“Trazer tantas almas para Deus quanto seja possível”: o ministério frutuoso de um pároco da França

Publico uma tradução ligeira dos trechos que mais me chamaram a atenção nesta reportagem do “Religión en Libertad” sobre o pároco de Marsella, o reverendíssimo pe. Michel Marie Zanotti Sorkine. O ministério sacerdotal deste pároco tem se mostrado profícuo de uma maneira extraordinária, revigorando uma paróquia que estava em vias de ser demolida e transformando-a no mais vicejante centro católico no meio de uma cidade dividida entre agnósticos e muçulmanos. Que o exemplo do pe. Michel possa inspirar os nossos sacerdotes e inspirar também a nós: que ele nos faça ver que o Evangelho sempre dá frutos, ainda que esteja confinado a um ambiente estéril e hostil, bastando para isso que conte com servos abertos à graça de Deus e empenhados honestamente em realizar a Sua vontade.

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El nuevo cura de Ars de la Marsella agnóstica multiplica los fieles en un barrio islámico

“Trazer tantas almas para Deus quanto seja possível”. O padre Michel Marie Zanotti Sorkine levou esta frase muito a sério, e a transformou em seu principal objetivo como sacerdote.

Assim ele vem fazendo após transformar uma igreja que ia ser fechada e demolida na paróquia com mais vida de Marsella. Seu mérito é ainda maior quando [se vê que] o templo está localizado em um bairro com enorme presença de muçulmanos, em uma cidade onde menos de 1% da população é católica praticante.

Havia sido músico de sucesso

A chave para este sacerdote que anteriormente fora músico de sucesso em uma multidão de cabarets de Paris e Montecarlo é a “presença”, tornar Deus presente no mundo de hoje. As portas de sua igreja estão o dia inteiro abertas de par em par, e [ele] se veste de batina porque “todos, cristãos ou não, têm o direito de ver um sacerdote fora da igreja”.

De 50 fiéis por missa para 700

Seu balanço é assombroso. Quando chegou em 2004 à Paróquia de São Vincente de Paula do centro de Marsella, a igreja permanecia fechada durante a semana e a única missa dominical era celebrada na cripta, à qual acorriam 50 pessoas.

Como ele mesmo conta, a primeira coisa que fez foi abrir o templo todos os dias e celebrar no altar-mor. Agora a igreja permanece aberta quase todo dia, e faltam assentos extras para abrigar todos os fiéis. Mais de 700 todos os domingos, e ainda mais nas grandes solenidades. Quase 200 adultos se batizaram desde que ele chegou, 34 na última Páscoa. Converteu-se num fenômeno de massas não apenas em Marsella como em toda a França, com reportagens de todo o país atraídas pela quantidade de conversões.

O novo cura d’Ars na Marsella agnóstica

Uma das principais iniciativas do pe. Zanotti Sorkine para revitalizar a fé da paróquia e conseguir tamanha afluência de gente de todas as idades e condições sociais é a Confissão. Antes da abertura do templo, às oito da manhã, já há gente esperando na porta para poder receber este Sacramento ou para pedir conselhos a este sacerdote francês.

Tal como contam os seus fiéis, o pe. Michel Marie está boa parte do dia no confessionário, muitas vezes até depois das onze da noite.

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O templo deve favorecer a ligação com Deus

Em uma entrevista de televisão afirmava estar convencido de que “se hoje em dia a igreja não está aberta, isto é porque nós, de certa maneira, não temos nada para propôr; [é como se disséssemos que] tudo o que oferecemos já se acabou. Enquanto que, neste caso, a igreja está aberta todos os dias, as pessoas vêm, quase nunca temos assaltos, há pessoas que rezam e eu lhe garanto que esta igreja tem se transformado num instrumento extraordinário que favorece o encontro da alma com Deus”.

Era a última oportunidade de salvar a paróquia

O bispo lhe mandou para esta paróquia como última oportunidade de salvá-la, e lho disse explicitamente quando lhe mandou que abrisse as portas. “Há cinco portas sempre abertas e, assim, todo mundo pode ver a beleza da casa de Deus”. 90.000 carros e milhares de viajantes e turistas deparam-se com a igreja aberta e com os sacerdotes à vista. Este é o seu método: a presença de Deus e de seu povo no mundo secularizado.

A importância da Liturgia e da limpeza

E aqui chega-se a outro ponto-chave para este sacerdote. Logo após a sua chegada e com a ajuda de um grupo de fiéis leigos, renovou a paróquia, limpou-a e a deixou resplandecente. Para ele este é outro motivo pelo qual as pessoas escolhem voltar à Igreja. “Como querem que se creia que Cristo vive em um lugar se ele todo não está impecável? É impossível”.

