O homossexualismo, a genética e a moralidade dos atos humanos

Eu não assisti nem ao Silas Malafaia na Marília Gabriela (tentei, mas quando ele começou a mostrar sua declaração de Imposto de Renda eu perdi a paciência) e nem ao geneticista (de Londres?) cuja resposta ao pastor tornou-se viral pouco depois. Um amigo me perguntou à época o que eu achava da polêmica, e eu disse que era pura perda de tempo. Por uma razão bem simples: para a Moral Católica é totalmente indiferente se a tendência homossexual é inata (p.ex. “genética”) ou adquirida, porque a Moral trata dos atos humanos e estes, por definição, são aqueles realizados livre e conscientemente.

Ninguém será julgado por sentir-se sexualmente atraído por pessoas do mesmo sexo, da mesma forma que não será julgado por sentir-se atraído (digamos) pela mulher do vizinho. Em um e outro caso, só há culpa quando se passa do sentimento ao consentimento, do impulso à atitude, da tentação ao pecado. Se em um homossexual a genética explica sua disfunção da libido (que nele se dirige a alguém não do sexo oposto, como seria natural, mas a alguém do mesmo sexo), ótimo: porque aí talvez ela possa também apresentar formas de minimizar o problema. Mas isso não justifica o comportamento homossexual mais do que a compulsão genética por parceiros múltiplos justificaria o adultério. Moral não é uma questão de genes, e sim da justa ordenação dos atos humanos ao seu fim último.

Aqui é importante deixar claro duas coisas:

  1. A existência de comportamento homossexual na natureza não faz com que ele seja natural em seres humanos. Se fosse assim, então seria natural às mulheres comerem os seus próprios bebês, aos homens terem várias mulheres, às pessoas comerem fezes, à mulher praticar canibalismo após a cópula, et cetera, et cetera.
  2. Igualmente, o fato do homossexualismo ser ou não genético não define a moralidade do ato homossexual. A cleptomania pode ser genética também, assim como a pedofilia ou a satiríase, e isto – absolutamente! – não transforma em atos moralmente corretos o furto, o abuso de crianças ou o sexo desregrado.

Isto posto, para quem ainda assim quiser se aprofundar na questão genética, aproveito para recomendar este vídeo chamado “Geneticista Embusteiro” (podem acessar, é público), que consiste em uma resposta ao Eli Vieira. Como foi mostrado, para a moralidade do comportamento homossexual tanto faz que ele tenha origem genética ou não; mesmo assim, fazer picaretagem intelectual para vender uma tese furada é muito feio e precisa ser desmascarado. Assistam, baixem e divulguem o vídeo enquanto ele ainda está no ar. Para certo movimento revolucionário intolerante, histérico e pitizento, mesmo um vídeo assim é uma agressão e uma ofensa que, como tais, deve ser denunciado (e se possível censurado).

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

68 comentários em “O homossexualismo, a genética e a moralidade dos atos humanos”

  1. Muito bom texto, caro Jorge.

    Começamos aqui a estabelecer separações importantes.

    Resta apenas responder as seguintes perguntas:

    1) Você crê realmente que exista similaridade entre a prática homossexual e outras que você expõe aí, tais como a pedofilia, cleptomania, canibalismo, coprofagia e etc, tendo em vista que você as botou num mesmo patamar “natural de comportamento”?

    Não consigo me convencer de que uma pática sexual entre dois adultos, consentida e saudável esteja igualada à pedofilia, que causa traumas psicológicos em crianças, por exemplo.

    2) Porque devemos todos seguir os ditames da moral cristã católica? O que justifica que até mesmo aqueles que não seguem esta crença devam estar submetidos à sua moral? Porque a moral cristã católica é “melhor” que as outras, a ponto de justificar a proibição do matrimônio de homossexuais em lei num Estado laico?

    Abraços.

  2. A questão JBC é a seguinte. Permitirá um Estado laico que eu como católico discorde de suas leis anti-católicas? Ou pelo menos que eu como católico me recuse a obedece-las? Pelo visto não. Haja a proibição se for aprovada a lei anti-homofobia de pregar contra a homossexualidade e de forçar juízes e escrivão católicos a fazer casamento gay. Se o Estado garantir que nenhum católico será perseguido ou prejudicado por discordar de leis que vão de encontro a sua consciência e à sua fé então este poderia, fazer sua leis deixando aos católico a liberdade de não obedecer e de discordar destas leis.

