E que venha 2012!

Passou-se mais um ano. Esta noite nós damos adeus ao ano de 2011 e, ao mesmo tempo, esperamos um próspero ano novo. Os  votos que todas as pessoas fazem são sempre os mesmos: muita paz, muita saúde, felicidade, realizações, dinheiro. Sobre estes (indiscutíveis) bons votos eu não quero me demorar. Quero falar sobre outras coisas.

Primeiro, sobre uma tirinha excelente que eu vi no Facebook por estes dias, da Mafalda dizendo que o ano novo espera pessoas melhores mais do que estas esperam um ano novo melhor. E a garota está coberta de razão. Muitas vezes nós esperamos que os nossos problemas se resolvam num passe de mágica, ou achamos que existe alguma confluência de “bons fluidos cósmicos” ou seja-lá-o-quê no dia primeiro de janeiro capaz de transformar as nossas vidas. Quando na verdade é uma noite como todas as outras, e a função simbólica que ela possui – e indubitavelmente possui – não decorre de nenhuma característica que lhe é intrínseca, mas sim do que nós decidimos fazer com ela. As promessas de ano novo (já falei sobre isto algures) têm valor não por serem feitas no ano novo, mas sim por serem feitas, simplesmente. Se alguém tem mais esperança em um ano novo melhor do que tem o propósito de melhorar no próximo ano… esta pessoa está fadada a se decepcionar. Que o próximo ano nos encontre melhores, como já desejei aqui há dois anos.

Um corolário disto que foi exposto é que há geralmente algo de muito errado nos nossos votos de “feliz 2012”. Como eu disse, é perfeitamente justo e razoável que as pessoas desejem saúde, dinheiro, paz, amor, felicidade; o que não é razoável é que as pessoas não desejem as coisas que dependem do empenho humano e sem as quais todo o resto perde o sentido. Por isto, àqueles votos padrões de ano novo, eu gostaria de acrescentar mais alguns que considero de absoluta importância.

Que, em 2012, você seja mais santo. Se você não é católico (ou se é “católico não-praticante”), que encontre a Igreja de Cristo que lhe espera; se ja é católico, que possa aumentar a sua comunhão com o Corpo Místico de Cristo. Que, em 2012, você reze mais e reserve uma maior (e melhor) parte do seu tempo para Deus. Que você seja mais generoso e menos egoísta; que se empenhe em cumprir os seus deveres de estado com mais diligência do que tem empregado neles até então. Que você estude mais, trabalhe mais e ame mais. Não um estudo supérfluo e fútil, mas o estudo que conduz à contemplação das coisas divinas. Não um trabalho do qual se é escravo ou que se realiza como um vício, mas o trabalho que serve à maior glória de Deus. Não um amor naturalista confundido com “passar a mão na cabeça”, mas o amor jungido à Verdade que leva à salvação das almas. Que, em 2012, você seja um filho de Deus melhor do que tem sido até então.

Que venha 2012! Que, no ano novo, nós sejamos pessoas melhores. Os desejos de um santo ano novo têm implícitos os votos de que sejamos mais santos no ano novo que ora se inicia; que assim seja. Que a Virgem Mãe de Deus (de cuja festa solene já se celebram hoje as Vésperas) seja em nosso favor e, na presença do Seu Divino Filho, lembre-se de falar coisas boas a nosso respeito, apesar de nossas muitas faltas. Que Ela nos ajude. Feliz ano novo a todos os leitores do Deus lo Vult!

Deus lo Vult! – Retrospectiva 2011

Foram 316 posts publicados no Deus lo Vult! este ano. Abaixo, uma pequena lista de alguns que eu considero mais importantes; de textos que eu gostei particularmente de ter escrito e que, ainda hoje, julgo valerem uma leitura. Quem ainda não leu algum deles, tem agora a chance de o fazer. Quem já leu, vale a pena ler de novo.

Janeiro: embora curtas, são atemporais estas regras para o engajamento dos católicos na internet. E estas considerações sobre a diferença entre fazer uma coisa errada e defender que uma coisa errada é na verdade certa são um tema sempre recorrente.

