Salve, ó Rainha assunta aos Céus!

Se temos dificuldades em perceber os efeitos maléficos do pecado na nossa vida, que o dia de hoje sirva ao menos para deles fornecer-nos um vislumbre. Hoje é o fim terrestre d’Aquela com quem jamais teve parte o pecado; o Seu último ato neste mundo, antes de ser elevada à glória de Deus, foi precisamente a Sua maravilhosa Assunção.

Corpo e Alma elevados a Deus! Se é verdade que temos naturalmente que morrer, não é verdade que a corrupção do túmulo nos estava originalmente assinalada. Sim, a nossa peregrinação terrestre sempre esteve fadada a terminar um dia; mas entre terminá-la na podridão do túmulo ou na glória da Assunção, que diferença gigantesca! Eis aí para que nos serve o pecado: para nos prender à terra quando deveríamos voar para Deus. Eis o salário do pecado, eis o aguilhão da Morte, descortinados à nossa frente n’Aquela que não os sofreu. Se é na doença que se percebe o valor da saúde, é contemplando a Assunção que percebemos com todo o horror a chaga causada em nós pelo pecado.

Salve, ó Virgem Gloriosa, Rainha assunta aos Céus! Salve, esplendor da Criação. Salve, glória da nossa humanidade. Rogai por nós a Deus; para que não nos acostumemos jamais com a miséria do pecado. Para que não desistamos jamais de lutar por uma parcela daquilo que hoje refulge em Vós.

O aborto e a má fé da Eliane Brum

No início desta semana, a sra. Eliane Brum publicou na sua coluna um texto absurdo sobre o PLC 03/2013 (agora Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013) e o aborto. O texto dela fala no título e no corpo de uma certa “má fé” dos pró-vida na forma como estão tratando o assunto; ora, se existe alguma má fé aqui, esta se encontra precisamente nas considerações da sra. Eliane!

1. Ao contrário do que a Sra. Eliane insinua, o problema que os pró-vida vêem na Lei 12.845 não é (obviamente) o atendimento às vítimas de estupro; o problema é a abertura velada ao aborto que ela proporciona.

2. Ao contrário do que a Sra. Eliane diz, a dita “pílula do dia seguinte” não evita uma gravidez, pelo menos não na totalidade dos casos. A citada pílula tem também o efeito de impedir a nidação de um óvulo já fecundado, o que significa não evitar uma gravidez, mas sim interrompê-la.

2.1. Que a dita “pílula do dia seguinte” possua também efeito anti-implantatório é o que se aprende em qualquer pesquisa sobre o assunto:

  • «Ele [o “contraceptivo”] também pode evitar que o óvulo fertilizado seja implantado no útero». [saude.hsw.uol.com.br]
  • «It may also cause endometrial changes that discourage implantation». [medicines.org.uk]
  • «It is a progestin hormone that prevents pregnancy by (…) changing the womb and cervical mucus to make it more difficult for an egg (…) attach to the wall of the womb (implantation)». [medicinenet.com]

2.2. Portanto, o que os pró-vida questionam no emprego da dita “pílula do dia seguinte” não é a sua capacidade de evitar uma gravidez, mas sim a de interromper uma. Afinal de contas, “interromper” uma gravidez com a conseqüente morte do embrião significa justamente aborto.

3. Ao contrário do que a Sra. Eliane diz, a polêmica não «se apega» somente «ao direito de acesso das vítimas à pílula do dia seguinte». A polêmica envolve também (e talvez até principalmente) o inciso VII do Art. 3º, que fala «sobre os [supostos] direitos legais» da vítima de estupro; os quais, na novilíngua abortista, incluem também um inexistente “direito” ao “aborto legal” (que a referida colunista não deixa de propugnar em seu texto).

4. A cortina de fumaça da Sra. Eliane se dispersa facilmente quando se analisa a questão sob a ótica clara que uma comentarista expôs lá no texto:

Cara Jornalista, assistência humanitária, de saúde e psicológica pode ser dispensada às vítimas de violência sem que seja provocado o aborto. O Código Penal diz que nesses casos o aborto não é penalizado, não diz que o Estado deva providenciá-lo. Em nenhum momento fomos contra a assistência, somente contra o aborto. Creio que a má-fé é do seu texto, que é tendencioso

Toda a tagarelice da colunista da Época, portanto, deixa assim de fazer sentido. A questão nunca foi sobre o atendimento às vítimas de estupro, e sim sobre o aborto sub-repticiamente introduzido numa legislação à revelia dos próprios legisladores. Na verdade, são os pró-aborto que (como de costume) não estão nem um pouco interessados na dor dessas mulheres, pois não são capazes de desistir do aborto nem mesmo para mitigar o sofrimento das vítimas de tão horrendo crime. Não são capazes de apoiar uma única medida legal favorável às vítimas de estupro que não seja para empurrar o aborto na legislação brasileira. Isso, sim, é demoníaco. Isso sim é uma ameaça concreta à saúde das mulheres, que como tal deve ser combatida.

Leituras correlatas:

– Santas casas poderão recusar aplicação de pílula do dia seguinte
– Aborto não é ato médico
– Nome ao Natimorto (interessante, embora não aborde diretamente o tema aqui tratado)

P.S.: Mais leituras correlatas

– El Consejo de Seguridad de la ONU rechaza que el aborto sea un derecho de las víctimas de violaciones
– Apoio ao aborto, não à mulher.

O Papa Francisco e o Ramadã

Somente uma curiosidade. Não sei desde quando a Santa Sé envia cumprimentos aos muçulmanos por ocasião de suas festividades; na página do «Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso», a mais antiga mensagem «por ocasião do fim do Ramadã» é de 1978. Trinta e cinco anos atrás. E ela se inicia dizendo – já em 1978 – que «[h]á muito (…) o Secretariado para os Não-Cristãos existente no Vaticano tomou o feliz hábito de manifestar aos seus amigos muçulmanos, por ocasião do encerramento do jejum do Ramadão, os seus votos mais sinceros e os seus mais ardentes desejos, rogando ao mesmo tempo a Deus que lhes conceda paz e prosperidade». O costume não é portanto muito recente.

Este fato, sozinho, mostra que a justificativa do sr. Magdi Cristiano Allam para abandonar a Igreja é completamente furada: a Igreja já se relacionava diplomaticamente com os muçulmanos três décadas antes dele ser batizado. Se ele depois decidiu romper com a Igreja, decerto não foi por conta de alguma mudança da parte d’Ela em suas relações com o Islã.

Também este ano o Papa Francisco enviou uma mensagem, na mesma ocasião, «aos muçulmanos no mundo inteiro». Coisa esperada. Protocolar. Vieram, como era esperado, os comentários maledicentes. Não faltou quem dissesse que São Francisco de Assis foi ter com o sultão maometano para instá-lo a aceitar o Evangelho, enquanto que o Papa Francisco escrevia aos muçulmanos para lhe desejar um bom Ramadã. No entanto, a mensagem deste ano contém o seguinte interessante período (grifos meus):

Obviamente, ao manifestar respeito pela religião do próximo ou ao transmitir-lhe os bons votos por ocasião de uma celebração religiosa, simplesmente procuramos compartilhar a sua alegria, sem fazer referência ao conteúdo das suas convicções religiosas.