  3. JBC

    O Jorge não igualou, em nenhum momento, todos os atos não-naturais nos seres humanos presentes no mundo animal. O seu questionamento não tem sentido e não é honesto com ele. Ele apenas retrucou aqueles que pretendem justificar uma pretensa “naturalidade” do ato homossexual entre os humanos arguindo, para isso, sua presença no mundo animal, ou seja, a mera presença desses atos nos animais não fundamenta nada para a moralidade deles no ser humano, pois, do contrário, também as outras aberrações seriam naturais ao homem.

    Sim, a pedofilia é um ato mais gravoso à natureza humana que o ato homossexual, assim como o assassinato. E daí?

  4. – Petição de princípio. Quem disse que o homossexualismo é saudável?
    – Quem está obrigando as pessoas a não praticarem atos homossexuais? Onde o Jorge falou em criminalização do homossexualismo? Quanto ao “casamento”, o estado é laico mas o povo não é. Você não pode forçar um país inteiro a dar chancela para algo que não reconhecem como casamento com toda a propriedade, já que não gera filhos, não constitui família.

    O relativismo moral aí nem vou comentar agora porque estou sem tempo.

  5. Daniel:
    petição de principio. Quem disse que não é saudável?

    “Você não pode forçar um país inteiro a dar chancela para algo que não reconhecem como casamento com toda a propriedade, já que não gera filhos, não constitui família.”

    Caramba, cheirou meia??? Casamento não depende de aprovação popular, é um contrato de direito privado. O casameno de qualquer pessoa é res inter alios em relação ao resto da humanidade.

    Se o que não gera filhos não constitui familia então o caamento de um homem ou mulher sabidamente estéril não constitui familia, nem o de octogenários. Além disso, se a mulher casada passar dos 50 anos sem engravidar, o casamento estaria automticamente desfeito.

    Dói pensar, doí??

  6. Aristóteles

    Você Tem razão!!!!

    Qualquer união entre duas espécies ou gêneros que sabidamente seja incompetente para a procriação, NÃO é casamento. Um matrimonio pode ser perfeito e sem filhos se a falta dos filhos não for incompetência previa, decisão ou culpa do casal.

    (Catecismo)
    1601. «O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os baptizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento»

    1641. Os esposos cristãos, «no seu estado de vida e na sua ordem, têm, no povo de Deus, os seus dons próprios» (161). Esta graça própria do sacramento do Matrimonio destina-se a aperfeiçoar o amor dos cônjuges e a fortalecer a sua unidade indissolúvel. Por meio desta graça, «eles auxiliam-se mutuamente para chegarem à santidade pela vida conjugal e pela procriação e educação dos filhos»

    (Gaudium et Spes)
    Por sua própria índole, a instituição matrimonial e o amor conjugal estão ordenados para a procriação e educação da prole, que constituem como que a sua coroa.

    E quando uma união posteriormente mostre-se infecunda?

    (Gaudium et Spes)
    No entanto, o matrimonio não foi instituído só em ordem à procriação da prole. A própria natureza da aliança indissolúvel entre as pessoas e o bem da prole exigem que o mútuo amor dos esposos se exprima convenientemente, aumente e chegue à maturidade. E por isso, mesmo que faltem os filhos, tantas vezes ardentemente desejados, o matrimonio conserva o seu valor e indissolubilidade, como comunidade e comunhão de toda a vida.

  7. Lampedusa,

    Ufa! Que bom então. Por um momento, e até pelos outros posts do Jorge que eu li por aqui, eu estava convicto de que ele de fato havia estabelecido uma relação de igualdade entre a homossexualidade e esses comportamentos patológicos aí. Ainda bem que não é isso que ele pensa, né?

    As outras “aberrações” as quais você se refere tem aspectos naturais sim. Mas devemos aceitá-los? Não. Porque? Porque produzem danos e fazem vítimas. A homossexualidade produz alguma consequência nociva para alguém? Desconheço.

