A depravação pública e o “falso moralismo hipócrita” dos cidadãos brasileiros

Foi na semana passada que eu vi a repercussão negativa que teve a Parada Gay do Acre, quando um sujeito bêbado foi fotografado simulando sexo oral em outro homem (vejam também aqui e aqui). O negócio chocou tanto que a ABGLT veio rapidamente a público protestar não contra os atos depravados dos dois participantes do evento, mas contra o “falso moralismo” dos cidadãos indignados com esta sem-vergonhice pública (e patrocinada com dinheiro público). Transformando-os em monstros hipócritas fundamentalistas e retrógrados sobre os quais recai exclusivamente a culpa do mal-estar provocado pela dupla de sodomitas, a associação só falta pedir-lhes a cabeça em uma bandeja de prata.

E assim, com a presteza de um “abracadabra”, o problema não é mais um evento cujos participantes – na mais completa falta de respeito à moralidade pública mais basilar – simulam (ou praticam) abertamente atos sodomitas. O problema é o “tamanho alvoroço” que estas coisas provocam. O problema, na verdade, é o povo brasileiro recusar-se a tratar com naturalidade uma coisa tão natural quanto dois marmanjos simulando sexo oral nas ruas! De acordo com a AGBLT, quem não concorda com a depravação homossexual é um moralista hipócrita!

Diz ainda a referida associação que isto foi um “caso isolado”. Sinto muito, mas não é o que dizem as testemunhas oculares. Por exemplo, em julho último, a Barbara Gancia (que até onde me conste não é nenhuma “militante homofóbica católica de extrema-direita”) esteve na última Parada Gay de São Paulo, e descreveu o evento de uma maneira um pouco diferente do que a ABGLT está tentando vender:

Fui cobrir o final da Parada Gay para a TVFolha e cheguei à rua da Consolação depois da chuva e da tentativa de arrastão. Encontrei um clima hostil. Metade das pessoas com quem tentei falar se recusou a mostrar a cara para a câmera e a outra fez questão de dizer que só estava ali na condição de observador. Não vi quase ninguém sóbrio. E o que tinha de gente se bulindo uma na outra?

Nesta semana, em discurso na assembleia, Myrian Rios, ex-modelo e atriz e atual deputada arrependida, confundiu gays e pedófilos. Ignorância que parece ser mais norma do que exceção.

Basta ver como agiam na parada os ditos “simpatizantes”. Eles estavam lá para arrebentar. Porque aquela é a festa dos gays e, ali, naquele território, por definição, pode tudo. Está certo que cheguei em fim de festa, mas o que eu vi na Parada Gay 2011 foi algo próximo de uma suruba ao ar livre.

Nos primeiros anos, a parada tentava ser nova-iorquina. Depois, transformou-se em zoológico. Agora, “a maior parada gay do mundo” virou possivelmente uma das maiores esbórnias do planeta. Que espelha o país conservador, sem instrução e violento que a abriga.

Enquanto isso, os revolucionários gayzistas (empenhados em forçar 190 milhões de brasileiros a aceitarem naturalmente a imoralidade sodomita) procuram minimizar os efeitos das palavras ou das imagens que mostram a sodomia em toda a sua fealdade. Na base do “não é bem assim” e das acusações de “falso moralismo”, querem a todo custo mascarar a realidade. Quando alguma coisa mais repugnante fura a cortina de purpurina cor-de-rosa levantada pela máquina de propaganda gayzista, eles se fazem de vítimas e chamam de hipócritas os cidadãos de bem que tiveram a sua sensibilidade agredida pela depravação homossexual realizada em público – na mais completa falta de respeito aos que não rezam conforme a cartilha gay e na mais cínica intolerância àqueles a quem é conveniente chamar de “intolerantes”. É uma estratégia sofisticada de engenharia social, uma máquina de propaganda de fazer inveja à de Goebbels! Continuar aceitando tranquilamente que eles ditem as regras do jogo pode custar muito caro para o Brasil.