[…]

A liturgia se torna o ponto central de seu ministério e muita gente foi atraída a esta igreja por conta da riqueza da Eucaristia. “Esta é a beleza que conduz a Deus”, afirma.

As missas estão sempre repletas e, nelas, há procissões solenes, incenso, cantos bem preparados… Tudo feito em atenção ao detalhe. “Dou um trato especial à celebração da Missa para mostrar o significado do Sacrifício Eucarístico e a realidade da Presença [Real]”. “Não se concebe a vida espiritual sem a adoração do Santíssimo Sacramento e sem um ardente amor a Maria”, motivo pelos quais introduziu [na paróquia] a adoração e a recitação diária do terço, dirigida por estudantes e jovens.

Seus sermões são também muito esperados, e os seus fiéis até mesmo os acessam na internet. Neles [o padre] chama sempre à conversão para a salvação do homem. Em sua opinião, a falta desta mensagem na Igreja de hoje “é talvez uma das principais causas da indiferença religiosa que vivemos no mundo contemporâneo”. Antes de tudo, a clareza da mensagem evangélica. Por isso adverte contra a frase tão repetida de que “todos vamos ao Céu”. Esta é, para ele, “outra canção que nos pode enganar”, uma vez que todos precisamos lutar – começando pelo sacerdote – para chegar ao Paraíso.

O padre de batina

Se há algo que distingue este sacerdote em um bairro de maioria muçulmana é a sua batina, que sempre veste, e o rosário entre as mãos. Para ele é primordial que o padre possa ser distinguido entre a multidão. “Todos os homens, começando por aquele que cruza o umbral da igreja, têm o direito de reunir-se com um sacerdote. O serviço que oferecemos é tão essencial para a salvação que a nossa aparência deve fazer-se tangível e eficaz para permitir esta reunião”.

Deste modo, para o padre Michel o sacerdote é sacerdote 24 horas por dia. “O serviço deve ser permanente. O que você pensaria de um marido que, a caminho da oficina pela manhã, tirasse a sua aliança?”.

[…]

Por último, lembra um detalhe importante. A primeira coisa que os regimes comunistas faziam era eliminar o hábito eclesiástico, sabendo de sua importância para a comunicação da fé. “Isto merece a atenção da Igreja da França”, afirma.

Contudo, sua missão não se desenvolve somente no interior do templo. Ele é um personagem conhecido em todo o bairro, inclusive pelos muçulmanos. Toma o seu desjejum nos cafés do bairro, ali fala e se reúne com os fiéis e com gente não praticante. Ele o chama de sua pequena capela. Assim já conseguiu com que muitos vizinhos sejam agora [participantes] assíduos da paróquia, e tenham convertido esta igreja de São Vincente de Paula em uma paróquia totalmente ressuscitada.

O caráter totalitário e anti-democrático da ideologia gay

A Caminhada Pró-Vida que aconteceu ontem em Recife, a despeito do seu estrondoso sucesso, contou com algumas ausências importantes e dignas de menção. Uma delas foi justamente o silêncio sobre a imposição da ideologia gayzista, ameaça atual e concreta pairando sombriamente sobre a nossa sociedade brasileira. Uma vez que a Família é a célula-mater da sociedade e berço da vida – e uma vez que ontem se celebrava também o Dia Nacional de Valorização da Família recentemente instituído -, nada seria mais conveniente do que aproveitar a oportunidade para marcar a nossa irredutível posição em favor da Família enquanto sociedade natural formada pela união entre um homem e uma mulher, e contra todas as suas caricaturas que intentam tirar-lhe a força e a credibilidade diante da opinião pública. Nada mais adequado do que chamar a atenção para a sangrenta batalha ideológica e cultural que estamos travando para garantir a sobrevivência da Civilização nestes dias terríveis em que ela é tão impiedosamente assolada pelos bárbaros travestidos de elite moderna, evoluída e bem-pensante.

Hoje mesmo (se a memória não me trai), no Ministério Público de Pernambuco, acontece uma audiência com o Fórum Pernambucano Permanente Pró Vida a respeito daquela campanha “Pernambuco não te quer!” que, no mês passado, provocou uma enorme polêmica nos meios de comunicação e nas redes sociais. Na ocasião, manifestei aqui as minhas preocupações a respeito do patrulhamento dos meios de comunicação que este fato preconizava; independente de quaisquer consideraçõe a respeito da forma como o anúncio foi veiculado, o linchamento midiático (e jurídico) que os responsáveis pela peça publicitária estão sofrendo é digno de preocupação e, por conta disso, eles merecem a nossa solidariedade.

