Convite: 1ª Caminhada pela Vida – Rio de Janeiro

Aos amigos cariocas e a todos os que estiverem no Rio de Janeiro no próximo dia 05 de outubro, convido para esta «Caminhada em defesa da vida» que está sendo realizada pelo Brasil Sem Aborto e que conta com o apoio da Arquidiocese do Rio de Janeiro, particularmente de Dom Antônio Augusto Duarte.

“Eu conto com todos vocês e peço que difundam esse convite aos seus familiares e amigos. Essa caminhada é uma resposta que queremos dar a tantas pessoas que não veem na vida, um tesouro que Deus nos concedeu”, sublinhou Dom Antônio.

O cartaz segue abaixo. A concentração se dará às 9h00 do dia 05 de outubro, na Candelária, de onde a caminhada seguirá em direção à Cinelândia. Todos estão convidados. Levem as famílias.

Caminhada_pela_Vida

Sobre a posição do Pe. Paulo Ricardo a respeito da Reforma Litúrgica

Muitas pessoas questionaram os recentes programas de internet em que o pe. Paulo Ricardo tratou do Missal de Paulo VI; eu, ao contrário, gostei muitíssimo que ele o tivesse feito, e achei inclusive que foi providencial. Afinal de contas, é uma coisa muito boa que assuntos como este não sejam somente característicos de grupos restauracionistas radicais que perderam o passo da Igreja. Como comentei então junto a alguns amigos, as pessoas que começam a se interessar pela Liturgia da Igreja vão, mais cedo ou mais tarde, se deparar com a história da Reforma Litúrgica. Ora, é melhor que elas tomem contato com o assunto dentro do ambiente equilibrado das aulas do pe. Paulo, e não em sites da FSSPX e quetais.

Os dois programas do Padre Paulo onde o assunto foi abordado são os seguintes:

  1. O missal de Paulo VI e a reforma da reforma litúrgica de Bento XVI
  2. O Missal de Paulo VI e a hermenêutica da continuidade

A maior parte dos meus leitores já teve ter ouvido as duas aulas acima. Sobre elas muito já disse, inclusive coisas que não correspondem à verdade: principalmente da primeira aula, foram retiradas de contexto diversas passagens da fala do padre, fazendo com que ele parecesse um fanático rad-trad vomitando impropérios contra o Novus Ordo Missae, em nada distinguível de um Lefebvre raivoso dizendo que «a maioria destas Missas são sacrílegas e (…) diminuem a fé, pervertendo-a». Ora, Lefebvre estava errado, como é capaz de o perceber qualquer pessoa que, por exemplo, tenha a Auctorem Fidei diante dos olhos. Na conhecida Bula, o Santo Padre Pio VI diz o seguinte:

LXXVIII. (…) In quanto per la generalità delle parole comprenda e assoggetti all’esame prescritto anche la disciplina costituita e approvata dalla Chiesa, quasi che la Chiesa, la quale è retta dallo spirito di Dio, potesse stabilire una disciplina non solamente inutile e più gravosa di quello che comporti la libertà cristiana, ma addirittura pericolosa, nociva, inducente nella superstizione e nel materialismo;

FALSA, TEMERARIA, SCANDALOSA, PERNICIOSA, OFFENSIVA DELLE PIE ORECCHIE, INGIURIOSA ALLA CHIESA E ALLO SPIRITO DI DIO, DAL QUALE LA CHIESA STESSA È REGOLATA; PER LO MENO ERRONEA.

Traduzo o que é mais relevante: “(…) como se a Igreja, que é regida pelo Espírito de Deus, pudesse estabelecer uma disciplina não somente inútil e danosa à liberdade cristã, mas ainda perigosa, nociva, que conduzisse à superstição e ao materialismo: [tal proposição é] FALSA, TEMERÁRIA, ESCANDALOSA, OFENSIVA AOS OUVIDOS PIOS, INJURIOSA À IGREJA E AO ESPÍRITO [SANTO] DE DEUS, PELO QUAL A IGREJA É CONDUZIDA; [E] PELO MENOS ERRÔNEA”.

