O levante da hipocrisia contra o Estatuto do Nascituro

Recebi a foto abaixo por email (cliquem para vê-la um pouco maior): trata-se da turba abortista aglomerada em São Paulo diante da Catedral da Sé, no último sábado (15 de junho). Protestam contra o Estatuto do Nascituro; houve protestos similares em vários lugares do Brasil. Em Recife, a manifestação deve ter contado com umas cinco pessoas: não faltasse pauta pros jornais, nem saberíamos dela.

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Em São Paulo, havia um número maior de gente. E, mais uma vez, um pequeno grupo de fiéis formou um cordão humano diante das portas do templo de Deus; eram umas vinte pessoas. Segundo um relato colocado no Facebook por uma menina que estava presente, «[r]esistimos bravamente por três horas, aí os policiais nos aconselharam a sair. Pois eles estavam ficando cada vez mais agressivos».

Como já explicamos aqui, é simplesmente incompreensível que possa haver pessoas tão egoístas a ponto de não aceitarem um projeto que manda o Estado prestar auxílio às mulheres que foram vítimas de violência sexual e não desejam abortar. A hipocrisia do discurso abortista aparece às claras quando se percebe que ele na prática força a mulher vítima de estupro a abortar o próprio filho, uma vez que não permite ao Estado oferecer-lhe suporte psicológico e financeiro na situação de vulnerabilidade em que ela se encontra. Não são a favor do “direito de decidir” coisíssima nenhuma. Na verdade, eles se levantam raivosos contra qualquer iniciativa que proponha fornecer à vítima de violência sexual reais possibilidades de escolha. Essa histeria toda dá testemunho inconteste disso.

Enquanto isso, a grande mídia se coloca vergonhosamente a favor dos hipócritas da forma mais cretina possível. Um jornal tem a pachorra de fazer uma enquete perguntando aos internautas se eles são a favor da “bolsa-estupro” (sic) e outro reclama até do material que a CNBB pretende distribuir para os católicos durante um evento católico. Este último, aliás, além de polarizar o discurso de maneira totalmente falsa (médicos e cientistas de um lado contra padres e religiosos do outro), ainda consegue grafar (por duas vezes!) «Estatuto do Nasciturno», o que mostra que não tiveram sequer o cuidado de ler com atenção o que estão empenhados em criticar.

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Como exceção realmente honrosa se encontra o editorial da Gazeta do Povo, mais uma vez nadando contra a corrente das ideologias assassinas da moda e levantando a sua voz em defesa daqueles que ainda não podem falar. Destaco:

Sabemos que o esforço para dissociar a criança do agressor chega a ser heroico, e por isso o Estatuto do Nascituro também prevê o encaminhamento da criança à adoção, rompendo a falsa dicotomia que só apresenta como alternativas válidas nessa situação fazer o aborto ou ficar com a criança – com todas as consequências psicológicas que ambas as escolhas acarretam. Graças à exceção aberta pela lei para não punir abortos em caso de gravidez resultante de estupro, chega a haver uma pressão social para abortar quando uma mulher violentada se descobre grávida do estuprador. Joga-se sobre as costas da mulher, já fragilizada pela violência sofrida, a responsabilidade por uma nova violência, dessa vez contra a criança. A nova legislação permite à mulher buscar uma alternativa sem impedir que ela recorra às possibilidades já previstas pela lei atual; qualquer pessoa preocupada com a ampliação dos direitos da mulher deveria, portanto, receber o Estatuto do Nascituro como um avanço.

