“Comecei a achar o ateísmo aborrecido”

Várias pessoas já leram (e escreveram sobre) a interessantíssima entrevista que o Pondé concedeu recentemente à VEJA. Eu também quero dar os meus dois tostões sobre o assunto. Desnecessário dizer que vale a leitura na íntegra.

É bem verdade que – como disse o frei Rojão – “[u]m filósofo que conclui a existência de Deus é realmente um filósofo, não estes garotinhos mimados de classe média que leram Dawkins, que nem é cientista, nem filósofo”; e, nos tempos de indigência intelectual nos quais vivemos, isto é digno de ser mencionado e celebrado. Ainda mais quando o filósofo em questão – o Luiz Felipe Pondé – não é um cardeal católico, nem um piedoso padre católico, nem um renomado teólogo católico. Não é nem sequer um católico. Que, aliás – para horror dos livres-pensadores modernos -, foi ateu por muito tempo, até começar “a achar o ateísmo aborrecido”.

“Aborrecido”! É talvez dos mais elegantes adjetivos que eu vi serem usados recentemente para se referir – com propriedade – ao ateísmo. A miséria intelectual auto-elevada – ridicularmente – ao patamar de única posição socialmente aceitável, provocando os maçantes jantares aos quais o Pondé se refere com tanto bom humor. Como se fossem uma decrépita cerimônia ritual onde os velhos fiéis de uma religião sem fé bajulam-se mutuamente, em um mecanismo de auto-afirmação que é a antítese perfeita dos cultos religiosos onde os fiéis confortam-se uns aos outros. Nem mesmo nisso eles são originais. O diabo só faz mesmo tocar cover das canções do Céu.

E o ateísmo é aborrecido, porque auto-limitado. Porque pobre, raso, estéril. Incapaz de satisfazer aos anseios humanos mais profundos – insistindo em ficar às margens e negar a existência do oceano que se descortina diante dele. Um bufão que se julga rei, emitindo ordens disparatadas em sua estultície e rasgando as vestes, espantado, ao perceber serem bem poucos os que o levam minimamente a sério para além das mesas dos “jantares inteligentes”.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

97 comentários em ““Comecei a achar o ateísmo aborrecido””

  1. Não sou defensor da obra de Tom Harpur, muito menos de sua crença – ele é teísta – mas além de sua própria obra ela cita dezenas e talvez centenas de autores que professam o mesmo pensamento de que o cristianismo é uma cópia de mitos mais antigos. Autores que não são ateus nem agnósticos e, consequentemente, são religiosos; mas não são também muçulmanos.
    Um dos argumentos poderosos de Tom Harpur, entretanto, é justamente um baluarte do cristianismo, Santo Agostinho, cujos trechos de Retratações e A Cidade de Deus são citados no livro. Um exemplo:
     “A própria ideia do que atualmente se chama de religião cristã existia entre os antigos também, e nunca deixou de existir … até a vinda de Cristo em pessoa, e nesse momento a verdadeira religião, que já existia, começou a ser chamada de cristã”. (p.41) Santo Agostinho in Retratações.

  2. Pois é, e usar Sto. Agostinho para “comprovar” a tese disparatada de que o Cristianismo é uma cópia de mitos antigos tem um nome: empulhação intelectual, falsificação grosseira do pensamento de outrem, coisa de gente calhorda que não merece mesmo outra coisa que não o submundo da pseudo-intelectualidade.

    Cadê o Sermão da Montanha no Egito Antigo???

  3. A existência do Universo. Quem admite Deus como Primeira Causa de Tudo apenas cessa o pensamento, capitula-se. Pois, se há um Ente sem Causa – Deus – por que o próprio Universo não poderia também existir sem causa? E se não se pode tirar Algo do Nada, uma vez existindo o Algo – o Universo – este está condenado a existir desde sempre – eternamente. Mas se fosse possível existir Algo a partir do Nada, então o Universo poderia também ter surgido desse Nada, e mais uma vez não precisaríamos de um Criador.