A tese, portanto, segundo a qual a Igreja pudesse estabelecer uma disciplina – por exemplo, um Rito para a celebração do Santo Sacrifício da Missa – que fosse nociva à Fé é condenada pelo Magistério, é «falsa» e «escandalosa», é «injuriosa à Igreja» e «pelo menos errônea». Não há o que discutir aqui. A esta mesmíssima conclusão chegaram inclusive pessoas que, convencidas da nocividade da Reforma Litúrgica, usam-na como argumento em favor do sedevacantismo. Os que acreditamos que o Papa Francisco é – de fato e de direito – o Sumo Pontífice gloriosamente reinante (e que igualmente o foram Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI) precisamos, portanto, sustentar ao mesmo tempo que o Rito com o qual a Igreja virtualmente inteira oferece nos dias de hoje ao Deus Altíssimo o Sacrifício da Missa é vere et proprie um Rito Católico, santo e santificante.

Santo, porque é um rito católico, que expressa a Fé Católica, como não poderia deixar de ser diferente: afinal de contas, lex orandi, lex credendi, e a Igreja obviamente reza de acordo com aquilo em que Ela crê. Santificante, porque capaz de produzir nas almas a Graça própria dos Sacramentos e alimentar a Fé dos que dele participam piedosamente. O Pe. Paulo Ricardo tem absoluta consciência disso. A análise dele situa-se em outro nível.

Qual é então o «problema» com o Missal de Paulo VI? Ora, um «rito» é um conjunto de palavras, gestos e símbolos que expressam alguma coisa: no caso, que expressam a Fé Católica. O Rito dos Sacramentos – qualquer Rito dos Sacramentos, não somente o de Paulo VI – em um certo sentido está para os Sacramentos em si assim como o significante está para o significado: é um conjunto de signos que expressam uma realidade. Além disso, no caso dos Ritos Católicos, eles não somente expressam a Fé Católica como também realizam os Sacramentos: «Ego te baptizo in nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti» não somente se refere ao Batismo Católico como de fato confecciona o Santo Batismo, realiza-o. Há, portanto, logo de cara, duas coisas:

  1. a capacidade intrínseca do Rito de confeccionar os Sacramentos que ele realiza; e
  2. a sua expressividade das realidades invisíveis que ele traz à existência.

Quanto à primeira, qualquer Rito católico existente ou possível, por definição, se rito católico é, é perfeito e tem o exato mesmo valor. Aqui não há nuances possíveis: ou o Sacramento é válido ou é inválido, ou a forma é suficiente para confeccionar o sacramento e, portanto, ele existe; ou é insuficiente e não o realiza. Aqui não há matizes e não há graus: ou a fórmula sacramental produz o Sacramento ou não o produz, et tertium non datur.

Já quanto à segunda, nenhum Rito católico que exista, tenha existido ou possa um dia existir está perfeito no sentido de que não possa ser jamais melhorado, e isso também por definição. As realidades sobrenaturais que trazemos à existência por meio da Liturgia Católica transcendem totalmente a capacidade de expressão daquelas palavras, gestos e símbolos de que se compõem os ritos católicos. Podemos sem dúvidas expressá-las, mas jamais esgotá-las, e se elas nunca se esgotam então isso significa que sempre é possível exprimi-las mais e melhor.

É dentro dos limites deste segundo aspecto dos ritos que o padre Paulo Ricardo tece as suas considerações. A capacidade do Missal de Paulo VI de confeccionar os Sacramentos que ele se propõe a confeccionar está totalmente fora de discussão: é claro que ele realiza os Sacramentos, e o próprio fato do pe. Paulo continuar a celebrá-lo é por si só evidência mais do que suficiente de que ele sabe muito bem disso. No entanto – este é o ponto do sacerdote – houve um inegável empobrecimento da expressividade do Rito Romano com a Reforma de 1969, e é essa a história que o padre se propõe a contar.

Dado isso, o que pode ser feito? Como o próprio sacerdote disse de modo explícito, não se trata simplesmente de voltar à celebração da Missa com as rubricas de 1962 e nem muito menos de confeccionar novos livros litúrgicos, coisa que aliás o pe. Paulo sabe perfeitamente não ter competência para fazer. Trata-se, em primeiríssimo lugar, de conhecer um assunto que, infelizmente, durante muito tempo foi “propriedade” (de modo totalmente ilegítimo) de grupos tradicionalistas em guerra contra a Igreja de Roma. E é neste sentido, antes de qualquer coisa, que eu disse ter ficado contente com as considerações do padre Paulo: o próprio fato do assunto ganhar cidadania católica fora dos guetos dos que são contrários ao Concílio Vaticano II é por si só razão mais do que suficiente para se aplaudir a iniciativa do sacerdote de Cuiabá. Afinal de contas, citando o então Card. Ratzinger (que o padre Paulo citou no seu segundo programa):

Mas que se possa ter a impressão de que nada neste Missal [de Paulo VI] possa jamais ser alterado, como se qualquer reflexão sobre possíveis reformas ulteriores fosse necessariamente um ataque ao Concílio [Vaticano II] – semelhante idéia eu só posso chamar de absurda.