    Francisco,

    Muito boa a sua colocação. Cara, você já ouviu falar da teoria da “mola”? Funciona mais ou menos assim: você tem um grupo social que vem reiteradamente sofrendo restrições de direitos e todo o tipo de censura moral. Isso seria como pegar uma mola e comprimi-la. Então, de repente, esse grupo passa a ser aceito e a ter voz e liberdade de se expressar. Isso equivale a soltar uma mola comprimida. O que a mola faz? Se distende a um tamanho maior do que tinha antes.

    O paralelo disso com o Movimento Gay: era um grupo social reprimido pelo bom costume e a moral de antigamente. Quando foi assinada o Tratado Internacional de Direito Humanos, garantindo a esse grupo seu pleno reconhecimento como seres humanos e dignos de direitos, esse grupo se descomprimiu a um tamanho maior do que tinha antes, ou seja, passou a revindicar direitos a mais do que revindicara inicialmente.

    E advinha só: isso aconteceu com os cristãos também! E a descompressão foi tamanha que passaram de perseguidos a perseguidores.

    É óbvio que as pretensões do Movimento Gay tem diversos excessos, tais como você apontou. Concordo com tudo que você disse sobre a restrição de sua liberdade de expressão e de culto. Porém, temos que saber separar as coisas.

    Daniel,

    Eu queria responder seu comentário, mas estou sem tempo.

    Geral,

    Esse vídeo postado do “Geneticista Embusteiro” faz parte de uma tática evangélica a qual eu chamo de “teorema da migalha”. Funciona assim: como os crentes tem uma imensa propensão a acreditar em coisas que não tem suporte em evidências, e como eles não entendem muito de metodologia científica, toda a vez que suas crenças forem contraditas por evidências, basta que eu ofereça algumas migalhas de evidências que eles vão se contentar e reafirmar sua fé.

    E foi exatamente isso que ele fez no seu vídeo. Pegou UM estudo dos 96 referenciados como fontes e picotou frases do autor que corroboram a visão evangélica de que não há suporte para a contribuição genética a orientação sexual. Além disso, desdenhou do conceito estatístico de média, para logo adiante se escorar vergonhosamente nele. Afirmou que os estudos compilados naquele artigo tem falhas metodológicas. QUAIS falhas metodológicas? Como essas falhas influenciam a conclusão? Isso ele não responde. Mas para uma turba de crentes ávidos por uma confirmação científica do que sua autoridade clerical afirma como se fosse uma verdade revelada por Deus, isso basta. Bastam migalhas.

    A grande falha do Eli Vieira no seu vídeo foi querer explicar em 15 minutos o que ele deveria ter detalhado em duas horas, pra não dar margem pra “missionários” ficarem catando migalhas para alimentarem seus fiéis.

    Abraços a todos.

  8. JBC

    Ufa! E ainda bem que você conseguiu perceber que, obviamente, o Jorge não estava defendendo o absurdo que você entendeu, né?

    Quanto às atividades anti-naturais nos homens presentes no mundo animal e que não fazem mal (na visão dos que defendem essa tese…) a terceiros, poderíamos, entre outras, citar: a satiríase, a poligamia, o abandono de filhotes para outros cuidarem, a coprofagia, etc.

  9. Aristóteles,

    ” Casamento não depende de aprovação popular, é um contrato de direito privado. O casameno de qualquer pessoa é res inter alios em relação ao resto da humanidade.”

    O casamento, enquanto reconhecido como tal pelo Estado, interessa, sim, para o restante da sociedade. O Estado reconhece aos cônjuges uma série de direitos (pensão por morte, herança, etc) e, portanto, afeta a toda sociedade. Historicamente, tais “benefícios” eram a contrapartida social para o fato de os cônjuges arcarem com o ônus de gerar e criar filhos que serviriam à própria sociedade.

    Não sou completamente contra estender tais “benefícios” aos pares gays.Dese que ese reconhecimento se estenda, também, a outras “formações afetivas” encontradas na sociedade. Por que, então, não legalizar o “casamento fraterno” (entre irmãos), o “casamento entre amigos”, etc que se amam tanto quanto os pares gays, mas não fazem sexo entre si? Reconhecer apenas a união entre gays é, sim, privilégio a eles.