O jornal está de parabéns por ser uma das únicas vozes sensatas que ainda restam na grande mídia: não deixem de entrar em contato com ele por meio da página de “Fale Conosco” do editorial ou do email «leitor@gazetadopovo.com.br», a fim de encorajar a redação a continuar com esta tão importante linha editorial. E que ninguém se retraia diante da gritaria dos abortistas, que ninguém se intimide diante do levante da hipocrisia. Apoiar a mulher vítima de estupro é dar-lhe condições dignas de escolher a maneira como pretende tentar seguir a sua vida. Esta verdade não pode ser mudada à força de passeatas mal-fingidas. Nem um milhão de feministas baderneiras podem mudar este fato evidente.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

17 comentários em “O levante da hipocrisia contra o Estatuto do Nascituro”

  1. Boa Tarde.
    Acredito que quem escreveu este texto deve está bem enganado ou ser um completo alienado.
    Vamos lá: 1º – No seu 3º paragrafo, você afirma que não entende algumas pessoas não aceitarem a suposta ajuda do Estado na criação do suposto novo individuo. Não se engane meu amigo, o Estado já é extremamente falho no auxilio da saúde, educação, saneamento básico, defesa do cidadão, defesa do consumidor, incentivo a tecnologia, segurança em geral, serviços a longo prazo. Se tem duvidas quanto a isso, basta abrir qualquer jornal e lê que verá as reclamações, por mais politicamente “comprado” que seja este, com certeza encontrará alguma coisa. AGORA, COM UM ESTADO TÃO DEFEITUOSO, COMO PODE ARRUMAR TEMPO, GRANA E PROFISSIONAIS PARA AUXILIAR UMA MÃE????????????????????????????

    2º O Estatuto do Nascituro força a mulher exatamente o contrario do exposto por você no mesmo 3º paragrafo. Ela força a mulher a ter a criança, sem o direito de escolher ter ou não um filho totalmente indesejado. No qual moralmente falando, passa do estado de filho para feto. E o mais HIPOCRITA nessa história toda é o tal Estado, exigir do pai-estuprador uma pensão.

    3º Vamos falar um pouco sobre dados. A maior parte dos estupros que ocorrem no Brasil, são no norte e nordeste, desta parte, 80% dos casos são estupros por familiares. Nos orfanatos brasileiros, há ainda nesse momento uma lentidão na adoção, no qual 85% dos casos são de crianças abaixo dos 3 anos de idade. Logo é fácil encontrar crianças em quantidade de 8 a 12 anos em situações precárias, com ausência do básico do básico. E mesmo assim, você produz um texto sem levar em consideração os dados atuais do pais? FONTE >>> IBGE 2013 (fácil encontrar no site)

    Se isso for um discurso religioso, deveria ser no mínimo refeito, pois não conheço nenhum Deus em nenhuma religião que apoia o mal feitor e desampara o agredido (Só enfatizando e deixando BEM CLARO, o agredido nessas situações são as milhares de mães estupradas, violentadas, penetradas com a maior violência possível física e psicologicamente todos os anos no nosso país e não um sêmen fecundado em um ovulo de forma indesejável a pouquíssimas semanas).

    Se isso for um discurso cientifico ou politico é simplesmente um retardamento mesmo, pois, o aborto mesmo de forma ilegal existe e é feito a muitos e muitos séculos e vai continuar sendo por muitos e muitos séculos. A questão passa a ser financeira mesmo, é mais viável para o Estado ter clinicas credenciadas para fazer o aborto. O gasto que o Estado tem para recuperar por obrigação uma tentativa de aborto, é muito, mas muito maior do que o próprio aborto em si. Tente pensar nos medicamentos gasto em uma infecção generalizada e uma “piulinha” do dia seguinte por exemplo. E até a intervenção cirúrgica sai mais barato, visto que a equipe necessária é pequena e a mulher tem alta no mesmo dia.

    Para produzir tal texto, aconselho você a conversar com pessoas que já foram estupradas (facilmente encontradas em qualquer hospital geral de médio grande porte), pessoas que já fizeram aborto, que já sofreram de aborto espontâneo, e familiares que já perderam entes por conta de aborto mal sucedido. Ai posteriormente a isso, você publique algo tão absurdo para os outros lerem.

