Sobre cientistas e provas de que Deus existe

Agradeço ao Alien por ter me mostrado esta matéria [p.s.: como foi apontado, a matéria é provavelmente HOAX; no entanto, os comentários gerais sobre o assunto permanecem válidos]. Segundo ela, o “físico teórico Michio Kaku [segundo a reportagem, o “cientista mais conceituado da atualidade”] diz ter criado uma teoria que pode apontar a existência de Deus”. São palavras do Dr. Kaku:

“Cheguei à conclusão que estamos em um mundo feito por regras criadas por uma inteligência, não muito diferente do seu jogo preferido de computador, claro, impensavelmente mais complexa. Analisando o comportamento da matéria em escala subatômica, a parte afetada pelo semi-raio primitivo de táquions, um minúsculo ponto do espaço, pela primeira vez na história, totalmente livre de qualquer influência do universo, matéria, força ou lei, percebi de maneira inédita o caos absoluto. Acredite, tudo que nós chamávamos de casualidade até hoje, não fará mais sentido. Para mim está claro que estamos em um plano regido por regras criadas, e não moldadas pelo acaso universal”, comentou o cientista.

Alguns comentários sobre o assunto que podem ser feitos:

1. embora eu tenha lido e relido, não consegui entender o que o cara quis dizer com “percebi de maneira inédita o caos absoluto”, e nem com “tudo o que chamávamos de casualidade até hoje não fará mais sentido”, e nem tampouco como é possível que destas duas sentenças decorra “que estamos em um plano regido por regras criadas”; procurei a referência original na Scientific American Magazine, mas não a encontrei, de modo que é provável que eu não esteja analisando a descoberta do Dr. Kaku em toda a sua abrangência e profundidade;

2. independente disto, por definição não existe “prova científica” da existência de Deus, uma vez que a ciência trabalha com o que é empírico e passível de experimentação e Deus, distinto do mundo criado, não pode jamais ser objeto de medição experimental;

3. não obstante, é em princípio perfeitamente possível que uma teoria cosmológica aponte para a necessidade de uma entidade axiomática para dar sustentação aos modelos teóricos utilizados na explicação do Universo, e é também possível que esta entidade possa se identificar com o Deus dos Filósofos – e, assim sendo, é possível que seja sobre isto que a matéria está falando;

4. a prova da existência de Deus porque “estamos em um mundo feito por regras criadas por uma inteligência” não é propriamente uma prova científica, e sim filosófica – é, na verdade, a 5ª via de Santo Tomás de Aquino.

Lembro-me de que, há alguns anos, um sujeito numa comunidade de Orkut da qual eu participava (se a memória não me trai, era uma comunidade de ateus chamada “Onde está Deus?”, e o nome do sujeito era Aldo) provocou um certo rebuliço tentando provar a existência de Deus por meio da evolução: a idéia do sujeito era que, postulando um tempo infinito (ou uma seqüência infinita de big-bangs – big-crunches, dava no mesmo), a evolução das formas mais simples para as mais complexas iria necessariamente chegar em um Ser superior complexo o bastante para poder ser chamado de “Deus”. Esta prova pode até pretender-se “científica”, mas certamente não é uma prova da existência de Deus, uma vez que um Deus que tenha sido criado, por definição, não é o Deus do Qual nós religiosos falamos. Este deus do Aldo, criado a posteriori pela evolução do mundo, certamente não poderia ter sido ele próprio o Criador do mundo – e, portanto, permaneceria sem resposta a pergunta sobre Quem é, afinal de contas, o Responsável pela existência do mundo cuja evolução culminou neste deus aí.