  10. Lampedusa, confesso que não entendi sua última colocação. Você diz que “reconhecer a união entre gays é, sim, privilégio a eles.” No entanto, vc se esquece que esse reconhecimento já está sendo feito em isonomia com os heteros. Então vc defende que se combata um privilégio – casamento só de heteros e homos – restringindo-se ainda mais o direito – só heteros! Não é um tanto contraditório? O privileigo não tende a aumentar?

  11. Lampeduza,

    Uau! Caramba, a satiríase, a poligamia, o abandono de filhotes para outros cuidarem, a coprofagia, e etc, pelo menos pra mim, fazem mal sim. Mas se você acha que não, tudo bem. E todos são completamente diferente da homossexualidade, concorda?

    Não sou completamente contra estender tais “benefícios” aos pares gays.Dese que ese reconhecimento se estenda, também, a outras “formações afetivas” encontradas na sociedade. Por que, então, não legalizar o “casamento fraterno” (entre irmãos), o “casamento entre amigos”, etc que se amam tanto quanto os pares gays, mas não fazem sexo entre si? Reconhecer apenas a união entre gays é, sim, privilégio a eles.

    Esqueceu de falar do reconhecido direito de união matrimonial dos heterossexuais. Você também a considera um privilégio?

    Bom, pelo visto aqui, você defende a concepção cristão-judaica de casamento, o que significa única e exclusivamente a união entre homem e mulher. Aí voltamos a minha segunda pegunta: Porque devemos todos seguir os ditames da moral cristã, mesmo os que não se consideram parte dela?

  12. Aristóteles,
    Acho que o Lampedusa deixou claro que o reconhecimento da união hétero é “uma contrapartida social para o fato de os cônjuges arcarem com o ônus de gerar e criar filhos que servirão à própria sociedade”. Como a união homossexual é essencialmente infértil o seu reconhecimento não passaria de mera liberalidade do Estado. Logo, não há que se falar em privilégio nesse caso, pois a união hétero e homo são essencialmente diferentes e possuem grau de relevância distinta para a sociedade, portanto o tratamento desigual é medida que se impõe.
    Assim, a conclusão do Lampedusa está perfeita. Se formos estender tais benefícios as uniões homoafetivas, por mera liberalidade nossa, por que não estender também para outros tipos de união? .

  13. Flávio Maia,

    Por essa sua lógica, você então deveria ser um fervoroso defensor da proibição de casamentos entre heterossexuais estéreis.

    E porque não é? Porque sua justificativa não se sustenta.

    Ainda, casais homoafetivos reivindicam também o direito a adoção, o que justificaria para eles uma contrapartida social para o fato de arcarem com o ônus de criar filhos que servirão à própria sociedade.

    Você e o Lampedusa fazem um tremendo esforço para racionalizar o irracional. Poderiam ser mais honestos e dizer logo que são contra o casamento homossexual porque a Bíblia proíbe.

    Mas vamos ver até onde vai chegar o festival de insensatez…

  14. JBC

    Você Tem razão!!!!

    Qualquer união entre duas espécies ou gêneros que sabidamente seja incompetente para a procriação, NÃO é casamento. Um matrimonio pode ser perfeito e sem filhos se a falta dos filhos não for incompetência previa, decisão ou culpa do casal.

    (Catecismo)
    1601. «O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os baptizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento»

    1641. Os esposos cristãos, «no seu estado de vida e na sua ordem, têm, no povo de Deus, os seus dons próprios» (161). Esta graça própria do sacramento do Matrimonio destina-se a aperfeiçoar o amor dos cônjuges e a fortalecer a sua unidade indissolúvel. Por meio desta graça, «eles auxiliam-se mutuamente para chegarem à santidade pela vida conjugal e pela procriação e educação dos filhos»

    (Gaudium et Spes)
    Por sua própria índole, a instituição matrimonial e o amor conjugal estão ordenados para a procriação e educação da prole, que constituem como que a sua coroa.

    E quando uma união posteriormente mostre-se infecunda?

    (Gaudium et Spes)
    No entanto, o matrimonio não foi instituído só em ordem à procriação da prole. A própria natureza da aliança indissolúvel entre as pessoas e o bem da prole exigem que o mútuo amor dos esposos se exprima convenientemente, aumente e chegue à maturidade. E por isso, mesmo que faltem os filhos, tantas vezes ardentemente desejados, o matrimonio conserva o seu valor e indissolubilidade, como comunidade e comunhão de toda a vida.

