O aborto e o governador do Rio de Janeiro

Estou meio otimista, disposto a enxergar o lado positivo dos acontecimentos atuais – por deprimentes que sejam. Refiro-me, especificamente, às cretinas declarações do sr. governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sobre o aborto. Conclamando pelo fim da hipocrisia, o excelentíssimo governador defendeu a legalização do aborto com a seguinte pérola de argumento: “quem não teve uma namoradinha que teve que abortar”?

À primeira vista, o que a frase faz é chocar. Como é que um governador tem capacidade de ser tão – nas palavras do Reinaldo Azevedo – ligeiro, leviano, irresponsável, deseducado, deseducador e, acima de tudo, machista? É este tipo gente chula que queremos para governar o nosso país? Queremos manter nos nossos cargos públicos este tipo calhorda de governantes que, de modo tão baixo e vulgar, usam a sua influência política para fazer apologia ao crime?

A tese, exposta assim sem pudores, é tão escandalosa que nós nem nos preocupamos em entrar no mérito dos argumentos – que, aliás, não existe. É naturalmente muito grande o número de pessoas que nunca teve uma “namoradinha” que “teve” que abortar. No entanto, ainda que não o fosse, a ocorrência freqüente de uma conduta criminosa (em qualquer lugar do mundo e sob qualquer lógica) é motivo para se aumentar a fiscalização, e não para “liberar geral”. O pessoal do Twitter, na semana passada, logo após as declarações do governador do Rio, não perdoou: “quem nunca teve que receber uma propininha para votar em um projetinho de lei?”; “quem nunca precisou colocar amiguinhos incompetentes em cargos de confiança?”; “quem nunca teve que superfaturar um orçamentozinho?”; e outras coisas do tipo. A vantagem das declarações do Sérgio Cabral – e isto é o meu lado otimista sobre o qual eu falava acima – é que ele não tem vergonha de dizer o que diz. Ele não se preocupa em ser calhorda e vulgar. É deprimente, mas pelo menos revela quem esta gente é.

E o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira está propondo uma ação contra estas declarações do governador do Rio de Janeiro – vejam lá como fazer. Não deixemos de pôr as claras o caráter de gente do naipe do Sérgio Cabral. O Brasil não precisa desta infâmia.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

13 comentários em “O aborto e o governador do Rio de Janeiro”

  1. Espero que as pessoas reflitam bem que, no fundo, os abortistas são todos assim: pouco se preocupam com o valor da pessoa, seja ela a criança abortada, seja a mulher que aborta, vista como objeto.

    O que mais me chamou atenção na Folha de São Paulo foi um dos comentários favoráveis ao governador. ERa de uma menina que, ao ser confrontada com o desprezo dos homens pelas mulheres que engravidam “de propósito” e as forçam a abortar, lançou o seguinte argumento(?!):

    “Ora, já passou pela cabeça de vocês que nem todas as mulheres são forçadas a abortar? Existem mulheres que querem comandar seu próprio corpo, é por isso que o aborto tem que ser liberado.”

    Vejamos a lógica imbecil e machista dessa pseudo-feminista, cria do governador:
    Ainda que houvesse um milhão de meninas com o coração quebrado, violentadas por seus “namoradinhos”, ameaçadas, forçadas a abortar, não importa. Essas daí são fracas demais para serem consideradas mulher, elas que se virem com seus “problemas”. Urge legalizar o aborto para aquela meia dúzia que acha que tem direito sobre o “próprio corpo”.

    E viva o feminazismo…

  2. Sinceramente, não vejo diferença entre essa frase e a de Paulo Maluf: “estupra, mas não mata”…

  3. Esse verme que atende pelo nome do Sérgio Cabral, infelizmente governador do meu Estado, não tocou em nenhum tema parecido durante a sua campanha para reeleição. Como covarde que é, na campanha não explicitou tais idéias, deixando para bancar o “macho”, agora, depois que um bando de incautos já haviam votado nele. Nada me pesa na consciência. Anulei o voto para governador nos dois turnos. Já conhecia bem a “bisca” que o Cabral é.

  4. Caso ele se candidate a governador em 2014, estou propenso a mudar meu voto para ele. Demonstrou coragem ao denunciar a hipocrisia.

  5. É por essas e outras que eu repudio cada vez mais essa classe política que nós temos.
    Pena que não posso dar aqui a resposta que ele merece, mas, o mais light que posso dizer é que esses caras em geral não passam de uns parasitas.

  6. É, Ricardo, denunciou a hipocrisia dos abortistas, que não estão nem um pouco preocupados com a dignidade da mulher. “Descartável” está escrito nelas. Eu também pensaria em mudar meu voto, caso já tivesse votado nele.

  7. James

    “Nada me pesa na consciência. Anulei o voto para governador nos dois turnos. Já conhecia bem a “bisca” que o Cabral é.”

    É muito fácil anular o voto. É o famoso gesto de “lavar as mãos” procurando dessa forma não se responsabilizar por nada.

    Quem anula vota ou vota em branco é também responsavel pelos políticos que são eleitos.

  8. O Senhor governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral declarou ontem: “Quem aqui não teve uma namoradinha que teve de abortar?”. Bom, vamos logo responder a pergunta do ilustre mandatário; eu e milhões de brasileiros, sr. governador, satisfeito?
    agora vamos a outros fatos. Namoradinha é um bom eufemismo para amante, coisa que gente da classe do sr governador tem as pencas. E aí entramos no ato falho do sr governador. Ato falho é um erro na fala, na memória ou numa ação física que seria supostamente causada pelo inconsciente. Portanto o sr governador se entregou em suas afirmações. Ele ainda diz: “Me refiro a diversas pessoas que tiveram namoradas que engravidaram e que foram abortar em clínicas clandestinas”; e ainda piora a sua situação, numa atitude clara de quem percebeu o seu ato falho, quanto também ressaltando, em seguida, que esse não era o caso dele. “Fiz vasectomia e sou muito bem casado”.
    Por isso concordamos com Nelson Rodrigues quando disse que os idiotas herdariam a terra. Mas concordamos também com o sr. governador Cabral quando diz na mesma entrevista: “O que eu quero dizer é que há uma hipocrisia no Brasil”. Realmente sr governador, e o sr é um dos grande hipócritas de nosso Brasil.

  9. Hipocrisia? A única hipocrisia bem notória nesse episódio é a de um político que ultraja publicamente aa mulheres, num machismo acintoso.

    Por outro lado, é hipócrita, mas sobretudo cínico quem atribui à ampla maioria do povo brasileiro hipocrisia por ser contra o aborto, ainda mais tendo um mandado desse mesmo povo, que deveria, pontos de vista à parte, ser respeitado.

    E ainda cabe mais sobre a dona hipocrisia. Esse político, assim como outros de sua corja, omitiram-se espertamente na campanha eleitoral no tocante a esse assunto. Quando em campanha, nenhum deles defende descriminalização do aborto. Uma vez conseguido o mandado, aí dão declarações desrespeitosas como a do governador. Quer exemplo mais cabal de um hipócrita?

  10. Eu sempre tive a curiosidade de saber que hipocrisia é essa que esses idiotas se referem

Os comentários estão fechados.