    OBS: Sei que a resposta é ofensiva, mas não leve para o lado pessoal. Uma critica sim, mas construtiva. Independente do que você seja (suponho que seja algum religioso), te desejo o bem, como desejo ao coletivo. E ao coletivo tenho hoje um posicionamento contrario a sua opinião. Espero que responda algum dia.

    Ass: A.C. Advogado Criminalista (Estácio)
    Cientista Social (UFF)
    Assistente Social (UFF)

  2. 1 – Se for assim, acabemos com todos os serviços prestado pelo Estado. Qual a pior situação?
    2 – Após a fecundação não existe mais sêmen e nem óvulo, mas um ser humano.
    3 – Tento compreender a situação dessas mulheres e sempre me pergunto se fosse com minha mãe, irmã, esposa, filha… E o fato de, como consequência do aborto, poder advir uma gravidez evidentemente não desejada, não significa que se justifica o assassinato, ou aceitaremos as justificativas que lotam os presídios? isso só mostra o quanto o estupro é um crime horrível e que deveria ser punido com um rigor muito maior do que o que é atualmente.
    4 – O que o aborto instantâneo tem a ver com as outras situações?
    5 – Algumas mulheres morrem em virtude de abortos realizados em clínicas clandestinas, da mesma forma que usuários de drogas morrem de overdose, e outros morrem dirigindo a toda velocidade e não vejo como o Estado, apoiando as atividades de risco vá diminuir o risco, e ainda, não é possível que a resposta da sociedade à atividades ilegais, sejam legalizá-las, ou vamos ter que legalizar o estupro, que é muito comum, como vc mesmo escreveu.
    6 – Por incrível que pareça, vejo pouco argumentos religiosos no que diz respeito às críticas à legalização ao aborto. A maioria se pautam no uso da razão e da lógica, por exemplo, como é possível que algo que não é venha a ser?
    7 – A criança, apesar de indesejada, ainda tem todas as possibilidades pela frente, ainda pode ser amada, ainda pode dar orgulho. Mas pra isso ela deve se desenvolver e nascer. Apesar do estado de penúria das crianças que estão em orfanatos, elas ainda estão em situação melhor que as que foram abortadas.
    8 – Da mesma forma que não sou covarde a ponto de matar quem não pode ser defender, também não sou de esconder meu nome.

    Vinicios José Dias

  3. Essa não deveria ser a discussão. A hipocrisia está em não se pensar e LUTAR PARA QUE AS MULHERES NÃO SEJAM VITIMAS DE ESTUPRO e principalmente, para que todo esse apoio psicológico e financeiro, vá para que elas não se sintam culpadas e responsáveis pelo que elas não fizeram. A hipocrisia está em não responsabilizar o agressor de maneira mais vigorosa, está em não considerar o crime do estupro e não pensar qual será a qualidade de vida emocional dessa criança. Pense, com toda a sua religiosidade, que isso pode acontecer com a sua esposa, sua mãe, sua filha…

    J. P.
    Mestranda em sociologia – UFMG

  4. É óbvio que ninguém defende que as mulheres sejam vítimas de estupro. A questão é o que fazer com as mulheres que sofreram esta violência. Infelizmente, por mais que sejam empregados esforços para evitar isso, nunca se poderá garantir que gravidezes decorrentes de violência sexual vão deixar de existir. E é para esses casos que existe o artigo do Estatuto do Nascituro em discussão.

    A tal “qualidade de vida emocional dessa criança” não pode ser usada para constranger a mulher vítima de estupro a exterminar o próprio filho contra a sua vontade. Isso é somente mais uma hipocrisia dos que querem nos fazer acreditar que defendem o direito de decidir.

