As “armas assassinas”… será?

Folha de Pernambuco

A charge ao lado foi publicada na Folha de Pernambuco de hoje. Ilustra uma verdade bastante óbvia e, no entanto, muito obscurecida pela cortina de fumaça desarmamentista que vemos nos nossos dias: armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas e, quando não têm acesso a armas de fogo, fazem-no com qualquer instrumento que lhes caia à mão. Armas são objetos que não têm vontade própria. Podem ser usadas tanto para matar quanto para defender inocentes.

Não consegui encontrar no Youtube, mas me lembrei agora de um desenho (salvo engano) do Pateta que eu gostava de assistir vinte anos atrás. Mostrava “carros bêbados” andando pelas ruas, batendo nas coisas, provocando acidentes; em um certo momento, o desenho mostrava o motorista saindo do carro, e – este sim! – estava embriagado e era o responsável por todas as barbeiragens mostradas anteriormente. “Carros bêbados” eram, na verdade, carros dirigidos por pessoas bêbadas: um ensino perfeitamente correcto, em uma época na qual ainda era possível encontrar boas lições nos desenhos voltados para o público infantil.

Da mesma forma que não existem “carros bêbados”, não existem “armas assassinas”. O que existem são armas empunhadas por assassinos, e isso (infelizmente) sempre vai existir: se não forem armas de fogo serão facas, pedras ou pedaços de pau. Uma arma não faz um assassino; ao contrário, é o assassino que é capaz de transformar em uma arma qualquer coisa que esteja ao seu alcance.

Toda a cortina de fumaça levantada pela campanha do desarmamento consiste, na verdade, em uma grande falsificação da realidade. O alvo desta campanha não são simplesmente as “armas de fogo”, consideradas no geral, e sim um subconjunto bem específico e restrito dessas: são as armas registradas por cidadãos que, após criteriosa avaliação do Estado, mostraram-se física e psicologicamente aptos a possuirem-nas. Que ninguém se engane: quando se fala em “desarmamento”, não se está falando em recolher as armas dos bandidos. Está-se falando em proibir aos civis a posse de armas de fogo, mesmo que estes possuam treinamento e passem incólumes por criteriosa avaliação dos órgãos de fiscalização do Estado.

Eu entendo a preocupação de algumas pessoas: naturalmente, ninguém é imune a erros e crimes passionais são perfeitamente passíveis de serem cometidos por “homens de bem”. Mas os problemas que devem ser atacados são aqueles que existem, e não os “possíveis”. A questão relevante aqui é: existem crimes cometidos por cidadãos autorizados a possuírem armas de fogo em uma proporção que justifique socialmente a supressão do direito de possuir armas para todas as pessoas? Pelas notícias que eu tenho conhecimento, inclino-me fortemente a pensar que a resposta a esta pergunta é negativa. Nem me recordo, aliás, da última vez em que li ou ouvi dizer que alguém com posse de arma a tivesse usado para cometer um crime passional! O que existe – e, agora sim, existe muito – são crimes cometidos por armas ilegais. Estas, sem dúvidas devem ser fiscalizadas; mas isto não tem nada a ver com o desarmamento ideológico que nos querem impôr.

Sobre o mesmo assunto, vale a pena ler também o artigo do delegado Rafael Vitola Brodbeck no “Diário Popular” de Pelotas: “Não foram as armas que mataram no Realengo…” E, de fato, não foram. Como foi dito acima, armas não matam. Armas são mero instrumentos, e nunca agentes. São as pessoas que matam. O Estado faria muito mais pela segurança pública caso se preocupasse com as causas verdadeiras do problema, e não meramente com as instrumentais.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

20 comentários em “As “armas assassinas”… será?”

  1. O pior é que se não existissem armas de fogo, a tragédia de Realengo talvez ficasse ainda mais chocante. Pois aquele cretino entraria ali com facas e sairia esfaqueando todas as mocinhas que encontrasse pela frente. E o resultado seria ainda mais feio…
    E aí? Depois proibiríamos a fabricação e o comércio de facas???