Não existe “crime de homofobia” no Brasil e, ainda que existisse, a simples posição contrária ao turismo homossexual não poderia jamais ser classificada como crime de ódio contra os homossexuais [deixando claro que “turismo homossexual” aqui obviamente não se refere à simples locomoção dos gays pelo Recife, e sim à propaganda – artificial, discriminatória e segregadora, aliás! – da cidade como um destino turístico sexualizado voltado para o público gay]. Se, em atenção à histeria dos militantes homossexuais, nós abrirmos mão do nosso direito de classificarmos o comportamento homossexual como moralmente errado, daqui a pouco estaremos como o Canadá – onde os colégios católicos estão ameaçados de não mais poderem ensinar que o aborto é errado – e não saberemos o porquê.

É preciso denunciar o caráter totalitário e anti-democrático da ideologia gay, que só floresce onde é imposta e só consegue se estabelecer via canetada, à revelia dos anseios da população. São interessantes estes dados sobre o tema nos Estados Unidos: nos 32 estados onde – por conta do lobby gayzista – a definição de “matrimônio” foi submetida a votação popular, o matrimônio natural ganhou em todos eles, com o “casamento gay” sendo explicitamente rechaçado. Ou seja, em todos os lugares onde existe “casamento gay” nos Estados Unidos, é porque isto foi feito por imposição de juízes ativistas e nunca por voto popular. Coisa diferente não está acontecendo no Brasil, onde a promoção estatal ao gay-way-of-life é completamente destoante da percepção que o povo brasileiro tem do homossexualismo.

Num mundo onde os estudos que advertem que a adoção homossexual é arriscada para crianças são sumariamente descartados do debate público como se fossem peças publicitárias de ódio fundamentalista e onde o mero protesto contra a sexualização da sua cidade enseja protestos públicos, ameaças privadas e ações civis e penais, é preciso ter a coragem de não se deixar levar pela correnteza dos fatos que nos arrasta à queda fatal. O respeito aos homossexuais não tem nada a ver com o aplauso entusiasta à sua conduta, e defender a Família natural não guarda nenhuma relação com espancar e matar travestis na Avenida Paulista. Isto precisa ficar claro; porque quando a moral judaico-cristã for crucificada sob os gritos de “homofobia”, quem vai rasgar-se de alto a baixo é a própria Civilização que ela sustenta e permite existir.

P.S.: De fato, a referida audiência no MPPE aconteceu na segunda (22/10). Segundo proposta de acordo apresentada pelo Ministério Público, «o Pró Vida deve reconhecer que o anúncio veiculado em um jornal pernambucano de grande circulação em 4 de setembro era preconceituoso e uma agressão aos homossexuais. O MPPE defende que órgão deve se retratar com a população pernambucana e arcar com os custos de uma publicação divulgada no Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco e Folha de Pernambuco».

Faça chuva ou faça sol, Recife diz “Sim à Vida!” mais uma vez

Faça chuva ou faça sol. Foi com esta disposição que dezenas de milhares de fiéis – provenientes de todas as dioceses do Estado de Pernambuco – tomaram a Avenida Boa Viagem para engrossar as fileiras do 6º “Sim à vida!” que aconteceu na manhã deste domingo.

Éramos uma multidão (“pelo menos 100 mil pessoas”, segundo o Jornal do Commercio; “mais de 100 mil pessoas”, diz a Folha de Pernambuco). O dia estava nublado, ameaçando chuva; no entanto, só veio a chover bem depois, já próximo ao final do percurso. O clima ameno ajudou-nos a caminhar; do Castelinho ao Terceiro Jardim são bons 2,5km (provavelmente chegando a 3km se contarmos da Pracinha de Boa Viagem, onde estava o final da concentração), que levaram umas três horas e meia para serem percorridos pelos sete trios elétricos que estavam na avenida.

O senhor Arcebispo estava presente desde o início da caminhada, nas mensagens de abertura e de encerramento e também no meio do povo, saudando as pessoas. Com ele, também estavam presentes outros bispos das outras dioceses que fazem parte desta Província Eclesiástica, além de muitos religiosos e sacerdotes. Em uníssono, queríamos deixar a nossa mensagem: a vida humana merece respeito em todas as suas fases, desde a concepção até a morte natural, não sendo admissível nenhuma forma de violência em razão de alguma eventual fragilidade na qual o ser humano se encontre. Só Deus é Senhor da Vida: nós temos o dever de lutar em defesa da Sua Criação.

Os diversos trios elétricos animavam o percurso com músicas católicas; entre uma e outra, ecoava uma Ave-Maria e o brado de “Recife diz sim à vida!” que nós – jovens e adultos, velhos e crianças – saímos de casa hoje para fazer ressoar por toda a cidade. Da praia as pessoas olhavam para esta multidão que passava; das janelas dos prédios que ficam na avenida muitos moradores manifestavam o seu apoio ao nosso evento. Caminhávamos com alegria, encontrando pelo caminho diversos amigos de todos os lugares da cidade; como nós, eles também tinham ido à praia no domingo não para tomar banho de sol e água de coco, mas para caminhar junto com toda a Arquidiocese em defesa da vida.