  15. Pois é Wilson, pede pro pessoal aqui do site mandar uma cartinha pro próximo Papa ,de preferência com esse seu comentário aí, pedindo pra ele incluir nos pronunciamentos dele a abominação dos casamentos heterossexuais estéreis também! Pede até pra ele citar isso junto com as críticas que ele certamente fará dos homossexuais.

    Vai ser um sucesso de adesão de novos fiéis!!!

  16. 1. Casamentos deliberadamente estéreis (digamos, se as pessoas se casam com o firme propósito de nunca terem filhos) sempre foram inválidos na Igreja e o deveriam ser civilmente também.

    1a. Esterilidade não se pressupõe, uma vez que é doença. Casam-se validamente um homem e uma mulher estéreis em atenção à fecundidade intrínseca ao encontro entre os sexos, da qual apenas acidentalmente os estéreis não participam.

    1b. Coisa totalmente distinta é a caricatura hedionda de ato conjugal que dois homens ou duas mulheres são capazes de praticar entre si. Aqui a esterilidade não é uma doença ou um acidente, e sim uma característica essencial deste tipo de união. Há uma diferença muito grande entre uma união que pode ser fecunda e só não é por alguma contingência de um dos membros e uma outra união que é em si e a priori infecunda.

    2. A Igreja jamais quis impôr a moral católica aos não-católicos, mas tão-somente a moral natural. A moral católica inclui obrigações como ir à Missa aos Domingos, a que jamais se pretendeu obrigar quem católico não fosse.

    2a. A moral natural deve ser adoptada simplesmente por ser a única que faz sentido. Todas as outras tentativas de se questioná-la são, simplesmente, arbitrariedades que praticamente se definem pela negação gratuita e birrenta daquilo que ela diz.

    – Jorge

  17. JBC

    Creio que o Jorge já fez uma defesa, diria, mais “acadêmica” de seu questionamento.

    Mas, ficando no campo mais prático, como você pretenderia estender aos casais estéreis a interdição ao casamento heterossexual? Obrigando todos os noivos a fazer o teste de fertilidade?? E, em tese, mesmo um casal estéril hoje pode encontrar a cura para isso num futuro próximo, a não ser que você não creia na ciência. Já um par homossexual não há ciência que os faça se tornarem fecundos…

    E daí que os gays queiram adotar crianças? Se eles puderem, por que os pares “fraternos” e “unidos por laços de amizade” que falei acima também não poderiam?

    E você reparou que só você cita a Bíblia nesse debate?

    Quanto ao “privilégio hetero”, tenho certeza de que você já entendeu que não o é. Privilégio é estender esses benefícios apenas para um único tipo de união afetiva não fecunda.

    Ah, por que, PARA VOCÊ, a satiríase e a poligamia, se atos consentidos entre adultos, por exemplo, fazem mal e a homossexualidade não

  18. “Casamentos deliberadamente estéreis (digamos, se as pessoas se casam com o firme propósito de nunca terem filhos) sempre foram inválidos na Igreja e o deveriam ser civilmente também.”

    Com o final da frase, infelizmente, o Sr. Jorge Ferraz escancara o caráter totalitário da concepção de casamento da igreja e, pior , a tentiva desbragada de empurrar esse sistema religioso em cima de quem escolheu não pertencer à igreja – ou pertencer a outra religião onde tal concepção seja diferente. Pelo que ele diz o Brasil deveria voltar a proibir o divórcio.

    Contraditoriamente, afirma que a igreja não quer impor moral catolica aos não catolicos.

    E não se venha com história de “moral natural”, primeiro, porque esta não existe. Moral é criação humana, para reger relações intersubjetivas humanas. Não existe na natureza. Além disso, ainda que a admitissemos, o casamento é o reconhecimento estatal da união de duas pessoas, firmado num documento público – certidão de casamento. De que forma um ato estatal pode ser considerado um “ato da natureza”?