Que me conste, é a primeira vez que um Papa “justifica” uma dessas mensagens diplomáticas da Santa Sé. Ele diz, com todas as letras, que não se pode inferir delas nenhuma espécie de juízo da Igreja sobre o conteúdo das convicções religiosas daqueles a quem se destinam. Portanto, elas não servem para “provar” que a Igreja passou a considerar o Islã uma religião verdadeira. Doravante, a desonestidade intelectual dos que as utilizarem como “evidências” de uma suposta mudança de posição doutrinária da Igreja Católica frente ao Islã estará manifesta.

Que me conste, João Paulo II e Bento XVI nunca fizeram esse tipo de esclarecimentos. Não que precisassem dizer o óbvio, pois não podem existir duas religiões verdadeiras. Mas é curioso que justamente o Papa Francisco, explicitamente preocupado com o «respeito pela religião do próximo», tenha feito questão de deixar claro que respeito é respeito, e indiferentismo é indiferentismo. Respeitar não é aceitar. E conviver pacificamente não é sinônimo de aprovar convicções religiosas de ninguém.

A Jornada da Juventude não-católica

Três milhões de peregrinos nas ruas é um contingente expressivo de pessoas, que por sua própria natureza não é passível de ser tratado com indiferença. Não dá para simplesmente fingir que aquela multidão de gente não está lá. Era natural que a JMJ, portanto, influenciasse também a vida de pessoas que não são católicas. O que elas têm a dizer sobre a Jornada?

Trago alguns exemplos. O site do Pe. Paulo Ricardo publicou um interessante texto sobre a «Jornada Mundial da Juventude que comoveu os evangélicos»; enquanto certos pastores xingavam muito no Twitter, outros filhos de Lutero munidos de um grau maior de boa vontade comoviam-se com esta gigantesca manifestação de Fé Católica e, em certo sentido, uniam-se aos que transformaram o Rio de Janeiro em um gigantesco campo da Fé. Por exemplo, a foto abaixo correu as redes sociais:

protestante-jmj

É claro que nem todos os protestantes estavam imbuídos destes santos desejos de unidade entre os cristãos; outros aproveitaram o encontro para fazer o seu proselitismo herético e inclusive atrapalhar os católicos (*) que queriam ver o vigário de Cristo. Mas a própria existência destes espíritos de porco serve para tornar mais admirável os gestos de apoio que recebíamos espontaneamente de muitos de nossos irmãos separados. Que o Deus Altíssimo leve em consideração a sua boa vontade e lhes conceda as graças necessárias para chegarem um dia à plena união com a Igreja de Cristo, pela qual as suas almas anseiam mesmo que – por vezes – sem o perceber.

[(*) Houve inclusive um deles que, portanto um bandeirão amarelo gigantesco, colocou-se rente à grade que demarcava o espaço de passagem do Papamóvel, impedindo muitos católicos que estavam atrás de verem a passagem do Sucessor de São Pedro. Na quinta-feira, o desgraçado estava bem à minha frente. Pensando que se tratava simplesmente de um católico sem noção que estava querendo ver o Papa, eu próprio (e muitos outros) nos esforçamos por conter os gritos de “baja la manta!” que ameaçavam evoluir para atitudes efetivas de desobstrução do espaço à nossa frente. Soubesse que o canalha era um herege que havia se colocado entre o Papamóvel e os católicos com o fito explícito e deliberado de impedi-los de ver a passagem do Romano Pontífice, tinha eu próprio “bajádole la manta” para que ele aprendesse a não aporrinhar de maneira tão cretina a manifestação pacífica da fé alheia.]

Durante a semana da Pré-Jornada, quando nós voluntários já estávamos no Rio, éramos parados amiúde nas ruas por pessoas que simplesmente nos parabenizavam pelo que estávamos fazendo, mesmo que não estivéssemos fazendo nada a não ser andar por aí com os sinais distintivos da JMJ. Nem todas eram católicas, e elas às vezes faziam questão de nos dizer. Eu particularmente não recebi nem presenciei um único sinal de hostilidade durante estes dias; muito pelo contrário até. Uma senhora, que se apresentou como evangélica, chegou inclusive a nos oferecer a casa dela para hospedar voluntários ou peregrinos que porventura estivessem precisando. Tinha acabado de nos conhecer na rua. Fez questão de nos dar o seu telefone e ainda pediu desculpas porque não ia poder ficar em casa, uma vez que tinha que trabalhar, mas disse que nós podíamos ficar à vontade porque ela, com muito gosto, colocava o que tinha à nossa disposição. Ora, tamanha hospitalidade é extremamente admirável! Dona Joelma, que Deus lhe retribua a generosidade. A senhora verdadeiramente nos comoveu com a simplicidade do seu exemplo de amor ao próximo, mesmo aos desconhecidos e diferentes.

Mas nem só os protestantes se permitiram admirar a Jornada. Outras pessoas a elogiavam até por razões não-espirituais. O testemunho abaixo, por exemplo, foi outro que correu a internet. O Dr. Rodolfo Hartmann é professor universitário e juiz federal; a julgar por sua página no Facebook, não parece católico, ao menos não católico praticante. Podia perfeitamente ser um ateu ou agnóstico. No entanto, escreveu o seguinte pequeno texto sobre a JMJ, que faço questão de copiar aqui na íntegra porque é bonito o bastante para merecer um pouco mais de durabilidade do que o Facebook é capaz de lhe proporcionar:

Moro em Copacabana. Fiquei praticamente 4 dias em prisão domiciliar. Grande parte do comércio estava fechada e o que funcionava tinha fila que não acabava. Era difícil sair de carro e era impossível correr ou caminhar na praia. Nem academia funcionou. Vi 5 filmes em 3 dias (a última vez que fiz isso devia ter uns 15 anos). Simplesmente ficou mais cheio do que no réveillon e por mais dias. Mas não escrevo para criticar, pelo contrário. Essa JMJ poderia repetir todo ano aqui em Copacabana. Nesses dias, não vislumbrei desrespeito, sujeira, sedução barata ou mesmo uso de substâncias ilícitas e abuso de álcool. Simplesmente, eu observava as filas e ninguém furava. Carros que eventualmente passavam não eram socados. Não vislumbrei agressões. Também não vi lata ou sujeira no chão. Não tinha gritos e sim cantorias. Peregrinos com as suas bandeiras. Ficou muito cheio, é verdade. Os sanitários disponibilizados eram poucos. Mas, independentemente da fé pessoal de cada um, o que eu vi foram jovens e adultos em uma celebração saudável. E vão embora daqui felizes. E deixaram muitos aqui felizes. Eu curti essa meninada. :)

E, é claro, os meios de comunicação social seculares não puderam ignorar um evento desta magnitude. Muita coisa se escreveu sobre aqueles dias; a maior parte delas eu não pude ler, ocupado que estava em acompanhar in loco o desenvolvimento da JMJ. Mas foi gratificante retornar para casa e ler no El País – no El País conhecido por seu anticlericalismo! – uma matéria procurando explicar por que o papa Francisco fascina tanto os jovens. E não pude conter um sorriso ao ler estas palavras:

Em tempos de descrença geral, enquanto grupos de adultos fazem ritos aqui na rua para “desbatizar-se” ou exibir seu ateísmo, uma boa surpresa é que centenas de milhares de jovens de tantos países e línguas diferentes se apaixonaram por um papa que lhes pede que se despojem da casca do supérfluo para sentir a vibração do que permanece e vale a pena saborear.

