O laicismo, empecilho ao bem comum

“Todas as criaturas devem louvar a Deus. Ora, o Estado é uma criatura; logo, o Estado deve louvar a Deus”. O silogismo já me foi apresentado algumas vezes, embora eu não saiba afirmar com certeza de quem é sua autoria. Independente desta, no entanto, é forçoso concordar com a clareza do raciocínio. A maior e a menor estão adequadamente dispostas e relacionadas e, portanto, a conclusão se impera. Sim, o Estado deve louvar a Deus.

De que maneira deve o Estado louvar a Deus? O Estado Confessional é a primeira forma de concretização deste dever que nos vem à mente. Eu próprio, no entanto, tenho dúvidas sobre se esta é a única forma de fazer com que o Estado louve ao Todo-Poderoso como deve louvar. Ora, imagino que esteja fora de discussão que, se o Estado é uma criatura, não o é da mesma maneira que o próprio homem é uma criatura. Os seres racionais – o homem, os anjos – louvam a Deus com a sua inteligência e a sua vontade. Os animais, vegetais e seres inanimados louvam a Deus cumprindo com aquilo que a Divina Providência estabeleceu que eles realizassem: as abelhas construindo colmeias, as aves, ninhos, as plantas crescendo e dando flores ou frutos, os astros movendo-se lentamente no céu. Em uma palavra: cada criatura louva a Deus fazendo aquilo que lhe é próprio, aquilo que compete à sua natureza.

E qual a natureza do Estado? Não sei se Santo Tomás de Aquino o fala expressamente. Sei, contudo, que o Aquinate fala sobre a lei humana e, retomando Santo Isidoro, sentencia: “A lei deve ser honesta, justa, possível segundo a natureza e os costumes do país, proporcional aos lugares e aos tempos, necessária, útil. Deve também ser clara, para que não haja enganos escondidos em sua obscuridade. Deve estar direcionada não para o proveito privado, e sim para a utilidade comum dos cidadãos” (Summa, I-IIae, q.95, a.3). Julgo oportuno ficarmos com estes conceitos, que são mais genéricos. O homem é um ser político por natureza, como dizia Aristóteles, mas isso não implica necessariamente na existência dos Estados no sentido que o termo possui hoje em dia. É necessário haver, sim, a comunidade política que possibilite a vida em sociedade. Mas não é necessário que esta comunidade política seja o Estado.

Ora, se o objetivo da comunidade política – das leis humanas – é, em resumo, ordenar a vida em sociedade tendo em vista o bem comum dos indivíduos, segue-se ser esta a natureza do Estado. Este, portanto, não precisa adoptar expressamente o Catolicismo Romano como Religião Oficial para que louve a Deus (o que não significa que ele não possa adoptá-lo, mas aí é outra discussão). Cumprindo o Estado com os seus objetivos e esforçando-se por atingir os fins para os quais existe, Deus está sendo louvado por meio dele.

Os objetivos do Estado, no entanto, estão intimamente relacionados ao bem dos seus cidadãos. E estes, ao contrário do Estado, são seres dotados de personalidade, de inteligência e de vontade e, portanto, precisam louvar a Deus com tudo o que possuem – o que, para eles, significa aderir visivelmente à Igreja fundada por Deus, a Católica Apostólica Romana. O Estado não tem, portanto, o direito de dificultar aos seus súditos o ingresso na Religião verdadeira e a sua prática ao longo da vida. Ao contrário: já que tem por obrigação servir ao bem comum objetivo e, para os homens, o bem é serem católicos, o Estado deve colaborar com a Igreja para facilitar-Lhe a missão evangelizadora. Sem isso, o Estado não está cumprindo com as suas atribuições.

O Laicismo é, portanto, um grande mal. Um mal que dificulta aos homens (quando não os priva completamente de) terem acesso às realidades sobrenaturais, que são parte integrante de sua natureza e conditio sine quae non para que se possa falar em “bem” para eles. E assim, portanto, o Laicismo é um atentado contra o próprio Estado, contra a sua própria razão de ser, na medida que o impede de prover integralmente o bem de seus súditos. Foi isso que o Papa falou na Espanha. É isso que o mundo precisa entender.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

38 comentários em “O laicismo, empecilho ao bem comum”

  1. Gosto do Estado Confessional, mas só tenho cautela pois o Estado moderno é um tirano totalitário, muito diferente do poder dos reis e das monarquias que eram obrigados a respeitar a lei natural.