    Além disso, o conceito “moral natural” é aberto como casa de meretriz. Cada um bota dentro dele o que quiser. Se que quero saber se um determinado ato está ou não de acordo com a tal moral, a quem eu consulto? A biblia? o magistério da igreja? O Kama sutra?

  19. Aristóteles, tu JURAS que moral não existe “na natureza” (nas plantinhas e nos bichinhos)? Nossa, que descoberta fantástica! Digna do outro Aristóteles!

    Só que não…

  20. “Casamentos deliberadamente estéreis (digamos, se as pessoas se casam com o firme propósito de nunca terem filhos) sempre foram inválidos na Igreja e o deveriam ser civilmente também.”

    Por que civilmente também? O que justificaria tal declaração em um Estado laico?

  21. “Quanto ao “casamento”, o estado é laico mas o povo não é. Você não pode forçar um país inteiro a dar chancela para algo que não reconhecem como casamento com toda a propriedade, já que não gera filhos, não constitui família.”

    Se o povo é laico ou não? (observação no mínimo esquisita já que o laicismo se aplica com relação a Estado e não com relação a povo).
    O povo tem suas formas de representatividade mas não pode ignorar a lei. Sim, você pode fazer com que cartórios de todo país registrem uniões desse tipo, basta os Estados regulamentarem a lei como já foi feito em SP. Não depende de você ou alguém “dar chancela” ou não.

  22. Jorge Land, não há almoço grátis. O Estado não confere aos seus cidadãos um conjunto de benefícios (os matrimoniais) porque é “bonzinho” ou simplesmente por motivo algum (como parecem acreditar os defensores do “casamento gay”). Como já foi mencionado neste post, os benefícios do casamento civil conferidos pelos Poderes Públicos são uma compensação para o ônus que os cônjuges assumem de [tentar ao menos] gerar e educar cidadãos para o Estado, processo de que este último precisa e cujo exercício, portanto, incentiva e facilita.

    O Direito (civil) Matrimonial existe para proteger as famílias, e duas pessoas que decidem simplesmente morar juntas por enquanto porque não têm nada melhor para fazer não constituem uma família – e, por conseguinte, não deveriam poder se aproveitar dos benefícios que existem para elas. É pela mesma razão, aliás, que não deveria haver divórcio civil (pelo menos não com a facilidade criminosa que existe hoje em dia): quer largar a sua mulher e morar com outra, vá, mas vá sem os incentivos e as facilidades que o Estado reserva para quem quer constituir família.

  23. Porque parece tão difícil de entender, dois Zés ou duas Joanas ou ainda um Zé e uma Joana decidem morar juntos e NÃO constituir família. Civilmente, tudo bem! Isto é uma questão de foro realmente pessoal.

    Agora parece que tentam criar ONGs de duas pessoas para buscar benefícios na sociedade. “Péra aí” toquem suas vidas e sejam felizes. Esqueçam nomeclaturas e direitos e deveres próprios de um matrimonio verdadeiro.

    Caso não dê certo, aprendam a jogar truco e formem duplas.

  24. JBC,
    Mais uma vez, você equipara situações que não são iguais, Logo, sua analogia é claramente falsa, pois situações diferentes demandam soluções distintas.
    Primeiramente, a união heterossexual pode ser estéril apenas em dois sentidos: a) voluntariamente, por vontade das partes; ou b) acidentalmente por defeito na forma.
    O primeiro caso é condenado pela Igreja (o casal voluntariamente se recusa a procriar), enquanto o segundo não há culpabilidade das partes..
    Entretanto, como bem explanou o Jorge, a união homossexual é essencialmente estéril. Ou seja, ela é aprioristicamente infecunda. Aqui não há defeito na forma, mas é própria essência dessa união.
    Não me alongarei, pois o Jorge e Lampedusa já explanaram muito bem esse ponto.
    Na verdade, é muito fácil saber o grau de importância que cada tipo de união tem para humanidade, e partir dai concluir que as mesmas não podem ter o mesmo tratamento:
    1. Imagine a humanidade sem a relação homossexual? Nada mudaria!
    2. Imagina a humanidade sem relação heterossexual? Extinção da espécie!
    Assim, fica claro que as mesmas não podem ser equiparadas.

  25. Bom, creio que agora começamos a alcançar um estágio avançado da discussão, onde já é até possível separar Estado de Igreja!