Sim, é impressionante como o Papa consegue (e com tanta facilidade) angariar a simpatia de tantos. Para mim, isto é um claro sinal da sede de transcendência – da sede de Deus! – da qual padece o mundo moderno, ainda que não tenha coragem de a admitir. Que não seja somente entusiasmo vazio. Que esta boa vontade concedida ao Vigário de Cristo possa fazer essas pessoas – ao menos algumas dessas pessoas – abrirem o seu coração à Doutrina Católica da qual o Sucessor de Pedro é porta-voz. Rezemos pelo Papa Francisco! A fim de que ele consiga se utilizar desta extraordinária popularidade da qual goza no mundo atual para confirmar na Fé estes tantos que o admiram mesmo sem entender ao certo o porquê.

A Jornada da Juventude Pró-Vida

A JMJ foi também palco de uma série de iniciativas pró-vida, de algumas das quais eu tive a honra de participar mais ativamente.

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No dia 22 de Julho, segunda-feira, no Rio Centro, ocorreu o Vida in Concert. Foi um show realizado pela Elba Ramalho e convidados, que entremearam canções religiosas e seculares com testemunhos e brados pró-vida. Os artistas que subiram ao palco eram os mais variados: tivemos cantores católicos (como a Celina Borges, o Dunga, a Ziza Fernandes) e seculares (Geraldo Azevedo, Nando Cordel, a própria Elba, o Toni Garrido). Todos unidos em torno de uma causa comum a diferentes confissões religiosas: a defesa incondicional da vida humana e o repúdio a todas as formas de violência das quais ela é vítima, em especial o aborto.

Permito-me um parêntese. Segundo me informou uma amiga, o Luan Santana estava originalmente escalado para participar deste show. O motivo é que ele ajudou certa vez a Elba Ramalho a dissuadir uma garota de praticar um aborto. A história é a seguinte: enquanto a Elba estava no telefone com a menina, grávida, tentando convencê-la a ter a sua criança, ela (a jovem mãe) teria retrucado algo do tipo: «mas grande coisa a Elba Ramalho… ainda se fosse o Luan Santana…!». A paraibana não se fez de rogada. Ligou imediatamente para o Luan Santana, que topou falar com a menina. Ela ficou felicíssima e desistiu de abortar a criança.

Por favor, não me venham questionar a mentalidade de quem desiste de abortar só porque falou com o Luan Santana. Eu sei que é fútil e irresponsável. Alguém poderia dizer que um filho indesejado por sua mãe a ponto dela cogitar abortá-lo não está em condições muito melhores do que o mesmo filho cuja mãe desistiu de matá-lo no ventre porque falou com um astro teen. A isso eu responderia: está sim, porque ao menos está vivo. É claro que todas as mães deveriam amar os seus filhos, e não os utilizar como moeda de troca para satisfazer as suas tietagens. Mas se a um filho há de ser negado o amor de sua mãe, que ao menos não lhe seja negado também o próprio direito à vida por conta disso. Por vias tortas que sejam, aquela jovem fez a coisa certa; e que Deus possa tocar o coração dela, para que – se ela optou por ficar com a criança; não sei o desfecho da história – possa amar verdadeiramente o filho que ela um dia decidiu deixar viver por razões tão mesquinhas. Há sempre espaço para mudanças de postura nesta vida. Uma conversão verdadeira é sempre possível, e é sempre melhor que ela ocorra sem um aborto consumado.

Esta seria a participação original do Luan Santana da JMJ, e aqui ao menos ele seria edificante: tratava-se de um show não especificamente católico, realizado longe dos holofotes dos Atos Centrais, e aqui ele poderia contar a história que relatei brevemente acima. No entanto, os inimigos das coisas de Deus preferiram arrancá-lo do testemunho pró-vida para o colocar nos Atos Centrais da Jornada, com toda a repercussão negativa que esta infeliz escolha teve. Não falemos mais sobre este assunto. Ao menos a sua interpretação da Oração de São Francisco em Copacabana foi breve e bonita, após a qual ele permaneceu e parecia acompanhar com atenção as palavras do Papa Francisco (*). Que elas possam encontrar terreno fértil no coração ferido do jovem artista.

[(*) Nesta noite, entre outras coisas, o Papa Francisco falou: «E se cometerem um erro na vida, se tiverem uma escorregadela, se fizerem qualquer coisa de mal, não tenham medo. Jesus, vê o que eu fiz! Que devo fazer agora? Mas falem sempre com Jesus, no bem e no mal, quando fazem uma coisa boa e quando fazem uma coisa má. Não tenham medo d’Ele! Esta é a oração». E ainda: «Hoje eu roubo a palavra a Madre Teresa e digo também a você: Começamos? Por onde? Por ti e por mim! Cada um, de novo em silêncio, se interrogue: se devo começar por mim, por onde principio? Cada um abra o seu coração, para que Jesus lhe diga por onde começar». Que bom seria se aquela vigília em Copacabana fosse o início de uma nova vida para aqueles peregrinos que ouviam com atenção as palavras do Vigário de Cristo!]

Parêntese fechado. No Rio Centro (como mais tarde em muitos outros lugares da cidade, graças a Deus) foi feita a distribuição das réplicas de um bebê humano com doze semanas de gestação. Os meus leitores devem se lembrar: trata-se desta iniciativa daqui.

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A todos aqueles que contribuíram generosamente para que aquele projeto se tornasse realidade, os meus agradecimentos e o meu testemunho: foi graças a vocês que tantas pessoas, naquela noite e ao longo de toda a Jornada, puderam receber o seu pequeno kit pró-vida. Deus sabe o bem que foi realizado com estas ações. Num mundo em que só se dá valor ao que é visível e palpável, a distribuição de réplicas em tamanho e formato naturais de um feto com doze semanas de gestação tem um importante efeito pedagógico: ajuda a entender que o aborto não é um remédio mágico para um problema invisível, mas muito pelo contrário, é o extermínio de um ser humano bem concreto.

Entre diversas outras, foi feita também uma distribuição dos kits em Copacabana, no domingo, e o Jônatas a relatou no Blog da Vida, de onde retiro a foto abaixo. Para outras fotos e a narrativa completa, acessem o link. Outras informações bem detalhadas podem ser encontradas também no Tubo de Ensaio.

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Numa das praças em Copacabana, havia um sacerdote ostentando diversos cartazes com os métodos abortivos existentes, que também ajudou na distribuição dos kits. Infelizmente não lhe guardei o nome, mas alguns dos que passaram pelo Rio naqueles dias certamente o devem ter notado. Uma vez mais, vale registrar: o seu incansável trabalho de esclarecimento da população a respeito do maior e mais trágico holocausto da história da humanidade, que acontece todos os dias sob o nosso olhar indiferente, não há de ser inútil. Que Deus o recompense e faça os seus esforços frutificarem.

Todos os peregrinos inscritos na Jornada receberam, dentro da mochila oficial da JMJ, um interessantíssimo livreto chamado Keys to Bioethics, organizado pela Fundação Jérôme Lejeune. Estava em português – Manual de Bioética: “Chaves para a Bioética” – e continha diversas informações importantes sobre aborto, fertilização assistida, pesquisas com embriões humanos e eutanásia, entre outros assuntos. A versão portuguesa (de Portugal) dele pode ser obtida clicando-se na figura abaixo. É quase igual à que foi distribuída na JMJ.

