Os maus frutos dos abusos litúrgicos

Alguns comentários surgidos no meu post sobre a escandalosa “missa pré-balada” são, por si sós, exemplos incontestáveis da miséria religiosa na qual se encontram os católicos brasileiros. Dão testemunho claro do mal que causam estas “celebrações” totalmente destoantes do senso religioso mais rudimentar – coisa que, como se pode infelizmente constatar, falta em muitos do que aqui vieram se dizendo católicos.

Um erro concreto é uma coisa terrível. Porém, muito mais terrível é a defesa pública do erro. Na maioria das vezes, há muito mais malícia em se defender um pecado do que em cometê-lo. Há mais malícia nas “Católicas pelo Direito de Decidir” do que numa jovem que, pressionada pelo namorado, realiza um aborto. Há mais malícia em um site gayzista como o “Diversidade Católica” do que em um sujeito que, sob a influência de más companhias, vai a uma festa e tem relações sodomitas das quais depois se arrepende. Há mais malícia em se defender abertamente a destruição da Liturgia Católica do que em uma missa mal-celebrada.

Porque um pecado concreto está limitado pelas contingências objetivas nas quais ele se insere. É geralmente feito às escuras, porque se tem consciência de que se trata de uma coisa vergonhosa. Pelo fato da consciência desaprovar-lhe, dele é possível arrepender-se mais facilmente. Há, geralmente, as circunstâncias exteriores que lhe são propícias e lhe dão incontestável incentivo para que ocorra. Não obstante, é mesmo assim uma coisa terrível e uma ofensa infinita e ingrata ao Deus Onipotente! Ora, quão mais terrível então não será defender o pecado às claras, deliberando friamente sobre a situação fora da qual se está, deformando assim a própria consciência e a dos outros? Enquanto cometer um pecado leva para o Inferno aquele que o comete, defender publicamente o pecado arrasta para o Inferno multidões de almas.

Volto à escandalosa missa ocorrida em Maringá (cujo vídeo foi posteriormente removido pelo usuário). O abuso litúrgico é grave. O fato de ser premeditado (já que a referida missa já havia ocorrido outras vezes e já tinha datas previstas para tornar a acontecer) é ainda mais grave. No entanto, o que é mais desolador em tudo isso é ver pessoas defendendo a ofensa a Deus, ou indiferentes a ela. “Não vi tanto escândalo assim neste filme”, “não acho que esse seja um caso grave”, “não vi nada de errado”… estes foram os comentários de alguns (auto-intitulados) católicos que por aqui passaram.

Vamos à aula de catecismo para crianças (literalmente). Vamos ao “Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã” (Vozes, 145ª Edição, Petrópolis, 2005), que as crianças estudam – ou melhor, deveriam estudar – antes de fazer a Primeira Comunhão. Questão nº 139: “Que é a missa”? Resposta: “A missa é o sacrifício incruento do corpo e do sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das aparências de pão e de vinho, em memória do sacrifício da cruz”. E é bastante óbvio para qualquer pessoa normal que é (para dizer o mínimo) desrespeitoso colocar um globo de luz e gelo seco numa cerimônia que torna presente o Calvário.

Vamos à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Vamos à Redemptionis Sacramentum, “sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia”. As palavras são claras: “não se pode calar ante aos abusos, inclusive gravíssimos, contra a natureza da Liturgia e dos sacramentos” (RS 4). Há, no entanto, “católicos” por aqui dizendo que não há problema algum nos abusos litúrgicos, que não devemos nos preocupar com isso, e coisas similares.

Adiante, na mesma instrução (cuja leitura, aliás, é enfaticamente recomendada): “Coerentemente com o que prometeram no rito da sagrada Ordenação e cada ano renovam dentro da Missa Crismal, os presbíteros presidam, «com piedade e fidelidade, a celebração dos mistérios de Cristo, especialmente o Sacrifício da Eucaristia e o sacramento da reconciliação». Não esvaziem o próprio ministério de seu significado profundo, deformando de maneira arbitrária a celebração litúrgica, seja com mudanças, com mutilações ou com acréscimos” (RS 31). A Igreja, portanto, proíbe aos padres “mudanças”, “mutilações” ou “acréscimos” na celebração litúrgica. Coisas que, infeliz e evidentemente, abundam na celebração ocorrida em Maringá. A Santa Missa não é propriedade privada de ninguém, e sim de toda a Igreja. Há normas bem detalhadas para a sua correcta celebração que devem ser obedecidas. Assim é a Igreja Católica. O resto, é achismo de quem se diz católico mas não se porta como tal.