Deus lo Vult! [duplo] finalista no prêmio Top Blog 2011

Foi divulgada hoje a lista de Top-3 Finalistas do prêmio Top Blog Brasil 2011. Soube pelo Twitter enquanto dirigia: o Deus lo Vult! é finalista do prêmio, estando no TOP-3 da categoria Religião/Pessoal aclamado pelo Júri Popular – junto com o Leitura Orante e o Louve Macaé. Na categoria Religião/Profissional, o Tubo de Ensaio também é finalista pelo Júri Popular. E, para orgulho nosso, na categoria “Política”, o Conservador e daí? é duplo finalista: tanto pelo Júri Popular quanto pelo Júri Acadêmico.

Agora a cerimônia de entrega do prêmio é dia 17/12, em São Paulo, dia em que serão divulgados o primeiro, segundo e terceiro colocados. Faremos o possível para estar lá! E – mais uma vez – o nosso muito obrigado aos leitores que votaram neste blog para o prêmio, os responsáveis diretos por esta vitória de hoje. Vocês conseguiram, e somos finalistas. Parabéns!

P.S.: Conforme atualização do site do TopBlog que eu só vi hoje (30/11), o Deus lo Vult! é também finalista pelo Júri Acadêmico, junto com o Bússola Cristã e o A Nova Cruzada.

Curtas

Inquérito apura aborto por engano de gêmeo saudável na Austrália. “Médicos disseram à mãe dos gêmeos que um de seus bebês tinha um problema cardíaco congênito que requereria várias cirurgias durante sua vida, caso ele sobrevivesse. A mãe escolheu por abortar o feto de 32 semanas, mas, na última terça-feira, os funcionários do Royal Women’s Hospital realizaram o procedimento, por meio de injeção, no bebê sadio”.

Não é a primeira vez que temos notícia de algo assim. Em 2007 aconteceu o mesmo na Itália; o bebê tinha síndrome de Down. A sua irmã foi assassinada “por engano” e, quando a mãe soube, pediu para que matassem também a sobrevivente. Casos assim chocam a nossa sensibilidade: mas quantos outros não morrem a cada dia sem que ninguém perceba ou lhes dê atenção?

Que Nossa Senhora de Guadalupe tenha misericórdia das crianças assassinadas no ventre de suas mães. Que alcance de nós o perdão de Deus; que sustente a Sua ira, porque estes crimes são terríveis demais.

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Caríssima GRNOPC1, da Dra. Lenise Garcia. Uma carta escrita… a uma célula-tronco. Melhor dizendo, a uma célula-tronco embrionária recentemente descartada pela Geron. Excerto:

Sabe, não é nesse mesmo sentido que a Geron te considera “caríssima”. O problema é que você e suas irmãs custaram uma nota preta, mas não estão dando o esperado retorno… financeiro. É por isso que a Geron está desistindo de vocês, porque descobriu que não serão tão lucrativas como os investidores estão exigindo.

Mas, como disse de início, você não deve se considerar uma fracassada. A sua vocação não era ser um remendo celular na coluna de outro indivíduo, mas ser você mesma, desenvolver as suas potencialidades, amar e ser amada.

Deixe para as células-tronco adultas a função de solucionar problemas de saúde. Talvez não sejam tão lucrativas, pois são retiradas de cada indivíduo, e portanto não se transformam em um produto comercial. Mas são muito mais eficientes para proporcionar curas.

A Dra. Lenise, a propósito, estará no programa “Escola da Fé” com o prof. Felipe Aquino no próximo dia 01 de dezembro, às 20h40. Não deixem de assistir.

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Estudante tem trabalho científico recusado por agradecer a Deus. Aconteceu aqui em Garanhuns; vejam o vídeo. A garota é aluna da Universidade Federal Rural de Garanhuns, e o agradecimento espantosamente estava… na parte de “agradecimentos” do trabalho! Era um simples “agradecemos a Deus”. O trabalho foi recusado.

A justificativa apresentada? “Agradecimentos devem ser relacionados à pesquisa e não a Deus”. O absurdo provocou indignação. Entre outros, o bispo de Garanhuns, Dom Fernando Guimarães, manifestou-se: “A recusa de um trabalho explicitamente porque o aluno introduz o trabalho com um agradecimento a Deus… isto me surpreende profundamente”.