Fevereiro: vale relembrar a imagem (de gesso!) de Nossa Senhora das Graças que resistiu às enchentes do início do ano. E reler alguns depoimentos sobre as guerras pernambucanas entre os católicos brasileiros e os holandeses calvinistas.

Março: a refutação de um texto ateu que “respeita” e “considera” as religiões. E também este primeiro artigo de uma série sobre o carnaval, a alegria e a posição cristã durante os dias do reinado de Momo.

Abril: gosto muito deste texto sobre a “Causa das causas” e o Bule Voador, mostrando como é ridícula a comparação dos neo-ateus. Foi em abril também a polêmica com o pe. Alex Cordeiro e os seus ataques descabidos ao pe. Paulo Ricardo. E vale também a pena ler este texto sobre intolerância e homofobia.

Maio: não deixe de ler estas dez dicas para a organização de celebrações litúrgicas. E foi também em maio o disparate do STF sobre a “união homoafetiva”.

Junho: Chesterton vs. Blatchford é imperdível. Junho também viu a blasfêmia com os santos católicos realizada na Parada Gay de São Paulo. E também em junho eu me utilizei de um verso de Gregório de Matos para protestar contra o pe. Fábio de Melo e sua política de “boa vizinhança” (para dizer o mínimo!) para com o Movimento Gay.

Julho: em julho nós descobrimos que os brasileiros não são nem homofóbicos e nem pró-gays. Também no sétimo mês do ano morreu a Amy Winehouse, e eu comentei um pouco sobre ela aqui. E eu fiz uma detalhada explicação sobre o mito de que Orígenes defendia a reencarnação espírita, inclusive citando textos do próprio Orígenes que desmentem esta tese.

Agosto: foi o mês da Jornada Mundial da Juventude em Madrid! Em particular, vale a pena lembrar de como os servos do Rei da Glória calaram os escravos do Príncipe das Trevas, bem como daquele inefável minuto onde o Vigário de Cristo olhou para nós. Sobre o aborto, merece menção a frieza deste depoimento de uma mulher que, após matar o seu filho, diz que é necessário apertar a descarga e torcer para não entupir.

Setembro: vejam o heroísmo católico em Iwo Jima. Em setembro refutei também estas provas da inexistência de Deus que algum estulto despejou na internet. E é também de setembro este conto sobre o Reino dos Papa-Bostas, forte candidato a post do ano do Deus lo Vult! e um dos que eu mais gostei de ter escrito.

Outubro: em outubro o Papa foi a Assis e disse que o “não” a Deus gerou violência sem medida. Em resposta às bravatas do Sakamoto, lembramos que foi a Igreja quem inventou a saúde pública sim. E em outubro também faleceu o Steve Jobs – fruto de uma gravidez indesejada.

Novembro: um homossexual simulando felação em uma parada gay no Acre provocou a indignação dos brasileiros e – pasmem! – a ABGLT respondeu acusando os ofendidos de serem falsos moralistas e hipócritas! Foi também em novembro que o movimento #CançãoNovaSemPT venceu e o petista Edinho Silva foi defenestrado da emissora católica (onde, no mesmo mês, tinha ganho um programa). E foi também em novembro que escrevi estas impressões sobre o Congresso Pró-Vida da Human Life International.

Dezembro: vimos um corajoso padre cancelar um batizado após descobrir que o padrinho era “casado” civilmente com outro homem. Numa absurda tentativa de reescrever a realidade, o Gabriel Chalita insiste em dizer que a Dilma é contra o aborto mesmo quando tem vídeos dela dizendo, com todas as letras, ser a favor da descriminalização. Foram também apresentados aqui os dogmas sem sentido do espiritismo. E, para fechar o ano com chave de ouro, o Deus lo Vult! venceu o Top Blog 2011 e levou o primeiro lugar na categoria Religião (Pessoal) pelo Júri Acadêmico.

O Amor nasceu – Feliz Natal!