E os frutos podres destes abusos litúrgicos estão mais do que evidentes na própria defesa que estes “católicos” fazem deles. Total ignorância dos rudimentos da Fé Católica, confusão doutrinária, completa ausência de senso litúrgico e de sentire cum Ecclesia. São estes os “católicos” (de)formados por esta escola de negação do catolicismo. Até quando iremos contemplar amargamente este processo de destruição da Fé nas almas dos filhos amados de Deus?

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

48 comentários em “Os maus frutos dos abusos litúrgicos”

  1. Eles têm muita sorte de não haver internet e filmadoras amadoras antes do Concílio… Por que não perguntam a seus avós para saber como era a Missa tridentina quando todos eram obrigados a ela? O Sr. Vinícius já disse tudo acima, pena alguns não saberem ler e acharem que nós é quem não sabemos, e ficarem re-postando questão respondida pra ver se nos convencem por osmose.

  2. Jorge, Jorge, criticas o que tu mesmo fazes… Já ouviu falar em projeção? Pois bem. Ei-la aqui em seu blog.
    Acredito que sua intenção seja boa, mas você não tem a menor idéia da malícia contida nas suas palavras, nas suas críticas, no quão tudo isso que você diz é distante de Nosso Senhor Jesus Cristo e do que Ele pregou.
    Com suas palavras, muitas vezes, você mais transmite raiva do que qualquer outra coisa. Fica a se preocupar com o secundário, esquecendo-se do principal.
    É muitro triste.

  3. “O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.

    Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na Missa Tridentina.”(5)

  4. Pois é, vocês gostam muito de culpar o concílio, mas todas as pessoas que assistiram à missa pré-conciliar são unânimes em afirmar que não entendiam NADA do que estava acontecendo. Tanto que não é nem um pouco difícil achar testemunhos de pessoas que rezavam o terço durante a missa.

    Eu acho que vocês criam uma divisão pré/pós conciliar que simplesmente não existe. É a mesma Igreja que continua anunciando a boa nova e trazendo Cristo a nós pela Eucaristia…Particularmente gosto dos dois ritos, ambos me enriquecem. Sou assíduo semanalmente nos dois ritos.

    Assim como existiam abusos antes(como citei, a péssima catequese para a participação da missa), existem abusos na missa nova. Ambos oriundos de um clero mal preparado e desobediente. Agora se vocês quiserem continuar criticando o magistério da Igreja como fazem os tais “irmãos separados”, lavo minhas mãos.

  5. Concordo com a Lia. Vejo que neste site em e alguns outros sites e também em certos movimentos da Igreja está sendo feito o trabalho que caberia a Satanás: estão semeando divisão, ódio, raiva bem ao contrário do que Jesus dizia – “Nisto conhecerão que soi discípulos meus: se vos amardes uns aos outros como eu vos amei”.

  6. “O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.

    Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na Missa Tridentina.”(6)*

    *caras-de-pau

    “O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pela falta de preparo do clero que não põe em prática as diretrizes para bem celebrar a Missa Nova.

    Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na única Missa de rito Pré-Conciliar (afinal, a Missa Nova é Tridentina, só para não confundirem-se os incautos) que existe no seu Estado, no único dia da semana que é celbrada” (1)

  7. “O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pela falta de preparo do clero que não põe em prática as diretrizes para bem celebrar a Missa Nova.

    Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na única Missa de rito Pré-Conciliar (afinal, a Missa Nova é Tridentina, só para não confundirem-se os incautos) que existe no seu Estado, no único dia da semana que é celebrada” (2)

    “O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.”

    Parem um pouco de copiar e colar um comentário e usem um pouco da lógica elementar, inerente a todo ser humano com cérebro utilizável. Se a “Missa nova” é “plenamente compatível” com os abusos litúrgicos, então estes já não são abusos, mas simplesmente parte integrante do rito, “plenamente compatíveis”… Abuso é, por definição, abuso! Ou seja, não pode, não é compatível.
    Impressionante a capacidade de alguns para escrever – e repetir – asneiras.

