O machismo teológico do pensamento cristão tradicional

Perdoem-me a sinceridade, mas o “perfume” deste “canteiro de obras chamado teologia” apresentado pelo pe. Elias Souza tem cheiro é de esterco. O texto é um ultraje tanto à teologia quanto às próprias mulheres em cuja defesa alegadamente se levanta. A seguir, comento os pontos que são mais escandalosos:

– O assunto “ordenação de mulheres” não tem nada de “polêmico”. Na verdade este assunto está encerrado, porque a Igreja já se manifestou de forma definitiva sobre a questão dizendo que Lhe era impossível conferir o sacramento da Ordem para mulheres. Para quem não lembra, o texto da Ordinatio Sacerdotalis de S.S. João Paulo II é o seguinte:

Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.

Acrescente-se o fato de que a Igreja prevê excomunhão latae sententiae para quem tenta ordenar mulheres (bem como para as mulheres que tentam ser ordenadas). Mais claro do que isto é impossível.

– As idéias de “um inevitável tom machista” (!) na teologia clássica ou de uma “visão androcêntrica” (!!) do Cristianismo são um ultraje teológico, inconcebíveis na pena de um sacerdote católico. Além, é claro, de serem uma grosseira falsificação histórica. Bastaria ao pe. Elias abrir a Summa – este escrito escolástico machista! – para ver o que Santo Tomás diz sobre a origem da mulher; se ele cita a tese de Aristóteles de que a mulher é “um varão frustrado”, é justamente para precisar-lhe os limites de modo a não diminuir a dignidade feminina decorrente da Criação: com relação à totalidade da natureza, a mulher não é algo ocasional. Porque “a intenção de toda a natureza depende de Deus, Autor da mesma, o Qual ao produzi-la não fez somente o homem, mas também a mulher” (Ia, q.92, a.1, ad.1).

Aquela clássica exegese da passagem do Gênesis – segundo a qual a mulher é igual ao homem por ter sido feita de uma sua costela – encontra-se também nesta questão da Summa: “a mulher não deve dominar o varão (1 Tm 2, 12), motivo pelo qual não foi formada de sua cabeça. Tampouco deve o varão desprezá-la como se ela lhe estive submetida servilmente: por isso ela não lhe foi formada dos pés” (id. ibid., a.3, resp.). E, no último artigo (id. ibid., a.4), o Aquinate defende sem pestanejar que a mulher foi criada diretamente por Deus, contra os que tentavam diminuir-lhe a dignidade por ter sido ela feita a partir de uma costela do homem.

– O que o sacerdote quer dizer com “[é] tempo de (…) questionar a hierarquia da natureza humana sobre a não-humana”?! Por acaso desconhece o padre que a natureza humana é, sim, superior – e muito! – à natureza bruta, à vegetal ou mesmo à animal? Nunca leu o padre nas Escrituras Sagradas que Deus fez o homem quase igual aos anjos e o coroou de glória e de honras (Sl 8, 6), dando-lhe poder e submetendo-lhe “todo o universo,  rebanhos e gados, e até os animais bravios, pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano” (Sl 8, 7b – 9)? Como assim “questionar a hierarquia da natureza humana sobre a não-humana”, acaso o padre quer questionar o próprio Deus Altíssimo que fala através das Escrituras Sagradas? E é com este cabedal de fecundidade teológica que o sujeito abre a pouca para chamar de “machistas” os santos da Igreja de Deus?

– Por fim, é outro absurdo ignorante a idéia de que hoje “é tempo da mulher fazer teologia”. O Pe. Elias está profundamente atrasado. Afinal de contas, nas profundezas da Idade das Trevas – no ano de mil trezentos e tantos – Santa Catarina de Sena (doutora da Igreja!) já fazia teologia. E hoje, dois de janeiro, celebramos o aniversário natalício de outra mulher que também fez teologia: Teresa de Lisieux, nossa Santa Teresinha de Jesus, que inscreveu o seu nome entre os Doutores da Igreja justamente porque soube muito bem beber das fontes da Teologia Cristã (ao contrário do Pe. Elias, que prefere cuspir no passado da Igreja). Ao contrário das teólogas-eco-feministas-holísticas-revolucionárias-ultrajovens que o Pe. Elias apregoa – e que aliás nunca produziram absolutamente nada que fosse útil à Igreja de Cristo, mas enfim… -, são as santas católicas – estas insignes personalidades femininas – que verdadeiramente dignificam a mulher: e estas mulheres foram notáveis justamente por se esforçarem para estar em estreita comunhão com a Igreja Católica, fora da qual só existe confusão e onde todas as “teologias” sempre foram estéreis e vãs.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

32 comentários em “O machismo teológico do pensamento cristão tradicional”

  1. Tudo criado popr Deus é hierárquico, num mundo anárquico de mentalidade revolucionária a palavra hiererquia é sinônimo de repressão e na verdade é necessária para manter a ordem, os filhos da serpente sabem que a melhor forma de destruir a sociedade é destruindo a ordem hierárquica através do igualitarismo, ao começar pela célula mãe da sociedade (família).