Ao final do evento, por volta da uma da tarde, cansados mas felizes, chegamos ao ponto final da caminhada. Os trios liberavam a avenida; um deles ainda estava ligado, passando mensagens pró-vida das lideranças religiosas que se fizeram, enquanto as pessoas – eu inclusive – se preparavam para voltar às suas casas. No peito, a sensação do dever cumprido.

Nós fomos às ruas. Unidos, passamos a nossa mensagem; em multidão, deixamos claro que somos contra o aborto e todas as outras formas de violência à vida humana indefesa. Esta é a nossa voz, esta é a voz da população brasileira que, como mostram todas as pesquisas, é majoritariamente contrária ao genocídio de seres humanos nos estados iniciais da sua existência que os nossos Poderes Públicos – em vil subserviência a interesses estrangeiros – querem impôr ao Brasil à revelia dos brasileiros. Contra a Cultura da Morte, Recife hoje – e mais uma vez – disse Sim à Vida! Que este grito encontre eco na alma de cada brasileiro de bem. Que ele possa frutificar em nossa sociedade, garantindo assim a proteção radical e intransigente à vida humana à qual os seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus, têm direito inalienável. Que a Virgem da Conceição Aparecida, por Sua poderosa intercessão, livre o Brasil da maldição do aborto.

Convite: 6ª Caminhada Arquidiocesana “Sim à Vida” acontece neste domingo

Acontecerá no próximo domingo (21 de outubro), em Boa Viagem, a 6ª edição da Caminhada Arquidiocesana “Sim à Vida!”, que este ano contará com a participação de todas as dioceses de Pernambuco, segundo informa o site da Arquidiocese: «Bispos e delegações das nove dioceses que compõem a Província Eclesiástica de Olinda e Recife (Nazaré, Petrolina, Caruaru, Garanhuns, Floresta, Palmares, Afogados da Ingazeira, Pesqueira e Salgueiro) já confirmaram presença». Os preparativos já estão sendo feitos para garantir o bom andamento da marcha.

A presença de todos e de cada um é a da maior importância. Nestes tempos sombrios em que a cultura da morte avança agalopadamente, é fundamental que nós façamos conhecer os nossos valores e os nossos anseios, os quais fazem eco à voz da imensa maioria da população brasileira: o povo do Brasil não aceita esta criminosa banalização da vida humana que, infelizmente, vem nos últimos anos norteando a ação dos nossos Poderes Públicos. Urge dizê-lo cada vez mais alto, cada vez mais claramente. Todos à orla!

6ª Caminhada Arquidiocesana Sim à Vida
Local: Avenida Boa Viagem (em frente ao Castelinho)
Dia: 21 de outubro de 2012
Horário: 8h (Concentração)
9h (Saída)

E que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, livre o Brasil da maldição do aborto!

Os frutos podres da pedagogia de Paulo Freire

Todos conhecem os vergonhosos índices que a Educação Brasileira vem repetindo, ano após ano, com constância e regularidade perturbadoras (o relatório trianual do PISA ainda não divulgou os dados de 2012, mas nada indica que teremos uma melhora significativa neste ranking). A percepção generalizada (facilmente alcançável por meio dos assustadores índices de analfabetismo funcional mesmo dos nossos estudantes com nível superior, ou das políticas do Governo Federal de reduzir as taxas de reprovação escolar dos níveis básicos através da simples aprovação indiscriminada de todos os alunos, entre outros exemplos) de que existe algo de muito errado com o sistema educacional brasileiro reveste-se de cores muito vivas para que se possa simplesmente ignorá-la. O que talvez não esteja ainda muito claro para todos é que estes frutos podres que o Brasil vem amargamente colhendo nos últimos anos são decorrência direta de uma concepção pedagógica deturpada e assustadoramente deficiente que, não obstante, tem sido alegre e hegemonicamente adotada por nossos educadores nas últimas décadas.

O artigo desta quinta-feira do Carlos Ramalhete fala sobre o nosso Patrono da Educação, Paulo Freire, de quem ser conterrâneo não me causa orgulho. As contundentes e verdadeiras palavras do articulista da Gazeta do Povo merecem ser lidas e meditadas: para que nós comecemos ao menos a reconhecer os erros passados, a fim de iniciarmos com eficácia o seu (lento e necessário) processo de correção.

Só o que fez este triste patrono foi descobrir que o aluno é um público cativo para a doutrinação marxista. A educação deixa de ser uma abertura para o mundo, uma chance de tomar posse de nossa herança cultural, e passa a ser apenas a isca com a qual se há de fisgar mais um inocente útil para destruir a herança que não conhece.