[But that the impression should arise as a consequence that nothing in this missal must ever be changed, as if any reflection on possible later reforms were necessarily an attack on the Council – such an idea I can only call absurd.]

RATZINGER, Joseph,
«The Spirit of the Liturgy or Fidelity to the Council: Response to Father Gy»,
Antiphon 11.1 (2007): 98-102.

Em segundo lugar, o conhecimento das riquezas da Liturgia Católica ajuda muitíssimo a melhor celebrar e a participar de modo mais frutuoso da Santa Missa, mesmo das celebradas segundo os livros litúrgicos atualmente em vigor. Afinal, entender a importância de certos aspectos litúrgicos próprios do catolicismo e que, não obstante serem pouco utilizados ou estarem obscurecidos pela praxis quotidiana, permanecem integralmente válidos dentro do Novus Ordo – coisas como a língua, a música, os paramentos, a posição do sacerdote, o significado da Missa como um todo e de diversas orações que dela fazem parte, a forma de se receber a comunhão, etc. – ajuda-nos a valorizá-los quando os encontramos e a promovê-los quando eles estão ausentes. Era isso, aliás, o que fazia o Papa Bento XVI, que não celebrou jamais enquanto Papa a Missa Tridentina mas soube se utilizar dos elementos previstos no Missal de Paulo VI para impulsionar a sacralidade litúrgica – esta, sim, que não pode jamais faltar, seja qual for o rito em que se celebre.

Por fim, em terceiro lugar, isso fomenta a – por que não? – sadia discussão sobre o assunto. É preciso abandonar a histeria que se construiu em torno da Reforma Litúrgica, é preciso combater com coragem esta idéia – que o Card. Ratzinger chamava “absurda” – de que quaisquer reflexões sobre possíveis reformas no Missal de Paulo VI sejam por si sós um ataque ao Concílio. É portanto justo e conveniente que a pessoas equilibradas, em perfeita sintonia com a Igreja, seja concedido o direito de estudar o Missal de Paulo VI e inclusive propôr alterações a ele, sem que lhes seja lançada à face a pecha de tradicionalistas cismáticos inimigos da Igreja. O padre Paulo, corajosamente, reivindicou de modo perfeitamente legítimo o exercício desse direito: que o sigam os que se julgam capazes de colaborar nesta seara! Ao contrário, transformá-lo em um revoltoso desobediente em nada distinguível dos mais radicais tradicionalistas é, além de uma inverdade e uma injustiça, um enorme desserviço que se presta tanto à Igreja Católica quanto à Sua Sagrada Liturgia.

“Ó, vós, ministros de Deus!” – Valdeci Silva

[Recebi o texto abaixo de um leitor do Deus lo Vult!, que publico para meditação. É curioso; ainda um dia desses eu via no Facebook um vídeo amador de um rapaz que lançava também invectivas contra os bispos – especificamente contra a CNBB – por conta da má doutrina e da Liturgia porcamente celebrada às quais estão sujeitos os católicos brasileiros na média das paróquias que freqüentam.

O sentimento de insatisfação é crescente e a ele eu faço coro: não seria a hora das nossas autoridades eclesiásticas olharem com um pouco mais de atenção para este enorme contingente de almas que não desejam senão receber das mãos dos seus pastores os tesouros legítimos da Igreja de Cristo? No Evangelho, Nosso Senhor perguntou certa feita aos que O ouviam: «Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião?» (Lc XI, 11-12). Nos dias de hoje, talvez essa comparação não possuísse a eloqüência que teve há dois mil anos; nos dias de hoje, são muitos os pais que distribuem pedras e animais peçonhentos aos que lhes batem à porta suplicando por comida.