    Real separação entre Estado e Igreja o fez a Igreja Católica ao remover do Imperador o status de divindade. Hoje, se deixar que o Leviatã tenha funções de fazer milagres (como erradicar a pobreza em alusão à multiplicação dos pães) estamos voltando à velha idolatria, esta do homem, colocando-o como a tampa do universo.

    Abraços! Pax et Bonum!

  2. A maioria dos Países que seguem o Islã pensa como você.

    Como o Brasil tem UNÚMERAS religiões, qual seria a que nossa Constituição deveria adotar?

  3. Carissimos Charles, Sandra Mallmal..

    Santa ingenuidade…

    Qualquer estado é composto e controlado por pessoas, portanto, assim como as pessoas também o estado crê ou pensa que não crê, se a religião em alguns países islâmicos, parece para nós distantes ocidentais coisa nefasta, a não religião da coreia do norte, cuba e outros tantos não ficou melhor em nada, nem para nós ocidentais ou para os cidadãos em seus territórios.

    A religião busca sempre a felicidade e bem estar para o conjunto da sociedade, e a salvação para o homem. Quando o homem não é feliz com a religião, um dos dois é muito falso.

    Quando você vota em quem se diz independente de religião, é pouco provável que esteja votando em um ser humano sério. Um materialista acredita que você e suas opiniões são apenas efeito do acaso, e numa obra do acaso nem materialistas ou crentes põe fé.

    Quando alguém me afirma que é melhor o estado sem religião, imagino um estado cheio de alienigenas verdes, ou repleto de pessoas mal intencionadas, avarentas, ladras, assassinas, promíscuas e desejosas que todos não creiam em Deus e os aceitem como normais.

  4. “O Islã diz a mesma coisa.”
    Pelo menos nesse ponto o Islã está correto.

  5. wilson Ramiro

    “Todas as criaturas devem louvar a Deus. Ora, o Estado é uma criatura; logo, o Estado deve louvar a Deus”.

    Eu só quero saber, qual religião o Estado Brasileiro deveria adotar ( Cristo, Davi, Buda, Maomé…?)

    Todos eles representam Deus ou Filho Dele, em suas fé, e existem muitos mais.

    No Brasil temos fiéis de TODAS as religiões e como faremos para que todos sigam a mesma fé? Por decreto?

    Eu sou Católica, e jamais mudaria de fé por imposição legal e tenho certeza que as pessoas de outras religião pensam como eu!

    Por outro lado, É Absurda colocação da palavra “criatura” pois criatura pode ser pessoa ou coisa!

  6. questões inquietantes:
    1) por que toda criatura deve louvar a Deus? Qual Deus? Que Deus seria tão inseguro a exigri-nos louvor?
    2) De que forma pode ser comprovado que Estado é uma criatura? Estado é uma figura jurídica, não pessoa física? Qual Deus o Estado deve louvar? Quantas mortes e massacres o Estado pode promover em nome de Deus antes de se perceber que é um crime?

  7. “a não religião da coreia do norte, cuba e outros tantos não ficou melhor em nada, nem para nós ocidentais ou para os cidadãos em seus territórios.”

    Pois é. As experiencias com religião tem vários milhares de anos. As tentativas de se viver sem religião tem apenas cem anos. Bela comparação de prós e contras, não?

    Haja paciencia para ler tanta imbecilidade junta.

  8. Caro Ricardo

    Pelo que me dizem os materialistas, Deus não criou o homem com religião, e por não existir não poderia tê-criado, portanto a tentativa de viver sem Deus é, segundo os materialistas anterior à ideia de Deus.

    Não houve um fracasso ao crer na existência de Deus, pois o fracasso foi não percebê-lo, houve uma correção de rumo com a fé.

  9. “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”.
    (Mt.,22,15-22).

    Se o próprio Jesus Cristo fez a divisão clara entre o poder temporal e espiritual, quem são vocês para contestá-lo?

  10. Caro Xará

    ” A Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”…

    Não tem separação entre espiritual e temporal e sim separação entre o que é de Deus e o que não é de Deus.

    Como declara Bento XVI “O real é o espiritual”

    Não apenas o povo é de Deus mas também suas associações e instituições. Não podemos servir a dois senhores.

    O povo de Deus constitui a nação de Deus e o estado de Deus, ainda tem alguma dúvida?