As matérias pedagógicas da licenciatura resumem-se hoje à repetição incessante, em palavras levemente diferentes, das mesmas inanidades iconoclastas. Os cursos da área de Humanas, com raras exceções, são mais do mesmo, sem outra preocupação que não acusar aquilo que não se dá ao aluno a chance de conhecer. O que seria direito dele receber como herança.

Os comentários sobre este assunto, como de costume, podem ser enviados à Gazeta do Povo. E, ainda, sob uma ótica mais especificamente católica, vale ler o sempre oportuno Dom Estêvão falando sobre o método Paulo Freire de alfabetização, de quem destaco:

Não há dúvida de que todo mestre há de ser aberto à aprendizagem de novas e novas verdades, como também à reformulação de seus conceitos; o progresso no saber é-lhe muitas vezes ocasionado pelo convívio com os próprios alunos.

Isto, porém, não quer dizer que o professor se deva julgar tão educando quanto o próprio discípulo.  Um tal esvaziamento do conceito de mestre vem a ser nocivo aos alunos, pois estes precisam de sentir firmeza e segurança no seu orientador.  A profissão da verdade deve ser efetuada com desassombro e sem subterfúgio, mas também com humildade.  Pelo fato de ter descoberto a verdade sobre tal ou tal assunto, o mestre é devedor em relação aos seus alunos, e deve pagar-lhes a dívida, comunicando e demonstrando a verdade; proponha os pontos certos e indubitáveis como certos, e os pontos ainda discutíveis como discutíveis.  Esta oferta da verdade, longe de ser desrespeito ao próximo, é precioso serviço prestado ao mesmo.

Por isto também não se pode aceitar a frase: “Ninguém educa ninguém” (Pedagogia do Oprimido, p. 79).  Na verdade, os homens são dependentes uns dos outros para eduzir (educere > educar) as virtualidades latentes no seu íntimo.  Em geral, são os pais, no lar, e os mestres, na escola, que educam os mais jovens; afirmar isto não significa “estar a serviço de algum sistema político opressor”.  O desempenho da autoridade não é algo de vergonhoso que se deva banir, mas, ao contrário, é um serviço que não se pode extinguir e que faz eco às palavras de Cristo: “O Filho do Homem veio não para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45).

A semeadura já dura décadas, a colheita já foi realizada por diversas vezes, e a péssima qualidade destas safras já se nos revela mais do que evidente. O Brasil merece mais que isso. Já passou da hora de lançarmos fora estas sementes de joio e passarmos a investir em uma educação verdadeiramente de qualidade: uma educação que possa promover um desenvolvimento integral e (este sim!) verdadeiramente libertador do ser humano, ao invés de transformá-lo em marionete de um processo revolucionário cuja existência ele não é sequer capaz de perceber.

“Ser Pró-Vida é ser fiel a Deus!” – Elba Ramalho

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Elba Ramalho no Círculo Católico, falando sobre o seu engajamento no Movimento Pró-Vida e o enorme trabalho que ainda existe por ser feito nesta seara. A cantora fala também sobre o seu retorno à Fé Católica, e de como passou de uma vida desregrada para as piedosas práticas da recitação quotidiana do Santo Rosário e da comunhão eucarística diária, graças à intercessão da Santíssima Virgem Maria.

Soneto a Cristo Crucificado

Aproveitando que o Papa Bento XVI declarou recentemente São João de Ávila como doutor da Igreja, reproduzo aqui este belo soneto espanhol do século XVI. Embora a sua autoria ainda conste como “anónima”, não poucos têm por certo que ele brotou justamente da pena do grande místico espanhol que o Sumo Pontífice elevou recentemente ao rol dos Doutores da Igreja de Cristo (a este respeito, veja-se também este artigo publicado no final de semana passado em um jornal de Córdoba). Em todo o caso, o poema é uma pérola da mística católica, cujos versos mereceram ser conhecidos e repetidos séculos afora. São belos! Que sejam a nossa oração, e que nos ajudem a elevar a nossa alma a Deus.

Soneto a Cristo crucificado

No me mueve, mi Dios, para quererte
el cielo que me tienes prometido;
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.

Tú me mueves, señor; muéveme el verte
clavado en una cruz y escarnecido;
muéveme ver tu cuerpo tan herido;
muévenme tus afrentas y tu muerte.

Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera
que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.

No me tienes que dar porque te quiera,
pues aunque cuanto espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.

Sobre a Liberdade Religiosa e o desenvolvimento doutrinário harmônico da Doutrina Católica

Um leitor publicou no Deus lo Vult! hoje de manhã o link para um texto do Cum ex Apostolatus Officio onde são tecidas críticas bem ásperas a um novo texto do Papa Bento XVI ao qual eu próprio já fizera referência recente aqui no blog. A análise que o Sandro de Pontes faz é radicalmente diferente da minha; sobre o assunto, vale escrever alguns parágrafos.