Ao final, a Universidade acabou aceitando o trabalho. Mas a custa de quanto escândalo e quantos protestos? É ridículo. Isto não é mais preconceito religioso velado, é perseguição moral escancarada. E ainda se dizem “tolerantes”!

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Why I refuse to debate with William Lane Craig?, por Richard Dawkins em sua coluna do The Guardian. É incrível como o paladino da Descrença acha o Craig tão irrelevante que… dedica uma coluna inteira a falar mal dele! E é engraçado como ele não quer debater, mas aproveita o seu espaço no jornal britânico para criticar o Cristianismo sem a incômoda presença do seu debatedor. Se o Dawkins tem problemas com as alegações do Craig, que lhe vá falar diretamente, ora bolas. Ficar resmungando das coisas que o seu oponente escreve para os seus [de Dawkins!] próprios leitores fanáticos seria perfeitamente classificado como “fofoca” – se o autor de tais linhas fosse outro. Mas como é o Dawkins…

Enquanto isso, o Emerson continua mandando bem:

E ainda tem gente que leva esta cara a sério.

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São Jorge caiu do cavalo. Triste e verdadeira! Destaco:

Quem pagou foi o santo. Ao confiná-lo na igreja da Sé, confinavam a Igreja, começando a bani-la das ruas para afirmar que a rua era pública, mas não tanto, e que poder havia um só, o da lei. Santo homicida era tão criminoso quanto qualquer mortal que eventualmente tirasse a vida alheia, mesmo por acidente. Quando a catedral velha foi demolida para alargamento da Praça da Sé e construção da nova catedral, São Jorge, com outros belos objetos de arte sacra, foi removido para a Cúria, onde, nos anos 1950, o conheci, resignado em seu confinamento

A grande luta do PT contra a sociedade brasileira

Recebi via Wagner Moura o artigo de Dom Bergonzini que diz, com todas as letras, que “PT e Dilma são o pai e a mãe das mentiras e da corrupção”. Vale a leitura. Destaco o seguinte trecho:

O povo brasileiro está tentando lutar contra as mentiras e a corrupção. Os brasileiros  somente conseguirão combatê-las se começarem, como digo sempre, a “dar nomes aos bois”, ou dar os nomes dos pais e da mães das mentiras e da corrupção.

Lembram-se como antigamente davam nomes aos bois?  Era assim: Fora Ditadura, Fora Collor,  Fora FHC, e tantos outros “foras”.  Agora, os brasileiros precisam fazer o mesmo. No caso do governo federal, os nomes do pai e da mãe das mentiras e da corrupção, ou maracutaias, como diziam antigamente, ou malfeitos, como dizem agora, são o PT e Dilma.  No caso dos governos estaduais, os nomes são os dos governadores. E no caso dos governos municipais, os nomes são os dos prefeitos.

Se esta apatia do povo brasileiro é bem verdadeira, tal acontece porque – na minha opinião – a gritaria anterior foi artificial e forçada. O povo não queria “fora Ditadura”, nem “fora Collor” e nem “fora FHC” nem nada do tipo. Os gritos que então se ouviam eram provocados pelos baderneiros que hoje se encontram no poder, e que se aproveitavam da boa vontade do povo brasileiro para passar uma imagem de inexistente insatisfação insustentável.

Agora, no entanto, a insatisfação corre sério risco de se tornar verdadeira. Nunca antes na história deste país nós vivemos em tempos tão interessantes! Sem dúvidas estes momentos são históricos e, neles, a grande luta do PT contra a Igreja Católica (e, por extensão, contra o gênero humano, contra a civilização, contra a sociedade brasileira) ocupa um lugar de não pouca importância. E neste combate será sem dúvidas lembrado o nome do Leão de Guarulhos. Obrigado, Dom Bergonzini!

O remédio prometido pela Mayana Zatz virá… das células-tronco adultas!

