A voz dos blogueiros católicos

A Sandra fez a gentileza de nos brindar com esta tradução de um interessante artigo do The Washington Post. Trata-se de uma matéria que foi veiculada na mídia secular, e não na religiosa; por isso mesmo tem alguns problemas, mas também algumas coisas muito interessantes.

Pareceu-me um pouco injusto o tom de todo o artigo, ao afirmar que os blogueiros estariam dizendo que “a  igreja não é suficientemente católica”. O problema não é este; na verdade, são – nas palavras dos próprios católicos citados na matéria – “as pessoas que são católicas e que não vivem a fé”. Ora, destes males o Brasil, infelizmente, não está pior servido do que os Estados Unidos da América.

Concordo muito facilmente com a necessidade de se manter a “caridade cristã online”. Analisando apenas a realidade tupiniquim, sou forçado a conceder: muitas vezes a caridade é negligenciada. Ao mesmo tempo, contudo, tendo a ser condescendente com os que assim procedem: eles estão denunciando lobos em pele de cordeiro que, mais que a caridade, falsificam a própria Fé. Em situações assim, é difícil manter a compostura. E, ainda: tomar o partido daqueles que traem a Fé por conta da falta de caridade dos que os denunciam é hipocrisia. A Fé precisa ser guardada. E, sem Fé, é impossível falar em Caridade. Não estou justificando os erros dos que se excedem; no entanto, isto não exime os que não guardam a Fé de suas faltas. Um erro na forma nem sempre significa um erro de conteúdo.

Mas o que é realmente interessante na matéria do The Washington Post é ver que este assunto está ultrapassando as fronteiras da Igreja e atingindo a mídia secular. Ou seja: os blogueiros católicos conseguiram realmente fazer barulho. A matéria dá um poderoso testemunho da importância da internet no início deste Terceiro Milênio. Esta nova Ágora, à parte tantos males que causou à sociedade moderna, pode apresentar isto em seu favor quando for julgada pelo Juiz da História: deu voz aos que não desistiram de anunciar a Fé. Permitiu que a Doce Mensagem do Evangelho chegasse a muitos, a despeito das traições de outros tantos. Ouso dizer: formou católicos.

Forjou almas católicas inflamadas de um santo zelo pelas coisas sagradas, mais preocupadas com a glória de Deus do que com qualquer outra coisa. Almas que descobriram a vitalidade eterna da Mensagem Cristã, tão antiga e tão nova, que possui já séculos e, no entanto, é ainda – e sempre! – atual. Almas que encontraram a Cristo.

De novo: não nego que haja problemas, nem tampouco que estes não devam ser corrigidos. Mas, ao lado destes, há muitos bons frutos. Parabéns aos que se esforçam por colocar os novos meios de comunicação social a serviço de Cristo e da Igreja! Que a Virgem Santíssima, Sedes Sapientiae, os proteja sempre. E aos pés d’Ela coloco – mais uma vez – o Deus lo Vult!, suplicando-Lhe misericórdia por minhas muitas faltas e pedindo-Lhe a imerecida honra de dar a minha contribuição, por ínfima que seja, para a exaltação da Santa Madre Igreja.

Avante, novos cruzados! Coragem, que ainda há muito por ser feito. Façamos bom uso do nosso tempo. Empreguemos bem os nossos talentos. Saibamos usar as ferramentas que o Altíssimo põe ao nosso alcance. Sempre com os olhos fitos n’Ele. Sempre ad majorem Dei Gloriam.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

18 comentários em “A voz dos blogueiros católicos”

  1. Prezado Jorge,

    De dez anos pra cá (que é o tempo que acompanho tudo isso pela internet, se bem que não eram blogs no início mas, sites como o antigo a HSJ, o antigo Veritatis, Montfort, Lepanto… etc…) explodiu o número de publicações católicas na internet. E os blogs cresceram absurdamente. É fato notório que os liberais estão perdendo terreno e a tendência é perderem a guerra.. rs
    Qualquer católico com um olhar atento a tudo isto deve ter a chama da esperança cada vez mais ardente no coração. E por falar em coração, é impossível não se lembrar daquelas palavras: “por fim meu Imaculado Coração triunfará”. Combatamos o bom combate. Na família, nos amigos, no trabalho, na paróquia, na diocese, na escola/faculdade e na internet. Sempre com caridade.
    Embora a Sandra tenha tocado no nome do teu blog lá na lista, falo aqui. O teu blog é uma espada bem afiada com a verdade. Talvez o principal aqui do Brasil. Tanto pela qualidade e também pela quantidade de textos. Você tem seu trabalho e mesmo assim consegue brechas no tempo para fazer um blog excelente. Fica aqui minha palavra de agradecimento e apoio. Parabéns pelo Deus lo vult!
    Lembremos que a próxima Assembéia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em 2012 terá como tema “a nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
    Abraços

