O valor da vida humana: em Fortaleza, polícia invade clínica de aborto

Na Inglaterra, a Baronesa Mary Warnock disse que, diferente do ouro e da platina, a vida humana não tem valor em si. Esta senhora faz parte da Câmara dos Lordes, câmara alta do Parlamento do Reino Unido.

A frase é de uma profunda estupidez. O ouro e a platina é que não têm valor “em si”. Ao contrário, só são valiosos porque há seres humanos que os consideram valiosos. E, como ex nihilo, nihil, se a vida humana não tivesse valor, nada mais o teria. No entanto, o ouro e a platina são valiosos, não há quem o negue. E, se o são, muito mais valiosos são os seres humanos que conferem valor à matéria inanimada.

Nada surpreendentemente, esta besteira dita pela sra. Warnock não é invenção dela. O Peter Singer diz a exata mesma coisa, apenas mudando as palavras. Como é possível que pessoas de relativa inteligência e importância pública divulguem, aos quatro cantos, opiniões desta natureza e ninguém pareça se importar?

É exatamente pelo fato da vida humana ter valor em si que ela deve ser protegida. E, se nós negamos valor intrínseco à vida humana, abrimos espaço para quaisquer arbitrariedades. Aborto e eutanásia, extermínio de judeus, escravidão de negros – qualquer coisa. Afinal, se tudo for arbitrário e tudo for questão de conveniência, o mundo passa a ser regido pela lei do mais forte. Os judeus, na Alemanha Nazista, não tinham utilidade social suficiente para fazer valer, junto à sociedade alemã, as suas reivindicações de não serem deportados para campos de concentração e, lá, assassinados. Mutatis mutandis, as crianças abortadas também não têm projeção social o bastante para pleitearem, junto às autoridades públicas, o seu não-abortamento. Se a vida humana não tiver privilégios a ela inerentes, e se tudo for questão de convenções sociais… vale tudo. O limite é a maldade de quem estiver no poder, e a História já deu mostras o bastante de que o ser humano sempre é capaz de se superar em matéria de atrocidades e injustiças.

Enquanto isso, aqui em Fortaleza, uma clínica de abortos foi estourada. Na operação “Exterminador do Futuro”, “[f]oram cumpridos 6 mandados de prisão preventiva e 3 de busca e apreensão”. Entre os presos, o sr. Dionísio Broxado Lapa Filho, médico e ex-prefeito de Maracanaú. Gente graúda, que estava há muitos anos pondo em prática as idéias criminosas de Singers e Warnocks. O caso é emblemático: mostra-se como uma resposta concreta à “cultura da morte” que permeia o nosso triste século XXI. Mostra que ainda há esperanças. Parabéns às autoridades envolvidas nesta operação.

E que Nossa Senhora Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

19 comentários em “O valor da vida humana: em Fortaleza, polícia invade clínica de aborto”

  1. Vendo esta operação deu muito orgulho de ser cearence e de ser de Fortaleza!

    E que Nossa Senhora Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto. [2]

  2. O nome da operação foi muito bem bolado: Exterminador do futuro é isso que esse “medicos” são acabando com a vida de crianças indefesas.

  3. Diz para essa Senhora Warnock que, se um dia alguém resolver matá-la, ou algum de seus parentes, não terá direito a choro, nem vela, nem fita amarela na entrada da favela. A vida dela não tem valor.

    Cada coisa que a gente tem que ouvir… fala sério.

    Parabéns a Polícia de Fortaleza!!!

  4. Em Mulher cristã acusada de blasfêmia recebe pena de morte no Paquistão nós podemos ler:

    A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal do Paquistão para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão, que seja denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais.

    Grifo meu. E eu espero que a redação da ACI esteja enganada!
    Para mim, isso ultrapassa, e muito, a noção de “religiosidade” violenta. É a estupidez de um povo
    Digamos que fosse correto existir pena de morte por blasfêmia, para esse povo não existe a possibilidade de alguém dar falso testemunho?!
    Uma pessoa ser condenada à morte por que outra simplesmente apontou o dedo, para mim, é uma aberração que… não tenho palavras.