  5. Anderson, o estatuto não força a mulher de forma alguma a ter a criança, me mostre a parte do estatuto que diz isso, não vale só copiar o que outras pessoas inventam, cite fontes primárias, se tu nem teve o trabalho de ler o documento isso é no mínimo sinal de imprudência (pelo que lembro tem umas 8 página, não precisa ficar com preguiça).
    http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=443584&filename=PL+478/2007

  6. O texto abusa da falácia do espantalho ao denominar os opositores desse escárnio de “abortistas”. Esse lixo legislativo feito por pessoas que não tem mais o que fazer além de demagogia religiosa e hipocrisia é imoral, canalha, anti-constitucional e uma aberração jurídica que deveria ir direto para o lixo.

  7. Fogo foi saber que a Polícia, ao invés de vigiar e ficar presente para que a manifestação não redunde em agressão por parte dos abortistas, ainda recomenda que os 20 fiéis fujam dali. E eles, não protegem a ordem pública e a Lei (de liberdade de Consciência)??

    Estão ocupando espaços, seguindo o método gramsciano. E a Polícia cedendo e se omitindo covardemente!!

  8. O protesto deles é legítimo e garantido pela Constituição. Egoísmo é querer amordaçar a boca da população quando as palavras que saem dela não lhe agradam.

  9. Cara J. P., Mestranda em sociologia – UFMG

    Penso sim que poderia acontecer com minha esposa ou minha filha. E seria o primeiro a me levantar contra a possibilidade de assassinar um inocente no ventre materno.

    Agora deixa ver se entendi seu raciocínio: você defende o aborto por temer “qual será a qualidade de vida emocional dessa criança”?

    Ora, isso é eugenia pura e descarada. Expediente muito defendido e desgraçadamente muito praticado pelos nazistas…

    Vamos pensar também numa criança identificada com Sindrome de Down no ultrasom, qual será sua qualidade de vida? Melhor eliminá-la e poupar-lhe esses sofrimentos!

    E uma outra criança identificada com uma má formação física? Coitada, terá uma péssima qualidade de vida… Vamos matá-la e eliminar esses estorvo!

    Sinceramente? É muito mais preocupante as consequencias psicológicas e a qualidade de vida de uma criança criada por pares homossexuais do que uma criança gerada após um estupro.

  10. “Sinceramente? É muito mais preocupante as consequencias psicológicas e a qualidade de vida de uma criança criada por pares homossexuais do que uma criança gerada após um estupro.”

    Vixxxeeeeeeee, depois de tomar uma dessa e em especial essa parte aí, ademais ainda colocar “mestranda em sociologia”, acho melhor aposentar o diploma e ir para uma “exatas”.

  11. Estamos no Brasil, vai acabar acontecendo de mulheres que nem foram estupradas ganharem esse auxílio por 18 anos. A terra da corrupção e da propina não têm condições de checar a autenticidade de todos os casos. Que se proporcione tratamento psicológico e psiquiátrico para TODAS as mulheres, em vez desse auxílio para algumas.

  12. Fica a nítida impressão que os pró-aborto não se conformam, isso sim, que alguém possa querer ter um filho, mesmo em condições tão adversas como um estupro! Não entendem, não se conformam e não aceitam que alguém possa pensar diferentemente deles, essa é a verdade! Não minimizo nenhum dos argumentos apresentados por eles, – entre todas as situações degradantes que um ser humano pode passar, penso que o estupro é uma das piores. As suas vítimas, merecedoras de todo o nosso apoio e ajuda. Mas há outras maneiras, e esse é o ponto da questão, de vivenciar a situação que não seja simplesmente “passar uma borracha no mal”.

  13. Segundo os cristãos, deus é o responsável pelo desenho da anatomia feminina. Essa anatomia em muitas mulheres lhes dá um conducto natal muito estreito para que passe a cabeça da criança, como consequência do crescimento evolutivo do nosso cérebro. Se Deus é o responsável por esse desenho, ele se converte no maior abortista do mundo, que tem que dar conta de 20 milhões de abortos anuais. Francisco J Ayala

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