  2. Eu diria que a Internet tem sido uma nova Lepanto.

    E o Deus lo Vult está ali bem pertinho da nau de D. João. ;)

    Como católica, agradeço a você não só por defender a Igreja, mas por fazê-lo com estilo.

    Nossa Senhora te guie sempre nessa batalha!

  3. E eu diria que vocês estão empenhados em quitar, aqui e agora, todas as faltas de caridade online da história da blogosfera… :)

    Obrigado, caríssimos, mesmo.

    Abraços,
    Jorge

  4. Eu sou testemunha da coragem de blogueiros católicos como o Jorge, autor deste blog. Cada postagem me dá ânimo para ser um católico mais fiel e forte no combate.

    Hoje posso dizer que sou mais cético e crítico. Esta postura se estende em minha vida a todas as áreas. Sou muito grato a todos os blogs católicos que visito diariamente. Espero sinceramente que iniciativas assim cresçam cada vez mais e que acima de tudo possamos ver concretizada a idéia da Liga Católica Brasileira para defender a Esposa de Cristo de todas as calúnias que tem sistematicamente sofrido.

  5. DILEMA MODERNO DA IGREJA – OU CONTRADIÇÃO SUICIDA?

    O PAPA MANDAVA INCLUSIVE COMO MAGISTRADO PARA PODER EXPULSAR DA IGREJA – AGORA, HÁ DEMOCRACIA E AUTONOMIA DE CADA MEMBRO ORDENADO
    A IGREJA DEFENDIA A VERDADE DA ÚNICA FÉ VERDADEIRA – AGORA, DIZ HAVER ELEMENTOS DA VERDADE EM OUTROS CREDOS E PRATICA O ECUMENISMO
    PARA A IGREJA DE NADA ADIANTARIA EXPULSAR ALGUÉM, POIS, COM SEU ECUMENISMO, VISA INCLUIR EGRESSOS DE OUTROS CREDOS E OS DESCONTENTES
    FOI ASSIM QUE, COM O VATICANO II E A REFORMA LITÚRGICA, O PAPA PAULO VI CONFIDENCIOU QUE BUSCAVA ATRAIR OS PROTESTANTES

    OS BISPOS, QUE “ESPETAVAM OS LOBOS PARA APASCENTAR SUAS AFLITAS OVELHAS”, INCLUEM OS LOBOS OU SÃO LOBOS TRAVESTIDOS DE PASTORES

    ENTÃO, EU INDAGO: OS PROTESTANTES SE MULTIPLICARAM EM SEITAS MODERNAS OU SE CONVERTERAM À FÉ VERDADEIRA?
    E AS OVELHAS, CONHECERAM MELHOR A VERDADE E A VOZ DO PASTOR OU SE CONFUNDEM ACERCA DE QUEM OUVIR E DE QUAL É A VOZ DO PASTOR?

    FORAM AS OVELHAS FIÉIS QUE PERDERAM OS PASTORES E O PRÓPRIO PEDRO QUE DEIXOU DE APASCENTÁ-LAS CONTRA OS LOBOS?

    “A FUMAÇA DE SATANÁS ADENTROU-SE NA IGREJA”, DIZIA O PRÓPRIO E DEPRIMIDO PAPA PAULO VI

  6. A Igreja foi feita pela Verdade e para a Verdade. A Igreja foi feita para se confundir com o Seu Esposo. Então, como Ele, a Igreja TEM DE DIVIDIR ÁGUAS E DE SER CRUCIFICADA POR ISTO! Não há como fugir. Enquanto fica no meio-termo, apenas escancara incoerência e contradição. Dá passos para frente e para trás, cambaleia para os lados, parecendo prestes a cair. Veja que desistiram da passeata pela vida do dia 24, alegando que não querem optar por grupos ou partidos. NÃO QUEREM DIVIDIR ÁGUAS. ESTA É A CULTURA QUE VIGORA NA IGREJA ATUALMENTE. NADA MAIS É QUE RENEGAR SUA CRUZ! É MEDO! MEDO DE IR A JERUSALÉM E MEDO DE ENCARAR O PODER CIVIL! Estamos vendo Pedro, morrendo de medo, querendo se desvencilhar do Senhor e de suas ovelhas. QUER UM INDICATIVO REAL? VEJA SE SEU PÁROCO, SEU BISPO OU ATÉ O PAPA ACEITAR ENTRAR NESTA INDAGAÇÃO COM ESTES PARÂMETROS.