A Noite de hoje celebra aquele portentoso Nascimento sem o Qual nada poderíamos esperar do mundo onde vivemos. A noite de hoje é aquela Noite que redime todas as outras noites do mundo desde o início dos tempos; é a Noite onde a separação do Gênesis entre luz e trevas encontra a sua plena significação: quando a Luz refulge nas Trevas. Sim, poderíamos talvez pensar que todas as noites foram criadas apenas para que pudesse existir uma única Noite verdadeiramente Feliz onde Deus entra em Sua Criação e, assumindo a nossa fraqueza, nasce para nós. À luz da Noite de Belém, todas as noites adquirem sentido.

Imagem do Nascimento de Cristo

A Noite de hoje apresenta o testemunho verdadeiro do Amor – que não é sentimento dos poetas românticos e nem conceito abstrato dos filósofos, mas sim um Menino que nos nasce. Em Belém nós celebramos muito mais do que o nascimento de um homem extraordinário e inigualável – coisa que por si só já seria portentosa -, nós celebramos o nascimento do Amor. Do Amor que move os céus e as estrelas, do Amor que é a Causa Primeira e o Fim Último de todas as coisas. Sabemos que Deus nos ama porque Ele vem nos visitar, e à luz desta Divina Visita nós podemos ter a esperança concreta de visitá-Lo um dia; ou melhor, de morar com Ele eternamente. A “plenitude dos tempos” não se diz em sentido cronológico, e sim em dignidade e em perfeição. Aqueles tempos eram plenos não porque eram os últimos e depois deles não haveria mais nada, mas sim porque contiveram o próprio Autor do Tempo. Diz-se “feliz” daquela Noite em Belém porque Ela abrigou a própria Felicidade e A viu vir ao mundo. Porque o Amor nasceu em Belém. E é o nascimento de Deus em Belém que dignifica os nossos próprios nascimentos, e a imperscrutável honra de compartilhar com o Deus Onipotente uma natureza humana é outra das provas do infinito Amor d’Ele por nós.

Nasceu de uma Virgem! Se Feliz foi aquela Noite que viu Deus vir ao mundo, quão mais Bem-Aventurada não é Aquela que O sentiu crescer no seio e Lhe deu a natureza humana? Se gloriosos foram aqueles tempos nos quais o Criador tocou a Criação, quão mais Gloriosa não é Aquela que foi a Porta do Céu através de Quem o Verbo desceu dos Céus à Terra? Se sublime foi aquela Manjedoura onde a Virgem Santíssima depositou o Seu Divino Filho, quão mais sublime não é esta Mulher cujo Ventre foi a primeira morada do Verbo Encarnado? A nossa Salvação nasceu em Belém, porque era em Belém que Se encontrava a Santíssima Mãe de Deus! É d’Ela que a humanidade recebe a Salvação do Mundo, e o Universo inteiro colocado aos Seus pés seria ainda muito pouco para Lhe agradecer.

E hoje, passados já vinte séculos d’Aquela Noite Gloriosa onde os Céus desceram à terra, a Sua força não esmoreceu. Aquela Noite dá sentido a todas as noites, e aqueles tempos estabelecem uma ponte permanente entre o Tempo e a Eternidade que alcança também a nós e aos homens de todos os tempos. Porque o Amor é Eterno e, se estivermos com Ele, estaremos também em Belém, aos pés do Deus-Menino que nasce para a nossa salvação. Se estivermos com Aquela Virgem Santíssima – e somente se estivermos com a Santíssima Mãe de Deus -, poderemos encontrar os Céus abertos para nós de par em par e poderemos receber dos braços d’Ela o Verbo feito Carne, o Amor nascido em Belém, o Deus-Menino que vem até nós a fim de nos levar para Ele.

O Amor nasceu. Os anjos cantam Glória. E n’Ele os homens podem ter Paz.

Um santo e feliz natal a todos os leitores do Deus lo Vult!.