  4. Assis, sem pretender lhe dar uma resposta, quero apenas deixar algo para pensarmos. O Universo é material. Deus não é. A natureza de Deus é diferente de qualquer outra. Tanto o próprio Deus quanto seu agir são assumidos de fé, não diferentemente de qualquer outra explicação alternativa que se diga “científica” ou não. Não foi a toa que alguns já identificaram Deus e o Universo. A opção por uma e outra fé depende dos sensos de completude que o sujeito tem a cerca delas, e do sincero querer ou não aceitar/creditar algumas coisas. Toda teoria é uma teoria de fé; em algo ela não pode ser verificada, apenas acreditada. E é claro, eu não tenho como provar isso mesmo que afirmo. No fundo, todos apostamos que algo é verdade e que algo é mentira. Sim, tudo que afirmo aqui não passam de apostas.

  5. Caro Assis Utsch

    Você deveria ler Santo Anselmo. Concordando ou discordando, seria um desafio.

  6. Ao Assis Utsch.

    Sobre a alegação de alguns pseudo-intelectuais de que Jesus é uma fusão de mitos antigos tão difundida pelo famoso pseudo-documentário ZEITGEIST, não passa de pura especulação sem nenhum fundamento histórico. Mesmo porque, se você pesquisar os artigos da Wikipedia sobre Ísis, Horus, Osíris e outros deuses, dá para ver que são personagens totalmente fantasiosos (a maioria derivado do sol, da lua e das constelações) que mudam totalmente de acordo com o tempo e o lugar onde são cultuados; e até da interpretação de cada historiador. Por isso, tais mitos após Cristo podem ter sido muito influenciados pelo cristianismo e não o contrário.

    Basta ver a refutação do Prof. Cris Forbes à primeira parte do filme ZEITGEIST (legendado em português)

    http://www.youtube.com/watch?v=3Ye4RgezQ48

    “… Doutor em história do Novo Testamento e membro do Sínodo da diocese de Sydney, o Dr. Chris Forbes, professor da Universidade Macquarie (Sydney, Austrália), criticou severamente em uma entrevista a primeira parte do filme, como carente de base no mundo acadêmico sério. Forbes também afirma haver vários erros e trechos que não são verdadeiros.

    Dr. Chris Forbes lembra que Rá, não Hórus, é o deus egípcio do Sol, e que não há nenhuma prova nas fontes egípcias que a deusa Ísis, mãe de Horus, ser uma virgem. Igualmente, Krishna (o oitavo filho), Dioniso (cuja mãe tinha dormido com Zeus) e Átis, não teriam nascido de virgens. Assinala que o jogo de palavras inglesas “son” (filho) e “sun” (sol) não funciona nem em latim, nem na antiga língua egípcia, nem em grego (koiné), e que a data 25 de dezembro não é parte de nenhum dos mitos, incluindo o de Jesus, para o qual no dia do Natal foi instituído como feriado já com conhecimento pleno de que a data real do nascimento deste, era desconhecida.

    Também critica a forma manipulada no uso das fontes romanas para sugerir que Jesus não existiu, afirmando que a longa lista mostrada rapidamente de historiadores supostamente contemporâneos, que não mencionavam a Jesus é, na realidade composta de geógrafos, escritores sobre jardinagem, poetas e filósofos, dos quais não se espera que o mencionassem. A alegação de que a citação de Flávio Josefo sobre Jesus foi acrescentada mais tarde, é criticada como falsa. Flávio Josefo, na realidade, menciona Cristo duas vezes, e somente uma das referências é tomada pelos eruditos como acrescentada na Idade Média, para mudar uma menção dele já existente.

    Argumenta que o filme apresenta erroneamente Constantino, ao mostra-lo como aquele que tornou o cristianismo a religião obrigatória (quando apenas a legalizou) e de ser o criador do Jesus histórico, quando os antigos registos da igreja mostram que a historicidade de Jesus tem sido um elemento determinante na fé desde o princípio da crença.