    Esta afirmações de separação de estado e religião, sempre se originam de pessoas que querem atuar no estado sem preceitos morais e não admitem julgamento religioso. Quando ouço um católico querer separar vida politica de religião sei que falta conhecimento da doutrina da igreja ou falta discernimento, ou pior creio ser alguém cujos interesses conflitam com sua fé.

  11. … segue

    Não se trata de transformar um estado “laico” em estado religioso, mas se trata de ter no controle do estado pessoas ìntegras.

    O católico não deixa de ser católico no ato de votar, não é possível, vestir a religião na missa, e ainda ser considerado integro.

    Um católico no exercício de uma mandato não tem como deixar toda a moral judaico-cristã de lado quando é chamado a decidir sobre questões que afrontam a sã doutrina de nossa igreja.

    Se alguém pergunta qual a religião seria a do estado??? É a religião do homem que investido no cargo deve decidir. A pessoa é escolhida pelo voto, mas o voto não decide sua fé.

    Não se trata de definir uma religião oficial, mas precisamos deixar de nos enganar, acreditando que alguém que tenha religião faça parte de um estado “laico”, o estado somente é verdadeiramente laico quando é majoritariamente controlado por interesses estranhos a fé e ao bem.

    Um estado sem Deus é possível?? Sim!! Na história da humanidade foram raros e fracos, os povos fortes e duradouros tiveram deuses presentes no seu cotidiano.

  12. Wilson:
    “Não se trata de transformar um estado “laico” em estado religioso, mas se trata de ter no controle do estado pessoas ìntegras”.

    Pessoas integras? Padres da Igreja? O sr não tem lido as notícias ultimamente?

    Wilson:
    “[…]os povos fortes e duradouros tiveram deuses presentes no seu cotidiano”.

    exato, Deuses. E nesta época a tolerância era bem maior do que a de hoje, debaixo da Ditadura da Mitra.

  13. Caros.

    Dizer que presta-se culto a deuses, apenas significa que acredita-se na transcendência do ser humano, mas além disto o politeísmo é apenas uma forma de ateísmo, quem acredita em mais de um deus não acredita em Deus.

    Se o deuses gregos distanciavam-se dos homens, o olimpo era mais que um lugar, era um lugar alto, o deuses romanos eram deuses caseiros, e mesmo estes deuses práticos nunca foram um Deus pois era limitados pela própria existência de outros deuses.

    Se os deuses orientais foram intrometidos na vida humana num primeiro momento(bhamanismo), foram isolados num segundo momento (budismo), hoje alguns seguidores descrevem estas doutrinas como sendo monoteístas, e que todos os deuses são apenas títulos de um deus único.

    em tempo. eu conheço dois padres sãos.

    Com relação a tolerância. Tolerância era o nome como antigamente eram conhecidas algumas casas suspeitas.

  14. “exato, Deuses. E nesta época a tolerância era bem maior do que a de hoje, debaixo da Ditadura da Mitra.”

    De fato. Nero, Décio, Diocleciano foram altamente tolerantes com o Cristianismo. Diferente de Bento XVI.

  15. Como declara Bento XVI “O real é o espiritual”

    Ah, entendi. Ele tem o poder de definir o que é REAL e o QUE NÃO É REAL.

    O Aiatolá também teria este poder, de acordo com os seguidores do Islã?

    A frase que melhor define as escolhas de vocês é:

    “A fé que professo é RELIGIÃO. A dos demais é CRENDICE, MITOLOGIA ou SUPERSTIÇÃO.”

    Não falei que é muita imbecilidade junta?

  16. “Pois é. As experiencias com religião tem vários milhares de anos. As tentativas de se viver sem religião tem apenas cem anos. Bela comparação de prós e contras, não?

    Haja paciencia para ler tanta imbecilidade junta.”

    Pois é. Em pouco tempo, essas ideologias antirreligiosas mataram mais pessoas do que as guerras religiosas em milhares de anos Haja paciência para ler tanta imbecilidade junta.

  17. Senhores,

    Disse Jesus: “NISTO CONHECERÃO QUE SOIS DISCÍPULOS MEUS: SE VOS AMARDES UNS AOS OUTROS COMO EU VOZ AMEI.” Estamos apenas semeando a discórdia em nome de Jesus que preguou a unidade e ainda queremos ser chamados de cristãos? Quanta falsidade e hipocrisia…

    Sou católico, mas nem por isso acho que somos melhores ou superiores às pessoas que seguem outras religiões ou mesmo sobre os ateus e agnósticos.