    Voltando ao debate, conforme foi dito aqui:

    […] os benefícios do casamento civil conferidos pelos Poderes Públicos são uma compensação para o ônus que os cônjuges assumem de [tentar ao menos] gerar e educar cidadãos para o Estado.

    Estranhamente, quando me casei com minha esposa, o Estado não me cobrou nenhum compromisso futuro de “tenar gerar e educar cidadãos”. Aliás, conheço diversos casais héteros que optam por não ter filhos, e nem por isso o Estado cancela seu matrimônio.

    Não existe nenhum diploma legal que exija dos casados a procriação. Se o Estado não cobra esse compromisso dos casais heterossexuais, não concedê-los aos casais homossexuais sob essa alegação seria um grave desrespeito ao princípio da igualdade. Portanto, não conceder matrimônio porque os “cônjuges não irão gerar e educar cidadãos para o Estado” não se sustenta no atual sistema legal.

    Jorge, seu argumento é furadíssimo.

    Aliás, poderia listar aqui quais são os mandamentos da moral natural, por gentileza?

    Lampedusa, um casal homoafetivo vai educar filho pela adoção. Simples.

    E se você é tão entusiasmado assim com a ciência, acredite então que a fertilização in vitro pode ser a solução para a fecundação e geração de filhos a partir do material biológico de um dos pais, ou mães.

    A sua última indagação eu não vou responder, pois além de desviar o debate central, você intencionalmente retirou dois itens da lista que VOCÊ considerou normal (abandono de crianças e a coprofagia).

    Flávio Maia,

    Já superamos aqui o casamento aprovado pelo Estado e o casamento da Igreja. Se a Igreja condena casamento assim ou assado, ela simplesmente não o faz dentro de seus templos. E pronto.

    Repiso, a união homoafetiva favorece a adoção. E isso já é um bom motivo pra responder suas indagações finais. A legalização da união homossexual não pressupõe o fim da heterossexual. Não há que se falar em extinção da espécie.

    Abraços

  26. Estranhamente, quando me casei com minha esposa, o Estado não me cobrou nenhum compromisso futuro de “tenar gerar e educar cidadãos”.

    Irrelevantíssimo. Não se cobra esse compromisso futuro porque isso se pressupõe! É esta a razão pela qual existe a instituição (civil) do Matrimônio não só no Brasil, como em todos os lugares do mundo. O Cap. VII da nossa Constituição Federal trata «Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso», mostrando como essas coisas são inseparáveis. É justamente porque a Família pressupõe filhos que irmãos não podem se casar (Código Civil Art. 1.521.), que entre os «deveres de ambos os cônjuges» se encontra o «sustento, guarda e educação dos filhos» (id. Art. 1.566.), que há na parte sobre Família um capítulo sobre o “Poder Familiar” (id. Art. 1.630. e seguintes) falando especificamente sobre a sujeição dos filhos menores aos pais, et cetera, et cetera, et cetera.

    É óbvio que a Família está ordenada à prole, e um indivíduo simplesmente cuspir que isto «não se sustenta no atual sistema legal» (sic!) meramente porque um burocrata do Estado nunca foi se meter na sua casa para lhe cobrar filhos (!!!) é de uma estupidez arrogante sem par.

    Aliás, poderia listar aqui quais são os mandamentos da moral natural, por gentileza?

    A moral natural não tem “mandamentos”, e sim princípios.

    Se quiser realmente aprender algo sobre o assunto, comece pelo verbete na IEP (que à primeira vista me pareceu melhor do que o da Wikipedia anglófona).

  27. Se o casamento serve exclusivamente para procriação, então os casamentos poligâmicos devem ser aprovados. Agora se a questão é o sentimento entre casais e não necessariamente a procriação, então o casamento gay é válido. Além disso, o casal têm o direito de escolher se quer ou não quer ter filhos, sem por isso perderem seus direitos como entidade familiar que são. Ou ainda, podem escolher a adoção para ajudar essas crianças que não tem família.
    Seria muito mais honesto dizer que são contra o casamento gay por motivo religioso. A própria ciência defende o casamento gay e o coloca como superior ao casamento heterossexual.