A acusação principal do texto é a de que o Papa teria confessado «que o Vaticano II realmente não possui a mesma doutrina que foi ensinada desde a revolução francesa até Pio XII» no tocante à liberdade religiosa. Para fins de organização das idéias, o texto do Papa em litígio é este aqui. Sobre ele, vale dizer quanto segue:

– Como eu já tive a oportunidade de dissertar em outras ocasiões, para mim parece claro que a doutrina exposta na Dignitatis Humanae tem por objeto o (por falta de termo melhor) “Estado Natural”, i.e., o Estado considerado em suas formas mais básicas e primitivas, e não se refere (a não ser en passant) ao Estado Confessional.

– Ao contrário, a totalidade dos textos do Magistério pré-conciliar que versam sobre as relações entre a Igreja e o Estado tem diante dos olhos a realidade histórica do Estado Católico e, portanto, trata sempre sobre um tipo específico de Estado, e não sobre “o Estado em si”.

– Parece-me óbvio que, embora exista o «dever moral» – lembrado pela DH! – «que os homens e as sociedades têm para com a verdadeira religião e a única Igreja de Cristo», é fato inconteste que nem todos os homens e sociedades cumprem com este dever e, portanto, existe a realidade factual dos Estados que não reconhecem a Igreja Católica como Religião Verdadeira.

– Assim como até mesmo os homens que não são católicos estão sujeitos aos ditames do Direito Natural, do mesmo modo também os Estados que não são católicos precisam se sujeitar a alguns princípios naturais (mas não naturalistas) da organização das sociedades. Estes princípios obviamente precisam ser mais gerais do que aqueles pelos quais se deve pautar o Estado Confessional Católico. E são estes os princípios que o Magistério do século XX passou a desenvolver (de modo particular na Dignitatis Humanae).

– Por definição, o mais geral é mais abrangente do que o mais específico e, portanto, o que é exposto na DH com relação aos deveres do Estado em matéria religiosa é, sim, realmente, mais amplo e genérico do que o que foi dito por outros Papas com relação aos deveres do Estado Católico. Isto é óbvio e não poderia ser de maneira diferente. Dizer que os princípios específicos “não são mais válidos” (ou qualquer coisa do tipo) porque foi feita (aliás pela primeira vez) uma exposição dos princípios gerais é uma maneira equivocada de interpretar um ensinamento da Igreja que, por definição, só faz sentido se for entendido de maneira orgânica e à luz da totalidade do Magistério.

– Como o “Estado Natural” é um fenômeno moderno, parece-me natural que os documentos do Magistério mais antigos não o tenham abordado diretamente; com o seu surgimento, parece-me igualmente natural que fosse necessário à Igreja debruçar-Se sobre ele.

– Assim, a “insuficiência” da doutrina precedente à qual se refere o Papa decorre simplesmente da (virtual) inexistência deste “Estado Natural” antes do advento do fenômeno do Estado Moderno, da mesma maneira que se poderia falar de uma “insuficiência” da doutrina sobre os juros antes do desenvolvimento da economia ou de uma “insuficiência” da doutrina sobre o respeito devido aos embriões humanos antes do advento da embriologia. Não existe nenhum texto do “magistério pré-conciliar” que trate especificamente dos Estados não-católicos, sendo possível encontrar sobre o assunto apenas determinações esparsas.

– Mesmo entre estes ensinamentos esparsos que é possível recolher nos textos do Magistério pré-conciliar, o que se tem é uma doutrina que, longe de contradizer o ensinamento moderno, vai harmonicamente ao encontro daquilo que se diz na Dignitatis Humanae. Por exemplo, Pio XII na Ci Riesce:

Uma outra questão, essencialmente diferente, é esta: pode-se estabelecer como norma em uma comunidade de estados – ao menos em certas circunstâncias – que o livre exercício de uma prática religiosa ou moral que possua validade em um dos estados-membros não seja prejudicado em todo o território da comunidade de nações por leis nacionais ou medidas coercitivas? Em outras palavras, a questão que se coloca é se nestas circunstâncias [o] “non impedire” ou a tolerância é permitido e se, por conseguinte, a repressão positiva nem sempre é um dever.