Não me recordo de quem é a frase segundo a qual a pouca ciência afasta de Deus enquanto a muita ciência d’Ele aproxima. Sei, no entanto, que o significado dela está profundamente relacionado com a Quinta Via Tomista, bem como com aquela frase das Escrituras Sagradas: “desde a Criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras”. Isto não tem (e, aliás, nem pode ter) nada a ver com telescópios vislumbrando o Deus Altíssimo no Seu trono nos Céus ou com sensores capazes de captar a Graça Santificante no interior dos seres humanos. A ciência não é absoluta, e é tanto mais fiel a ela quem melhor reconhece as suas limitações. Não é nas lacunas do saber científico que Deus Se encontra, senão para além dos seus limites intrínsecos: como uma obra pede o seu autor. Certamente o Dr. Kaku não encontrou Deus nos seus semi-raios primitivos de táquions, seja lá o que isso for; no entanto, como tantos e tantos outros antes dele, o que é possível é que ele, contemplando a Criação, tenha vislumbrado a existência do Criador.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

13 comentários em “Sobre cientistas e provas de que Deus existe”

  1. Jorge, esta matéria que você comenta parece ser mentira. Ela já circula há tempo na
    internet e mais pessoas não conseguiram achar a referência na Scientific American.
    Veja isto no Yahoo! respostas:

    http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091121115835AA4lyLr

    Além do mais, a matéria é estranha.
    Usar táquions pra dizer que encontrou a prova que Deus existe. O Michio Kaku é muito
    esperto pra falar uma bobagem dessas.
    Táquions são partículas que foram postuladas por físicos teóricos e que supostamente
    viajam mais rápido que a velocidade da luz. Não há qualquer evidência experimental da
    existência deles.
    Ou seja, parece ser uma piada, o cara usou uma partícula na qual quase ninguém
    acredita pra dizer que o Kaku conseguiu encontrar uma prova da existência de Deus.

    Apesar de tudo isso, os teus comentários são muito relevantes. Gostei muito dessa parte:

    “Não é nas lacunas do saber científico que Deus Se encontra, senão para além dos seus limites intrínsecos”

  2. Vale a pena fazer algumas distinções. Quando o Jorge diz que «por definição não existe “prova científica” da existência de Deus», ele está usando um conceito muito restrito de ciência, conceito que, por coincidência ou não, é o mesmo da ideologia cientificista e do senso comum midiático. Segundo esse conceito restritivo de ciências, estas se reduzem às chamadas ciências modernas, positivas, analíticas ou empíricas — ou outro nome mais satisfatório com que alguém pretenda chamá-las. Só nessa acepção faz sentido dizer que a 5ª via de Santo Tomás «não é propriamente uma prova científica, e sim filosófica» — como se as ciências filosóficas não fossem ciências. Aliás, se empregarmos o termo “ciência” no sentido que o Jorge empregou também seríamos forçados a afirmar que a teologia não é uma ciência (visto ter como suas premissas as verdades reveladas, e não dados da experiência sensível).

    Já na Grécia Antiga, antes do advento das ciências modernas, Platão já havia distinguido a ciência (episteme) da opinião (doxa). Diz Platão que a ciência não é apenas a opinião verdadeira, mas temos a ciência quando sabemos por que determinada verdade é verdade.

    Vale lembrar, também, que a certeza proporcionada pelas ciências filosóficas (ou racionais) é muito mais vigorosa e enérgica que a fornecida pelas ciências positivas (ou empíricas): é a certeza apodítica, que não admite contraditória. Por outro lado, o valor das teorias das ciências positivas é sempre instrumental: tais teorias científicas não são verdadeiras nem falsas, mas úteis para o controle e previsão dos fenômenos investigados. As generalizações das ciências positivas são sempre hipotéticas e, portanto, necessariamente provisórias, sempre admitindo ser substituídas por outras que permitam um melhor controle do fenômeno.

    Valendo-se de Leibniz, podemos dizer que as ciências filosóficas ou racionais ocupam-se das verdades de razão (a ordem necessária do universo) e as ciências positivas ou empíricas das verdades de fato (a ordem contingente do universo).