Padre cancela batizado ao descobrir que padrinho era “casado” com outro homem

Eu vi uma notícia interessante que merece alguns rápidos comentários: Padre católico espanhol impede batizado ao descobrir que padrinho é gay. A notícia me trouxe um misto de alento e de desespero.

Primeiro, a justificativa da mãe da criança é francamente estapafúrdia:

“Perguntaram se pais e padrinhos estavam batizados e confirmados. Depois se todos estávamos casados e respondemos que sim. Nunca pensamos que teríamos que avisar que ele era casado, mas com um homem. As normas, ele cumpria”, explicou ela.

Sério? Jamais passou pela cabeça desta senhora que o fato do candidato a padrinho ser sodomita público (nos dois sentidos – de notoriedade e legalidade civil) era relevante? Ela nunca pensou em dizer este “detalhe” nas entrevistas preparatórias para o Batismo? Será que esta senhora tem alguma noção de que a Doutrina Católica condena os atos homossexuais? Será possível que ela nunca tenha ouvido falar que os padrinhos têm que ser exemplo de vida para os seus afilhados? Será que ela não se apercebeu de que um pecador público, ao contrário de ser “exemplo de vida”, é na verdade um escândalo ambulante?

E ainda vem dizer que o sujeito cumpria as normas! O que significa esta declaração? É um cinismo farisaico (ah, casado ele era, mas você não perguntou se ele era casado com alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto!) ou é uma demonstração preocupante de esquizofrênica alienação da realidade (ela de fato não sabia que a Igreja condena os atos homossexuais)?

Segundo, a família disse que ia levar o caso aos tribunais. Como assim, “aos tribunais”? O que ela pretende? Acaso ela espera que o Estado obrigue a Igreja a batizar o menino com um padrinho sodomita? Ou será que ela vai pedir (o que considero mais provável) “danos morais” pelo constrangimento… que ela própria causou?

A Igreja tem as Suas próprias regras e, francamente, não dá para alegar desconhecimento. Por exemplo, todo mundo sabe que a Igreja não aceita segundas núpcias. Suponhamos que fulano seja casado na Igreja, separe-se e queira casar de novo. Aí fulano vai para a Igreja, faz tudo “certinho” e, quando perguntam se ele é solteiro, diz que sim. Quando chega a papelada, percebem que ele já é casado. O padre diz que não vai celebrar o casamento. Aí fulano dá um piti e diz que cumpriu todas as normas, pois perguntaram se ele era casado e não se já tinha sido casado alguma vez na vida. Isto faz sentido para alguém?

Tremenda má fé desta gente que quer impôr à Igreja o seu próprio padrão de (i)moralidade! Não estamos falando de uma seita obscura, estamos falando da Igreja cuja Doutrina moral é amplamente conhecida. E, antes que venham com as “argumentações” de que outras faltas morais seriam “toleradas” com mais benevolência, a resposta é não. Se a madrinha fez um aborto e ninguém sabe (a não ser os mais próximos), o padre não tem como adivinhar isso. Se a madrinha é dona de uma clínica de aborto, e isto é público e o padre toma conhecimento, isto é um escândalo e ela não pode ser madrinha. Se o padrinho “pula a cerca” e trai a mulher com uma vizinha e algumas pessoas no prédio sabem e comentam, o padre não tem como adivinhar. Se ele abandonou a mulher para morar com a vizinha tendo inclusive um segundo casamento civil, isto é um escândalo público e o padre tem mais é que negar este candidato a padrinho mesmo. Custa acreditar que isto seja difícil de entender!

Por fim, causa alento que o padre tenha deixado de lado todo o respeito humano e cancelado a cerimônia, bem como que o bispo o tenha apoiado:

A polêmica provocou uma resposta pública do arcebispado, que enviou um comunicado apoiando o padre e advertindo que um padrinho católico precisa ter uma vida “congruente”.

A nota cita o Código de Direito Canônico, cânon 874, que descreve os requisitos para os padrinhos de batismo: “deve ser católico, estar confirmado, ter recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e levar uma vida congruente com a fé e a missão que vai assumir”.