Eu vi na Canção Nova que o Brasil deve, ano que vem, testar um tratamento inédito com células-tronco. A boa notícia: este tratamento inédito é feito com células-tronco adultas, isto é, exatamente com aquelas células-tronco cuja utilização nós, católicos, passamos a vida inteira defendendo a despeito de vociferarem contra nós os inimigos da civilização e da humanidade – os que queriam destruir seres humanos em pesquisas científicas. A notícia surpreendente: a grande especialista entrevistada nesta matéria, e que recebe os louros pela notícia promissora, é… a Dra. Mayana Zatz!

Eu estava aqui quando a lei de Biossegurança foi aprovada. E me lembro da chantagem emocional barata da Dra. Zatz et caterva, usando pessoas doentes (inclusive crianças) para comover mentirosamente a opinião pública. O menino João Victor, aliás, tem hoje doze ou treze anos e desde os nove espera o remédio prometido após o julgamento do STF que autorizou a destruição de embriões humanos em pesquisas.

O interessante é que talvez o remédio agora venha. João Victor tem distrofia muscular, exatamente a doença cujo tratamento inédito está anunciado para o próximo ano. Com células-tronco adultas. E agora, quem vai dizer para o menino que o seu sofrimento foi instrumentalizado ideologicamente para a aprovação de uma lei iníqua que, ao fim, em nada o ajudou com o problema dele? E quem é que vai dizer a tantos doentes que a cura, afinal, não veio e nem vai vir de onde disseram que viria, mas de outro lugar? Quem vai dizer a eles que foram gastos tanto tempo, dinheiro e energias em um caminho que nós, católicos, desde o início dissemos que não deveria ser seguido?

Dona Zatz, vá falar com o João Victor. É o mínimo que ele merece após ter sido enganado por quase um quarto da sua vida. Aproveite e peça também desculpas públicas a todos – doentes ou não – os que foram enganados ao longo dos últimos anos. E aos embriões imolados nas placas de Petri – seres humanos sacrificados por uma promessa alquímica de panacéia universal -, as nossas orações e o nosso reconhecimento pela terrível injustiça sofrida, junto com o nosso compromisso de não cessarmos o nosso empenho em pôr fim a esta vergonha. É sobre o nosso século que recairá esta nódoa. Que ela não seja tão tenebrosa quanto se prenuncia.

Ministério Público procura anular concessões de TVs católicas

Eu vi primeiro a notícia da Folha de São Paulo: Procuradoria quer anular concessões das TVs Aparecida e Canção Nova. A Procuradoria entende que «as concessões outorgadas pelo Ministério das Comunicações à Fundação Nossa Senhora de Aparecida, mantenedora da TV Aparecida (canal 59-E), e à Fundação João Paulo 2º, mantenedora da Canção Nova (canal 35-E), ocorreram “sem a observância de processo de licitação obrigatório para concessão de serviço público”, previsto pela Constituição de 1988». Estas concessões são de 1997 (Canção Nova) e 2001 (TV Aparecida).

A própria notícia da Folha de São Paulo traz a resposta do Ministério das Comunicações: «até julho deste ano a concessão de licenças para TVs educativas não dependia de licitação. As duas emissoras foram classificadas como educativas.» O Ministério Público, no entanto, segundo as duas ações propostas (aqui e aqui; são substancialmente iguais), tem um parecer diferente. Pelo que entendi da confusão, há uns decretos de 1963 e 1967 que estabelecem a dispensabilidade de licitação para a concessão de canais de TV educativos; toda a celeuma gira em torno de que o Ministério das Comunicações considerou que a Constituição Federal de 1988 recepcionara esta disposição (e, com base neste parecer, concedeu as duas referidas concessões) enquanto a Procuradoria em São Paulo entende que a CF não recepcionou coisa alguma (e ao contrário exige, “impreterivelmente”, o procedimento licitatório), de modo que pede – entre outras coisas – que seja decretada a nulidade da «outorga da execução do serviço de radiodifusão de sons e imagens» das TVs Canção Nova e Aparecida. Em bom português, é para tirar as duas redes televisivas do ar.