    Aliás, percebo que muitas pessoas ditas santas e consideradas como tais pelos católicos fervorosos são muitas vezes pessoas ranzinzas, nervosas, impacientes e inflexíveis diante dos próprios irmãos de fé. Há pessoas santas – pelo menos na consideração de seus seguidores – e até mesmo padres, bispos, freiras e leigos católicos que são venerados em vida como se já estivessem canonizados quando na verdade não passam de pessoas comuns, pecadoras como os demais fieis, que se por um lado são reconhecidas pela santidade por uns para outros são pessoas cheias de rancor e ódio em seus corações para com todos aqueles que não pensam como eles.

    Há pessoas que embora consideradas santas continuam espalhando a divisão, não admitem que haja quem possa pensar diferentemente. Como é possível vivermos numa Igreja que se diz fundada por Jesus Cristo quando entre seus seguidores tem pessoas tão rancorosas…

  18. Caro Ricardo

    As declarações de Bento XVI são valiosas para mim católico, não esperaria que um não católico tivesse a mesma consideração.

    Conheço agnósticos, budistas, protestantes, ateus e outros tantos com pensamentos completamente diferentes do meu, respeitos todos como filhos de Deus, mas as ideias são respeitáveis enquanto posição pessoal, quando passam para proselitismo, devem ser discutidas.

    Procuro ser católico, você é o quê?

  19. Dona Sandra,

    A senhora está piorando a cada dia.

    Deus me livre de católicos como a senhora.
    Quanta ignorância…

  20. Messias, de qual cristãos o sr fala? afinal, antes da sua Santa Igreja dominar debaixo de sua mão de ferro depois que Constantino e Teodosio decretaram o Cristianismo Católico como religião ofical existiam diversas formas de cristianismo.
    e diga-se de passagem que tua Igreja foi muito mais violenta e sanguinária contra estes grupos de cristãos pejorativamente chamados de hereges.
    mas obvio que para o sr só interessa a “perseguição” do Império Romano contra os “cristãos”. atenção seletiva com desonestidade intelectual dá nisso.

  21. Caro Roberto

    “existiam diversas formas de cristianismo.”

    Sinto mas não consegui entender o que você quer dizer que antes da Igreja de Jesus Cristo, havia outras igrejas de Cristo. Que Israel fosse pródigo em messias e cristos pode ser real, mas que o único Jesus Cristo, fundou uma Igreja, somente podemos negar se negamos o novo testamento, mas daí já é uma nova história

    Caso deseje ser cristão, leia sem preconceito os escritos dos primeiros cristãos, caso não queira acreditar e isto é um direito que você tem, tudo bem, mas de a sim mesmo o direito de duvidar, de discordar, crer e concordar.

    Ainda acredito que o homem e a religião juntos serão felizes, se um dos dois não for falso.

  22. Wilson, segundo os atos dos apostolos e as cartas de paulo, mesmo nos dias dos apostolos haviam comunidades cristãs que professavam uma forma de cristianismo.
    desta data, até a data em que Constantino e Teodosio instituiram o cristianismo catolico como religião oficial haviam outras formas de cristianismo que professavam outras formas de cristianismo que não o romano.
    nos primordios do cristianismo haviam os nestorianos, os marcionitas, os arianos, os ebiontitas…enfim, grupos de cristãos que foram tachados de hereges, perseguidos e masssacrados pela Igreja Catolica.

  23. Caro Roberto, talvez você conheça e aceite as ideias destes grupos de cristãos.

    Ário defendia que:(século IV)
    Que o Logos e o Pai não eram da mesma essência
    Que o Filho era uma criação do Pai
    Que houve um tempo em que o Filho (ainda) não existia

    Nestório defendia que: (século V)
    Cristo é radicalmente separado em duas pessoas, uma humana e uma divina.

    Ebionitas defendiam que: (século I)
    Jesus de Nazaré não teria vindo abolir a Torá como prega a doutrina paulina. Consideravam o apóstolo Paulo como apóstata.

    Marcion defendia que:(século II)
    Os escritos do Antigo Testamento deveriam ser rejeitados todos e dos livros conhecidos do novo testamento poucos poderiam ser usados.