  8. Creio que a afirmativa “plenamente compatível” está no sentido de “o novo rito favorece os abusos litrugicos” porque deixa muita margem para a craitividade do padre. E só uma obervação: Quem aqui tiver assitindo uma missa da década de 80 logo perceberá que já não é a mesma. Nesta não tinha danças, os cânticos eram mais piedosos,(“Eu sou ocaminho a verdade e a vida…” era um deles) não havia aplausospor cima de aplausos. Então neste sentido o novo rito favoreceu O SURGIMENTO DE ABUSOS. É neste sentido que se colcou o termo compatível. Claro que tão compatível que certos gestos estão mesmo impregnados no novo rito com fazendo parte deste. Vejamos: Anuncio do Evangelho. Após, o povo todo bate palma. É automatico. Isso em quase todas as missas.(Pelo menos aqui no Ceará é assim)Oração da paz. O apdre pede pra rezer junto com os fieis. Não faz parte do rito. Só o padre deve dizer. Pai-nosso. Todo mundo dá as mãos. Isto já faz parte do Rito mas nunca foi do proprio rito. Então o que antes era abuso está pelo costume, se tornando mesmo parte de um novo rito. Há mais diferença entre a Missa nova na decado de 70 e 80 da de hoje, do que entre a missa trindentina e o rito novo no início de sua implantação.

  9. O mito da crise de vocações
    Por Pedro Ravazzano

    Na atualidade tornou-se deveras comum o discurso que se fundamenta na análise da pobreza e das estruturas de opressão. Com uma clara motivação ideológica, tais estudos são quase sempre superficiais e essencialmente destinados ao fracasso devido aos próprios intentos desejados. Dentro da Igreja, infelizmente, existe alas fortíssimas onde essa leitura não só se faz presente como ocupa importantes espaços em diversos campos eclesiásticos.
    Cônegos Premonstratenses da Abadia de São Miguel, nos EUA. Fundada na década de 60 já conta com quase 50 Sacerdotes e 20 seminaristas.
    Desde o fim do Concílio Vaticano II, certas Congregações, embebidas numa visão segmentada e imperfeita dos documentos conciliares, abriram mão das próprias tradições internas – hábito, devoções, ritos – e, inclusive, da correta visão do carisma e da espiritualidade. O amor aos pobres, aos idosos, às crianças, aos enfermos etc, transformou-se num assistencialismo ideologizado muito distante da correta compreensão da mensagem evangélica. Enquanto outrora irmãos iam pelas ruas à procura dos excluídos, dando a eles o amor de Cristo, os Sacramentos e, em seguida, o auxílio ao corpo, se em outros tempos frades andavam pelo corredor dos colégios educando os jovens, dando a eles formação cristã e humana, hoje encontramos portentosas obras “sociais” administradas pelas Congregações, mas comandadas por um enorme séquito de leigos e com religiosos muito ocupados fazendo análises econômicas e sociológicas sobre a pobreza e a concentração de renda no país.

    Claro que o estudo intelectual dos problemas que assolam o mundo moderno é importante e pertinente. Entretanto, existe uma total diferença entre adentrar no campo do estudo e preterir a vida espiritual e a própria doutrina tendo em vista uma compreensão totalmente ideologizada do que seja a pobreza e o pobre. Não ironicamente muitas dessas Congregações vivem uma triste realidade de poucas vocações. De fato, o que motiva a identificação do chamado com o carisma é a vivência plena – numa sadia radicalidade – do espírito inaugurado pelo Fundador inspirado por Deus. Não obstante, na atualidade encontramos não só o esvaziamento dessa riqueza espiritual como, influenciado pela ideologia marxista-libertadora, o rebaixamento e equiparação dos carismas. Por exemplo, viver a Paixão de Cristo tornou-se cuidar dos “crucificados” pelo capitalismo, amar os pobres e a pobreza transformou-se em engajamento de cunho político e motivação revolucionária, educar a juventude reduziu-se a infantilizar a fé e livrar-se de qualquer “arcaísmo” etc.
    Arautos do Evangelho: não existe a idéia de crise vocacional nas suas fileiras
    O que difere o camiliano que funda o hospital, o capuchinho que está nas ruas, o lassalista que abre instituições de ensino, da ONG e grupos de apoio aos mais necessitados é a motivação real e concreta; o amor a Jesus Cristo. Entretanto, essa experiência pessoal com Nosso Senhor, o motor que impulsiona os corações apaixonados, realiza-se através da vida espiritual e sacramental. Sem o equilíbrio necessário entre a relação vertical – Deus e homem – e horizontal – homem e homem – o ardor apostólico transforma-se em mero assistencialismo ordinário. O amor aos pobres inicia-se de joelhos diante do Sacrário!