  7. Formou católicos, mesmo. Obras publicadas online, às quais eu dificilmente teria acesso sem a Internet, dúvidas que os integrantes do Veritatis Splendor várias vezes responderam, questionamentos oportunos acerca da situação da Igreja no Brasil…

    Enfim, Deus seja louvado pelos meios de comunicação! E que possam nos conduzir cada vez mais ao conhecimento dos ensinamentos do Altíssimo e da Santa Madre Igreja.

  8. Caros amigos,
    Faço um apelo para que, antes de votarem no próximo domingo e decidirem o futuro do Brasil, meditem no seguinte:
    – É lícito entregar o comando do País a uma mulher que no passado praticou atos de terrorismo, assaltou bancos, seqüestrou e matou pessoas?
    – É lícito votar numa mulher que lutou para instaurar no Brasil a ditadura comunista?
    – É lícito votar numa mulher que fez tudo isso e que ainda diz que tem orgulho do seu passado e que jamais se arrependeu, nem mesmo do assassinato do soldado Mário Kosel Filho, que prestava o serviço militar obrigatório e cujo corpo ficou despedaçado pela bomba de dinamite atirada contra ele por Dilma Roussef, Franklin Martins e Carlos Minc, todos hoje no governo?
    – É lícito votar nessa mulher só para satisfazer o capricho do atual Presidente da República?
    – É lícito votar nessa mulher para atender ao capricho de um Presidente que todo dia desrespeita a Lei e a Constituição, atuando como cabo eleitoral de sua candidata e recebendo multinhas irrisórias do TSE, multinhas que ele paga com cartão corporativo e que, portanto, nós é que pagamos?
    – É lícito votar numa mulher que, enquanto Ministra da Casa Civil, elaborou um PNDH 3, que instaura no Brasil a perseguição religiosa, prevendo pena de 03 a 05 anos a quem, por exemplo, demitir uma babá ao descobrir que ela é lésbica?
    – É lícito votar numa mulher que, enquanto Ministra da Casa Civil, elaborou um PNDH 3, que instaura no Brasil a perseguição religiosa, prevendo pena de 03 a 05 anos ao padre ou pastor que não permitir que dois marmanjos se agarrem dentro da Igreja?
    – É lícito votar numa mulher que, enquanto Ministra da Casa Civil, elaborou um PNDH 3, que instaura no Brasil a perseguição à imprensa livre, criando comitês de censura prévia, os quais serão compostos, obviamente, por petistas?
    – É lícito votar numa mulher que, a cada semana, muda o discurso, conforme o resultado da última pesquisa eleitoral?
    – É lícito corroborar com o voto a tudo o que o PT vem fazendo nesses últimos anos (mensalão, dinheiro na cueca, sanguessugas, aloprados, aparelhamento do Estado, cartões corporativos, quebra ilegal de sigilos, dossiês ilegais contra os adversários, escândalos atrás de escândalos)?
    – É lícito compactuar com o que faz, por exemplo, o juiz do STM, que mandou trancar num cofre os processos de Dilma Roussef, impedindo o acesso a documentos públicos, para não atrapalhar a campanha da candidata e manter o povo na ignorância?
    – É lícito dar mais oito anos de mandato a um partido truculento, que só age na ilegalidade e que usa a democracia para destruí-la, como fez Hitler na Alemanha?
    – É lícito prestar apoio a um partido que tem entre seus aliados a escória da humanidade (Collor, Sarney, Requião, Barbalho, Calheiros, Gim Argelo, Maluf, Edir Macedo)?
    – É lícito apoiar um partido que tem entre seus aliados no exterior gente como Fidel Castro, Raul Castro, Hugo Chávez, Ahmadinejad e Evo Morales?
    – É lícito votar num partido que sempre apoiou as FARC’s, que vive do seqüestro, do terrorismo e do narcotráfico, e que manda para o Brasil 200 toneladas de cocaína por ano?
    – É lícito votar num partido que há cerca de 20 anos, junto com as FARC’s e dezenas de partidos e movimentos comunistas da América Latina, criou o Foro de São Paulo, com o objetivo de “recuperar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu”, isto é, o velho e genocida comunismo?
    – É lícito votar num partido que conta com gente do tipo José Genoíno, José Dirceu, Delúbio Soares, Silvinho, Marta Suplicy, Gilberto Carvalho e Marco Aurélio Garcia?
    – É lícito se tornar conivente e responsável indireto pelos milhões de abortos que serão praticados com base na legalização proposta pela candidata do governo, que pretende liberar o assassinato de inocentes nos nove meses de gestação?
    – É lícito permitir que o PT e seus aliados, que já conseguiram a maioria no Congresso Nacional, ganhem também a Presidência da República, numa concentração completa de poder que lhes permitirá fazer o que bem entendem?
    – É lícito apoiar um governo que deixou que o Brasil atingisse a inacreditável cifra de 50 mil homicídios por ano, coisa que não acontece nem em países em guerra?
    – Será que os brasileiros perderam o senso moral?
    Peço a todos que meditem bem. E que espalhem esse apelo.
    Se decidirem votar contra o PT nessas eleições, mostram que são patriotas e que amam o Brasil.
    Se, mesmo refletindo em tudo o que ficou dito acima, insistirem no voto petista, que Deus os perdoe.
    Um abraço.
    Carlos.

