Dez dicas para a organização de celebrações litúrgicas

[Estas são dicas genéricas. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos recentes é mera coincidência.]

1. Cuide-se para que o lugar da celebração assemelhe-se o mais possível a um templo sagrado, ainda que por razões de espaço a cerimônia tenha que se realizar fora do templo, ao ar livre. O altar seja visível e facilmente identificável como tal. Evitem-se construções arquitetônicas estranhas à tradição litúrgica da Igreja.

2. O centro de qualquer solenidade, por festiva que seja, é e tem que ser a Santa Missa. Haja parcimônia na colocação de outros eventos periféricos antes ou depois da celebração – como shows ou queima de fogos, por exemplo. Evite-se que os fiéis sejam instados a chegarem muito tempo antes da celebração para “prestigiar” os eventos precedentes ou, ao contrário, a permanecerem depois da Missa concluída para acompanhar a programação que porventura ainda haja. Principalmente, o momento da Comunhão não seja usado para pedir aos fiéis que fiquem depois da Missa para a queima de fogos.

3. A figura do comentarista é interessante e pode ser utilizada, mas que isso seja feito com parcimônia. O comentarista sirva para esclarecer sucintamente cada aspecto da celebração, e não para fazer as vezes de um animador incitando o povo a tal ou qual comportamento. Principalmente, que as suas intervenções sejam sucintas a ponto de não atrapalhar a celebração: comentários tão ou mais longos do que as próprias leituras da missa não são adequados.

4. A música tem uma função litúrgica insubstituível. Preze-se por cantos – ainda que populares – que sejam piedosos e adequados ao momento, tanto quanto à letra como quanto ao ritmo. Baterias sufocando as próprias vozes do coral de forma alguma são bem-vindas, e mais ainda se elas se mantiverem em uma batida que lembra “vamos brincar de índio” ou “ilari-lari-ê”.

5. A homilia do sacerdote é um importante momento de catequese dentro da cerimônia. Cuide-se para que ela seja audível pelos fiéis presentes, com as palavras claras e distintas, por meio de uma correta configuração do sistema de som. Se o sacerdote fala mais baixo, é imperativo que o microfone seja colocado mais alto, a fim de que não haja empecilhos a esta importante formação espiritual.

6. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, e as coisas tornam-se tão mais indistinguíveis quanto mais distantes elas estão do observador. Em uma multidão, é impossível que todos estejam próximos o suficiente do altar para que sejam capazes de ver a celebração – os sinais externos da Liturgia – da maneira como eles devem ser vistos. Neste caso, telões podem ser utilizados.

7. Em hipótese alguma seja tocado o Hino Nacional após a Consagração. Se isto for difícil de se entender, seja considerado ao menos que a posição adequada diante de Cristo Eucarístico é de joelhos e, diante da execução do Hino Nacional, é de pé. Como não é possível estar simultaneamente de pé e de joelhos, o Hino Nacional não seja tocado no meio da Oração Eucarística.

8. O patriotismo é um valor a ser protegido, mas que se evitem excessos. Avalie-se criteriosamente a conveniência de se colocar uma grande bandeira do Brasil nas costas do crucifixo que entra em procissão. Se o mesmo for estritamente necessário, que a bandeira seja retirada quando o crucifixo chegar ao presbitério, para evitar a flâmula tremeluzente por trás do altar durante toda a Missa.

9. Os chamados “ministros extraordinários da comunhão eucarística” – leigos – devem ser usados na ausência de sacerdotes. Em uma celebração com dezenas de bispos e centenas de padres, o uso de leigos para distribuir a Sagrada Comunhão não é aceitável. Evite-se.

10. Uma solenidade não é medida pela sua duração. Uma missa pode ser extremamente solene sem que precise ser desnecessariamente longa. Seja levado em consideração o fato de que os fiéis também se cansam, geralmente estão em posição desconfortável, sujeitos às intempéries da natureza e, talvez, tenham horários inegociáveis (de viagens, por exemplo) a cumprir após a cerimônia. Dependendo da Liturgia, uma missa de uma hora e meia ou até duas horas está de bom tamanho. Duas horas e meia ou três horas é geralmente um exagero desnecessário.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

16 comentários em “Dez dicas para a organização de celebrações litúrgicas”

  1. Rafael,

    Mas agora que Dom Jorge Ferraz tornou pública sua instrução pastoral sobre a organização de celebrações litúrgicas, tudo vai mudar.