  5. Karla,
    Muito legítimo orgulhar-se de ser cearence neste caso como tb na bela atitude de vcs conversarem com D.Saburido sobre a missa tridentina, lembra ? Aliás, minha esposa está ai em Fortaleza participando de um congresso e ela me disse que o lugar é lindo mesmo ! e hoje parece que é dia de caranguejada….hummm…fiquei com água na boca. :)
    Parabéns !
    lucas

  6. lucas escreveu:

    e hoje parece que é dia de caranguejada….hummm…fiquei com água na boca. :)

    É realmente muito gostoso, caranguejo. Mas não quero mais comê-los! Sei que estamos falando – e devemos falar primeiramente – de vidas humanas e que o filósofo Peter Singer usa o “não ao sofrimento” de um forma desmedida. Só que é realmente muito cruel a forma de se preparar caranguejos (e que eu saiba não há outra forma)…

  7. Ai, esse povo. Deveria, então, deixar de comer galinhas.

    Minha avó matou várias. Pega-se o pescoço e torce, elas colocam algo parecido com uma língua para fora e ficam com os olhos vesgos. Outras ainda agonizam um pouco. Talvez seja só alguns reflexos, mas é só enfiá-las em uma panela com água bem quente para que se possa despená-la.

    Ela é despenada.

    Retira-se aquelas coisas que ninguém come, limpa-se a galinha por dentro.

    Tempera-se.

    Cozinha-se.

    Come-se.

    Que delícia!

    Deviam também não comer carne de boi.

    Não vou contar como se mata um boi. É pancada. Não vou dar mais detalhes.

    E a picanha?

    Sem comentários.

    Que delícia.

  8. Sim, lucas. Orgulho-me também disso. Temos missa no rito tridentino todos os domingos como também temos missa no rito melquita. No entanto, ainda precisamos rezar muito para que as missas no rito novo aqui consigam ser celebrada segundo o Missal. :/

    Ah, caranguejo em Fortaleza é o que há. Não gosto muito de praia (sou uma et aqui), mas quando vou é basicamente para comer caranguejo.

    Alexandre, acho que não são apenas os caranguejos que são cozinhados dessa forma, as lagostas também e outros animais. Até onde eu sei, não existe outra forma de cozinhá-los, mas não estamos violando a lei natural. ;)

  9. O foco da discussão fugiu completamente ao tema do aborto.

    Mas, como estamos falando em violência, uma coisa é matar um animal para se alimentar.

    Li uma reportagem certa vez sobre uma região dos EUA tão pobre e tão fria, que única comida que a população tem acesso é um tipo de cervo. Será que os ambientalistas teriam coragem de ir lá e falar que é “muita crueldade deles”?

    Se matar um animal para comer é crueldade, tubarões, leões, deveriam estar todos atrás das grades.

    Matar um bicho para se defender ou defender os filhos é a mesma coisa. Aliás, QUALQUER ANIMAL ataca o outro e, se preciso, mata, para defender a prole.

    Também não considero crueldade usar um animal para serviços pesados, como na roça. Totalmente diferente é tratá-los como máquinas, não lhes dando alimento ou descanso (o que se faz com pessoas, também, infelizmente).

    Outra coisa é matar por diversão/luxo. Caças. Rodeios. Bolsas de pele de animais “exóticos”. Casacos de pele. Acho isso tudo um absurdo. Assim como acho absurdo esses pobre coitados desses cachorros poodles e afins que desfilam com seus “pais” pelas ruas nas mais diversas cores: amarelo, rosa, vermelho. Isso sim, é usar os animais, é não tratá-los da forma como Deus nos ensinou.

  10. Maria das Mercedes, eu sei como se mata uma galinha. E eu como galinha, sempre que tem na mesa. Também como vários outros tipos de carnes, e não pretendo defender a abstenção de carnes em geral. Aliás, eu disse que “É realmente muito gostoso, caranguejo. Mas não quero mais comê-los!” Ou seja, eu já comi caranguejo e “apreciei” o gosto.

    Não é apenas por que não tenho necessidade de comer caranguejos que eu não quero mais comê-los. Caranguejos são cozinhados vivos. A carne deles, apesar de gostosa, é muito pouca! Não vejo uma proporcionalidade nisso que justifique eu consumi-los. Se algum dia eu “precisar” de comê-los, pode ter certeza, racionalmente vou optar por comê-los.

    Quero chamar a atenção de quem me lê para o fato de que um pouco de bom sentimento pelas criaturas de “dignidade” menor do que a nossa não faz mal e, pelo contrário, às vezes é muito apropriado ao espírito.

    Uma coisa é comer um animal por real necessidade ou com o devido respeito pela criatura que deu a vida por você, outra coisa é comer por hedonismo. Este não nos corrompe apenas para não respeitarmos outro ser humano! Aliás, no processo de perda de valores, eu penso que para valorizarmos mal o ser humano (maior dignidade) primeiramente valorizamos mal os animais (menor dignidade). É muito mais razoável pensar que aconteceu assim, gradativamente. Pode não parecer que foi assim por causa de todo o alarde feito pelos ecologistas hoje, mas isso se dá, acredito, apenas por que já estamos desorientados, partindo da desorientação.