    O evangelho é bem imperativo: Mulheres, sejais submissas aos seus maridos, porém, mais uma vez a mulher deu ouvidos à serpente e buscou a inexistente igualdade dos sexos e o resultado disso é famílias destruídas, um monte de solteironas choramingando solidão e o divórcio se normalizou entre católicos progressistas.

    O contrário de submissão é independência, logo, a independencia feminina não passa de mais um obra do Demônio para destruir a ordem e criar o caos, graças a sacerdotes como esse Pe. Elias a obra das trevas parece vencer, mas será só por um tempo determinado.

  2. Vejo tanto no arrazoado do pe. Elias como naqueles que pensam como o Durval (acima) um ponto em comum: entendem que hierarquia na Igreja supõe submissão e não compreendem que hierarquia eclesial é sinônimo de serviço, isto é, os sacerdotes servem às mulheres e aos demais homens. É serviço e não privilégio. E o mesmo vale no matrimônio: os maridos servem às suas esposas e as esposas servem àos seus maridos.

  3. Acho que muito mais que denunciar ao Vaticano, tem de se, primeiro, chamar a atenção da diocese ou arquidiocese de trabalho deste padre, encher a caixa postal, ligar bastante, só assim para, pelo menos, começar uma pressão para demonstrar nosso repúdio a essa heresia sem tamanho.

  4. Wagner, vc critica meu suposto pensamento e ja comenteu um grande engano, pois o q eu escrevi é baseado na doutrina imutável da Igreja não são como vc disse: “meus pensamentos”, agora justifique essa ladainha modernista que vc defende em algum documento, algum doutor, ou magistério da Igreja.

  5. O contexto em que foi criado o cristianismo justifica plenamente a posição atual da Igreja Católica. Todos nós conhecemos a diferença entre cristandade e cristianismo, portanto, as mulheres conhecem perfeitamente a posição da Instituição Cristã comandada pelo Papa no Vaticano. Tradição e hierarquia sempre foram os grandes marcos do cristianismo. Que apeguem-se a sua fé e deixem essa questão modernista ou pós-modernista para a vida privada, não tentem transformar a Igreja Católica num programa de informática que precisa mudar a todo o instante para se atualizar. Deus não ama menos a mulher por ela não poder ser ordenada. Se formos efetuar todas as mudanças sugeridas pelos “modernistas”, em breve sequer reconheceria-mos o Cristianismo.

  6. Durval,
    acho que a forma como você colocou ficou erronea. Pareceu que a mulher deve ser submissa ao homem tão somente, enquanto o homem não tem devem algum para com a mulher. Homem e mulher não são iguais, e nunca serão, este é o grande erro do movimento feminista. Porém, o homem não é superior a mulher, e quanto a isso, a igreja é bem clara.
    O trecho da escritura que você citou mesmo diz:
    “Mulheres, sejais submissas aos seus maridos” e isto está certo. Mas a leitura continua e diz: “Maridos amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela.” (Ef 5, 22-28)

    A própria Encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI fala sobre a complementariedade dos esposos, pois é no casamento que Deus permite vislumbrar a realidade do céu, e as núpcias do Cordeiro.

    Também quanto a complementariedade, diz a escritura:

    “Com tudo isso, aos olhos do Senhor, nem o homem existe sem a mulher, nem a mulher sem o homem.
    Pois a mulher foi tirada do homem, porém o homem nasce da mulher, e ambos vêm de Deus.” (1Cor 11,11-12)

    A mulher deve ser submissa, porém, por isso ela não é inferior, nem igual, mas complementar.
    Abraços

  7. Wagner e Anne, seus comentários dizem tudo!
    Esses modernistas nunca entenderam que o sacerdócio é serviço, sempre viram como status.

  8. Anne,

    li e reli várias vezes o que postei e não achei em lugar nenhum no meu escrito que submissão e inferioridade são sinônimos, deixei bem claro que é uma questão HIERÁRQUICA, que Deus usa para estabelecer a ordem, por isso a sociedade patriarcal, para o homem conduzir a esposa e família assim como Cristo conduz a Igreja.

    Grande Abraço.

  9. Concordo Wagner,

    Em Efésios 5,22-33 São Paulo não exorta uma submissão no sentido de rebaixamento como se a mulher fosse uma escrava, mas no sentido de manter a harmonia para que cada um cumpra os seus serviços e funções da melhor forma possível e com amor, a exemplo de Cristo e a Igreja. A esposa(Igreja) é toda dedicação para com seu esposo(Cristo) e o esposo a ama tanto que entregou sua própria vida por ela.

    E Jesus falou tanto da importância do serviço…

  10. Apenas para ilustrar :

    http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20020805_decreto-scomunica_po.html

    CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

    DECRETO DE EXCOMUNHÃO *

    PREMISSA DO DECRETO DE EXCOMUNHÃO

    Com o fim de dissipar qualquer dúvida acerca do estado canónico do bispo Rómulo António Braschi, que atentou conferir a ordenação sacerdotal a senhoras católicas, a Congregação para a Doutrina da Fé (cf. ed. port. de L’Oss. Rom. de 13 de Julho de 2002, pág. 12) julga oportuno confirmar que ele, como cismático, já tinha incorrido na excomunhão reservada à Sé Apostólica.