  9. Resposta:SIM, para todas as perguntas( pode me excomungar, pode abrir sua boca e soltar seus impropérios )

    Paz de Cristo e o Amor de Maria!

  10. Nessa seara, sou trabalhador da última hora. E agradeço a Deus a oportunidade de viver para conhecer e trabalhar com pessoas tão prodigiosas.

  11. Jorge Ferraz escreveu:

    Pareceu-me um pouco injusto o tom de todo o artigo, ao afirmar que os blogueiros estariam dizendo que “a igreja não é suficientemente católica”. O problema não é este; na verdade, são – nas palavras dos próprios católicos citados na matéria – “as pessoas que são católicas e que não vivem a fé”.

    É possível ser católico sem viver a fé?!

  12. Apesar de não ser católico, admiro profundamente pessoas como o Jorge, que são 100% coerentes com a mais pura tradição católica e defendem ela com unhas e dentes. Além do mais, o Jorge me auxiliou há tempos atrás (via e-mail) com uma notícia que estava me entristecendo muito. Obrigado, Jorge! Continue assim!
    P. S. – Chegou a ver aquela série que te sugeriu? ;)

  13. Alexandre,

    É possível ser católico sem viver a fé?!

    No contexto, sim, porque se está falando de quem leva uma vida moral destoante da Fé que professa. E a Fé só se perde com a heresia, a apostasia ou o cisma – não com o pecado mortal.

    Alien,

    Eu é que agradeço, meu caro. Quanto à série, não, não tive a oportunidade de ver ainda… mea culpa!

    Abraços,
    Jorge

  14. Carlos

    Para uma alma de bom senso bastaria saber que um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo, teme mais um governo petista. Ele compara ao PRI no México, mas sabemos que as coisas por aqui serão bem mais “profissionais” com o PT 16 anos no poder, no mínimo.

    A democracia pede alternância de partidos no poder.

    Se ainda não é suficiente para convencer o eleitor indeciso, é preciso mostrar-lhe que a maioria no Congresso está com o PT, e o STF tem a maioria dos seus membros indicada pelo presidente Lula.

    Os três poderes da República nas mãos de um partido?

    Um governo do PSDB tentaria equilibrar as forças, num Brasil que se quer democrático.

    E, no Brasil, é bom que se diga aos receosos de perder os benefícios sociais, essa alternância agora não traria nenhuma revolução, já que a estabilidade que proporcionou o sucesso do PT no governo é fruto da equipe de FHC.

    Como também é de origem tucana, boa parte dos benefícios sociais garantidos aos pobres hoje no Brasil.

    Um governo tucano não vai acabar com nada disso, já que foi ele o propulsor de tudo.

    Pena é que, na cabeça da pobre gente, o PT é a esquerda light e o PSDB é a direita radical.

    Ninguém explica a eles que enre eles a diferença é de ritmo, não de ideologia.

    São Maximiliano Maria Kolbe nos ajude!