    Infelizmente eu já tive a experiência de ter um animal de estimação que eu mesmo comi, enganado. Hoje eu tenho 25 anos. Durante a minha infância, meu pai não queria deixar que tivêssemos um animal de estimação “normal” como um gato ou um cachorro (eu sei que na China se come cachorro; e dizem que aqui no nordeste há quem coma gatos). Ele defendia erradamente que não havia condições dele manter com responsabilidade tal animal, e que como crianças não sabíamos o que isso significava; hoje eu percebo que provavelmente ele tinha era medo de se envolver afetivamente com uma bela criatura.

    Surgiu a oportunidade de termos um galinha. Alguém apareceu aqui em casa com um pintinho. O animal foi ficando… Criamos essa galinha como quem cria um papagaio. Ela dava o pé, ficava em nosso ombro. Dormia numa janela da área de serviço. Claro que ela transitva por dentro da casa, mas ela tinha um nível de domesticação no mínimmo curioso. Ela ficou adulta e envelheceu sendo “nosso animal de estimação”. Mas um dia, circunstancialmente, fomos convencidos de deixar que ela fosse, já velha, para junto das galinhas da minha avó, em outra cidade. E um outro dia, bem depois, na alegria da visita à casa da vovó, [somente] após o almoço, sentimos falta de ir ver Rolita. Simplesmente nos responderam:

    – Vocês acabaram de comê-la, sua vó a matou hoje [para satisfazer os adultos e a vocês].

    Que tristeza! Nunca me esqueci.

    Considero isso como uma maldição.

    Karla Cruz, eu espero que tenha ficado claro que para mim não se trata apenas de violar ou não violar a lei natural. Não devemos violá-la. Mas não penso que seja o bastante, em alguns casos, apenas não violarmos a lei natural, considerando simplesmente o objetivo cru.

    O subjetivismo é um erro, mas eu penso que um objetivismo cru também não é apropriado. Todos somos sujeitos e Deus nos deu os sentimentos.

    Viva São Francisco e seus irmãos!

  11. Belo testemunho, Alexandre Magno!

    Realmente gostei de seu testemunho!

    Também sou bastante franciscano!

  12. Oops! Correção: quando falei “ecologistas” provavelmente eu queria me referenciar àqueles que Karina chamou “ambientalistas”.

    Oops! Correção: “claro que ela [a minha galinha de estimação] não transitava por dentro da casa”.

    Karina, se você ler meu último comentário com atenção, verá que não fugimos tanto assim do tema do aborto. Quando falamos do “valor” da vida humana falamos de valoração, e quando falamos de valoração falamos de valores…

    Se fugimos um pouco do assunto principal do post, eu sou o primeiro responsável por isso. Fiz conscientemente o desvio. Não penso que ele tenha sido mau. Mas quero aqui deixar claro que não pretendi trazer uma discussão sobre violência feita a animais ou uma discussão sobre a licitude de matar um animal para se alimentar.

    Por outro lado, as coisas não são tão simples como dizer que “Se matar um animal para comer é crueldade, tubarões, leões, deveriam estar todos atrás das grades”. Os outros animais podem sentir, mas sua “racionalidade” é diferente da racionalidade humana. Não devemos julgá-los. Privilégio? Privilégio.

    É indiscutível que qualquer animal possui instinto de sobrevivência e pode ter outros instintos. Mas o ser humano não tem apenas instinto para “orientar” seu comportamento, e se ele é mais elevado, que continue elevado.

    Permitam-me fazer um trocadilho com o significado do siignificante “natureza”:

    O homem está autorizado a dominar a natureza, o homem não está autorizado a ser dominado pela natureza.

    Não considero crueldade o homem usar um animal para serviços pesados. Permitam-me a tautologia: considero crueldade o homem usar um animal com crueldade para serviços pesados.

    Karina escreveu:

    Outra coisa é matar por diversão/luxo. Caças. Rodeios. Bolsas de pele de animais “exóticos”. Casacos de pele. Acho isso tudo um absurdo.

    É por aí, a minha opção de cardápio sem caranguejos…

    Vejamos o que eu escrevi:

    Não é apenas por que não tenho necessidade de comer caranguejos que eu não quero mais comê-los. Caranguejos são cozinhados vivos. A carne deles, apesar de gostosa, é muito pouca! Não vejo uma proporcionalidade nisso que justifique eu consumi-los. Se algum dia eu “precisar” de comê-los, pode ter certeza, racionalmente vou optar por comê-los.

  13. Alexandre,

    Sinto muito pelo seu trauma de ter comido uma velha amiga galinha.

  14. Segundo o UOL, e pelo que eu entendi, o Sr. Dionísio Broxado Lapa Filho é deputado estadual pelo PSDB, eleito em 2010.

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