Esta fidelidade deste prelado católico e esta santa intransigência do cura de almas não passarão despercebidas d’Aquele que habita os Céus. Os nossos parabéns aos representantes da Igreja que, na contramão das tendências modernas, não abdicaram de sua fidelidade a Cristo. Que neste Natal o Menino Deus os possa confirmar na Fé Católica, no estreito e difícil caminho que conduz aos Céus. E que a atitude deles inspire outros, a fim de que as almas não se percam pela desorientação daqueles que as deviam conduzir.

Curtas: neurônios a partir de células-tronco, yorkshires e bebês e inversão de valores, resposta da FSSPX ao preâmbulo doutrinal

– Simplesmente fundamental este texto da dra. Lenise Garcia (presidente do Movimento Brasil Sem Aborto) sobre células-tronco. Fala sobre uma pesquisa do Instituto de Química da USP que conseguiu produzir neurônios a partir de células-tronco adultas. Com a palavra, a Dra. Lenise:

Evidentemente, não pude deixar de me lembrar de meus debates públicos com a Dra Mayana Zats, quando se discutia a inconstitucionalidade de se destruírem embriões humanos, para deles retirar células-tronco embrionárias. O maior argumento dela para justificar a “necessidade” dessas células para a pesquisa era o mesmo que está publicado aqui e copio abaixo:

“Uma das grandes limitações das células-tronco adultas é a sua incapacidade de formar neurônios. Elas conseguem se diferenciar em células musculares, adiposas, ósseas, cartilagens e até células nervosas com aspecto de neurônios mas que infelizmente não são funcionais. Não transmitem o impulso elétrico. Esse foi um dos principais motivos que nos levou a lutar para ter a permissão de poder pesquisar as células-tronco embrionárias (CTE), pois elas, sim, conseguem formar todos os tecidos inclusive neurônios”.

E eu sempre dizia que talvez ainda não tivessem sido descobertas, mas que certamente existiriam as células-tronco adultas capazes de formar neurônios, pois eles não surgem do nada, e já estava demonstrado que são produzidos ao longo de nossa vida.

Assim, enquanto a empresa Geron desiste das pesquisas com células embrionárias, 15 anos e 150 milhões de dólares depois, aí estão as células-tronco adultas gerando neurônios.

Dispensa comentários.

* * *

Hipocrisia do nosso tempo: a enfermeira de Goiás e os anencéfalos do Brasil. «Diante da morte de um bebê, acoado, tremendo no útero materno, o que é a morte de um cachorro? É razoável levantarem bandeiras e ações contra a morte de um cão e calarem sobre a morte de seres humanos? Não há nada de perigoso nessa inversão de valores?»

Ao mesmo tempo, leio esta lacônica nota – dois parágrafos!! – sobre uma dupla de lésbicas que espancou e matou um bebê de nove meses no Rio de Janeiro. Uma das poucas informações que temos: «Segundo o delegado titular da 21ª DP, Aguinaldo Ribeiro, a criança estava com o braço quebrado há cerca de um mês, mas não havia sido encaminhado para um hospital».

Onde está o clamor popular? Onde o rasgar de vestes escandalizado? Onde a repercussão do crime bárbaro? Acaso os bebês não são dignos da mesma indignação que devotamos aos yorkshires assassinados? Ou existe outro motivo para esta absurda desproporção entre crimes e reações populares?

Deus nos ajude. E ainda dizem que estamos evoluindo, que o progresso moral é inevitável e outras besteiras mais! Reconhecer os problemas é o primeiro e fundamental passo para que se busquem soluções. Enquanto o mito de que estamos sempre melhor do que no passado vigorar, nós continuaremos caminhando rumo ao abismo.