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O nosso manual continha ainda um anexo excelente e atualíssimo sobre “teoria do gênero”, que infelizmente eu não consegui encontrar online. Se alguém tiver, eu agradeço. A charge abaixo faz parte dele. Fantástica.

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Essas e outras iniciativas concorreram para que JMJ fosse, em acréscimo a tudo, também um grande evento pró-vida, onde a mensagem de que a vida humana é um bem que deve ser protegido desde a concepção até a morte natural foi proclamada com coragem e criatividade por um sem-número de pessoas que se entregaram generosamente a este objetivo.

E os frutos já estão chegando. Estamos na Semana Nacional da Família. A Arquidiocese do Rio de Janeiro preparou uma «Celebração Eucarística pela Vida», que acontecerá no dia 21 de agosto (quarta-feira da semana que vem) e tem «o objetivo de reparar os pecados cometidos contra a vida, como o crime do aborto, através de oração em nome dos inocentes». Ainda, na mensagem que o Papa Francisco enviou às famílias brasileiras no último dia 06 de agosto consta um explícito apelo pela vida, que deve «sempre ser defendida, já desde o ventre materno». São palavras do Vigário de Cristo:

De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana, os pais são chamados a transmitir aos seus filhos a consciência de que esta deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade.

Este é, em suma, o apelo lançado no Rio de Janeiro: a vida é um dom de Deus que como tal deve ser defendido. Que ele ecoe para muito além das fronteiras da Cidade Maravilhosa, e que possa alcançar os corações dos homens dos nossos tempos. Que o Altíssimo nos ajude nesta empresa; que a Santíssima Virgem da Conceição Aparecida interceda por nós, e nos livre sempre da maldição do aborto.

A Jornada da Juventude Tridentina

Durante os dias da JMJ, a Antiga Sé do Rio de Janeiro ficou oficialmente sob os cuidados da Administração Apostólica São João Maria Vianney. A velha igreja se converteu, assim, em um cenáculo de espiritualidade católica tradicional, que pôde ser aproveitada pelos que lá passaram naqueles dias. Com missas diárias na Forma Extraordinária do Rito Romano (inclusive mais de uma ao mesmo tempo, nos altares laterais, como era costume antigamente) e catequeses ministradas por S. E. R. Dom Fernando Arêas Rifan, as atividades que lá se realizaram foram bastante proveitosas. E concorridas.

Pude estar presente em duas ocasiões. A primeira delas, na quarta-feira à noite, para participar do Pontifical que Dom Rifan celebrou. A igreja completamente abarrotada era uma coisa linda de se ver! Cheguei um pouco tarde e praticamente não havia mais espaço; inclusive um amigo desistiu de assisti-la ao ver como estava lotada a Antiga Sé. Entrando pelos corredores e salas internas, consegui sair lá na frente do lado esquerdo, próximo ao presbitério; a visão era péssima, mas havia lugar para ficar de pé e – principalmente – para ouvir com tranqüilidade.

Assisti ao Pontifical mesmo sem o ver. Participei do Santo Sacrifício sem contudo admirar os sinais externos tão ricos da cerimônia, castigado que fora por não ter chegado a tempo de conseguir um bom lugar. Mas foi espetacular mesmo assim. Não posso dizer que conheço em pormenores a celebração episcopal solene segundo os livros litúrgicos antigos: devo ter assistido somente a uns dois ou três pontificais na minha vida inteira. Naquela concorrida cerimônia da quarta-feira, contudo, aceitei contente que outras pessoas pudessem acompanhá-la com mais detalhes do que eu. Talvez tenha sido o primeiro Pontifical de alguém, e sabe-se lá quando aquelas pessoas terão a oportunidade de assistirem a outro novamente.

No dia seguinte eu voltei, e voltei de manhã cedo. Cheguei antes das nove, e Dom Rifan ainda não iniciara a sua catequese; tive tempo de encontrá-lo na sacristia e o cumprimentar. No interior da igreja, as músicas tradicionais animavam a multidão que já começava a se avolumar: provando que não é necessário fazer muito barulho para “acolher” a juventude, um órgão e um coral cantavam cânticos clássicos que eram alegremente acompanhados pelos que estavam presentes. Dessa vez, tendo chegado mais cedo, sentei mais confortavelmente num degrau que levava a uma capela lateral: os bancos já estavam todos ocupados.

Sua Excelência falou sobre o discipulado, explicando o étimo da palavra e dizendo que discípulos são aqueles que aprendem de alguém: a origem do termo é a mesma de “corpo discente”, o conjunto dos alunos de uma universidade. Um discípulo é portanto um aluno; um discípulo de Cristo, um aluno do Mestre. Vez por outra o bispo descia do presbitério para tocar alguma música no órgão, e era acompanhado animadamente e aplaudido com entusiasmo sempre que o fazia. Tudo acontecia em um clima suave e frutuoso: aqueles jovens recebiam doutrina sólida de uma forma leve, longe de ser cansativa.

Falando da SSma. Virgem, d’Aquela que soube aprender com perfeição do Seu Divino Filho, Dom Rifan nos instigava a recorrermos sempre à Sua maternal proteção. Guardei um ponto curioso da prédica. Lá pelas tantas, falando sobre a Virgindade Perpétua da Bem-Aventurada Virgem Maria, Sua Excelência lembrava que certas traduções antigas eram mais enfáticas sobre este assunto: elas, dizia ele, professavam a crença de que Cristo nascera “de Maria Virgem”, e isso era um pouco diferente (em ênfase, claro) de falar simplesmente que Ele nasceu “da Virgem Maria”. Porque a ordem das palavras às vezes importava. Afinal de contas, uma enxada cara era diferente de uma cara inchada. Escrito, o gracejo não tem o mesmo impacto de falado; mas dá para imaginar.

Meia hora antes da Missa, o senhor bispo franqueou a palavra aos presentes, abrindo uma sessão de perguntas e respostas. As perguntas, eram sobre assuntos os mais diversos, não necessariamente abordando o tema da catequese recém-findada. E perguntaram sobre a Missa e sobre interpretação bíblica, sobre a Presença Real de Cristo e sobre a possibilidade de se ser santo nos dias de hoje, sobre assuntos vários enfim. O bom bispo respondia com tranqüilidade: não era sempre possível proferir um tratado sobre aqueles temas, mas as sínteses que ele fazia eram preciosas. Penso que aqueles jovens devem ter saído satisfeitos. Não é sempre que os fiéis têm a oportunidade de interagir assim com o pastor.

Depois disso, a Santa Missa, dessa vez rezada: bem diferente do Pontifical da véspera, mas o mesmo Sacrifício de Cristo tornado presente de modo incruento sobre o altar. Findada a cerimônia, ainda me encontrei com Sua Excelência à porta da igreja, paramentado, cumprimentando os fiéis: despedi-me, agradecendo pela agradável manhã e dizendo-lhe não saber se conseguiria encontrá-lo ainda durante a Jornada.

De fato, não o encontrei mais, ocupado com o serviço de voluntário que a partir de então me deu pouca folga: mas aqueles dois dias foram muito bons. E quanto a tantas pessoas que puderam acompanhar com mais calma as atividades da Administração Apostólica na Antiga Sé do Rio de Janeiro… penso que devem ter sido muito edificadas. Rezo para que tenham sido.