Ambas as peças são da autoria do Dr. Adjame Alexandre Gonçalves Oliveira, Procurador da República. A data de ambas é de dois meses atrás: «Guaratinguetá, 20 de setembro de 2011». Não cabe, portanto, falar em “ação rápida” do PT em “retaliação” pela expulsão do Edinho Silva da Canção Nova, por completa impossibilidade temporal (a menos que, em setembro último, estivessem já decididas tanto a criação do programa “Justiça e Paz” com apresentação do Edinho Silva quanto a sua posterior expulsão gloriosa, o que é um absurdo).

O que é perfeitamente possível é que o PT já esteja, desde há muito tempo, usando a concessão pública como moeda de chantagem com a Canção Nova. A hipótese aliás afigura-se-me perfeitamente plausível, e explica muitas das perfídias da Canção Nova dos últimos anos para cá. Outra coisa que é perfeitamente possível é que os ânimos se acirrem a partir de agora e as ACPs do sr. Adjame Oliveira caminhem com mais celeridade e eficácia. É também possível que o Gabriel Chalita “intervenha” em favor da emissora e lhe consiga a manutenção da concessão, transformando-se assim em herói do telespectador católico brasileiro. Enfim, tem muita coisa que é possível. Sem dúvidas esta notícia é grave e os que estão por detrás dela não são paladinos do Bem com as melhores das boas intenções do mundo. Mas é preciso separar as coisas, tanto para que tenhamos uma visão de conjunto mais correta quanto para que não esposemos teses simplórias e impossíveis que poderão nos comprometer depois.

Canção Nova, Edinho Silva, Eto Jardim, Reinaldo Azevedo e o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais: o imbroglio

Registrem-se os fatos ad perpetuam rei memoriam:

1. A rede católica Canção Nova anunciou a criação de um programa apresentado pelo deputado petista Edinho Silva, inimigo da Igreja de Cristo. O nome do programa é “Justiça e Paz”.

2. O sr. Eto Jardim, administrador da Canção Nova, disse que o programa foi um pedido explícito de Dom Cláudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

3. Os católicos Brasil afora indignaram-se com a palhaçada. Os protestos encontraram eco até mesmo no blog do Reinaldo Azevedo, conhecido comentarista político. As reclamações começaram a chegar em Dom Benedito Beni, bispo de Lorena, sob cuja jurisdição está a Canção Nova em Cachoeira Paulista.

4. Reuniões aconteceram. A Canção Nova resolveu cancelar este programa bem como todos os outros da sua grade que eram apresentados por políticos. O Reinaldo Azevedo comemorou (pessimamente) o ocorrido.

5. O Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, por meio do seu Twitter oficial, divulgou o texto comemorativo do Reinaldo Azevedo acima citado, indo assim na contramão do que dissera anteriormente o sr. Eto Jardim: o administrador da Canção Nova tentara vender o programa como uma iniciativa do mesmo Dicastério que, depois, divulgou alegremente o seu cancelamento.

Os fatos são verídicos conforme os links supracitados os atestam e dão fé. O que significam, contudo, só o tempo dirá.

Quem foi rei nunca perde a majestade

Foi em 1993. Eu tinha nove anos de idade, mas me recordo perfeitamente da música: “O plebiscito, / palavra difícil, / torna mais fácil encontrar a verdade! / Nosso passado é o pai do futuro: / quem foi rei nunca perde a majestade. / Quem foi rei nunca perde a majestade”.

Não podia deixar de recordar a música hoje, quando estou ainda sob os efeitos da brilhante conferência de Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, proferida ontem à noite em Campina Grande por ocasião do lançamento da revista Vila Nova. São amigos caríssimos os responsáveis pela revista; fora eu próprio convidado e reconvidado, nominalmente, para prestigiar o evento. Mesmo cansado, não podia deixar de ir. Arrepender-me-ia amargamente se tivesse ficado em Recife.

E fui. De Recife a Campina Grande, segundo o Google, são 190 quilômetros que percorri contente. Saí à tarde, às pressas; cheguei quase no exato momento em que a mesa era formada e as mensagens de apoio à iniciativa da revista eram apresentadas. Depois, alguns rápidos pronunciamentos de membros da Sociedade São Bento e responsáveis pela publicação; logo após, o momento tão esperado da palestra do Príncipe. Ontem à noite, o prazer de ouvi-lo falar era indescritível: a Família que um dia deteve o Trono do Brasil não perde a graça, a educação e os bons modos com a perda do poder temporal. A majestade do Príncipe estava intacta a despeito do seu Trono ter sido usurpado.