Deus levará em conta a pequenez dos Seus filhos, sem dúvidas; mas quanto mais eles não poderiam crescer e glorificar a Deus, se estivessem em um ambiente mais propício…? As portas do Inferno nunca prevalecerão sobre a Igreja, disso podemos estar certos. Mas isso vale para a Igreja Universal; nada foi dito com relação às Igrejas Particulares. Quantas hoje já não se encontram in partibus infidelium? Quantas já não cumprem de facto o papel dos inimigos de Deus, embora ostentem ainda o título de Igrejas Católicas? E quantas almas já não se perderam, perdem-se e haverão de se perder, por culpa dos «maus pastores» que não cuidam do rebanho que a Divina Providência lhes confiou? Mais catolicismo, por favor! De mundanidades o mundo já está repleto.

Somos pobres e temos fome. Pobres das coisas do Alto, e famintos da palavra de Deus. Até quando isso nos será negado?]

Ó, vós, ministros de Deus!

Valdeci Silva I. Junior

Ó, vós, que deveríeis ser pastor de almas e vos convertestes em dispersadores do rebanho.

Recebestes a altíssima e distinta vocação, não fostes chamados para aparência superior; fostes chamados à santidade e a serdes ministro da santificação de vossos filhos.

Ó, quão grave a culpa do ministro de Deus que perde as almas que lhe foram confiadas!

Quão infeliz e miserável se as perde em nome de Deus!

Se descuidar-se das almas postas sob seu cuidado já é um mal grave, mal superior é descuidar-se em Nome de Deus.

Sacerdotes do Altíssimo, recebestes em ordem grau superior às ovelhas; fazê-las perderem-se é tornar-vos, em culpa, merecedores da sorte dos demônios.

Ó ministro de Deus que, tendo nascido para o corpo, fazeis com que as ovelhas do redil do Senhor, não nasçam para vida eterna: seria melhor não terdes nascido, ó miserável e infeliz!

Pois, tendo nascido, havereis de pagar por tamanha culpa, por tamanho mal, por tamanho genocídio espiritual.

Se deixar que as almas se percam já é um mal grave, incomensurável é a gravidade de fazê-las se perderem em Nome de Deus.

Se não cumprirdes o que prometestes e, por ordem, sois obrigados, pelo ministério terrível que exerceis, quão grande é a culpa de negligenciardes em Nome de Deus.

Torna-se pior que um verme, o infeliz, que cai em tamanha desgraça de perder os que lhe foram confiados a salvar.

Pois, podendo salvar a si próprio e aos outros, atrai para si a condenação eterna e conduz as almas para o abismo infernal.

Infeliz é o ministro de Deus que, mutilando a Doutrina dos Apóstolos, deturpando-a, cega os olhos dos filhos de Deus. Desgraçado e culpado mais gravemente será, se estes fiéis se perderem, desviando-se do caminho de Deus.

Ó desgraçado e infeliz se trilhais este caminho! Fostes chamado a ser ministro de Deus e vos tornastes ministro de Satanás.

Anunciais vossa mentira e de vosso pai, rejeitais o Sangue do Cordeiro que redime as almas, e injetais nelas o veneno da serpente infernal, fazendo com que se percam.

Fostes chamados para ministrar a vida no Batismo, fazê-la firme na Eucaristia e restituí-la na Confissão; no entanto, tendes matado a Vida da Graça, roubado o auxílio divino e destruído as vias de salvação.

Quão miserável sois vós, ministro de Deus, que estais a colaborar com o inimigo de Deus e do gênero humano, que sendo condenado ao inferno, quer condenar, primeiro, a vós e, depois, aos que vos foram confiados.

Ouvi isto, sacerdotes do Altíssimo: tendes ainda a benevolência de Deus, podeis retornar ao vosso chamado inicial, podeis salvar vossa própria alma e as que estão sob vosso cuidado.

Aquela que é Auxilium Christianorum é também vossa última tábua de salvação, Seu Coração Imaculado é vossa chance de conversão, sua bondade segura a mão de Deus que há de pesar sobre vós.

Ó miserável e infeliz, gritai a Deus, mas gritai com auxílio da Sempre Virgem Maria, e não tenhais tempo para o vosso orgulho: corre risco a vossa alma e a do vosso rebanho.

Ó epíscopo, ó sacerdote, vós que sois ministros de Deus, lembrai-vos que se recusais a salvação, se descuidais das almas, Deus enviará ministros fieis para salvá-las e sobre vós pesará Sua mão misericordiosa e justa.

Tendes o ministério sublime para colaborar na economia da salvação. Traindo tal vocação, traindo-a em nome dos deuses da modernidade, recebereis o que vós mereceis: a condenação eterna, e Deus haverá de salvar as almas fiéis.