Os que passaram naqueles dias por aquela velha igreja erigida em honra a Nossa Senhora do Carmo – nossa padroeira cá da Cidade do Recife – tiveram a oportunidade de presenciar atividades bem pouco usuais. Missas simultâneas, confissões, latim, órgão e coral, catequeses ministradas por um “bispo tridentino”, uma miríade de coisas antigas que muitos poderiam dizer já ultrapassadas, convivendo maravilhosa e harmoniosamente com os jovens peregrinos do século XXI que foram ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude. Certas coisas antigas são sempre novas. Que aquela espiritualidade tradicional possa ter ajudado a alguns dos tantos – centenas! – de jovens que por lá passaram. Que a Santíssima Virgem do Carmo abençoe a cada peregrino que por lá passou naqueles dias. E que Ela olhe com maternal solicitude pela Administração Apostólica, por seu bispo, seu clero e seus fiéis. A todos os que dela fazem parte, nosso muito obrigado pela riqueza daqueles dias.

As palavras do Papa Francisco no Brasil

O Papa falou um bocado quando esteve no Brasil; muito mais do que nós, ocupados que estávamos com a Jornada, podíamos acompanhar no turbilhão daqueles dias intensos. Nestes tempos de internet, contudo, é sempre possível recuperar depois as palavras que foram proferidas na Viagem Apostólica à Terra de Santa Cruz; é útil conhecermos o que o Papa Francisco julgou por bem falar enquanto esteve no Brasil.

aqui um .pdf que compila todos os discursos do Sumo Pontífice durante a JMJ. Abaixo, trago alguns excertos do que o Papa Francisco falou no Brasil. Não são os trechos mais importantes e nem talvez os mais representativos da Jornada, mas somente alguns recortes selecionados por mim que podem ser úteis à nossa meditação. E que, como em outras coisas que pus aqui no blog, faço votos de que possam servir para aguçar o interesse por conhecer mais profundamente o que o Vigário de Cristo disse quando visitou a nossa Pátria.

Ouçamos o Papa, ouçamos o Cristo-na-Terra, para que aqueles dias não sejam somente agradáveis lembranças das multidões reunidas. Para que possamos haurir deles o máximo que eles têm para nos dar. Para que, a partir deles, possamos verdadeiramente mudar a nossa vida. Para que eles possam dar os frutos que tantas pessoas se esforçaram por fazê-los dar.

* * *

– E atenção! A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo. É a janela e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço. (Papa FranciscoCerimônia de boas-vindas no Jardim do Palácio Guanabara)

– Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus! Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele. (Papa Francisco, Santa Missa na Basílica do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida)

– Eu penso que, neste momento, a civilização mundial ultrapassou os limites, ultrapassou os limites porque criou um tal culto do deus dinheiro, que estamos na presença de uma filosofia e uma prática de exclusão dos dois pólos da vida que constituem as promessas dos povos. A exclusão dos idosos, obviamente: alguém poderia ser levado a pensar que nisso exista, oculta, uma espécie de eutanásia, isto é, não se cuida dos idosos; mas há também uma eutanásia cultural, porque não se lhes deixa falar, não se lhes deixa agir. (Papa FranciscoEncontro com os jovens argentinos na Catedral Metropolitana)

– A fé em Jesus Cristo não é uma brincadeira; é uma coisa muito séria. É um escândalo que Deus tenha vindo fazer-se um de nós. É um escândalo que Ele tenha morrido numa cruz. É um escândalo: o escândalo da Cruz. A Cruz continua a escandalizar; mas é o único caminho seguro: o da Cruz, o de Jesus, o da Encarnação de Jesus. Por favor, não “espremam” a fé em Jesus Cristo. Há a espremedura de laranja, há a espremedura de maçã, há a espremedura de banana, mas, por favor, não bebam “espremedura” de fé. A fé é integral, não se espreme. (Papa FranciscoEncontro com os jovens argentinos na Catedral Metropolitana)

– Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano. (Papa Francisco, Visita à Comunidade da Varginha em Manguinhos)

– Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda. (Papa Francisco, Festa de Acolhida dos jovens na Praia de Copacabana)

– Deus é pura misericórdia! «Bote Cristo»: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este nosso mundo um pouco de luz. (Papa FranciscoFesta de Acolhida dos jovens na Praia de Copacabana)

– Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida. (Papa FranciscoVia-Sacra com os jovens na Praia de Copacabana)

–  Com a mesma parresia –coragem, ousadia– de Paulo e Barnabé, anunciemos o Evangelho aos nossos jovens para que encontrem Cristo, luz para o caminho, e se tornem construtores de um mundo mais fraterno. (Papa Francisco, Santa Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião).

– Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4). (Papa FranciscoSanta Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião)

– Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! (Papa FranciscoSanta Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião)

– Não queremos ser presunçosos, impondo as “nossas verdades”. O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la (cf. Lc 24, 13-35). (Papa FranciscoSanta Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião)

– Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária. (Papa FranciscoEncontro com os Representantes da Sociedade brasileira no Teatro Municipal)

– Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Algo maior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz. E nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. É o que Jesus oferece. Mas ele pede que paguemos a ingresso. Jesus pede que treinemos para estar ‘em forma’, para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, dando testemunhos de fé. Como? Através do diálogo com Ele: a oração, que é um diálogo diário com Deus que sempre nos escuta. (Papa Francisco, Vigília de oração com os jovens em Copacabana)

– Vocês têm o futuro nas mãos. Por vocês, é que o futuro chegará. Peço que vocês também sejam protagonistas, superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietações sociais políticas que se colocam em diversas questões do mundo. Peço que sejam construtores do mundo. Envolvam-se num mundo melhor. Por favor, jovens, não sejam covardes, metam-se, saiam para a vida. (Papa FranciscoVigília de oração com os jovens em Copacabana)

– Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor. (Papa FranciscoSanta Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude em Copacabana)

– O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido! (Papa FranciscoSanta Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude em Copacabana)

– Além disso, Jesus não disse: «Vai», mas «Ide»: somos enviados em grupo. Queridos jovens, sintam a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos Santos nesta missão.  (Papa FranciscoSanta Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude em Copacabana)

– Eis aqui, queridos amigos o nosso modelo. Aquela que recebeu o dom mais precioso de Deus, como primeiro gesto de resposta, põe-se a caminho para servir e levar Jesus. Peçamos a Nossa Senhora que também nos ajude a transmitir a alegria de Cristo aos nossos familiares, aos nossos companheiros, aos nossos amigos, a todas as pessoas. Nunca tenham medo de ser generosos com Cristo! Vale a pena! (Papa FranciscoOração do Angelus Domini em Copacabana)

– A resposta às questões existenciais do homem de hoje, especialmente das novas gerações, atendendo à sua linguagem, entranha uma mudança fecunda que devemos realizar com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja. (Papa Francisco, Encontro com a Comissão de Coordenação do CELAM no Centro de Estudos do Sumaré)

– É uma tentação que se verificou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja. (Papa Francisco, Encontro com a Comissão de Coordenação do CELAM no Centro de Estudos do Sumaré)

– Deus é real e se manifesta no “hoje”. A sua presença, no passado, se nos oferece como “memória” da saga de salvação realizada quer em seu povo quer em cada um de nós; no futuro, se nos oferece como “promessa” e esperança. No passado, Deus esteve lá e deixou sua marca: a memória nos ajuda encontrá-lo; no futuro, é apenas promessa… e não está nos mil e um “futuríveis”. O “hoje” é o que mais se parece com a eternidade; mais ainda: o “hoje” é uma centelha de eternidade. No “hoje”, se joga a vida eterna. (Papa Francisco, Encontro com a Comissão de Coordenação do CELAM no Centro de Estudos do Sumaré)

– Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”; está fora de moda? na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã. (Papa FranciscoEncontro com os Voluntários da XXVIII JMJ no Pavilhão 5 do Rio Centro)

– Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade. (Papa FranciscoEncontro com os Voluntários da XXVIII JMJ no Pavilhão 5 do Rio Centro)

– Continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: através deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados desta sementeira; outros rejubilarão com a rica colheita! (Papa FranciscoCerimônia de despedida no Aeroporto Internacional Galeão/Antônio Carlos Jobim)

– Uma última coisa: rezem por mim.