  2. Eu jamais possuiria uma arma de fogo. Mas concordo penalmente que o que está havendo é uma campanha ideologia para subtrair do cidadão de bem a posse de uma arma; estes alegam que estas podem ser usadas por crianças quando encontradas e utilizadas num momento de desequilibro emocional se estiveram ao alcance. Esquecem a pensar assim policiais civis também não poderia usar armas. Estes possuem porte de armas quando não estão a serviço e com certeza também tem filhos que poderiam encontra-las. E podem num momento de raiva e desequilíbrio também usa-las porque estas estão a seu alcance. Se é pra desarmar que comecem pelos seguras contratados pelos deputados, governadores, governadores e presidente, já que eles pensam que vivem num mundo de paz e amor e que um bandido ao ver um desarmado lhe entregará um buquê de rodas porque voce é da paz…

  3. A única ressalva que vejo neste artigo é a seguinte: carros servem para matar, mas servem primordialmente para transporte (pessoas, cargas, etc.) e passeio. Facas servam para mater/ferir, mas servem primordialmente para outras coisas (cortar carnes, pães, passar manteiga nos mesmos, etc.). Mas: ea as armas (de fogo)? qual a função primordial delas? Ferir, matar, certo? Outras funções (caça,por exemplo) na verdade são um “subproduto” das mesmas… sua função primordial ainda é ferir, intimidar (nem que seja em autodefesa): portanto, são um produto da maldade do ser humano… não entro no mérito da questão da proibição das armas de fogo, mas a minha lógica está certa?

  4. Alien, a arma serve primordialmente para se defender.

    Defender da “maldade do ser humano”.

    Se, numa mágica, todas as armas desaparecerem, você acha que mudaria algo nessa violência que vivemos? Você acha que assaltos a bancos, tráfico, sequestros, iria acabar?

    Já vivemos numa sociedade sem armas praticamente. A tv e autoridades ensinam que não se deve reagir em assalto.

    Enfim, vivemos numa sociedade covarde. Do qual ser bandido vale a pena. Para quem não tem fé, moral e coragem, ser bandido é o melhor caminho nesse país.

  5. Caro Alien,

    Legal seu raciocínio ! Acho que tudo depende de quem as possui. Carro nas mãos de pessoas são transporte ,nas mãos de um bêbado…
    Faca nas mãos de quem vai cozinhar são ferramentas ,nas mãos de um psicopata…
    Arma de fogo nas mãos de policias,esportistas e pessoas de bem são defesa,subsistência e lazer, nas mãos de marginais…

    abraços,

    lucas

  6. Caros

    Três amigos meus compraram “bestas”, que basicamente são arcos que atiram flechas, mas possuem gatilhos e o tensionamento do arco permite que uma flecha com ponta metálica fure a lataria de um carro.

    Porquê?

    Bem, ele me disseram que o governo mandou anunciar para todos os bandidos que agora eles não possuem nenhuma arma de defesa em casa. Qualquer bandidinho não tem motivo para sentir-se ameaçado ao invadir uma casa, mesmo que esta esteja com seus moradores na porta.

    Todos concordaram que sempre deveriam evitar mandar um invasor de suas casas para um julgamento divino antecipado, mas que a prioridade sempre seria a defesa própria e de suas famílias, e que o maior responsável por manter-se o máximo de tempo nesta vida deveria ser o bandido invasor.

    ps para a compra da besta, não é necessário sequer indetificação.

  7. O desarmamento so deixará a população mais indefesa e os bandidos mais tranquilos. É como por uma placa, bandidos sejam bem vindos!

  8. Entendo e concordo – não sem ressalvas – com o que foi dito no artigo, mas tenho dúvidas que gostaria de lançar para discussão.