Felizes são os ministros de Deus que, pela graça, salvam suas almas e as dos que lhes foram confiados, pois estes receberão o prêmio de Deus e a eterna gratidão dos que consigo se salvaram.

Lembrai, vós todos, que Deus não abandona Sua Igreja e que, apesar de vossa infidelidade, Ele suscitará nela sacerdotes santos: et portæ inferi non prævalebunt adversum eam.

No alto da Cruz ou aos pés d’Ela

É interessante que ao 14 de setembro siga-se o 15 de setembro; ou, dito de outro modo, para parecer menos simplório, é interessante que logo após a festa de Exaltação da Santa Cruz (dia 14) a Igreja celebre a festa de Nossa Senhora das Dores (dia 15).

Certo, o dia 14 é para celebrarmos o «o glorioso fato da reconquista da Santa Cruz das mãos dos Persas»; não obstante, é-nos impossível não pensar também na Crucificação em si, naquelas palavras de Cristo: «quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim» (Jo XII, 32). Ave Crux, Spes Unica: Salve, ó Cruz, única Esperança! Foi pela Paixão de Cristo que nós fomos salvos, assim aprendemos quando ainda éramos crianças. No entanto, esta verdade é sempre nova, e a cada vez que voltamos o nosso olhar para o Calvário nós entendemos um pouco melhor o que significa a nossa salvação. O tempo passa, e acumulamos pecados sobre pecados em nossas almas; o tempo passa, e temos o péssimo hábito de colecionar ofensas a Deus. Será possível que ainda poderemos ser perdoados, e de novo, e ainda mais uma vez, nós que já recebemos tanto a misericórdia do Altíssimo e, não obstante, temos retribuído a Ele com tanta mesquinhez?

Deus nunca Se cansa de nos perdoar, e olhando para a Sua Cruz temos a obrigação de amá-Lo cada vez mais, pois somos cada vez mais perdoados. A Cruz d’Ele é sempre nova e sempre que a olhamos, Ela se nos aparenta um pouco mais pesada, propter peccata nostra; cada vez que nos colocamos diante de um Crucifixo, constatamos envergonhados que há um pouco mais de sofrimento ali, colocado por nós. Pelos pecados de cada dia, com cuja malícia nós muitas vezes sequer nos importamos. Não sei se Oscar Wilde pensava nisso ao escrever o seu Retrato de Dorian Gray, mas o fato é que todos nós temos um retrato que fica cada vez mais disforme à força de nossas decrepitudes morais: a Crucificação é um pouco mais horrenda a cada dia, por culpa de nós. Se não percebemos a evolução deste sagrado sofrimento, é porque temos olhado com bem pouca atenção para Aquele que transpassamos.

E aos sofrimentos d’Ele sempre estiveram unidos os d’Ela, como bem o sabemos; a Virgem das Dores sempre acompanha a Paixão do Seu Divino Filho, e assim as nossas faltas não ofendem somente a Ele: também machucam o coração desta amabilíssima Mãe. Que, à semelhança do Seu Filho, não conhece limites para nos amar e volve o Seu olhar maternal para nós talvez com tanto mais fervor quanto mais veemência aplicamos em ofender-Lhe. Talvez não suportássemos a fealdade da Crucificação se a Santíssima Virgem não estivesse lá; talvez voltássemos o nosso rosto com horror e caíssemos no desespero, se a serena beleza d’Aquela Senhora não estivesse lá a nos insuflar coragem.

Somos pecadores, e volvendo o nosso olhar do Crucificado para a Virgem das Dores esta verdade nos salta aos olhos com uma aterradora clareza. No entanto, no alto da Cruz ou aos pés d’Ela, se olharmos com atenção, nós não encontramos senão misericórdia. É grande a nossa culpa, sim, e as dores do Gólgota não nos permitem esquecê-la; no entanto, maior é o amor d’Aquele que quis sofrer e morrer por nós quando ainda éramos pecadores. Maior é o amor d’Aquela que entregou o Seu Filho inocente a nós. Nas dores que infligimos a Cristo e à Santíssima Virgem, bem que poderíamos encontrar a nossa perdição; no entanto, se meditarmos compungidos e arrependidos nestes mistérios sagrados, descobriremos jubilosos que é do Calvário que se nos abrem as portas da nossa salvação.