    Assim, as cinco vias para o natural conhecimento de Deus, encontradas por Santo Tomás de Aquino são verdadeiras demonstrações e, por isto, verdadeiras provas científicas, no rigoroso sentido da palavra. Por outro lado, as ciências positivas não poderiam demonstrar a existência de Deus: a uma porque se ocupam de verdades de fato auridas na experiência sensível e Deus, enquanto tal, não pode ser objeto de nossa sensibilidade; a duas porque as teorias das ciências positivas são sempre generalizações hipotéticas, sempre provisórias e relativas, não proporcionando aquela certeza apodítica própria de uma verdade demonstrada.

  3. Peço desculpas ao Jorge & colegas: doravante pesquisarei mais antes de divulgar… :(

  4. Caros,irmãos em Cristo,a noticia que irei dar não tem total conexão com o artigo,mas é muito importante para nós católicos: A bancada protestante encabeça na Câmara o Projeto de lei 224 que visa sustar, ou seja, barrar a interpretação dada pelo STF sobre a união estável.
    O site da casa conta com uma enquete que ficará no ar até o dia 21 de junho e o blog vota no sim e pede seu voto também nesta opção. Observe bem pergunta feita na enquete: “Você concorda com o projeto (PDC 224/11) que susta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a união homoafetiva?” Veja bem, o site pergunta se adere ao projeto que visa sustar, como já foi explicado, barrar…

    link do blog que veiculou a noticia: http://blog.opovo.com.br/ancoradouro/atencao-vote-sim/

    link para votarmos no SIM:
    http://blog.opovo.com.br/ancoradouro/atencao-vote-sim/

  5. Jorge Ferraz,

    “Alguns comentários sobre o assunto que podem ser feitos:

    1. embora eu tenha lido e relido, não consegui entender o que o cara quis dizer com “percebi de maneira inédita o caos absoluto”, e nem com “tudo o que chamávamos de casualidade até hoje não fará mais sentido”, e nem tampouco como é possível que destas duas sentenças decorra “que estamos em um plano regido por regras criadas”; procurei a referência original na Scientific American Magazine, mas não a encontrei, de modo que é provável que eu não esteja analisando a descoberta do Dr. Kaku em toda a sua abrangência e profundidade;”

    Entendi que, após analisar a matéria, no referido experimento, com ausência total de influência externa (universo, matéria, força ou lei) ela chegou a uma condição tal que nada poderia se formar dela por simples processos ao acaso. Assim, à esta impossibilidade, ele chama de “caos absoluto”.

    Que Deus abençoe a todos!

  6. Caro Jorge, o que vou falar é meio off topic, mas nem tanto, pois trata dos embustes evolucionistas e cientificistas.

    Estou lendo aqui uma matéria do caderno Ciência, do Jornal Correio Braziliense do dia 02 de junho último.
    O título é “Primeira Emancipação Feminina”.

    Há uma foto de um fóssil de um dente, supostamente pertecente a um australopithecus africanus, um desenho de supostos australopithecos e uma matéria a respeito.

    A matéria diz que cientistas de uma Universidade do Colorado encontraram 19 desses dentes numa caverna e, depois de alguns exames, concluíram que AS MULHERES AUSTRALOPITHECAS ABANDONAVAM A FAMÍLIA, ENQUANTO OS HOMENS PERMANECIAM UNIDOS AO GRUPO FAMILIAR.

    Mas não é óbvio? Se acham um dente feminino numa caverna, a única explicação para isso é que há 3 milhões de anos as mulheres abandonavam o marido e os filhos, claro!

    O resumo da matéria é o seguinte:
    “A partir de dentes encontrados em cavernas na África do Sul, paleontólogos concluem que as fêmeas do Australopithecus africanus, um ancestral do homem, costumavam deixar suas famílias enquanto os machos eram apegados ao grupo”.

    Meu Deus! E ainda há gente que leva essas pessoas a sério.

    Carlos.

  7. A opinião dos cientistas sobre ciências é fundamental, mas a opinião de cientistas sobre Deus é dispensável, tanto quando O acham quanto quando O perdem.

    Assim já era claro para C.S.Lewis.