    DECRETO DE EXCOMUNHÃO

    Em referência ao avisado pôr esta Congregação no passado dia 10 de Julho, publicado no dia seguinte, e considerado que até à data fixada do dia 22 de Julho de 2002 as Senhoras Christina Mayr-Lumetzberger, Adelinde Theresia Roitinger, Gisela Forster, Íris Muller, Ida Raming, Pia Brunner e Ângela White não manifestaram nenhum sinal de reconhecimento e de arrependimento pelo gravíssimo delito por elas realizado, este Dicastério, em obediência a tal aviso, declara que as sobreditas senhoras incorreram na excomunhão reservada à Sé Apostólica com todos os efeitos estabelecidos no cân. 1331 CIC.

    Ao cumprir esta intervenção obrigatória, a Congregação confia que elas, ajudadas pela graça do Espírito Santo, possam encontrar o caminho da conversão para o retorno à unidade da fé e à comunhão com a Igreja que romperam com o seu gesto.

    Roma, sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 5 de Agosto de 2002.

    Joseph Card. RATZINGER
    Prefeito

    D. Tarcísio BERTONE, S.D.B.
    Secretário

  11. Continuando…

    Mas a hierarquia que existe na Igreja foi querida por Jesus Cristo e assim deve permanecer, pois como escreveu João Paulo II “… declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres…”
    Não vejo problema algum, nem vejo como nenhum tipo de rebaixamento em não haver ordenação de mulheres e tendo em vista o que disse o Santo Padre João Paulo II, nós verdadeiros católicos não temos nem o que questionar!
    E para dizer a verdade nunca desejei algo do tipo “Mulher Sacerdotisa”

  12. Sem dúvida nenhuma em muitas funções as mulheres são infinitamente superiores aos homens.
    Acho que ,genericamente,somos superiores apenas na força física.
    Por exemplo:
    Sabemos que o homem tem a função de prover e a mulher cuidar dos filhos e da casa.
    O inverso ,na maioria dos casos, estaria fadado ao fracasso mas não das mulheres mas dos homens.
    E viva as mulheres !!!
    Porém, lamentavelmente, vira e mexe, aparecem estes modernistas,feministas,gayzistas, etc… transgredindo a doutrina, fé e moral católica. Lamentável.

    abraços,
    lucas

  13. Durval, releia o comentário da Anne e reflita.

    É por causa de posições como a sua, é que existem feministas semeando confusão. Aliás, elas nasceram da lacuna que nós homens criamos em exigir submissão total das mulheres sem dar a contrapartida do amor incondicional.

  14. Caros,

    O Carlos Ramalhete respondeu a esta questão na lista “Tradição Católica”; como nem todo mundo tem acesso, colo aqui o texto dele.

    =====================

    Além de tudo o que o Jorge apontou, cabe ainda outro pequeno detalhe:
    a visão católica da mulher contradiz tanto a visão de mulher da
    sociedade burguesa contra a qual o feminismo se levantou como a visão
    feminista que inspira a suposta “teologia feminina”.

    A mulher e o homem foram criados por Deus um para o outro. A visão
    burguesa pinta a mulher como uma espécie de ser subumano, meio
    imbecil, cuja única missão no mundo é lavar as cuecas do macho dela. A
    visão feminista, revoltada contra este absurdo mas tendo ouvido o galo
    cantar e sem saber onde, separa a mulher do homem. Já dizia a líder
    feminista que a mulher precisa do homem tanto quanto um peixe precisa
    de uma bicicleta.

    Ambas são mentirosas. A mulher precisa do homem quase tanto quanto o
    homem precisa da mulher. E é nesta interdependência que se dá o
    crescimento de um e de outro, que se torna possível a formação de um
    todo que é maior que a soma das partes: a família.

    A família se deve à mulher. Ela obriga o homem a manter-se no lar, que
    é da mulher. Sem o matrimônio, o homem vai fugir, vai trocar a mulher
    de quarenta por duas de vinte. O matrimônio é “múnus”, é dever e
    responsabilidade da mulher, por ser ela mais capaz que o homem neste
    ponto, é esta ordem familiar, que ela cria e mantém. É o “matri
    munus”, o múnus da mãe, o matrimônio. Querer que a mulher se dedique,
    em suposta igualdade de condições, ao múnus do pai (o “patri munus”,
    patrimônio), competindo no mercado de trabalho como caixa de
    supermercado ou qqr outra profissão que é exercida exclusivamente pela
    remuneração, não por vocação, como querem as feministas, é negar o que
    a mulher tem de específico e transformá-la numa versão menos eficiente
    do homem.