São Francisco de Assis e o «lugar ricamente adornado» onde se deve conservar a Eucaristia

Muito interessante este texto que foi publicado no blog do Pe. Paulo Ricardo, do qual destaco a seguinte passagem:

Assim pensava São Francisco, o poverello de Assis. Ele passou toda a sua vida como um pobre entre os pobres, mas, quando falava de Jesus eucarístico, condenava o desprezo e o pouco caso com que muitos celebravam os santos mistérios. Em uma carta aos sacerdotes, Francisco pedia a eles que considerassem dentro de si “como são vis os cálices, os corporais e panos em que é sacrificado” muitas vezes nosso Senhor. E insistia: “Onde quer que o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo for conservado de modo inconveniente ou simplesmente deixado em alguma parte, que o tirem dali para colocá-lo e encerrá-lo num lugar ricamente ordenado” [Carta 2 aos clérigos].

Eis aí o verdadeiro franciscanismo, expresso com clareza – e sem ideologias – nas palavras do próprio São Francisco de Assis. Que diferença entre isto e o mau gosto que tantas vezes vemos nos dias de hoje! Distorcendo a memória do grande santo, muitas pessoas hoje acham que para Deus “qualquer coisa” está bom – ou, pior ainda, que para Deus quanto menos “ostentação” melhor…

Aquela «Carta 2 aos clérigos» termina com palavras ainda mais duras. Depois de dizer que o mesmo cuidado se deve ter com o SSmo. Nome do Senhor escrito, termina São Francisco:

E sabemos que temos que observar todas essas coisas acima de tudo, de acordo com os preceitos do Senhor e as constituições da santa mãe Igreja. E quem não fizer isso, saiba que deverá prestar contas no dia do juízo (cfr. Mt 12,36) diante de nosso Senhor Jesus Cristo.

Os sedizentes seguidores de S. Francisco deveriam meditar com atenção nestas palavras! Deveriam procurar conhecer o verdadeiro São Francisco de Assis, e não as versões deturpadas dele que hoje circulam por aí. Se forem negligentes em cuidar das coisas de Deus – diz S. Francisco – prestarão contas no Dia do Juízo. A seriedade dessas palavras é muito grande para ser ignorada. Os verdadeiros ensinamentos franciscanos sobre a Sagrada Liturgia são muito católicos para os deixarmos ocultos sob o desastre litúrgico dos nossos dias, levado diligentemente a cabo por muitos “devotos” de São Francisco…

Não existe nenhuma contradição entre a pobreza dos cristãos – mormente dos ministros de Deus – e a riqueza dos templos sagrados. Quem o afirma com todas as letras é o próprio Esposo da Pobreza. Querem seguir São Francisco de Assis? Sigam-no integralmente, sem fazer revisionismo da sua história e sem assumir atitudes tresloucadas que o santo jamais aprovaria! Ou por acaso os modernos pretendem entender mais da pobreza evangélica do que o próprio poverello d’Assisi?

A «carta aos que não crêem» do Papa Francisco

O Papa Francisco escreveu uma curiosa «carta aos que não crêem», da qual é possível encontrar uma tradução em espanhol aqui. Não se trata de nenhum documento magisterial, mas simplesmente de uma carta pessoal do Papa Francisco ao Eugenio Scalfari, fundador do jornal La Repubblica, 89 anos, laicista ferrenho, promotor do aborto e do divórcio na Itália. É interessante a preocupação com os ateus que o Papa demonstra: não é a primeira vez que o Sumo Pontífice se refere diretamente a eles. Se não perdi as contas, é a terceira.

A primeira vez foi ainda em maio, e comentei sobre o assunto aqui. Na ocasião, o Papa falou que Cristo havia derramado o Seu Preciosíssimo Sangue também pelos ateus, e que também estes tinham o dever de fazer o bem. Foi numa de suas homilias improvisadas na capela da Domus Sanctae Marthae, cujo texto em italiano se encontra aqui.