Aduzamos a autoridade de Deus. Poderia Deus, embora Lhe fosse possível e fácil reprimir o erro e o desvio moral, em alguns casos escolher o “non impedire” sem com isso contradizer a Sua infinita perfeição? Seria possível que em certas circunstâncias Ele não desse aos homens nenhum mandamento, não impusesse nenhum dever e nem mesmo comunicasse o direito de impedir ou reprimir o que é errôneo e falso? Um olhar sobre as coisas como elas são nos dá [sobre isso] uma resposta afirmativa. A realidade nos mostra que o erro e o pecado existem no mundo em grande medida. Deus os reprova, mas Ele permite que existam. Por conseguinte, a afirmação “o erro religioso e moral deve sempre ser impedido, quando é possível, porque a tolerância deles é imoral em si mesma” não é válida absoluta e incondicionalmente.

Além disso, Deus nem mesmo deu à autoridade humana tal absoluto e universal mandato em matéria de fé e moralidade. Semelhante ordem é desconhecida das convicções comuns da humanidade, da consciência cristã, das fontes da Revelação e da prática da Igreja. Omitindo aqui outros textos escriturísticos que poderiam ser aduzidos para demonstrar este argumento, Cristo na parábola do joio [e do trigo] dá o seguinte conselho: deixe o joio crescer no campo do mundo junto com a boa semente [do trigo], em vistas da colheita (cf. Mt 13, 24-30). O dever de reprimir o erro moral e religioso não pode, assim, ser uma norma última de ação. Ele deve ser subordinado a normas maiores e mais gerais, que em algumas circunstâncias permitem, e até mesmo talvez pareçam indicar como uma melhor política, a tolerância aos erros a fim de promover um bem maior.

Pio XII, Ci Riesce, V

– Nada exige que estas “algumas circunstâncias” sejam sempre uma exceção histórica. É perfeitamente possível e razoável defender que a modernidade, infestada de Estados não-católicos e hostis à Igreja em um mundo globalizado, constitui-se uma dessas “circunstâncias” nas quais a tolerância aos erros é não somente legítima como pode inclusive ser a melhor política a ser adotada.

– Não existe, portanto, nenhuma contradição entre a doutrina tradicional das relações entre a Igreja e o Estado e a liberdade religiosa pregada pela Dignitatis Humanae. Aquela se refere ao Estado Católico e, esta, ao Estado considerado em sua “forma natural”. Aquela estabelece a melhor maneira de se cumprir um dever moral e, esta, orientações práticas a serem exercidas em circunstâncias específicas.

– Por fim, é importante notar – como lembrou o Sandro de Pontes em seu texto – que o próprio Papa Bento XVI disse, textualmente, que os Padres Conciliares «não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova». Assim sendo, a interpretação de que ele teria “confessado” precisamente aquilo que nega no seu próprio texto com veemência é no mínimo temerária, e não deveria (ao menos por uma questão de respeito intelectual ao escritor cujo texto se está analisando) ser tão prontamente assumida como se fosse um fato auto-evidente. Ao contrário, a prudência exige que se esgotem primeiro as outras alternativas possíveis (mesmo que não sejam as mais simples ou mais imediatas) antes de se acusar alguém de contraditório ou mentiroso.

Santa Hildegarda de Bingen e São João de Ávila, doutores da Igreja

Eu fiquei muito feliz quando soube que Bento XVI declarou dois novos doutores da Igreja no domingo 07 de outubro: Santa Hildegarda de Bingen e São João de Ávila. A proclamação solene foi feita na Santa Missa para a abertura do Sínodo dos Bispos, e a breve apresentação de ambos que o Papa Bento XVI fez foi a seguinte:

São João de Ávila viveu no século XVI. Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, era dotado de um ardente espírito missionário. Soube adentrar, com uma profundidade particular, nos mistérios da Redenção operada por Cristo para a humanidade. Homem de Deus, unia a oração constante à atividade apostólica. Dedicou-se à pregação e ao aumento da prática dos sacramentos, concentrando seus esforços para melhorar a formação dos futuros candidatos ao sacerdócio, dos religiosos, religiosas e dos leigos, em vista de uma fecunda reforma da Igreja.

Santa Hildegarda de Bingen, importante figura feminina do século XII, ofereceu a sua valiosa contribuição para o crescimento da Igreja do seu tempo, valorizando os dons recebidos de Deus e mostrando-se uma mulher de grande inteligência, sensibilidade profunda e de reconhecida autoridade espiritual. O Senhor dotou-a com um espírito profético e de fervorosa capacidade de discernir os sinais dos tempos. Hildegard nutria um grande amor pela a criação, cultivou a medicina, a poesia e a música. Acima de tudo, sempre manteve um amor grande e fiel a Cristo e à sua Igreja.