    Ora, a mulher é infinitamente superior ao homem em tudo o que diz
    respeito à manutenção e à criação de uma ordem complexa. A ordem que o
    homem cria é simples, seca, feia: a ordem de um quartel, de uma
    oficina. Nela não há lugar para as nuances e riquezas que as mulheres
    percebem e organizam melhor que os homens, para aquilo tudo que faz de
    um lar algo essencialmente diferente de um apart-hotel ou quartel.

    A teologia clássica (ou seja, a teologia ortodoxa, em contraste com o
    bestialógico reducionista de uma suposta “teologia da mulher” de
    origem feminista em que se fica tratando homens e mulheres como peças
    intercambiáveis e querendo que mulheres sejam “padras”) não é nem
    poderia ser machista. Ao contrário, aliás. Na teologia clássica,
    aprendemos que os Céus e a Terra têm – como qualquer ordem complexa e
    baseada no amor – uma Rainha. A Criação – e, mais ainda, a Comunhão
    dos Santos, dentro dela mas ordenada além pela Graça – não parece com
    um quartel, sim com uma família. É uma ordem infinitamente complexa,
    uma interdependência cuja riqueza e cuas nuances de sentido e de fluxo
    (fluxo de graça, fluxo de amor, fluxo de perdão e de auxílio mútuo)
    são ordenadas pelas mãos feminíssimas daquela que é a Medianeira de
    Todas as Graças.

    Quando comparamos a beleza desta visão a uma visão realmente machista,
    a uma visão “teológica” surgida no auge da modernidade, como a dos
    mórmons, isso fica ainda mais claro. Para eles, a salvação seria
    operada pelos homens fazendo coisas supostamente racionais
    (ministrando sacramentos por procuração aos antepassados), e às
    mulheres competiria servi-los como escravas. Uma mulher mórmon acha
    que sua salvação vem por ela servir um homem que será salvo. Ela é um
    apoio, um adorno, uma escrava; é ele que opera um mecanismo cru e
    simples de “salvação” que pode levar a ela e às outras “esposas” do
    sujeito a alguma ascensão. Isso consegue ser pior, ser mais machista,
    ser mais distante da beleza da ordem criada que é posta por Deus nas
    mãos da Imaculada, que o próprio Islã.

    E é contra este machismo, contra uma visão teologica que pinta de
    “católica” uma visão da mulher moderna que é muito mais perfeitamente
    expressa no mormonismo, contra este espantalho, este boneco de palha
    que nada tem a ver com a visão ortodoxa da mulher, que se levanta esta
    “teologia feminista”, que surge apenas onde a modernidade ou bem
    conseguiu solapar as bases da Fé, como na Europa, ou onde a Fé não
    conseguiu dissolver suficientemente a modernidade do território de
    missão, como nos EUA.

    A visão moderna, mecanicista e masculinizada (no pior sentido: na
    hiper-simplificação de uma ordem complexa – pense na diferença entre
    um lar, que é feminino, e um apart-hotel ou quartel, que é masculino)
    da hierarquia eclesial é que percebe o papel do padre como um papel de
    “poder”. Ora, o padre, como o pai, leva o lixo pra fora (na
    Confissão), bota comida na mesa (confeccionando o Santíssimo
    Sacramento), mas isso não é poder. Isso é serviço, e um serviço que só
    pode ter o seu lugar correto, só pode ser aquilo que Deus quer que ele
    seja quando ocorre dentro de um quadro de ordem infinitamente
    complexa, um quadro essencialmente feminino: a Igreja, Esposa de
    Cristo, ministrando as graças que nos vêm pelas mãos da Mãe
    Medianeira.

    A Igreja é um matriarcado, como é um matriarcado qualquer lar. A
    palavra final sobre cada detalhe é de quem é capaz de percebê-los: a
    mãe. O trabalho sujo, a troca de lâmpadas e o lixo levado pra fora,
    compete àquele que, deixado a seus próprios desígnios, seria capaz
    apenas de criar um quartel: o pai.

    Querer que mulheres sejam “padras” significa retirar da mulher a sua
    função mais bela de organizadora, e fazer com que ela se encaixe numa
    organização puramente natural de modelo masculino. A hierarquia da
    Igreja, no seu aspecto natural, é tão pobre e tão nua quanto uma
    hierarquia militar. Não é, como a hierarquia militar tampouco o seria,
    um lugar para mulheres. É por isso que a hierarquia da Igreja
    transcende o natural e mergulha plenamente na ordem da Graça. É por
    isso que cada padre, cada Bispo, cada diácono é chamado e instado a
    entregar-se nas mãos da Santíssima Mãe de Deus: para que esta ordem
    não seja o que ela seria se deixada à natureza, não se resuma a um
    seguimento cego do Direito Canônico, numa simplificação da realidade
    tão tacanha que só poderia ser feita por homens.