    Sobre o filme diz:

    “É extraordinário quantas coisas ele afirma que simplesmente não são verdadeiras.”

    A principal base desta afirmação do Dr. Chris Forbes, é que o livro “Conspiração Cristo” de Acharya S (pseudônimo de D. M. Murdock), é um semi plágio do livro “The World’s Sixteen Crucified Saviors” (Os 16 Redentores Crucificados) do autor mesmerista Kersey Graves.

    Por sua vez, o livro “The World’s Sixteen Crucified Saviors” é um semi-plágio do livro “Anacalypsis” do autor maçom Godfrey Higgins, que o próprio Kersey Graves afirmou a “cópia quase total” na explanação inicial de seu livro.

    E por sua vez, “Anacalypsis” é o livro base da teoria do Pandeísmo, considerado heresia grotesca pelos cristãos por ser a fusão entre Panteísmo e Deísmo. Helena Blavatsky, também citada no livro “A Conspiração Cristo”, ela também teria plagiado “Anacalypsis” para escrever os livros Ísis sem Véu, e A Doutrina Secreta, obrigando a Sociedade Teosófica se posicionar oficialmente sobre o assunto, admitindo a cópia, mas não o plágio. …”

    FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeitgeist,_o_Filme

    Obs.: O artigo da Wikipedia também informa sobre a refutação dos argumentos do Prof. Forbes; mas, pelo texto acima, dá para ver que ZEITGEIST é um documentário de teoria da conspiração sensacionalista e pseudo-histórico, no estilo de Código Da Vinci.

    ——–

    Não caia no erro de estudar somente “um lado da moeda”, uma única versão dos fatos e da história sem estudar os argumentos da versão oposta. Mesmo porque, sobre o passado histórico, qualquer um pode especular e deturpar o que quiser. Veja que até na história recente, embora muitos atos do Nazismo foram registrados até mesmo em filme, ainda há quem tente negar o Holocausto!

    Por isso, mandei você estudar a fundo os grandes milagres permanentes da Igreja (que estão aí para todo mundo ver e são provas objetivas da existência de Deus e da autenticidade da Igreja de Cristo); pois, meu raciocínio é muito lógico e simples:

    Se Jesus Cristo foi um mito ou não era Deus e, portanto, não fez nenhum milagre e nem ressuscitou; então, TODOS (repito: TODOS) os milagres da Igreja fundada por Ele, necessariamente, têm de ser falsos. Caso contrário, não há porque duvidar dos milagres bíblicos e é bom ouvir o quê a Igreja de Cristo tem a dizer ao mundo…

  7. Que Felicidade !!
    Nós poderíamos não existir, nosso Planeta poderia ser tão inóspito quanto os demais. E no entanto aqui estamos, numa Terra borbulhante de vida. Tudo porque o arranjo cosmológico aleatoriamente estabelecido permitiu que na Terra moléculas pré-biológicas se tornassem biológicas e depois evoluíram.
    No caos movido por suas próprias forças imanentes, nichos do Cosmos se organizaram; leis físicas se estabeleceram; elementos químicos se formaram; a rotação e translação de nossa Terra, sua inclinação que propiciou as estações, tudo foi essencial: o verão, o outono, o inverno e a primavera, além da providencial presença da água. Nossa distância do Sol, nossa Lua por perto, as estrelas distantes, que coincidência feliz! E a Terra, com sua posição no Sistema Solar e no Cosmos, ficou protegida da radiação mortífera e pouco vulnerável às chuvas de meteoros, graças à nossa protetora camada atmosférica.
    Deveríamos festejar todos os dias de nossa vida, por não sermos apenas rochas, gases ou pó. Seres viventes que então nos tornamos, adquirimos consciência e agora podemos pensar, criar, sorrir, amar.
    Cada um de nós poderia nem ter nascido; entre milhões de concepções possíveis, fomos nós os afortunados.
    Celebremos a vida!
    (Assis Utsch, autor de O Garoto Que Queria Ser Deus)

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