O protesto e o anti-protesto – #RetrateseDepJeanWyllys

Duas coisas interessantes aconteceram no “Twittaço” de ontem contra o deputado Jean Wyllys. A primeira é que a adesão ao protesto foi bastante significativa – o que me foi uma grata surpresa. As pessoas realmente se dedicaram e, no fim da tarde, na hora do jantar (a manifestação estava marcada para as 18h00), estavam empenhadas em inundar o Twitter com a hashtag que demonstrava o nosso repúdio ao discurso de ódio do ex-BBB. A despeito das minhas preocupações com os acontecimentos do dia – World War Web e Luíza voltando do Canadá -, nós ficamos por quase duas horas no segundo lugar dos TT-Brazil. Com certeza fomos vistos e bem vistos. Parabéns aos que participaram desta batalha!

A segunda é que surgiu um anti-protesto; alguém lançou a tag #RetrateSePapa e o fogo de palha rapidamente se espalhou pelo microblog; chegaram ao primeiro lugar dos Trending Topics, ultrapassando inclusive a tag do protesto católico. Ora, isto é interessante por alguns motivos. Em primeiro lugar, a anti-tag é exatamente isto: uma anti-tag, um anti-protesto que se define pela negação do protesto católico e que, portanto, precisa deste para existir; não é uma proposta positiva (carece até de criatividade: basta ver o nome que é mera cópia da iniciativa católica), é em suma uma pura birra. Em segundo lugar, não era propriamente uma defesa do deputado do PSOL porque reunia toda a velha cantilena de besteiras contra a Igreja em um lugar só: pedia-se que o Papa se retratasse por ser contra a camisinha na África quando mesmo os especialistas em AIDS e demais DSTs concordam com ele; pedia-se que o Papa se retratasse por ser líder da Igreja que queimou Joana d’Arc na fogueira por ele usar roupas de homem (!!!), quando qualquer Zé Mané com dois minutos de Google sabe que a sua condenação foi feita à revelia de Roma; pedia-se até mesmo que o Papa se retratasse por ter beatificado “o reacionário do João Paulo II” (!!!!), e outras “pérolas” do tipo. Em terceiro lugar, as coisas que foram alardeadas nesta anti-tag só demonstram, de maneira cabal, a existência de um forte e violento preconceito anti-cristão e, portanto, só aumentam a gravidade do discurso de ódio proferido e ratificado pelo sr. Jean Wyllys. Por fim, em quarto lugar, a hashtag foi somente um rastilho de pólvora: subiu rapidamente, ficou no alto por pouco tempo e, também rapidamente, caiu e desapareceu. Artificial e superficial. Tanto que ninguém mais está falando em #RetrateSePapa, enquanto que #RetrateSeDepJeanWyllys está sendo atualizada até agora.

Veja-se, à guisa de registro histórico do alcance do protesto (e da irrelevância do anti-protesto), o que o @PorqueTTs falou sobre ambas as tags:

Por fim, viramos notícia, o que não pode ser considerado senão um grande sucesso. Além da mídia laica, vários blogs internet afora repercutiram o twittaço: destaque para o blog do Tiba, da Canção Nova e para este excelente texto de S. E. R. Dom Antonio Rossi Keller (leiam na íntegra!), bispo de Frederico Westphalen. Deste último, destaco:

Como Bispo da Igreja, não posso calar-me frente à afronta vergonhosa e covarde à pessoa do Santo Padre. Bento XVI, mais do que Chefe de um Estado com o qual o Brasil mantém relações amistosas, é o Chefe de uma instituição que tem cerca de dois mil anos de história a serviço da humanidade. Antes de emitir um julgamento histórico em relação à Igreja, um parlamentar tem a obrigação de, pelo menos, não dizer bobagens fundadas em inverdades e preconceitos.

É em nome da população católica do Brasil, que sustenta seus representantes no Congresso (mesmo aqueles que, de forma “biônica” a ele foram associados, ou seja, sem votos pessoais suficientes) que exige-se, no mínimo, uma retratação do infeliz deputado.

Vejam também: 25% das pessoas com AIDS são tratadas pelo Papa. Falar mal da Igreja sempre foi fácil! Difícil é fazer o que Ela faz. Tagarelar sempre foi fácil: o difícil é ter razão.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

10 comentários em “O protesto e o anti-protesto – #RetrateseDepJeanWyllys”

  1. eu fiz a tag,,,#…pode puxar lá se quiser…
    ela não ficou em quarto não meu bem,,,ela ficou em 2…
    @Roniwisley

  2. Rone, o quê?? Que tag que você fez? Que foi que ficou em segundo?

  3. Jorge, foi a @Roniswisley que feeeezzzz a tag… me poupe néeeeee

  4. Já que o Jorge resolveu lembrar os memes de Dawkins, eu me permiti procurar saber mais desse negócio da Luíza. E até me diverti!

    Apesar das falhas inclusas, não deixa de ser engraçado. Até agora eu estava alheio a tudo isso: Jornal Hoje, Bom Dia Brasil.

    Ao menos eu pude encontrar que já fomos mais inteligentes, segundo apresentador do SBT. E assim eu não perdi mais de 1 hora pra ficar só no besteirol.

    Sugestão: não vá além do que eu estou linkando, é muito provável que você vá desperdiçar ainda mais o seu tempo.

  5. Eu tô viajando… eu deveria saber quem é @Roniwisley? É o “inventor” da #RetrateSePapa, é? Cadê o tweet original?

    – Jorge

  6. Pois é, Alexandre Magno, vc já tentou analisar o principio da perda de tempo de alguns católicos praticantes que assistem o BBB, sobretudo este último?

  7. Leniéverson Azeredo, não entendi. É uma crítica à descontração de 20 January 2012 at 9:16 pm?

    Mas aquele comentário tem um ponto muito positivo: ele conclui nos lembrando que já fomos mais inteligentes.

    Parece-me que você está comentando 20 January 2012 at 10:53 am. Note que aquilo está em outro post: Protestantes protestam contra a Virgem Mãe de Deus. Se você não se refere a aquele comentário, então eu nada entendi de seu último comentário que está aí em cima.

    Sobre a sugestão de 20 January 2012 at 9:16 pm. Eu devo ter passado mais de 1 hora assistindo aqueles vídeos. Eu ri, diverti-me, mas com certeza não teria valido a pena se eu não tivesse encontrado pelo menos o vídeo do SBT. Na verdade, eu fiquei muito surpreso com ele.

    Pior que quase o meme pega em mim também… fui “tentado” várias vezes ontem, assim que sai da sessão de vídeos.

  8. Quando eu falo BBB, eu me refiro ao Big Brother Brasil, porque como é possivel, alguns católicos notadamente praticantes perdem tanto tempo vendo aquilo e o pior, deixando netos, sobrinhos e até filhos pequenos.Me recordo agora, da frase latina Carpem Diem, eu acho que se escreve assim.Porque veja, nas missas de padres catequéticos e formadores, há inviavelmente alguns apontamentos aos fiéis sobre realities shows como o BBB e A Fazendae, também as novelas de TV, todos eles com forte teor de sodomia e gomorria.

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