* * *

I Lefebvriani rispondono senza rispondere, via Vatican Insider. Ao que parece, a FSSPX respondeu ao preâmbulo doutrinal… sem responder se o aceitava ou se o rejeitava! Arriscando uma tradução bem livre de alguns trechos que julgo mais relevantes:

Já era esperada por estes dias, e a resposta dos lefebvristas ao «preâmbulo doutrinal» proposto pelas autoridades vaticanas chegou na última hora. No entanto, com uma certa supresa, [notou-se que] a resposta… não responde. Não se trata daquela resposta que a comissão Ecclesia Dei esperava (positiva, negativa ou com pedidos de esclarecimentos ou modificações de pontos específicos do texto do preâmbulo). O texto que chegou da Fraternidade será estudado pela comissão presidida pelo Cardeal William Levada e pelo secretário Guido Pozzo.

[…]

[Mons.] Fellay, mesmo não publicando o texto (provisório) do preâmbulo, em pelo menos duas ocasiões – uma entrevista e uma homilia – antecipou as dificuldades que os lefebvristas viam no preâmbulo. Disse abertamente que, assim como estava, o texto não podia ser aceito. Muitos, dentro ou fora de Roma, consideraram as palavras do superior [da FSSPX] como um indício das dificuldades internas da Fraternidade: a linha de Fellay estava, de fato, sendo objeto de fortes críticas e aberta dissidência por parte dos superiores de vários distritos, contrários ao acordo com a Santa Sé.

[…]

É inegável que uma forte dissidência interna, contrária ao acordo com Roma, cresceu nestes [últimos] anos no grupo lefebvrista. Agora é necessário esperar para saber como a Santa Sé reagirá à «resposta que não responde».

Que a Virgem Santíssima, Sedes Sapientiae, interceda por estas negociações que parecem não ter fim. Que as leve a um bom termo, e o quanto antes, ad majorem Dei gloriam.

Deus lo Vult! é o TOP-1 do prêmio Top Blog 2011

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Vitória! O Deus lo Vult! recebeu dois prêmios na cerimônia de premiação do Top Blog que ocorreu no último sábado, 17/12, em São Paulo. Estive presente e, de lá mesmo, já comemorara; ganhamos eu e mais dois amigos. O Marcio levou o ouro no júri popular da categoria Religião/Profissional com o seu excelente Tubo de Ensaio e o Edson de Oliveira foi o primeiro colocado em Política/Pessoal, com o seu também excelente Sou Conservador sim, e daí? – no total, nós três que estávamos sentados juntos na última fileira do auditório da UNIP fomos ao palco receber o reconhecimento pelo nosso trabalho. Posso afirmar que, sem dúvidas, valeu – e muito – a pena.

A viagem foi planejada de última hora; mas ao final deu tudo certo, e eu pude reencontrar os velhos amigos e fazer parte da cerimônia. Como eu já comentei rapidamente aqui, tive a oportunidade de subir ao palco e apresentar (em dois minutos) a proposta do blog. E falei sobre a importância de defender os valores espirituais diante de um mundo que – cada vez mais – quer empurrar os valores transcendentes para a esfera do subjetivismo e do pessoal. Estava nervoso e falei de improviso; mas acho que não ficou tão ruim assim porque, ao final das contas, não fui vaiado, a despeito do assunto ser meio politicamente incorreto para os tempos que correm. Dos quatro blogs religiosos premiados com o primeiro lugar (pessoais e profissionais, entre os júris pessoal e acadêmico para cada um deles), apenas o Deus lo Vult! e o Tubo de Ensaio estavam representados. Foi um excelente momento.

Este blog foi premiado com o ouro pelo Júri Acadêmico e com a prata pelo Júri popular; os dois certificados, junto com o troféu do primeiro lugar, estão nesta foto aos pés da imagem de Nossa Senhora de Fátima que eu tenho em casa. Porque é a Ela que eu ofereço esta vitória e é d’Ela todos os méritos e reconhecimentos deste trabalho que desde 2008 desempenho nestes sítios virtuais. E a vós outros, que sempre me honram com a sua presença, eu agradeço sinceramente: muito obrigado! E peço que não se esqueçam de rezar por mim; para que eu não ofereça tanta resistência à graça divina e, empregando com diligência os dons que a Divina Providência me concedeu, possa trabalhar cada vez mais para a maior glória de Deus.