    A ciência funciona a partir da experiência e observa como as coisas se comportam. Todo enunciado científico, por mais complicado que pareça à primeira vista, na verdade ignifica algo como “apontei o telescópio para tal parte do céu às 2h20min do dia 15 de janeiro e vi tal e tal fenómeno”, ou “coloquei um pouco deste material num recipiente, aqueci-o a uma temperatura X e tal coisa aconteceu”. Não pensem que eu esteja desmerecendo a ciência; estou apenas mostrando para que ela serve. Quanto mais sério for o homem de ciência, mais (no meu entender) ele concordará comigo quanto ao papel dela – papel, aliás, extremamente útil e necessário. Agora, perguntas como “Por que algo veio a existir?” e “Será que existe algo – algo de outra espécie — por trás das coisas que a ciência observa?” não são perguntas científicas. Se existe “algo por trás”, ou ele há de manter-se totalmente desconhecido para o homem ou far-se-á revelar por outros meios. A ciência não pode dizer nem que este ser existe nem que não existe, e os verdadeiros cientistas geralmente não fazem essas declarações. São quase sempre jornalistas e romancistas de sucesso que as produzem a partir de informações coletadas em manuais de ciência popular e assimiladas de maneira imperfeita.
    C.S.Lewis em Cristianismo puro e simples

  8. Quando todo o universo já estiver totalmente descrito pela ciência e devidamente catalogado e arquivado, neste arquivo nada acharemos de Deus.

    A natureza da questão é a seguinte: queremos saber se o universo simplesmente é o que é, sem nenhuma razão especial, ou se existe por trás dele um poder que o produziu tal como o conhecemos. Uma vez que esse poder, se ele existe, não seria um dos fatos observados, mas a realidade que os produziu, a mera observação dos fenomenos não pode encontrá-lo.
    C.S.Lewis Cristianismo puro e simples

    Assim como observando a estátua, embora tenhamos certeza que existe um escultor, dele nada saberemos.

  9. Das baboseiras ateístas indicadas, vou comentar, agora, o link da wikipedia, a respeito de teorias da inexistênica histórica de Jesus Cristo.

    É a mesma coleção de bobagens de sempre, repetidas ad nauseam por ateus militantes do tipo que não creem em Deus mas conseguem acreditar até numa ridícula e desfundamentada afirmação de que “Horus era comemorado em 25 de dezembro”. Aliás, cada uma das alegações sobre suposta semelhança entre Jesus e mitos pagãos é facilmente refutada, a ponto de dar até preguiça confrontar tamanho ocnjunto de besteiras. Quando se faz isso, os defensores viram pela tangente, mostrando-se mais ridículos, como foi o caso de Acharya S. ao se refurar a imbecil afirmação de que Attis fora crucificado: forjou, então, uma “posição cruciforme” para manter a patifaria intelectual.

    No texto da wikipedia, um dos “argumentos” mais tolos dos defensores da inexistência do Jesus histórico: a falta de fontes contemporâneas a Cristo. Isso mostra o grau de ignorância do problema das fontes da história antiga, além da própria característica inerente à historiografia de manter um certo distanciamento cronológico dos fatos abordados. É por isso que as primeiras fontes historiográficas sobre Alexandre Magno, por exemplo, datam de mais de DUZENTOS anos após a vida do conquistador macedônico. Aliás, cabe salientar que nenhuma figura da Antiguidade combinou tantas fontes historiográficas e tão próximas dos eventos relatadados quanto as que citam Jesus Cristo.

    Fico a imaginar o grau de vigarice e indigência intelectuais em linka que “provam” que Deus é um mito e – pasmem – que Ele seria cruel, “se existisse”. Bem típico da ignorância desses prepotentes que não contentes em dizer que Deus não existe ainda se acham capazes de descrever o “hipótético” Deus.

  10. Caro Jorge,

    Francis Bacon, cristão devoto que contribuiu na elaboração do Método Científico, base de toda pesquisa científica, foi quem disse que “a pouca ciência afasta de Deus, mas a muita ciência aproxima de Deus”.

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