    Em princípio, é evidente que essa campanha de desarmamento, da forma como vem sendo executada, não é, nem de longe, a solução para o problema da violência. Entretanto é uma tentativa que, motivada por questões ideológicas ou não, tem seu valor, mais pela intenção do que pela eficiência.

    É correto também afirmar que armas, por si próprias, não matam. E apesar de nisso não haver nenhuma grande constatação, parece que a aparente obviedade desse fato está meio obscurecida. Ainda.

    No entanto, têm-se falado muito no direito que cidadãos de bem têm de possuirem uma arma para auto defesa, tida nesses casos como legítima, sob a alegação de que o poder público não cumpre com a parte que lhe cabe de assegurar ao cidadão de bem a sua segurança.

    No entanto, muitos desses cidadãos de bem, são católicos que têm – ou deveriam ter – como prerrogativa de sua conduta social a DEFESA DO DIREITO INALIENÁVEL A VIDA.

    Então, para ilustrar, imaginemos que um civil, católico praticante, gozando totalmente de sua condição de cidadão de bem, livre comprometido com uma sociedade melhor, decidi, motivado por inúmeros fatores (todos válidos) possuir uma arma de fogo, legalmente adquirida e registrada. Um dia esse mesmo cidadão se depara com uma situação em que seja preciso usar essa arma e por, uma “fatalidade” o seu agressor morre. Obviamente um fato como esse deve ser um trauma para qualquer cristão. Mas, pode-se chamar de fatalidade essa morte? Ao adquirir uma arma de fogo, instrumento que, dentre suas utilidades está a possibilidade de tirar a vida de alguém, de certa forma, esse cidadão não assumiu também a responsabilidade sobre uma provável morte? Certo que tudo na mais legítima defesa e portanto, com inúmeros atenuantes jurídicos para o ato.

    Mas a Igreja Católica não funciona de acordo com leis civís, então a minha dúvida é a seguinte: “É lícito a um católico, defender deliberadamente o direito de poder usar ou ter um instrumento que pode extinguir uma vida, ou seja, um direito que esbarra na possibilidade de se cometer um pecado*?” Espero uma discussão adequada e guiada por princípios cristãos.

    *Como é apenas uma situação hipotética não quero entrar no mérito da discussão dos fatores circunstanciais que caracterizam um pecado.

  9. Elton,

    então a minha dúvida é a seguinte: “É lícito a um católico, defender deliberadamente o direito de poder usar ou ter um instrumento que pode extinguir uma vida, ou seja, um direito que esbarra na possibilidade de se cometer um pecado*?”

    Sim, porque matar um agressor injusto não é um pecado. Do Catecismo [grifos meus]:

    §2264 O amor a si mesmo permanece um princípio fundamental da moralidade. Portanto, é legítimo fazer respeitar seu próprio direito à vida. Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a matar o agressor:

    Se alguém, para se defender, usar de violência mais do que o necessário, seu ato será ilícito. Mas, se a violência for repelida com medida, será lícito… E não é necessário para a salvação omitir este ato de comedida proteção para evitar matar o outro, porque, antes da de outrem, se está obrigado a cuidar da própria vida.