(Papa FranciscoEncontro com os Voluntários da XXVIII JMJ
no Pavilhão 5 do Rio Centro
)

Conversas sobre Doutrina Social na Jornada Mundial da Juventude

Aconteceu durante a JMJ, no dia 23 de julho, no Mosteiro de São Bento, o DSI Talks. Estive presente às duas primeiras palestras, proferidas por S. E. R. Dom Antônio Rossi Keller e pelo prof. Carlos Ramalhete; não pude assistir à última conferência do evento, a do sr. Jesus Magaña, pois ela conflitava com o meu horário de serviço do dia como voluntário da Jornada e eu tive que sair mais cedo.

Mas a manhã foi extremamente proveitosa. Revi diversos amigos e pude conhecer outras pessoas com quem até então não travara senão contato virtual; e, principalmente, vi o pequeno auditório do mosteiro abarrotado de pessoas – em sua maioria jovens – preocupadas em aprender um pouco mais sobre a Doutrina Social da Igreja, e sinceramente preocupadas em encontrar formas concretas de aplicar em suas vidas o que a Igreja ensina sobre o tema.

Foi extremamente gratificante ver D. Keller chamando os leigos ao protagonismo próprio do seu estado de vida, querido por Deus e necessário à recristianização da sociedade. Vê-lo atacar – de modo até bastante duro – um certo “clericalismo” que intenta reduzir o papel do leigo a uma caricatura grotesca do serviço sacerdotal foi reconfortante, mormente nestes dias que correm em que parece que a pessoa é tanto mais católica quanto mais atribuições acumule para si dentro da paróquia, pouco importando o que faça fora dela. As perguntas surgidas após a sua fala deram um importante testemunho de que aquelas pessoas estavam, sim, interessadas no que o senhor bispo tinha para nos dizer.

Ouvir o Carlos Ramalhete falar é sempre prazeroso, e acompanhá-lo em sua busca à gênese das modernas insatisfações com a ordem social vigente – remontando até a origem da própria modernidade – era tão empolgante quanto escasso o tempo de que dispúnhamos para ouvi-lo falar. Também aqui, a participação das pessoas ao final da sua conferência testemunhava a sede de conhecimento daquele auditório: e como havia sido importante dar-lhes aquelas pequenas porções de catolicismo, mais adequadas a abrir o apetite do que a saciá-lo por completo. Saímos querendo mais, sem dúvidas; mas não é já um santo propósito e uma coisa terrivelmente necessária, isso de levar as pessoas a quererem saber mais das coisas de Deus e da Igreja?

Fiz algumas anotações sobre cada uma das duas palestras, que publico abaixo praticamente sem revisão. Apenas alguns tópicos, apenas algumas frases soltas e alguns esquemas muito mais indicativos do que desenvolvidos. Estes rascunhos decerto não substituem aquelas conferências. Mas faço votos de que eles possam aguçar a curiosidade e despertar o interesse daqueles que os lerem, reproduzindo – ainda que em menor medida – os saudáveis efeitos daquelas conversas sobre Doutrina Social da Igreja no Mosteiro de São Bento, durante a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro.

* * *

Dom Keller – @Terça-feira, 23 de julho de 2013, 9:25 AM

– Vocação e missão especifica do leigo no mundo
– Colaboração com a criação
– Colaboração com a redenção.

A fundamentação da DSI é teológica, e se encontra em grande parte no Concílio Vaticano II.

Lumen Gentium (documento central do Vaticano II), n. 31
– atuações em tarefas e ambientes que não são da Igreja, mas ordenando-os para Deus.
– “esclarecer e ordenar todas as coisas temporais, com as quais estão intimamente comprometidos”.

Catecismo: 898-899

Christifideles Laici

Casamento faz parte da missão do leigo! “Nela têm os cônjuges a própria vocação, para serem, para si e para os seus filhos, sinal do amor de Cristo!”

Não há doença pior do que o clericalismo! O leigo cristão tem que ser anti-clerical. Essa idéia de que tudo tem que passar pela mão do padre e do bispo.

A missão específica do leigo não é na Igreja! Ela não lhe vem de nenhuma delegação, mas diretamente de Deus, por meio do Batismo e da Confirmação! Por estrutura ontológica!

– Criação e Redenção

“Cuidar das coisas que Deus lhe confiou e estabelecer a Família” => Não são realidades autônomas! Devem ser realizadas de acordo com a vontade de Deus!

Conhecemos os desígnios de Deus por Revelação. Ordenar, segundo Deus, as coisas do mundo, porque Deus nos disse de forma positiva o que queria.

“Sereis como deuses” => é a tentação que hoje se faz presente na vida de todos nós. Todo o fundamento do moderno relativismo encontra-se aqui. Sociedades desenvolvidas à margem de Deus ou mesmo contra Deus!

Família, célula primeira e vital da sociedade. Quer destruir a humanidade? Quer destruir o ser humano? Comece destruindo a Família. Desestruturando-a, toda a sociedade é desestruturada.

Materialidade e Autonomia são os dois princípios – únicos princípios – aos quais estão sujeitas as coisas humanas. Falar de Deus é intromissão.

O cristão não pode adotar essas posições de encolhimento e pessimismo. “Tenho ensinado constantemente (…) o mundo não e ruim! (…) Nós, os homens, é que o fazemos ruim e feio!”

Deus nos espera para transformarmos a criação!

Redenção: apostolado dos leigos no ambiente secular, a fim de aproximar o mundo de Deus!

– vocação à santidade! Fé Católica sem o comprometimento da própria vida em busca da santidade do dia-a-dia. Pão com manteiga, pão sem manteiga: San Josemaría. O pessoal hoje em dia é burro mesmo, ganhar discussão é muito fácil. Ser capaz de calar a boca de gente burra não é salvar o mundo!

Como fazer?

– procura séria da santidade. Questão fundamental!
– um segredo em voz alta: crises mundiais são crises de santos. A alma de todo apostolado é a santidade!
– elevar o mundo a Deus e transformá-lo a partir de dentro!
– oração, expiação e ação.
– de mediocridade o mundo já está cheio. E a Igreja nem se fala!

O modo específico dos leigos contribuírem é essa ação livre e responsável no meio das atividades temporais. Espalhar o bom odor de Cristo!

Sejam, antes de tudo, leigos!