    (Mas eu louvo sua iniciativa, e vou tentar distribuí-la também)

  15. Eu perguntei:

    É possível ser católico sem viver a fé?!

    Jorge respondeu:

    No contexto, sim, porque se está falando de quem leva uma vida moral destoante da Fé que professa. E a Fé só se perde com a heresia, a apostasia ou o cisma – não com o pecado mortal.

    Mas se não se vive a Fé por não se ter a Fé?! Ser católico nesse contexto seria apenas ter o rótulo de católico, não?

    Com esse questionamento eu não estou propondo que saiamos na pretensão de identificar quem é e quem não é católico. Estou querendo mostrar a fragilidade que há em pretender isso.

    Eu penso que a preocupação deve ser “se eu sou católico” e não “se o outro é católico”. Pode-se dar orientação para quem queira ser católico, mas penso que não é caso de “verificarmos” se a pessoa (o outro) está conseguindo seguir a risca aquilo que pensamos ser o ideal “para ela que quer ser católica”.

    Eu não penso que devo começar uma orientação dizendo “você não é católico”. Eu nem sei e nunca poderei saber (em vida) se eu mesmo sou católico. Isso, para mim, é uma busca. Por que eu vou pretender saber isso do outro?

  16. Alexandre,

    Mas se não se vive a Fé por não se ter a Fé?!

    Se se perdeu a Fé (por heresia, apostasia ou cisma [?] – e somente por esses motivos), não se é católico. É simples assim.

    Como não dá para saber (pelo menos na maioria dos casos) se o sujeito age como um pagão por fraqueza moral ou por ter apostatado, a gente opta pela primeira opção porque é mais caridosa para com ele. Não existe nenhuma “fragilidade” em pretender identificar quem é católico e quem não é. É muito óbvio, muito simples, sem nenhuma possibilidade para dúvida: se o cara é batizado, professa a Fé da Igreja, recebe os sacramentos da Igreja e sujeita-se aos pastores da Igreja (i.e., submete-se aos três múnus da Igreja: docendi, sanctificandi e regendi), ele é católico. Se o cara faz isso mas leva uma vida moral escandalosa, ele é um mau católico e deve ser denunciado, em intensidade tanto maior quanto maior for o dano que ele estiver causando aos outros.

    A única coisa que não dá para julgar (pelo menos não na maioria das vezes) é se o sujeito, no seu íntimo, abraçou formalmente a heresia (e, aí, perdeu a Fé), ou se está “apenas” enganado sobre algum ponto ou tem alguma fraqueza moral que o faz agir de modo incompatível com o “ser católico”. Mas este juízo é o único que não interessa, e que compete a Deus fazer. A nós, compete denunciar os maus exemplos. Ponto.

    Tu estás com problemas conceituais sem razão de ser, o que está complicando tudo. Católico é quem é batizado, professa a Fé da Igreja, recebe os Sacramentos da Igreja e sujeita-se aos pastores da Igreja. Ponto, isto é uma definição, perfeitamente objetiva, sem margens para buscas ou dúvidas. Eu não tenho nenhuma dúvida de que sou católico, é claro, nem ninguém tem.

    Outra coisa totalmente diferente é ser bom católico, e – aí sim – é uma busca, e aí sim eu não ouso afirmar que eu já o sou. Mas, mesmo nesta seara onde precisamos nós próprios de aperfeiçoamento, é igualmente certo que permanece o dever moral de “apontarmos o lobo onde quer que ele se encontre”, nas palavras de São Francisco de Sales. Não é porque eu sou pecador que me eximo, assim, do grave dever de denunciar os escândalos e precaver os fiéis quanto à iniqüidade (a manifesta, naturalmente) de quem se diz católico. Qualquer pessoa é capaz de identificar uma contradição manifesta entre a Fé e a prática de quem quer que seja, como p.ex. se fulana se diz católica mas apóia o aborto, ou se sicrano se diz católico mas não vê problemas com os atos homossexuais, ou se beltrano se diz católico mas passa a vida atacando o Papa, etc. Ninguém precisa ser santo e perfeito para identificar este tipo de coisa. Não há nenhuma contradição em atacar os erros de outrem e necessitar, você próprio, ainda de muito aperfeiçoamento.

    Abraços,
    Jorge

  17. Eu fiz um comentário em 27 October 2010 at 8:03 am e Jorge me respondeu com um comentário em 27 October 2010 at 8:37 am.