    Abraços,
    Jorge

  10. É VERGONHOSO A SUA ATITUDE DE DEFESA AO USO DAS ARMAS , O NOVO TESTAMENTO DEIXA CLARO , QUE A LINHA DE OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE PASSOU, COM A NOVA LEI É AME OS SEUS INIMIGOS OREM POR ELES. EM MT 26,52 JESUS REPREENDE PEDRO DIZENDO ENBAINHE A SUA ESPADA PORQUE TODOS QUE USAM A ESPADA PELA ESPADA MORRERÁ. POSSO SITAR OUTRAS 8 SITAÇÕES QUE SE REFERE EXTAMENTE CONTRA O USO DAS ARMAS PARA MATAR. E TODO O NOVO MANDAMENTO DE JESUS CRISTO !!!
    IGNORÁ A BIBLIA PARA PROTEGER IGREJA É DEMAIS AMIGO.
    SE VC FAZER UM ESTUDO SOBRE A IGREJA SABERÁ O PORQUE ELA PERMITIU MESMO IGNORANDO A BIBLIA O USO DA ARMA PARA MATAR.
    SE EU AMO O MEU PROXIMO COMO A MIM MESMO JAMAIS O MATARIA . QUANDO VC MATA VC SE JULGA MELHOR DO QUE O OUTRO.
    PENA DE MORTE(LEGITIMA DEFESA)NÃO !!!
    AQUELE QUE NÃO TEM PECADO QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA, E QUEM É QUE NÃO TEM PECADO SOMENTE JESUS E ELE NÃO CONDENOU AQUELA MULHER A MORTE QUE NO CASO SEGUNDO A LEI ANTIGA E NÃO A NOVA LEI DE JESUS SERIA MORTE POR APEDREJAMENTO.
    SE DECLARANDO ASSIM CONTRA A PENA DE MORTE OU LEGITIMA DEFESA COMO GOSTAM DE SIMULAR O NOME PARA AMENIZAR O IMPACTO E APROVEITANDO O ANALFABETISMO DO POVO.

  11. Sr. Rodrigo,

    Em primeiro lugar, eu não estou defendendo “o uso das armas” como se dissesse que todo mundo deveria ter um revólver para sair atirando por aí. O que estou defendendo é que cidadãos de bem, que queiram (e se demonstrem aptos a) possuirem armas de fogo para a própria defesa e defesa dos seus, possam fazê-lo.

    Depois, foi o próprio Cristo que mandou São Pedro guardar a espada na bainha, e não jogá-la fora.

    Além disso, Jesus e os Apóstolos tinham espadas. E, ainda, foi também Nosso Senhor quem disse: “aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma” (Lc 22, 36).

    Por fim, a legítima defesa é às vezes um dever. Se você for um pai de família e um assassino entrar na sua casa para matar a sua esposa e seus filhos, você tem o dever de impedi-lo de fazer isso. Se ele tiver um revólver e você for um pacifista, como é que você vai impedi-lo? “Amando-o” e “perdoando-o”? Totalmente irreal.

    Portanto, meu caro senhor, antes de vir condenar a Legítima Defesa, faça o favor de ler um pouco mais a Bíblia e de raciocinar um pouco melhor.

    Abraços,
    Jorge

  12. Jorge, muitíssimo obrigado pela gentileza em responder minha dúvida.
    Abraços.

  13. Jorge você disse “…é legítimo fazer respeitar seu próprio direito à vida (…) antes da de outrem, se está obrigado a cuidar da própria vida.” Essa afirmação não pode dar “argumentos” aos que defendem o aborto nos casos em que a vida da mãe está em perigo?

  14. Edu, os casos são totalmente opostos. Citando o Jorge: “Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a matar o agressor…”
    Uma criança inocente não é um “agressor”, mesmo que traga riscos à mãe.
    Abraços.

  15. Tem também um versículo bíblico (que depois repasso o “endereço”), que diz mais ou menos o seguinte: Ninguém sabe a hora que vem o ladrão, por isso bem aventurado o homem BEM ARMADO que guarda sua casa. Este não será pego de surpresa.
    É claro que a interpretação imediata disso é espiritual, mas é bom ver que Nosso Senhor utilizou-se de termos odosos aos pacifistas (homem bem armado) e antiarmamentistas. Eu continuo achando que todo homem de verdade tem que ter (pelo menos) uma arma.

  16. Correção: onde se lê: “mas é bom ver que Nosso Senhor utilizou-se de termos odosos aos pacifistas”, leia-se: “mas é bom ver que Nosso Senhor utilizou-se de termos ODIOSOS aos pacifistas”

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