Confesso, envergonhado, que nunca antes ouvira Dom Bertrand falar. Tanto melhor, que a forte impressão positiva da palestra de ontem marcou-me mais profundamente. Sua Alteza é um orador nato, de modo que chega a ser assombroso. O discurso não estava já escrito; ele falava de memória. A linha de raciocínio era reta e clara, da qual o Príncipe só se afastava para abrir algum parêntese que, logo depois, era fechado e fazia o fluxo da conferência retornar ao seu fio principal. Lembro-me do que disse ontem para alguns amigos: há pessoas prazerosas de se ouvir mas que, contudo, não dizem lá muita coisa que se aproveite, e há também pessoas que têm um excelente conteúdo a transmitir mas que, no entanto, são difíceis de acompanhar. Dom Bertrand une estas duas qualidades no seu sotaque macio e consegue ser, simultaneamente, um orador que ouvimos com prazer e do qual podemos aprender bastante coisa. A conferência foi maravilhosa.

Vi o Príncipe falar da história do Brasil e de Portugal, pontuada por episódios familiares (afinal de contas, estamos falando do bisneto da Princesa Isabel e trineto do Imperador Dom Pedro II) que não costumam figurar nos livros de história. Vi-o apresentar o período do “Brasil Colônia” de uma forma bem diferente do esquema “explorador-explorado” que estamos acostumados a estudar sob o tópico de “História do Brasil” no colégio: vi-o falar de um Reino que se estendia para além das fronteiras do Atlântico e o qual, antes de ser “colônia de exploração”, era extensão legítima – de fato e de direito – da Coroa Portuguesa. Vi-o relatar a “fuga” da Família Imperial de Lisboa não de forma intempestiva e desesperada, mas politicamente planejada: de tal forma que as tropas francesas foram frustradas pelo engenho de Dom João VI, o (único) rei que deixou Napoleão literalmente “a ver navios”, consagrando assim a expressão que até os dias de hoje é usada. Vi-o falar com ternura da sua bisavó, a Princesa Regente Isabel do Brasil, apresentada como uma mulher forte e decidida que não poupou esforços para – na contramão das conjunturas políticas de então – fazer o melhor para o povo brasileiro.

– Papai, é verdade que um dia este povo será meu? – Não, minha filha – respondeu Dom Pedro II -, um dia tu serás deste povo. A história é simples mas significativa. Mostra a diferença entre a nobreza sinceramente preocupada com as pessoas que a Divina Providência lhe confiou e os tiranos absolutistas sem outra preocupação que não obter benesses às custas da exploração do povo. Para a mentalidade revolucionária moderna, todos os monarcas são do segundo tipo. Se tal fosse verdade, seria um fenômeno verdadeiramente notável que tantas nações tivessem prosperado ao longo de tantos séculos sem outra força motriz que não estas práticas tão execráveis. A absurda incoerência das proposições, no entanto, não raro passa despercebida. Saúda-se a República como “O Progresso” por antonomásia, sem que se gaste muito tempo pensando no assunto.

Contra esta visão canhestra da História estão os descendentes da Família Imperial, os que guardam a memória da monarquia brasileira e podem contá-la com a força do testemunho de um “Meninos, eu vi”. Se as gerações posteriores perderam o contato com este passado, é algo pelo qual não podemos senão lamentar; mas é reconfortante notar que parece haver uma juventude cansada das vilezas do cenário político atual, uma juventude que se maravilha com a descoberta da verdadeira história da sua Pátria – que outros muitos gostariam de ver enterrada e esquecida. Mas isto eles não conseguirão, porque – graças ao bom Deus! – nós temos ainda os legítimos curadores deste legado, nós temos pessoas como Dom Bertrand que conseguem fazer – e com maestria! – esta tão necessária ponte entre o presente e o passado, condição indispensável para que a nossa Pátria encontre o futuro glorioso ao qual está destinada.