    Eu aceito muito do que ele me respondeu. E agradeço a ele por ter investido tempo para me responder tão cuidadosamente. Esclareceu-me várias coisas.

    Faço agora alguns comentários, mas isto não é uma réplica (os comentários não estão aqui como refutações). Apesar de eu estar indiretamente manifestando algumas discordâncias, acredito que tais discordâncias são em questões menores ou são em questões que provavelmente não merecem “discussões” por serem tão somente “satisfações” (que concorrem para melhor entendimento de minha visão) envolvendo o que específico do meu sujeito.

    Eu reconheço a simplicidade das palavras que Jorge usou no primeiro parágrafo de seu comentário para me explicar como “não se é católico“. Eu as aceito. Assim como também aceito as “só católico entra no Céu” (para certos usos; não para eu sair julgando as pessoas). Inclusive está me parecendo que Jorge concorda comigo nesses assuntos, pelo menos em grande parte. A forma dessa minha “aceitação” eu estou tentando mostrá-la na resposta que estou redigindo para o comentário 26 October 2010 at 12:20 pm feito por Carlos. A forma correspondente da aceitação do Jorge (pelo menos muito dela), parece-me, ele tem mostrado no comentário ao qual respondo.

    Por favor, quem desejar discutir sobre isso, para não perder tempo seu e não fazer com que eu perca tempo meu, aguarde eu enviar o tal comentário-resposta ao Carlos. Ele está quase pronto. Parei de escrevê-lo para escrever este, para distrair um pouco também. Não é que ele esteja grande e complexo demais, é que participar neste blog está um pouco cansativo para mim. Continuo por que me sinto obrigado a isso, de certa forma.

    Por enquanto eu quero apenas lembrar a quem está me lendo que: palavras simples e corretamente escolhidas podem ter aplicações corretas complexas. Observemos que Jorge começou – com o que tinha disponível para a circunstância – a dar algumas explicações sobre como aplicar as palavras daquele primeiro parágrafo de apenas duas linhas.

    Eu vi que estou confundindo conceitos… Mas não concordo que seja “sem razão de ser”, no sentido de eu não ter tido estímulos para tal. Observo que são muitas as vezes em que pessoas dizem “fulano não é católico” alimentando essa confusão conceitual, não só em mim, mas nelas próprias, e nos outros. A partir daquele ponto em que se afirma isso as discussões continuam como a construção de uma babel que tenta alcançar a verdade sobre “se fulano, sincrano ou beltrano é católico ou não”.

    Eu tenho dúvidas sobre se eu sou católico. Mas essas dúvidas eu encaro como uma pena. Realmente. Eu preciso aceitar que, diferentemente de mim, pessoas se vejam como católicas. E eu aceito! Pode ser uma Graça que elas recebem. Acredito que seja, em muitos casos.

    Pode parecer que o que estou fazendo é tão somente subjetivismo. Mas não é. De fato, eu considero o subjetivo, só que procuro não perder de vista o objetivo. Faz parte do nosso modo de ser objetivos buscar a separação entre o objetivo e o nosso subjetivo, ou seja, não deixar de considerar o nosso subjetivo é também ser objetivo. Linha tênue, mas existe.

    No meu caso, ser católico ainda é uma busca. Infelizmente eu não tenho condições intelectuais e existenciais de declarar sinceramente que sou católico. Nem mesmo cristão, o que pra mim é (ou deve ser) a mesma coisa de ser católico, já que o protestantismo simplesmente não faz sentido pra mim.

    Mesmo sem deixar de considerar os critérios objetivos que me foram explicados pelo Jorge, tenho essas dificuldades. É algo muito particular e sobre isso eu não quero conversar, principalmente aqui.

    Eu sou crente e busco ter crenças católicas, e somente católicas. Se existe uma religião verdadeira, e acredito que exista, essa religião está incluída na proposta da Igreja Católica Apostólica Romana, e principalmente nela, em plenitude. Eu aceito isso por ter tido experiências que Deus me permitiu ter com sua Misericórdia. Falo assim considerando que mesmo na Igreja a diversidade é imensa; estilos de vida aceitos etc.

  18. Cara Ana,
    Obrigado pelo apoio.
    Não desanimemos. Nada está perdido ainda. Vamos continuar fazendo nosso trabalho de formiguinha, ganhando um votinho aqui outro ali, e continuar rezando, pois Deus é o Senhor da História.
    Um abraço.
    Carlos.

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