  28. Exatamente! Pressupor é muito diferente de se exigir. Pressupor significa presumir, supor.

    Ou seja, o Estado conta com a possibilidade de que um casal tenha filhos.

    A disposição do Código Civil não te obriga a ter filhos, apenas dispõe que se você os tiver, é dever dos cônjuges blá blá blá blá… Por isso a mesma Constituição que você cita dispõe que o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

    O que vocês estão defendendo aqui é a concepção religiosa de que o casamento civil é só pra quem assume o compromisso de ter filhos, e por “vias naturais”. Ou será que só você ainda não percebeu isso? Não? Então eu vou te ajudar:

    “1. Casamentos deliberadamente estéreis (digamos, se as pessoas se casam com o firme propósito de nunca terem filhos) sempre foram inválidos na Igreja e o deveriam ser civilmente também.” (FERRAZ, J., Deus lo Vult: O Homossexualismo, a genética e a moralidade dos atos humanos, Recife: 2013)[Grifos nossos]

    Ficou claro agora o tom autoritário que vocês querem impor? “E o deveriam ser civilmente também”, mas não são.

    Como eu disse anteriormente, toda a racionalização que vocês fazem do assunto tem um fundo incontestavelmente religioso.

    Abraços

  29. Um pequeno aparte para um Update:

    Com relação ao vídeo do missionário que “desmascara” o biólogo Eli Vieira, postado aqui, saiu hoje uma Nota Oficial da Sociedade Brasileira de Genética endossando as alegações do Eli.

    Jorge, você poderia por gentileza atualizar o texto desse post com essa importante informação?

    Abraços a todos.

  30. Ou seja, o Estado conta com a possibilidade de que um casal tenha filhos.

    Exatamente, possibilidade que é completa e insofismavelmente inexistente no caso da dupla homossexual. Ou seja, num caso o Estado conta com esta possibilidade e, no outro, não pode contar. Que bom que você finamente entendeu que um casal e um dupla gay são coisas bem diferentes!

    [Ainda: excluindo-se o pressuposto da geração natural dos filhos, então dois irmãos podem perfeitamente casar-se. E aí, será que o Estado deveria conferir a dois irmãos gays a possibilidade de se “casarem” também, já que não existe aqui o impeditivo biológico que originalmente oferecia interdito à união fraterna?]

    E se for para acrescentar a possibilidade de meios substitutivos de exercício da paternidade (das justas adoções às infames fertilizações in vitro), então isto vale para duplas gays, comunidades hippies, trupes de teatro, república estudantil, enfim, literalmente qualquer aglomerado humano. E, portanto, o Estado deveria estender o seu privilégio a todos estes, e não somente às duplas de homossexuais. É isso que o Lampedusa vem dizendo desde o começo – e desde então vem sendo ignorado de modo sonso e cínico por beócios que não coram de vergonha ao dizer que o nexo intrínseco entre matrimônio e prole «não se sustenta no atual sistema legal» brasileiro!!

    O que vocês estão defendendo aqui é a concepção religiosa de que o casamento civil é só pra quem assume o compromisso de ter filhos

    Não, estamos dizendo que o instituto (civil) do “Casamento” que existe hoje no Brasil e no resto do mundo, e que historicamente sempre existiu em todos os povos e culturas, tem e sempre teve por fundamento a noção de que a “família” (= a entidade que se estava protegendo legalmente por meio do instituto do casamento) é a organização social responsável pela geração e educação dos novos membros da sociedade. Isto não é uma concepção religiosa, é um dado histórico-jurídico. O problema é que quando a realidade se mostra contrária às ideologias da moda sempre aparece um babaca achando que pode começar a gritar “fundamento religioso!, fundamento religioso!” como se fosse um mantra e que isso, por si só, vai transmutar o próprio relincho em opinião fundamentada e digna de ser levada a sério.

    toda a racionalização que vocês fazem do assunto tem um fundo incontestavelmente religioso.

    E, quando a gente pensa que não pode ficar pior, é obrigado a ler uma coisa dessas: afirmar que do ato sexual entre um homem e uma mulher pode nascer uma criança virou agora uma “racionalização” que tem “um fundo incontestavelmente religioso”! E ainda tem gente que dá ouvidos a argumentadores deste nível!

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