  2. Rafael, isto é uma injustiça. É claro que há incontáveis celebrações do Novus Ordo sem abusos litúrgicos. Aliás, um dos propósitos do Salvem a Liturgia! é precisamente mostrar missas assim.

    – Jorge

  3. Acho que o Rafael está incluindo até o Papa nesse comentário.

    Hino do Brasil na missa pra mim é total novidade!

  4. JORGE ISSO TEM A VER COM CERIMÔNIA EM SALVADOR?
    VI PELA TV MUITA FESTA, DANÇA, PRESIDENTE ABORTISTA, ETC…
    TEM A VER?

  5. Parabéns pelo artigo. Equilibrado, honesto e caridoso. É fato que haja muitos abusos no campo litúrgico (e não só!), mas não podemos nos esquecer daqueles muitos que celebram com devoção, sacralidade, beleza e fidelidade às normas da Igreja. Tenho esperança de que um dia chegaremos lá. Rezemos, caríssimos.

  6. “Hino do Brasil na missa pra mim é total novidade!”

    Não é uma novidade tanto assim não, pois vi e ouvi na missa de beatificação da Irmã Dulce que, aliás, foi baseada nesta missa que o Jorge trouxe estas dez dicas para organização da celebração litúrgica, não foi Jorge?.

  7. Esta discussão aqui é completamente acadêmica, especulativa. São coisas simples que se devem promover ou evitar em celebrações litúrgicas, de um modo genérico. Qualquer coisa parecida com isso que tenha acontecido em qualquer lugar é mera coincidência =P

  8. Meu pároco celebra quatro vezes por semana a missa latina.
    E cinco ou sei missas no rito Paulo VI.
    Da missa latina dispenso maiores comentários, é belíssima, perfeita.
    A missa nova, tambem celebrada por ele, nada tem a ver com a missa “carismática”.
    É toda ela feita em silencio; somente as freiras entoam os cânticos ( vernáculo); não existem batéria, guitarra, violão, reco-reco, pandeiro; e o que é melhor: Os artistas da RCC ( católicos Restart ) não comparecem…
    Por isso, no meu pouco entendimento de liturgia, penso que a missa nova, celebrada com seriedade e responsabilidade é um rito piedoso.
    E ainda, a missa carismática nada tem a ver com isso.
    Aquilo é outro rito, de um outro segmento, de uma outra comunidade…
    Bem, se ela é válida ou não, deixe que Deus julgue.
    Olegario.

  9. eu tenho dez dicas para celebração liturgica, encontra-se em exodo cap. 20 os dez mandamentos que a senhora icar abandonou e mudou dois deles para poderem praticar a idolatria e afrontar Deus anulando toda a sua obra criadora.

  10. quem pode salvar o Brasil é Jesus e não a deusa n.s.aparecida.

  11. Sr. Edson,

    Na verdade, idólatras são os protestantes, que consideram uma criatura [= “eles próprios”] como sendo a infalível vontade do Deus Altíssimo.

    Abraços,
    Jorge

  12. Termina provisoriamente a batalha contra o Kit Gay e recomeça a labuta com os protestantes tupiniquins.
    A vida de um católico é uma luta eterna…
    Que venham os filhos de Lutero!
    Olegario.

  13. Para o Edson Tardiolle:
    Você é católico? Está com saudades da Igreja? Se a resposta é sim, mesmo que seja íntima, volte. Não existe motivos para afastarmos da nossa Igreja.Por que tanto preconceito com as denominações que damos a Maria? Não cabe amor onde existe este sentimento, lembre-se que este é o primeiro mandamento.
    Paz de Cristo.
    J. Cabral

  14. Jamais na vida colocamos Maria superior a Deus, Deus e muito mais do que ela. Ela intercede por todos nós.
    Tudo por Jesus nada sem Maria!!!!

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