Confesso que não conheço muito bem a história e a obra de Santa Hildegarda; mas São João de Ávila é-me bem familiar. Já falei sobre ele aqui no Deus lo Vult! outras vezes (em particular, neste texto onde o grande santo espanhol fala sobre a crise da Igreja à época do Concílio de Trento – vale uma (re)leitura); gostei do seu estilo desde a primeira vez que pus os olhos sobre os seus escritos. Por exemplo, é ele o autor do Audi, Filia (disponível aqui: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4), e é com um trecho do início desta obra que eu encerro este ligeiro post:

E se é poderoso o gosto pelas honras vãs, muito mais poderosa é a medicina do exemplo e graça de Cristo, que de tal maneira as vence e desarraiga do coração que as faz ser percebidas como coisas muito abomináveis; de tal modo que, se um cristão vê o Senhor de Majestade abaixar-se a tais desprezos, fica o verme vil inchado com o amor da honra. Por isso o Senhor nos convida e encoraja com Seu exemplo, dizendo (Jo 16, 33): Confiai, que Eu venci o mundo. Como se dissesse: “Antes que Eu viesse, coisa difícil [recia] era lutar com o mundo enganoso [tomarse con el mundo engañoso], descartando o que nele floresce e abraçando o que ele descarta; mas depois que ele pôs todas as suas forças contra Mim, inventando novo gênero de tormentos e desonras, todas as quais Eu sofri sem lhe voltar o rosto, ele já não somente parece fraco – porque encontrou quem pôde sofrer mais – mas também se encontra derrotado para vosso proveito, pois com o exemplo que Eu vos dei e com a Fortaleza que Eu conquistei para vós, vós o podeis rapidamente vencer, sobrepujar e pisotear”.

Audi, Filia, Cap. III

Que os novos doutores da Igreja possam protegê-La neste Ano da Fé; e que, do Alto dos Céus, possam interceder por nós e conseguir-nos uma porção redobrada daquela Sabedoria do Espírito Santo que eles souberam possuir em grau tão admirável. Que eles aumentem e fortaleçam a nossa Fé. São João de Ávila e Santa Hildegarda de Bingen, rogai por nós!

“A eugenia avança” – Editorial pró-vida da Gazeta do Povo

A Gazeta do Povo está assumindo um importante protagonismo no cenário midiático nacional, consolidando-se cada vez mais – e graças a Deus! – como um jornal que faz aberta opção por uma linha editorial pró-vida. Essa corajosa atitude merece o nosso mais entusiasta apoio, e se mostra tanto mais importante quanto mais hegemônica é a cantilena pró-aborto da maior parte de nossa grande mídia, empenhada em saudar as maiores barbaridades como se fossem progressos louváveis e em tecer loas nada comedidas a toda sorte de violação dos direitos humanos básicos que os nossos poderes públicos estão preocupados em legalizar no país.

Além do artigo publicado no último domingo a que fiz referência hoje pela manhã, o jornal brindou-nos nesta segunda-feira com um belo e contundente editorial contra a promoção do aborto eugênico que está em curso no Brasil. Leiam o texto na íntegra e o compartilhem, não se esquecendo de disseminá-lo pelas redes sociais (a publicação no perfil oficial da Gazeta do Povo está aqui) e de defender o ponto de vista nele abordado se as guerrilhas internéticas começarem com o seu já característico vandalismo pseudo-intelectual. Um excerto:

Também percebe-se que, apesar de o artigo 128 do Código Penal não ter sofrido alterações no Congresso Nacional, o Poder Judiciário vem tomando para si a atribuição de legislar sobre o tema, abrindo brechas no sentido de tornar a legislação cada vez mais permissiva. Com a ADPF 54, julgada no início de 2012, o aborto de anencéfalos passou a ser aceito; agora, eliminam-se crianças com outras anomalias genéticas graves; a julgar pelo ritmo de aceitação da eugenia intrauterina, é possível imaginar um futuro no qual passe a ser legal negar o direito à vida de crianças diagnosticadas com outras doenças e deficiências menos graves.

A gravidade da situação (já incontáveis vezes denunciada por nós) ganha contornos cada vez mais nítidos: os nossos poderes públicos (em particular, o Poder Judiciário) estão agindo sistematicamente e em diversas frentes para solapar a proteção à vida humana indefesa garantida pelo nosso ordenamento jurídico, distribuindo de maneira despudorada e cínica sentenças de morte para crianças deficientes ou indesejadas! Não é mais possível negá-lo, e toda a cortina de fumaça que os inimigos do gênero humano gostam de levantar para que os seus maus intuitos fiquem ocultos ao grande público está se dissipando. E o papel de veículos de comunicação como a Gazeta do Povo neste processo é digno da mais alta estima e consideração.

Por isso, não se esqueçam de escrever e de pedir comentários para a redação do jornal, por meio do leitor@gazetadopovo.com.br, com bons argumentos: para que a repercussão positiva do texto possa estimulá-los a continuarem publicando matérias com este teor, alinhadas aos anseios da população brasileira e de acordo com a verdadeira dignidade humana tão aviltada nestes tempos difíceis em que vivemos.