    A falta de percepção a respeito dessa realidade tão natural na vida religiosa foi causada pela má compreensão do Concílio Vaticano II. Entretanto, foi através da crescente influência da mentalidade marxista dentro das casas de formação que a ótica materialista galgou degraus nas comunidades religiosas. A Teologia da Libertação minou o espaço da oração, da vida sacramental, da ortodoxia doutrinária, e destacou a importância da “pastoral” e da práxis. Não obstante, o apostolado só é frutífero quando brota antecipadamente do espírito de piedade e contemplação. Ora, se não há vida interior a ação apostólica vai esvaziar-se de sentido e passará a se fundamentar na iniciativa meramente material de buscar a transformação social, a famigerada “libertação”.
    Beneditinas, em Kansas City: nove monjas fazendo profissão de votos solene e com número crescente de vocações
    As Congregações mais envoltas na perspectiva da Teologia da Libertação sofrem com uma grave crise de vocações. Ou não conseguem atrair os jovens ou só encontram espaço junto aos rapazes que procuram a vida religiosa como forma de ascensão e/ou esconderijo. Entretanto, falar de “crise vocacional” é uma afirmação temerária. Devemos, outrossim, analisar o quadro em sua amplitude. Diversas Congregações, Ordens e Institutos vivem um grande alvorecer de chamados; Monjas Carmelitas, Legionários de Cristo, Arautos do Evangelho, Toca de Assis, Arca de Maria, alguns conventos de Clarissas, Dominicanas, mosteiros Beneditinos, Cistercienses etc. O que há em comum entre todos eles? Podem ser considerados como religiosos que levam com radicalidade o carisma ao qual Deus os chamou, são coerentes com a vocação e trilham plenamente o chamado feito pelo Senhor. Logicamente, no testemunho da própria espiritualidade, o religioso é o chamariz da beleza do carisma por ele abraçado.

    As Dominicanas de Nashville, as Carmelitas de Cotia, os Beneditinos de Núrsia, os Premonstratense de Oragen Country etc, não têm a mínima idéia do que seja “crise vocacional”; grande número de postulantes, noviços e simplesmente interessados. Para eles crise vocacional é, no máximo, falta de espaço. Cenário muito distinto de certas Congregações onde não há devoção eucarística, testemunho do carisma, oração, piedade e coerência com a espiritualidade e a vida do Fundador. A Conferência dos Bispos dos Estados Unidos realizou uma profunda pesquisa a respeito das vocações à vida religiosa, efetuada pelo Center for Applied Research on the Apostolate da Georgetown University. A análise disse, entre outras coisas, que “As instituições de maior sucesso em termos de atrair e reter novos membros são, no momento, aquelas que seguem um estilo mais tradicional de vida religiosa, em que os membros vivem juntos em comunidade, participam da Comunhão diária, recitam o Ofício Divino, fazem práticas devocionais, usam hábito religioso, trabalham juntos no apostolado comum e mostram ostensivamente a sua fidelidade à Igreja e aos ensinamentos do Magistério. Todas estas características são particularmente atraentes para os jovens que ingressam hoje na vida religiosa.”
    Franciscanos da Imaculada: 9 frades ordenados diáconos numa mesma cerimônia e com cada vez mais casas espalhas pelo mundo
    Em sintonia com esse crescente aumento de vocações, a Inglaterra e o País de Gales têm visto o constante incremento do número de jovens que buscam concretizar o chamado de Deus no Sacerdócio. Obviamente, os frutos que hoje são colhidos refletem um trabalho muito bem articulado pelas dioceses da região. Em 2005, por exemplo, a Conferência da Inglaterra iniciou uma campanha ostensiva, com presença nas ruas e nos metrôs, com o slogan “Get Collared for the Challenge of a Lifetime”

    O jovem que procura a vocação, inspirado por Deus, está sedento da identidade a qual o Senhor o chama. Assim, as Congregações que buscam apresentar um carisma distorcido, algo distante da cruz e do próprio testemunho estão fadadas a presenciar o próprio fim. Quão triste é olhar para a vida do Fundador e ao contemplar a sua fundação na atualidade não enxergar a continuidade e a vivência integral da novidade por ele trazida.
    Dominicanas em Nashville, EUA: já são mais de 100 Irmãs e a média de idade não passa dos 26 anos
    A crise de vocações é uma falácia e desconhecida para muitas Ordens, conventos e mosteiros. Os que mais divulgam a sua existência são os religiosos que abraçam – com a devoção que não têm à Igreja – as suas percepções distorcidas do que seja a fé e a experiência com Cristo. Afastam as vocações enquanto gritam que estão no caminho certo. É como o barco que afunda em alto mar enquanto o timoneiro grita “terra à vista”!

