católico maranhense, o protesto abaixo sobre o assunto, que me permito reproduzir aqui.

* * *

Nos dias 05 e 06 de abril o Colégio Santa Teresa sedia palestra de um homem que vislumbrou o sexo de Santa Teresa com o líder revolucionário Ernesto Che Guevera. Frei Betto, o palestrante, é um intelectual famoso, muito prestigiado, mas pode ser considerado um intelectual pronto a ser recebido num colégio dedicado a Santa Teresa?

A frase dele, sobre as núpcias de Santa Teresa com Che Gevara, está registrada num blog da Revista Veja:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/depois-do-bebe-de-rosemary-o-bebe-de-frei-betto/

Frei Betto é reconhecido pela sua atuação em defesa dos direitos humanos. Entretanto, o mesmo Frei Betto já declarou publicamente que é favorável à legalização do aborto em toda América Latina. A agência de notícias católicas internacional, ACI Digital, noticiou sobre essa controvérsia usando a seguinte manchete:

“Teólogo libertacionista propõe legalizar o aborto na AL”

A notícia completa pode ser lida em:

http://www.acidigital.com/noticia.php?id=10079

Como é possível que um frei que defende a legalização do aborto e que faz “poesia” sobre a transa de Santa Teresa com Che Guevera… Como é possível que um frei tão controverso possa ir palestrar dentro do Colégio Santa Teresa?

A Congregação das Irmãs Doroteias nunca, em toda sua história, tive qualquer ligação com a defesa da legalização do aborto e é composta por irmãs admiravelmente devotas de Santa Teresa. A Congregação não deve estar sabendo que o colégio pelo qual é responsável vai sediar encontro com uma figura tão avessa aos valores dessa Congregação.

Por gentileza, peço aos responsáveis por alugar o espaço para Frei Betto que repensem sua decisão ou que pelo menos informem os pais e alunos sobre a nova política de aluguel do teatro do Santa Teresa.

Obrigado.