Sinceramente, eu não sei quem são os bárbaros (sobre a enfermeira e o Yorkshire)

Nos últimos dias, eu ouvi falar muito sobre a enfermeira que espancou e matou um Yorkshire. Vi também o vídeo do Youtube que mostra os maus-tratos; não é nada bonito. A garota chuta o cachorro, deixa-o preso sob um balde, joga-o para cima a fim de que caia no chão. E tudo isso na frente de uma criança (ao que parece, filha dela).

A repercussão (como sói acontecer em casos assim) foi imediata e violenta. O referido vídeo tem neste momento mais de sessenta mil comentários, entre os quais é possível encontrar coisas como (toda a pontuação e ortografia dos originais):

  • Da um joinha ae Para quem tem vontade de colocar essa mulher de 4, amarra uma coleira no pescoço dele e mete a bicuda, socos e ponta pé nela. Essa cadela vadia. OBS: sou contra a violência com as propias mão, mas no caso dela eu abro uma exeção!
  • ha jente muito ruin nete planeta ,mas eu apostu que eles teem uma localsinho marcado so pra eles . ARDE NU INFERNU MINHA VACA SEM ESCRUPULOS !
  • Ela não merece a morte, ela merece sofrer vagarosa e dolorosamente pra sentir pior que o cão sentiu. Depois disso tem que ir pro inferno sofrer eternamente sendo mordida por cachorros e estando acorrentada com corrente com lâminas, pra quando ela se debater de dor cortar a pele. Eu odeio essa vadia, sem cerébro! Morra demonio!!
  • Essa mulher teem problema!!! Vadiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaa! Você tem q ser espancada até a morte pra ver como é bom! Desgraçadaa!!!Voce podia viver sem fazer milhões de pessoas chorarem!! Vacaaaa se entrega logo ASSASINAAA!!!!

E daí (muito!) para baixo. Isto foi apenas uma pequena amostragem colhida ao acaso, navegando aleatoriamente pelas muitas páginas de comentários. Ao que parece, o sentimento universal é o de que esta mulher merece

  1. ser torturada;
  2. ser (violentamente) morta;
  3. ir pro inferno.

Há também diversas petições na internet para serem assinadas; a maior delas pede, no título, que a enfermeira sofra a pena máxima do crime de maus tratos (já está beirando as 400.000 assinaturas e tem muitos comentários como os que foram acima citados). Aliás, este abaixo-assinado é bem sucinto e merece ser citado na íntegra:

PARA PENA MÁXIMA DE CRIME DE MAUS TRATOS PARA A ENFERMEIRA QUE MATOU O YORKSHIRE. PUNIÇÃO POR CRIME DE MAUS-TRATOS E INCLUSIVE PENA PARA OS FAMILIARES QUE OMITIRAM SOCORRO! CASSAÇÃO DO REGISTRO DO CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM!

É isto. Gritos e exclamações indignadas do original. Estas três linhas conseguiram, simplesmente, a simpatia de quase 400.000 brasileiros em uma semana. É verdadeiramente impressionante.

Falemos abertamente: é óbvio que não é normal uma pessoa espancar e matar um cachorro ou qualquer outro animal. Chesterton já dizia (salvo gravíssimo engano em “Ortodoxia”) que é evidente haver mal no mundo, e dava como exemplo de evidência disto um sujeito esfolando um gato. É também óbvio que o mal (e, neste caso, com o agravante de ser o mal que costuma ficar impune, o mal tratado com indiferentismo) costuma provocar indignação nas pessoas normais. Tudo isto é perfeitamente razoável. O que foge a qualquer razoabilidade é o exagero destas reações, tanto em quantidade quanto em qualidade.