  10. Manoel Carlos, perfeita análise de Pedro Ravazzano, mas – sem querer desmerecer, de jeito nenhum – nada que qualquer pessoa sensata não possa perceber. Vejo em minha cidade, que na década de 1950 tinha um grande seminário dominicano – a mesma congregação de frei Betto, diga-se – com cerca de 60 frades. Hoje a casa ainda está lá, com quatro sacerdotes de uma média de idade de uns 80~85 anos e nem moscas de aparecer algum possível vocacionado. Detalhe: corre o boato de que um dos dominicanos que aqui temos doou toda a herança que recebeu de família adivinhem para quem? Para a Igreja? Não… para o PT! Verdade ou não, de qualquer maneira ele ‘doou’ também alguns eleitores por suas homilias…

    Francisco, sinto muito mas isso prova que nada tem a ver com o rito. Em minha cidade – na diocese de um modo geral, temos um bispo bastante razoável, apesar de não ser do mais ortodoxos – as coisas não estão uma maravilha mas aqui parece estar bem melhor que aí. O problema não é do Concílio, da reforma ou sei lá o que mais. O problemas maior é o clero! (E olhe que o daqui ainda é bastante duvidoso…)

  11. De certa forma está relacionado ao concilio. Os documentos do Concilio ao mesmo tempo que afirmam uma coisa e em outra parte parece nega-los. Veja um exemplo: Em relação as outras religiões inclusive as cristãos o texto de um dos documentos conciliares, Lumen Gentium, (corrijam se eu estiver enganado) diz que as outras religiões possui elementos de verdade e santificação. Ora sendo assim para que o anuncio de Cristo? Não seria destruir as culturas? Por isso os padres não pregam mais para converter. Esta postura foi tão grave que foi necessário dois documentos posteriores para confirmar a validade com mandato missionário: A Dominus Iesus e a Nota Doutrinal Sobre Alguns Aspectos da Evangelização. E muitos outros sobre liturgia. Concordo que o maior problema é o clero mas eles encontram orientações em textos conciliares que de certa forma embasam sua postura e omitem os outros textos que contrariam suas reais intenções. Não tenho conhecimento de que na história da Igreja , após um concilio houvesse tanta necessidade de outros documentos ou Encíclicas, Instruções da Santa Sé para defender a doutrina católica dos abusos embasados por muitos padres no próprio Concilio Vaticano II.

  12. Francisco, sua hipótese não peca contra a lógica, mas não concordo com essa relação de causa e efeito. Para mim a causa é o clero desobediente – mais que isso, mal-intencionado – que busca nos textos justificativa para seu posicionamento nada cristão. Se embasar em um documento não significa muita coisa: veja o exemplo que sempre dou: o Sr. “bispo” Edir Macedo defende o aborto embasado na Bíblia. Numa distorção dela, é claro. É o que aconteceu em larga escala com os documentos do Concílio Vaticano II.

    Este exemplo: “as outras religiões possui elementos de verdade e santificação”. Isso é verdade, mas deve ser analisado de acordo com a doutrina, não ao gosto particular. Justifica-se que o homem tem uma espécie de predisposição natural a buscar a Deus, e as diversas falsas religiões realizam esta busca. E eventualmente elementos dessas religiões podem ser tomados por base num processo de evangelização e conversão.
    Para concluir, deixe-me inventar um exemplo agora mesmo em poucas palavras: uma tribo indígena realiza cultos e oferece javalis a uma divindade. O evangelizador cristão deve ensinar-lhes que estão certos, existe um único Deus e que são necessários sacrifícios de propiciação; e que o único sacrifício agradável a Deus é o de Cristo na Cruz, renovado a cada Santa Missa.

  13. Rafael,

    Perfeitíssimo. É a lógica, não é? Sim é sim. Não é não.

    Estou muito feliz de aparecerem defensores do CVII nos comentários desse blog. Afinal, quando se fala um “a” para a turminha obstinada, juntam-se, em coro, uma leva de defensores dessas idéias com seus textos enormes e suas explicações inexplicáveis.

    E, não perca tanto tempo em querer dialogar com a turminha. É muito difícil compreenderem que 1+1=2.

    Já vieram defensores do CVII de altíssimo nível por aqui, como este rapaz:

    https://www.deuslovult.org//2010/01/31/joao-paulo-ii-e-o-silicio-bento-xvi-e-el-pais/

    Mas esse eles não aprendem.

  14. Maria das Mercedes, eu sempre faço o que posso, mas é realmente missão quase impossível. Agora, às vezes eu vejo a diretoria da FSSPX dialogando com a Santa Sé e fico pensando: E se de repente eles se convencem e resolvem aceitar o CVII? Será que vão acusar a FSSPX de traidora e fundar novos apostolados, ou pior, uma nova igreja? É esperar pra ver, porque tem uns, muitos deles na verdade, que parece que nem assim se convencerão.

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