    Ao contrário, contudo, quando se coloca – como tentaram os anglicanos
    – mulheres nesta hierarquia, elas a subvertem. Mas esta subversão, por
    ser feita por mulheres que estão tentando agir como homens, faz com
    que a ordem direta e simplificada dos homens tente acolher aspectos de
    diversidade que só a misericórdia e a leitura multifacetada da
    realidade que é feita pela mulher pode acolher e ordenar
    verdadeiramente. Estas mulheres que se querem “bispas” ou “padras”
    tentam inserir na seca e feia ordem do Direito Canônico aquilo que só
    pode florescer na ordem da Graça. O perdão se torna legitimação
    formal, tratando masculinamente de algo que deve ser lidado pelo
    feminino, pela Graça que nos vem das mãos da Mãe de Deus. E é daí que
    surge uma negação da ordem natural e da ordem divina: das mulheres que
    querem ser homens tomando o lugar da Medianeira de todas as Graças, e
    substituindo a Graça pela legorréia masculinizada. Daí vêm os “bispos”
    sodomitas da Comunhão Anglicana, daí vem a negação da Doutrina Cristã
    (tão seca quando expressa masculinamente, tão rica quando vivida
    femininamente, como por Santa Teresa d’Ávila ou Santa Terezinha!) que
    consiste em tornar lei escrita e formal o amparo feminino que
    ocorreria ordenado na Graça divina.

    Toda teologia, na verdade, é feminina. É feminina por tratar da Graça
    – que nos vem pelas mãos da nossa Mãe -, é feminina por tratar do
    perdão – que ocorre por intervenção da Mãe da Misericórdia -, é
    feminina por tratar de uma ordem infinitamente complexa. Masculina é a
    sua expressão doutrinal, sua simplificação – que fez com que São Tomás
    dissesse ser “palha” tudo o que escreveu ao perceber a grandeza e a
    complexidade reais desta ordem, ao vislumbrá-la em experiência mística
    -, sua expressão no dia a dia, em que – para que nós, homens, tão
    bobos, sejamos capazes de operá-la – a Igreja, na sua sabedoria e
    misericórdia, nos dá regras bem masculinas: rubricas, leis, regrinhas
    simples e ordenações de como devem estar os dedos, os braços, as
    roupas.

    Como a mulher que, carinhosa, vira para fora a gola que o marido
    distraído, ao vestir a camisa, deixou dobrada para dentro, a Igreja
    diz como o padre deve vestir os paramentos, o que deve dizer, em que
    posição deve ficar.

    É por isso que a teologia feita por mulheres é uma teologia sumamente
    mística. A teologia de Santa Teresa d’Ávila, por exemplo, quando
    comparada com a de São João da Cruz – ambos contemporâneos, ambos
    místicos, ambos vivendo a mesma experiência de Fé na mesma sociedade
    -, grita aos sete ventos a complexidade sublime que aponta para a
    simplicidade total do Infinitamente Simples que é Deus.

    Mas esta teologia é uma teologia ortodoxa. É uma teologia que trata da
    vida da Graça; sem os mapas(! – quer coisa mais masculina que mapas,
    em que o mundo reduz sua complexidade a parcas linhas num papel?!) de
    São João da Cruz, sem as simplificações que a mente de um homem
    precisa operar para apreender a realidade.

    Que diferença enorme que há entre isso e as patéticas demandas das
    feministas! Enfiam mulheres nos presbitérios, negando-lhes a dignidade
    feminina e – na melhor das hipóteses – tratando-as como molequinhos
    que a mãe penteou, com risca no cabelo molhado e a camisa para dentro
    das calças, num sucedâneo triste da complexíssima ordem feminina que,
    quando expressa numa mulher em botão – a irmã do molequinho – irá se
    revelar na mecha de cabelo que cai caprichosa ou na flor que orna um
    penteado de festa.

    Padres e ministros são como os molequinhos arrumados pela Mãe
    carinhosa, enfiados em roupas estranhas, com cabelos que boi lambeu,
    com as golas na posição certa. São homens dominados pelo amor da Mãe.

    Vê-los como “poderosos” é negar o poder real, o poder feminino da Mãe
    Igreja. E enfiar mulheres entre eles só serve para diminuir as
    mulheres e subverter a ordem feminina na sua expressão masculina.

    Um exemplo triste disso é a infelizmente comum teatralização das
    leituras litúrgicas, feita por senhoras bem-intencionadas que, creio,
    trabalham como professoras. Elas lêem com ênfases bizarras, como uma
    professorinha lê uma redação de aluno, salientando palavras, tentando
    criar uma complexidade que vá além da parca ordem masculina.

    E com isso eliminam a ordem masculina, negando a ordem feminina que a
    orientou. É como se o molequinho fosse forçado a usar uma flor nos
    cabelos: o que seria beleza na irmã dele se torna humilhação. E os
    outros molequinhos fogem, e o presbitério vai se tornando um espaço
    dominado por mulheres que querem ser homens, pervertendo a ordem
    feminina que orienta a ordem masculina ao inventar e enfeitar o que
    foi feito para resistir à grosseria e à hiper-simplificação do homem.

    Que nossa Mãe Puríssima nos ajude, para que a teologia siga sendo
    feminina, para que a liturgia siga sendo ordenada de modo a permitir
    que os homens cumpram seus papéis. Que os presbitérios voltem por toda
    parte a ser mesas de meninos de cabelos repartidos e camisas para
    dentro das calças, arrumados pela Mãe, não humilhados com flores no
    cabelo numa triste confusão entre o feminino e o masculino.