* * *

Prof. Carlos – Terça-feira, 23 de julho de 2013, 10:43 AM

Explicar tudo desde Adão e Eva: mania de filósofo…

Doutrina Social da Igreja: o que é isso?
– não é uma receita de bolo; estas fizeram um estrago danado nos últimos séculos.
– aplicação da Lei Natural à sociedade. Como o homem se encaixa na realidade?

A ordem natural é hierárquica. Como a sociedade vai se organizar? Democracia, Oligarquia ou Monarquia. No Brasil, basicamente temos uma Oligarquia.

A DSI nos dá parâmetros. Ela não determina nenhuma forma de governo específica. Isto é uma questão leiga, a Igreja no máximo diz “não é assim”.

Compete a leigos terem posições, divergentes ou não, mas debaixo de certos princípios. Os bispos expõem os princípios. Os leigos vão fazer lobby.

Doutrina Social é relativamente recente. Antes se falava em teoria do Estado, coisas assim.

Isso começou a se romper com a Reforma Protestante. “Se o rei era católico, o paiszinho dele ia ficar católico, etc.” -> isso gerou o absolutismo.

Modernidade -> outra forma de absolutismo. “O Estado sou eu”, “todo o poder emana do povo e e exercido em nome dele por mim”.

Quando chega a Revolução Francesa, começa a centralização por meio desta forma de absolutismo anônimo. Isso leva à dissolução da ordem social.

Revolução Industrial: camponeses desempregados após a revolta anglicana, que distribuiu as terras da Igreja. Capitalismo selvagem. Isso é a modernidade. Proletários: os que só têm a prole pra vender.

Coisas novas: Rerum Novarum. Deixar o território da política para invadir o da economia social.

Modernidade: Um absolutismo ainda mais absoluto por ser impessoal.

Dicta&Contradicta: vale a pena ler o próximo número.

A gente sabe que querer que o poder civil invada arbitrariamente o santuário da família é um erro grave e funesto.

É muito mais importante garantir que as leis não colem do que que elas não passem.

Rerum Novarum, contra o capitalismo;
Quadragesimo Anno, contra o comunismo;
Mit Brennender Sorge, contra o nazi-fascismo.

É preciso eliminar os que não se encaixam na idéia que querem impor à sociedade: prendendo, matando, whatever.

Modernidade é alguém que tem uma idéia de como a realidade deve ser, e quer dobrá-la àquela.

Nossa legislação é completamente louca. A realidade não tem chongas a ver com a legislação. O Estado no meio gera desordem.

Mercenários: terceirização de forças armadas. Estados estão perdendo seu poder: uma ONG matou milhares de americanos em 11 de setembro, e hoje os Estados Unidos contratam ONGs para garantir sua ocupação territorial.

Compêndio de Doutrina Social: incompreensível. Foi publicado num momento histórico complicado.

Quando uma ordem social acaba, em seus últimos estertores ela recrudesce em suas características próprias. Juliano o Apóstata, caça às bruxas, etc.

As manifestações são sinais de dissolução desta ordem hipercentralizadora. Nos USA, o TeaParty e o Occupy estão dizendo “não agüento mais”. As pessoas estão cansadas de tentar fazer a realidade se dobrar a uma idéia. As pessoas vão sempre se manifestar contra.

Realidades Naturais são sólidas demais! Simplificações da realidade não colam mais. Eles não sabem o que fazer, então eles queimam carros. Uma briga pelo timão do Titanic enquanto ele afunda.

Aqui no Brasil, a galera entrou nas manifestações. O que ela não agüenta mais é essa falsa solidez da modernidade. #NãoMeRepresenta – acabou essa lorota.

Pontos principais:

  • Anti-Partidarismo (subsidiariedade)
  • Atomismo das reivindicações: chegamos à solidariedade.
  • Revolta com a política representativa. Justiça.

É isso o que devemos procurar!

Manifestações são sintomas de uma exasperação generalizada. Devemos procurar fazer com que a ordem que há de vir seja conforme à DSI. Dá pra resolver evitando a burocracia? Se sim, então vamos fazer. A ordem formal está caindo! Não é se, e sim quando.

Adesão à moral tradicional: fazê-lo com visibilidade. Devemos fazer nossa voz ser ouvida! Fortalecer a ordem endógena, que – ao contrários desses ismos todos – é conforme a DSI.

Podemos nos aproveitar delas, como um sintoma!

Em qualquer mudança de ordem social há distúrbios.

CDDs anunciam querer “uma nova Igreja” – e Diocese de Chapecó faz eco ao brado cismático!

Para se ter uma idéia de quão deplorável está a vida católica no Brasil, veja-se a carta abaixo (cliquem para ampliar). Ela estava disponível até ontem no site da Diocese de Chapecó – sim, no site oficial de uma diocese católica no Brasil!

chapeco-carta-cdd

Que as já conhecidas “Católicas pelo Direito de Decidir” – que junto com outras personalidades “ilustres” como o Leonardo Boff ou o grupo pró-sodomia encabeçado pelo pe. Luís Corrêa e seu “Diversidade Católica” constituem o supra-sumo da hipocrisia pseudo-religiosa contemporânea – exponham o seu projeto de uma anti-Igreja é coisa banal. Que elas o façam nos órgãos de comunicação oficiais de uma diocese católica, aí já é demais. Dentre as pérolas do texto, podem-se citar as seguintes:

  • Esperamos, em primeiro lugar, que a escolha do nome Francisco signifique um programa de renovação das próprias estruturas da Igreja, assim como da sua doutrina…
  • [E]sperávamos (…) [q]ue abençoasse todas as famílias, hétero ou homossexuais;
  • Quando a Igreja vai se abrir à realidade da diversidade das formas de amor e de expressão da sexualidade humana?
  • Queremos uma nova Igreja.
  • [Queremos u]ma Igreja na qual as mulheres (…) [tenham] pleno acesso ao exercício do sacerdócio e às instâncias decisórias da instituição.
  • Queremos uma nova moral relativa à sexualidade e à reprodução humana que reconheça o valor moral da decisão de mulheres católicas pela interrupção de uma gravidez.

Bom, a Doutrina da Igreja por definição não é passível de ser “renovada”, uma vez que vem de Cristo e a Igreja é meramente Sua guardiã, jamais autora. O homossexualismo é intrinsecamente desordenado e um par de marmanjos ou de senhoras em atos pseudo-sexuais contrários à natureza não perfaz uma família. Não é possível ordenar mulheres. O assassinato de um inocente – mesmo que ele esteja no ventre da sua mãe – é um pecado horroroso que clama aos Céus vingança. Nenhuma dessas coisas é minimamente possível de ser alterada. Qualquer pessoa decente sabe disso muito bem. Não é crível que estas depravadas ignorem pontos tão básicos do Catolicismo. Logo, o que elas querem é destruir a Igreja. O intento delas é confessadamente cismático.

Mais uma vez, que esta insensata empreitada seja levada a cabo pelos inimigos de Cristo com suas próprias forças, é coisa natural. Ao contrário, que lhes seja permitido empregarem recursos da Igreja Católica para trabalhar contra Ela, é um escândalo que exige reparação – e esta não pode ser simplesmente “dar sumiço” no artigo do site da Mitra. Afinal de contas, a Diocese de Chapecó quer esta “nova Igreja” que as CDDs reivindicam, sim ou não? Que os responsáveis por ela tenham ao menos a decência de sustentarem as suas posições em público, sem esta canalhice de publicar uma coisa hoje e tirar do ar amanhã sem maiores explicações.