Tenho certeza de que é possível encontrar com relativa facilidade notícias recentes de crimes de agressão e de morte praticados contra seres humanos neste Brasil afora, e não me recordo de ter jamais visto uma mobilização virtual desta magnitude quando as vítimas são pessoas humanas as quais, por sua própria natureza, valem infinitamente mais do que cachorros (por bonitinhos e fofinhos que eles sejam) ou qualquer outra coisa. Além disso, as manifestações contra a enfermeira incluem divulgação de foto, endereço, nome do marido e telefone (que eu vou ter o bom senso de não colocar aqui, mas a maior parte dos meus leitores deve ter recebido no Facebook ou por email) e, por conta disso e segundo esta notícia, a enfermeira está “escondida, pois já recebeu mais de 40 mil ameaças de morte”.

E isto, sinto muito, passa muito longe de ser demonstração de civilidade e de respeito, de ser o justo repúdio ao mal praticado. É fora de quaisquer dúvidas que é errado espancar e matar um cachorro, mas também é inquestionável que fazer incitação ao crime, ameaçar de morte e divulgar as informações necessárias para que tais ameaças se concretizem é muito mais errado e, se as pessoas não conseguem perceber isto, estão em um nível de degradação moral ainda pior do que o da enfermeira. Alguém comentou que é desanimador pensar no futuro de um país onde há pessoas que espancam e matam animais como se não estivessem fazendo nada, e eu concordo totalmente. No entanto, é ainda mais desanimador pensar no futuro de um país onde se defende abertamente o linchamento (moral e também físico) de um ser humano, a sua tortura e morte pela turba revoltosa seguida de condenação eterna, e onde os que fazem isso julgam-se os paladinos de uma civilidade que não possui a enfermeira condenada no júri popular virtual. Sinceramente, eu não sei quem são os bárbaros aqui.

Ahhhhh tô voltando pra casaaa!

No aeroporto, prestes a retornar à querida Veneza Brasileira. Após a premiaçāo do sábado à noite, ainda tive um agradável passeio por São José dos Campos na agradável companhia de amigos. Depois disso, uma “conexão” na Cidade Maravilhosa que não foi bem a coisa mais inteligente do mundo, mas enfim. Em breve volto ao meu Recife.

Levando pra casa as maravilhosas experiências imateriais que não dão excesso de bagagem e nem se corrompem (ao menos não tão facilmente) com as voltas das engrenagens de Crono! Conversava com alguém no aeroporto que me dizia exatamente o mesmo: as lembranças são impagáveis. São dos melhores presentes naturais que podemos nos dar a nós mesmos. Costumam ser os de que menos nos arrependemos.

Sábado à noite eu subia no palco para receber o (pesado!) troféu do melhor blog pessoal de religião segundo o Júri Acadêmico do Top Blog para o Deus lo Vult!. E tinha uns dois minutos para dizer algumas palavras; falei sobre o propósito do blog de defender a Religião num mundo que lhe é hostil, de mostrar que é possível guardar a Fé no século XXI e de não deixar (ao menos não sem luta!) que a descrença seja imposta como única forma modernamente aceitável de pensamento. Devo ter falado mais do que devia. Mas ao menos não fui vaiado. Valeu a pena.

Agora, de volta pra casa com o blog duplamente premiado (ouro no júri acadêmico, prata no popular), resta a certeza de que existe ainda muito por fazer. E o ânimo renovado para arregaçar as mangas, e continuar trabalhando para oferecer conteúdo de qualidade para os meus leitores – os meus pobres grãozinhos miseráveis de incenso queimados a Nosso Senhor, temendo e tremendo, suplicando (pela intercessão da Virgem Santíssima) que Lhe sejam agradáveis. Aos que aparecem por aqui (sempre ou mesmo quase nunca) mais uma vez o meu muito obrigado. E continuemos em frente sem desanimar. Aux armes, porque Deus lo vult!

Cerimônia de premiação – Top Blog 2011

Chegamos ao teatro, que está lotado; os organizadores do prêmio estão apresentando os números atuais e as perspectivas futuras do concurso. A viagem foi corrida, mas aqui cheguei no final das contas. Em breve, serão entregues os troféus.

Aqui, nesta fileira do teatro, temos o Tubo de Ensaio, o Deus lo Vult! e o Conservador e Daí?, aguardando ansiosos o início das premiações. Que recém-inicia. Boa noite a todos!