    Que Deus nos guarde das mulheres que negam sua condição excelsa e
    querem ser homens!

    []s,

    seu irmão em Cristo,

    Carlos
    =====================

    Abraços,
    Jorge Ferraz

  15. Olá Sergio tdo bem?

    Olha o q vc me diz:

    “Durval, releia o comentário da Anne e reflita.
    É por causa de posições como a sua, é que existem feministas semeando confusão. Aliás, elas nasceram da lacuna que nós homens criamos em exigir submissão total das mulheres sem dar a contrapartida do amor incondicional.”

    Ja reli o que escrevi e não encontrei onde eu disse que o homem não deve amor à sua esposa. Mostro para vc meu amigo o que nos ensina a Igreja pelo Doutor São João Crisóstomo:

    ” De maneira geral, a vida é composta de duas esferas de atividade: a pública e a privada. Quando Deus a diviviu assim, Ele designou a administração da vida doméstica à mulher, mas ao homem designou todas as tarefas relativas à cidade, às questões comerciais, judiciais, políticas, militares e assim por diante. […] De fato, o que quer que o marido pense sobre questões domésticas, a esposa o saberá melhor que ele. Ela é incapaz de administrar as questões públicas competentemente, mas ela é capaz de cuidar bem dos filhos, que é o maior dos tesouros. […] Se Deus tivesse dotado o homem para administrar ambas as esferas de atividade, teria sido fácil aos homens dispensar o gênero feminino. […] Por isso Deus não concedeu ambas as esferas a um sexo, para que nenhum deles pareça supérfluo. Mas Deus não designou ambas as esferas igualmente a cada sexo, para que a igualdade de honra não engendre rixas e conflitos. Deus preservou a paz reservando a cada um sua esfera adequada. Ele dividiu nossas vidas em duas partes, e deu a mais necessária e importante ao homem e a parte menor e inferior à mulher. Assim, Ele organizou a vida de maneira a que admirássemos mais o homem do que a mulher, pois seus serviços são mais necessários do que os dela, e para que a mulher tivesse uma forma mais humilde e, assim, não se rebelasse contra o marido.”

    E então Sérgio, vc vai continuar a dizer que essa é a “minha opinião”?? São João Crisóstomo foi nomeado Doutor da Igreja, ou seja, a Igreja tem por verdade toda a obra desse homem. Seria Deus então ´machista e responsável pelo feminismo?

    Meu amigo sou católico e não tenho “opinião” como o sr disse, sigo apenas o q ensina a Igreja, de rebeldia ja chega não acha??

  16. Bom, eu não sei o que dizer a respeito desse pensamento de São João Crisóstomo, li o sermão dele e me pareceu muito pessimista em relação ao casamento. Ele chega a afirmar que:

    “É somente por este motivo que devemos buscar uma esposa: para evitarmos o pecado, para nos libertarmos de toda imoralidade.”

    Ou seja, para ele, a finalidade do casamento é para que homem evite o pecado.

    Alguém saberia explicar esse pensamento de São João Crisóstomo?

  17. Rafaela,

    o homem e a mulher são sexos complementares e se atraem mutuamente, Deus em sua sabedoria, vendo que o homem por ser marcado pelo pecado original tende às más inclinações do pecado principalmente o carnal, estabeleceu o matrimônio para que ambos possam desfrutar desse prazer e possam se reproduzir constituindo uma família.

    Se o homem rebaixa a razão e cede a impulsos carnais e pratica a fornicação(sexo antes do casamento)ele passa a viver em pecado mortal e se assim morrer irá para o inferno, por isso numa das epístolas de São Paulo ele ensina que se a pessoa não consegue se manter em castidade, melhor que se case e pratique o sexo dentro do plano de Deus, isso está no evangelho não é um pensamento de São João Crisóstomo, este apenas explicou a epístola de São Paulo. A visão deste santo não é pessimista é de muito cuidado para os q são menos instruídos, essa exortação é sobre um dos vários benefícios do casamento, nesse caso evitar cair em imoralidades.

    Abraço.

  18. Outrossim, o que há de errado (ou de inferior ou degradante) em afirmar que a mulher é necessária ao homem como companheira para santificá-lo, purificando-o de toda imoralidade e impedindo-o de cair em pecado? Isto nada mais é que uma paráfrase do Gênesis: “não é bom que o homem esteja só”.

    É evidente que não se trata somente de “remédio de concupiscência” e nem isto se resume ao prazer venéreo. Como li certa vez um sacerdote falando, o matrimônio não é uma “válvula de escape” para uma coisa que sem ele é (arbitrariamente) ilícita. A castidade integra o ser humano em sua totalidade.

    Abraços,
    Jorge

  19. Jorge,

    Não acho que há nada de degradante nisso.

    No meu entendimento pareceu que ele recomenda o casamento para que não se viva em pecado, como se o casamento fosse justamente uma válvula de escape.