Chapecó parece estar já in partibus infidelium. Que ao menos avise a Roma. Não se fazem mais nem cismáticos como antigamente!

As dimensões da JMJ

“Eu nunca vi tanto gringo no Rio de Janeiro”, dizia-me um amigo já na semana anterior à Jornada Mundial da Juventude. E a mesma coisa me foi confirmada ao longo dos dias seguintes por uma infinidade de pessoas, com uma reconfortante regularidade: taxistas, motoristas de ônibus, comerciantes, moradores da cidade que encontrávamos nas ruas, todos nos diziam o mesmo: nunca se vira tanta gente no Rio de Janeiro, nem mesmo no badalado Reveillon de Copacabana. Fomos melhores do que o «melhor do mundo».

Quando voltei pra Recife, soube que um certo pastor protestante desdenhara no Twitter dos números da JMJ. Era ridículo, dizia ele, perguntar o número de participantes para os organizadores do evento, que sempre os superestimavam. Ora, os números que divulgamos não vieram dos organizadores da JMJ, e sim da prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em parceria com outros órgãos públicos. Estes números não são nossos, e sim do Governo:

  • «Mais de três milhões de pessoas participaram da Jornada».
  • «Dados do Ministério do Turismo revelam que dois milhões de turistas estiveram no Rio durante a JMJ».
  • «Vindos de 170 países, 93% dos turistas pretendem voltar para conhecer melhor o Rio».
  • «A Comlurb removeu 345 toneladas de resíduos orgânicos e 45 toneladas de materiais recicláveis durante a Jornada Mundial da Juventude».
  • «Visitantes desembolsaram R$ 1,2 bilhão».

Os nossos números são um pouco mais generosos. D. Orani divulgou uma estimativa de 3,7 milhões para o número de participantes da Jornada, e se divulgou que o impacto econômico foi de 1,8 bilhão. Em comparação com o evento como um todo, no entanto, debater isso é discutir sobre centavos.

Ainda considerando “somente” as três milhões de pessoas estimadas pela prefeitura do Rio, ainda assim já é de longe o maior evento da história do Brasil. Nunca antes na história deste país uma cidade recebeu um evento de proporções tão gigantescas e, citando a notícia (acima mencionada) do site da Prefeitura do RJ, trata-se de «um recorde de visitação no país, considerando que todos estavam em uma mesma cidade e em um mesmo período».

Ainda considerando que os turistas tenham desembolsado “somente” 1,2 bilhão de reais durante os dias do evento, ainda assim já é um número quatro vezes maior do que os tão tagarelados “custos” (entre públicos e privados) da Jornada Mundial da Juventude. Se formos considerar somente os recursos públicos “gastos” na Jornada (R$ 118 mi), a mais baixa estimativa de retorno financeiro já é dez vezes maior do que os custos do evento. Um retorno de 1000%. Até mesmo em finanças públicas, a Igreja Católica continua sendo a única que faz milagres.

Apesar de toda a implicância ideológica dos inimigos da religião, o evento aconteceu: e foi um sucesso tão estrondoso que, por si só, cala todos os seus detratores. Querem falar de gastos públicos com um evento religioso? Vejam se conseguem seduzir com este discurso furado os comerciantes do Rio de Janeiro, que só em Copacabana dobraram o seu faturamento durante os dias da JMJ. Querem discutir talvez os tumultos característicos das grandes multidões reunidas? O que ouvíamos da polícia e do exército lá no Rio de Janeiro era que eles nunca haviam visto tanta gente para lhes dar tão pouco trabalho – coisa bem diferente dos protestos que tocaram fogo no Leblon apenas uma semana antes. Que tal alardear sobre a Igreja decrépita cujos dias estão contados, a instituição falida que não tem mais a menor importância no mundo moderno? Digam isso para os mais de três milhões de pessoas (em sua maioria jovens) que acompanharam a Missa de Encerramento no dia 28! O fato é que não há para onde correr. Sob qualquer aspecto que se lhe considere, a JMJ deu um show e reduziu ao silêncio aqueles que a criticavam. Orgulhamo-nos de ter realizado o maior e melhor evento público do qual o Brasil já foi palco. Tem coisas que só a Igreja Católica é capaz de fazer.

Os números do Datafolha são um caso à parte, porque o revisionismo numérico do instituto de pesquisa do Grupo Folha já é bem conhecido. O Datafolha usa uma unidade de medida diferente dos outros estimadores de multidões, se melhor ou pior não nos interessa analisar agora. O fato – inconteste – é que é diferente. Então, quando o Datafolha diz que em Copacabana havia no máximo 1,2 milhão de pessoas, isso não significa que havia menos gente do que no show dos Stones que reuniu lá na praia um milhão e meio de pessoas, simplesmente porque este 1,5 milhão não está em “unidades Datafolha de medida de multidões”. É bastante fácil perceber que muito mais gente foi ver o Papa Francisco do que o grupo de rock inglês: basta comparar as duas fotos.

Rolling Stones em Copacabana
Rolling Stones em Copacabana
Missa de Encerramento da JMJ em Copacabana
Missa de Encerramento da JMJ em Copacabana

Quando o Datafolha diz que havia no máximo 1,2 milhão em Copacabana, isso tem que ser comparado com outras medidas do próprio Datafolha. Ou seja, isto significa que havia seis vezes mais católicos em Copacabana do que protestantes na Marcha pra Jesus, e quase seis vezes mais católicos na Missa de Encerramento da JMJ do que manifestantes pró-sodomia na maior Parada Gay do mundo. É isto que estes números significam, e é isso que deve ser divulgado: somos muito mais do que os hereges protestantes e os militantes gayzistas juntos. Os católicos são em número muito maior do que os inimigos da Fé, e portanto não temos razão para temer. Não há por que aceitar o absurdo de que esta multidão tenha menos voz do que outras multidões incontestavelmente (muito) menores do que ela. Que não tenha espaço na vida pública a Igreja que enche as ruas é um absurdo sem tamanhos que não precisamos aceitar de graça.

Mas estas estatísticas frias e estas imagens inertes não são capazes de transmitir a exata dimensão do que foram aqueles dias. Somente quem lá esteve pode fazer deles um juízo mais acurado; a experiência daqueles dias não cabe em números e fotos. A exata dimensão da JMJ estava no sorriso de cada peregrino com o qual cruzamos pelas ruas do Rio de Janeiro; nas amizades firmadas durante as intermináveis esperas que são próprias das Jornadas; nas explosões de cânticos que surgiam espontaneamente em cada esquina; nas ruas sempre apinhadas de bandeiras e mochilas coloridas; no brilho dos olhos dos cariocas, que testemunhavam em uníssono jamais terem visto algo parecido. Estes são os registros que queremos que fiquem da JMJ! Que as pessoas possam conhecê-la e, conhecendo-a, possam se deixar seduzir por aqueles jovens que, no final de julho, maravilharam a Cidade Maravilhosa.

Sim, senhoras e senhores, a Igreja está viva. Que as águas de Copacabana testemunhem a Sua vitalidade. Que a experiência vivida naqueles dias pelos cariocas – e por todos os brasileiros! – venha em favor d’Ela. Que o brado dessas multidões – num mundo que não entende senão a linguagem das massas – possa sensibilizar os que se fazem de surdos às coisas do Alto.