    Não sei se você se identifica com algum deles ou quem sabe com outros tantos, mas se o único objetivo não é defender uma ideia mas destruir a fé, acho pouco produtivo. Se aceita uma destas doutrinas e a acha sadia e verdadeira, provavelmente rejeitará as outras pois são contraditórias.

    Constantino convertido ao cristianismo em 313
    Teodósio foi batizado em 380
    O fato de terem sido imperadores não lhes negava a condição de cristãos fiéis.

  24. Leopoldo

    O que eu falei de tão absurdo?
    Deus está em nós, na nossa casa, na nossa familia, na nossa Paroquia.
    Eu não posso impor minha fé a outrem, da mesma maneira que não quero que venham me impor outra fé.
    Quero ter liberdade de professar minha fé.
    Acredito que as pessoas de outra fé também!
    Se isso para você é um horror, eu sinto muito.
    Razão pela qual sou totalmente favoravel que nossa Constituição seja laica.

  25. Ao Roberto Quintas e Wilson,

    Vocês repetem os equívocos hodiernamente comuns em relação ao papel de Constantino.

    Primeiro: esse imperador tão-somente revogou os institutos anteriores que estabeleciam a ilicitude do Cristianismo no império romano.

    Segundo: Constantino descriminalizou o Cristianismo, mas não o tornou religião oficial nem muto menos a única permitida no Império. O imperador constinuou ostentando o título de Pontifex Maximus, velando sob essa rubrica todas as religiões legalizadas, inclusive a própria romana.

    Não há consenso quanto à conversão do imperador. Certamente foi batizado e cinco anos após o Edito de Milão deixou de usar a simbologia da religião romana nas solenidades imperiais, eventualmente empregando em seu lugar símbolos cristãos.

    É certo, também, que ele educou seus filhos na religião cristã e tinha vários parentes cristãos, antes mesmo de 313, com destaque para sua mãe, Helena de Constantinopla, canonizada com o nome de Santa Helena.

    Outro erro, cometido por “sumidades” do nível de um Dan Brown, é a alegação de que Constantino teria fundado a Igreja Católica Apostólica Romana, com sua estrutura e seus dogmas, e ainda a teria imposto a todos os seus súditos. Trata-se isso de uma bobagem o menor amparo histórico e sequer seria plausível tal imposição no contexto de conflitos que marcou a sua regência.

    Quanto às facções gnósticas mencionadas por Quintas, não existem indícios de ter havido a perseguição sistemática que ele insinua. Exagera-se muito, isto sim, na preocupação que esses grupos causavam entre os bispos da Igreja, que amiúde venciam-nos com a doutrina não com a violência. Quem já teve algum contato com o Adversus Hereses, de Santo Ireneu de Lion, percebe a facilidade com que as idéias gnósticas eram estraçalhadas. Aliás, por que Santo Ireneu se ocuparia de escrever um tratado esmiuçado dessas heresias, refutando suas doutrinas, se houvesse a aludida perseguição?

    E, Quintas, com o perdão da palavra, mas você foi presa de sua própria acusação de desonestidade intelectual. Ficou patente sua atenção seletiva colocando aspas ao mencionar a perseguição romana aos cristãos, inclusive nestes. Curiosa contradição, não? E ao contrário da alegada perseguição aos hereges, há boa documentação no caso das romanas contra cristãos, sejam eles quais fossem, bom que se diga. É fato que nem sempre houve iniciativas de perseguir sistematicamente, prender e executar cristãos, conquanto a religião era ilícita de 64 a 313. Houve, todavia, sim, períodos de acirramento caracterizados por verdadeiras “caças”, como as empreendidas por Décio e por Diocleciano. Sinceramente, relativizar essas perseguições violentas, a título de não favorecer os católicos romanos, diz muito da sua “honestidade” intelectual.

  26. “Quando o homem não é feliz com a religião, um dos dois é muito falso.”

    Boa frase.
    Eu, por exemplo, estava disposta a servir a deus como freira e perder a minha vida por Jesus cristo. Estudei outras religiões e apostatei.
    Nunca fui tão livre e feliz na minha vida!

    Se alguém duvida do que eu digo, é só fazer o mesmo. Leiam a Epopeia de Gilgamesh, os Anacletos de Confucio, o Bhagavad Gita, o Alcorão, os filosofos da antiguidade como Platão, Sócrates, Ésquilo, etc), o Livro da Urantia e os Gnosticos.

    E isso é só o começo! Leiam sem medo!
    A verdade não teme a mentira!

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