    E eu ainda continuo a não entender como ele pode dizer que a mulher “[..]é capaz de cuidar bem dos filhos, que é o maior dos tesouros” ao mesmo tempo que afirma que Deus “[…]organizou a vida de maneira a que admirássemos mais o homem do que a mulher, pois seus serviços são mais necessários do que os dela e para que a mulher tivesse uma forma mais humilde e, assim, não se rebelasse contra o marido.”

    Se a Igreja sempre ensinou que homem e mulher são iguais em dignidade, que um completa o outro e que os dois são importantes (cada um a seu modo e dentro das suas funçoes), pq o homem deve ser mais admirado do que a mulher?

    Eu não sou e nem quero parecer feminista, mas estou com sérias dificuldades para entender o que São João Crisóstomo quis dizer! Mesmo levando em consideração o tempo em que ele vivia, a mentalidade da época..etc.

  20. Olá Rafaela. Eu creio que a interpletação de São João Crisóstomo teve das relações homem-mulher de fato é um produto da época.

    A Anne recolheu duas passagens de enciclicas escritas por São Paulo que ilustram o assunto.

    “Mulheres, sejais submissas aos seus maridos”…“Maridos amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela.” (Ef 5, 22-28)

    “Com tudo isso, aos olhos do Senhor, nem o homem existe sem a mulher, nem a mulher sem o homem. Pois a mulher foi tirada do homem, porém o homem nasce da mulher, e ambos vêm de Deus.” (1Cor 11,11-12)

    Eu creio que se os homens tivessem essa visão de suas mulheres, não existiria razão delas quererem provar que são melhores do que nós.

    Nesse contexto, uma questão vem a tona e gostaria de saber a opinião de vocês: se nos dias de hoje existem mulheres que preferem ser sustentadas dignamente por seus esposos (o que dá espaço para que elas cuidem do lar e dos filhos que forem gerados com qualidade de vida)por que todas elas fazem questão de ter a sua empregada doméstica (que geralmente é uma mulher que deixa seu lar para conseguir o justo sustento de sua família)?

  21. Gente, não é “mentalidade da época”. É doutrina da Igreja.

    O pecado contra a castidade é um pecado. Não é o único pecado. A mulher é companheira do homem para aperfeiçoá-lo e o ajudar a se purificar de todos os pecados, não somente da fornicação.

    Por exemplo, é fácil a um homem (principalmente solteiro) cometer o pecado da avareza, se tornar irresponsável, perdulário, etc. E para ajudá-lo a se livrar de todos estes vícios a mulher existe como companheira do homem.

    Uma “válvula de escape” para o pecado da prodigalidade seria se o homem deixasse de gastar desregradamente consigo próprio para gastar desregradamente com a própria mulher (enchendo-a de mimos, de presentes mais caros do que é capaz de manter responsavelmente, de viagens caríssimas, etc.). Naturalmente, o Matrimônio não existe para que um homem acostumado a gastar desregradamente consigo próprio passe a gastar desregradamente com a sua mulher! E sim para ele ordenar os seus gastos para um bem maior que é a família.

    Do mesmo modo, o Matrimônio não existe para que o homem passe a ter um prazer sexual egoísta com a própria mulher (como se fosse uma “fornicação monogâmica” – pari passu com o esbanjamento do próprio patrimônio com a esposa), e sim para que ele integre a faculdade sexual dentro de uma ordem maior que é a Família. Do mesmo modo que os santos não estão dizendo que o homem deva passar a ser perdulário com a sua esposa, eles tampouco estão dizendo (é óbvio) que o marido deva ser lascivo com a própria esposa e nem muito menos que seja para isso que as esposas existem ou que os homens se casem. A lascívia (como a prodigalidade) é pecado sempre, e o Matrimônio não é para “legitimar” a dissolução desregrada do patrimônio nem para “legalizar” a luxúria. É este o sentido óbvio de “válvula de escape” e é evidente que não é neste sentido que os Padres da Igreja explicam o Sagrado Matrimônio.

    O homem deve ser mais admirado do que a mulher na ordem externa, que é a ordem mais visível e a que detém maior dignidade nas aparências, mas que não é de nenhuma maneira a mais importante. Ao mesmo tempo, a mulher é mais admirada que o homem na ordem interna (e isto o próprio S. João Crisóstomo diz, quando afirma que a mulher – e não o homem – é capaz de cuidar bem do maior dos tesouros (os filhos), etc.), e isto é complementaridade, isto é igualdade na dignidade essencial e (necessária) desigualdade nas atribuições específicas de cada sexo.

    E (penso eu) o “para que a mulher tivesse uma forma mais humilde” é justamente porque a mulher é infinitamente superior ao homem em incontáveis aspectos, de modo que se fosse destinada a cuidar da ordem externa facilmente se tornaria orgulhosa e auto-suficiente. Que a mulher é muito superior ao homem é fácil de ver: basta ver com quanta desenvoltura uma mãe solteira consegue manter a sua vida profissional e, ao mesmo tempo, cuidar dos filhos, e então comparar isto com a forma miserável como um homem solteiro cuida da própria casa. Que isto seria fonte de muitas tentações para a mulher é também fácil de ver: basta olhar para as feministas e perceber como elas conseguem ser orgulhosas e auto-suficientes (e dizer, p.ex., que a mulher precisa de um homem como um peixe de uma bicicleta, etc., e viver em conformidade com isso), ao mesmo tempo em que nem o homem mais machista do mundo defende que os homens devam viver sem as mulheres (pode até (e tem com frequência) um desejo desordenado pelas mulheres, mas nunca nega o bem que elas proporcionam aos homens).

    Abraços,
    Jorge

  22. Jorge vc começou bem mas, depois acabou cedendo à “mentalidade da época” ao dizer q a mulher é infinitamente melhor do que o homem, isso n tem lógica. Se assim fosse Deus conceberia a vida administrativa pública à mulher e não ao homem, São João crisóstomo foi bem claro, se a administração pública é função masculina é pq Deus capacitou mais o homem para isso.

    A sua explicação é como se Deus tivesse dado funções mais importantes ao homem para consolá-lo pelo fato da mulher ser “infinitamente superior”, não tem cabimento isso, até pq seria injustiça de Deus com a própria mulher.

    Qto a vc sergio e seu questionamento final sobre as mulheres a resposta é simples: vivemos em uma época apóstata e isso ja foi prevista por sâo paulo: “Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. ” II Timoteo 4: 3-4″.

    O problema Sérgio não está na época de S. João Crisóstomo o problema é na época de hoje. Olha a contradição: as mulheres qdo saem para trabalhar deixam seus filhos na mão da babá, ou seja, outra mulher, pq não chamam um homem para cuidar dos bambinos e cuidarem do lar? pagam caro para ter outra mulher cuidando dos filhos sendo que a criança tem uma mãe. Essa tal qualidade de vida é uma justificativa hipócrita basta perguntar a criança o q elas preferem; uma mãe ausente com “qualidade de vida” ou uma mãe presente com menos qualidade de vida.

  23. Durval,

    A mulher é melhor do que o homem no sentido que eu falei. Uma mãe solteira consegue via de regra ser uma profissional bem sucedida. Um homem solteiro via de regra não consegue manter a própria casa com um mínimo de organização (e “terceiriza”: chama a mãe pra ajudar, contrata uma empregada, etc.). Uma mãe solteira geralmente consegue (entre trancos e barrancos) manter a família sem uma ajuda masculina. Um pai solteiro não o consegue (e precisa de uma mulher, quer seja a sua mãe, quer uma babá, etc.). Isto não é a “mentalidade da época”, isto é dado empírico facilmente observável e (penso eu) incontestável.

    O que não significa que a ordem externa mereça a “absolutização” que as mulheres correm o risco de lhe dar. Fazer uma coisa “melhor” não significa fazê-la ordenadamente: de nada adianta a fulano saber seduzir “melhor” se ele dispersa a sua capacidade de sedução promiscuamente em mil aventuras (ao invés de dedicar-se a manter a sua esposa apaixonada por si); o fulano que realiza “melhor” o trabalho de (sei lá) analista financeiro e, para isso, precisa viver no escritório vinte horas por dia está certamente vivendo de maneira (muito) mais desordenada do que o sicrano que, sem descuidar dos seus deveres de estado, dedica o tempo justo à sua esposa e filhos, etc.

    Chesterton explica porque a administração da vida pública não pode ser confiada a uma mulher: porque ela dedicaria ao escritório a devoção apaixonada que uma esposa dedica ao seu lar, e um escritório não merece esta dedicação. Se (mutatis mutandis) é desordenado cuidar de um cachorro como quem cuida de uma criança, é também desordenado cuidar de um escritório como quem cuida do lar. E esta tentação é muito mais forte nas mulheres do que nos homens, por sua própria natureza. Vide o Ramalhete acima discorrendo sobre a ordem simples e a ordem complexa.

    Não é “consolação”. Trata-se, por um lado, da maior capacidade masculina para cuidar da ordem externa **sem deixar-se escravizar por ela** (para a mulher, esta tentação é mais constante) e, por outro, para que a mulher perceba mais facilmente que não é uma ilha auto-suficiente. É muitíssimo mais fácil uma mulher achar que não precisa de um homem (e agir assim) do que um homem achar que não precisa de uma mulher. Nenhum homem “machista” jamais diria que os homens precisam das mulheres como os peixes das bicicletas; esta frase é tipicamente feminista. Os homens, por sua própria natureza, tendem menos a ser auto-suficientes do que as mulheres.

    Abraços,
    Jorge

  24. Jorge,

    Gostei muito do texto do Carlos Ramalhete e de sua explanação sobre o tema. Vou imprimir os comentários para que minha mãe que nunca trabalhou fora, tem três filhos sendo um com necessidades especiais e procurou ser uma mãe presente em nossas vidas possa ler.

    Fique com Deus!

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