A segunda vez foi na Carta Encíclica Lumen Fidei, e quando eu li tive a clara impressão de que o Papa se referia à sua meditação de 22 de maio que provocara alguma perplexidade entre crentes e não crentes. Esclarecendo agora de modo sistemático o que dissera de improviso em uma missa ferial, o Papa afirmou o seguinte:

Configurando-se como caminho, a fé tem a ver também com a vida dos homens que, apesar de não acreditar, desejam-no fazer e não cessam de procurar. Na medida em que se abrem, de coração sincero, ao amor e se põem a caminho com a luz que conseguem captar, já vivem — sem o saber — no caminho para a fé: procuram agir como se Deus existisse, seja porque reconhecem a sua importância para encontrar directrizes firmes na vida comum, seja porque sentem o desejo de luz no meio da escuridão, seja ainda porque, notando como é grande e bela a vida, intuem que a presença de Deus ainda a tornaria maior. Santo Ireneu de Lião refere que Abraão, antes de ouvir a voz de Deus, já O procurava «com o desejo ardente do seu coração» e «percorria todo o mundo, perguntando-se onde pudesse estar Deus», até que «Deus teve piedade daquele que, sozinho, O procurava no silêncio». Quem se põe a caminho para praticar o bem, já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor [LF 35].

A terceira vez, por fim, foi nesta recente carta ao Scalfari, sobre a qual ZENIT publicou também um interessante artigo (em espanhol) aqui. Não obstante ela valha uma leitura na íntegra, há duas passagens dignas de menção nesta carta; primeiro, quando o Papa afirma que «[e]l pecado, aún para los que no tienen fe, existe cuando se va contra la conciencia»; segundo, quando ele diz que «no hablaría, ni siquiera para quien cree, de una verdad «absoluta», en el sentido de que absoluto es aquello que está desatado, es decir, que sin ningún tipo de relación».

Quanto à primeira, é importante salientar, sim, que é pecado agir contra a própria consciência, e este é o fundamento para a possibilidade de salvação dos não-católicos que, em estado de ignorância invencível, seguem aquilo que, em consciência, parece-lhes correto. É isso, em suma: peca quem age contra aquilo em que acredita, mesmo que acredite em mentiras.

Sempre tive sinceras dúvidas quanto à possibilidade de existir uma consciência inculpavelmente mal-formada a ponto de ser incapaz de reconhecer a Deus; no entanto, a existência de fato desta peculiaridade é bem pouco importante para o estabelecimento dos princípios. Estes dizem que todo mundo tem a obrigação de seguir os ditames da Lei Natural, nos quais está incluído o dever de buscar e servir a Deus. Agir contra a Lei Divina é sempre objetivamente pecaminoso, por óbvio, mas a responsabilidade moral subjetiva de quem viola um preceito específico desta Lei pode ser atenuada dependendo da sua capacidade de reconhecê-la como o que ela é. Portanto, a descrença é desculpável se e somente se o descrente não tiver condições de crer. Ela me parece claramente desculpável nos loucos que não possuem o uso da razão; e em pessoas inteligentes e supostamente instruídas, é possível que o seja? Não sei e isso, graças a Deus, cabe a Deus julgar e não a mim. Sobre isto, basta o que a Igreja já disse: «quem será tão arrogante que seja capaz de assinalar os limites desta ignorância, conforme a razão e a variedade de povos, regiões, caracteres e de tantas outras e tão numerosas circunstâncias? (Pio IX, Alocução Singulari Quadam, 1854, Denzinger, 1647, apud Montfort)».

Quanto à segunda, vale lembrar que «verdade», segundo a definição dada por Santo Tomás (Summa, Prima Pars, Q. 16, A. 1, resp.) é a adequação entre objeto e entendimento, ou seja, entre o que a coisa é de fato e o que eu considero que a coisa é. Portanto, a verdade é uma relação, exatamente como diz o Papa Francisco. Com isso ele certamente não quer advogar um relativismo no qual cada um possui a sua própria “verdade” – ao contrário, ele diz expressamente que «[e]sto no quiere decir que la verdad es subjetiva y variable, ni mucho menos» -, mas ao contrário: quer colocar a Verdade ao alcance do homem, quer pontuar o homem como “capaz” da Verdade. Porque, afinal de contas, se Ela fosse «sin ningún tipo de relación», o homem não poderia relacionar-se com Ela, não poderia encontrá-La. A Verdade é o Amor, «Deus é Amor» e portanto Deus é a Verdade, e assim a possibilidade do homem encontrar a Deus precisa ser estabelecida como um pré-requisito para qualquer diálogo com aqueles que não crêem. É isso o que o Papa Francisco procura fazer.

O Papa preocupa-se com os ateus sim, sem dúvidas, porque também eles são destinatários do amor de Deus, e a vida é difícil e sem sentido para aqueles que não crêem. É o amor ao Evangelho que move o Papa a aproximar-se dos que estão longe do redil do Senhor; oxalá ele consiga arrastar uns quantos incrédulos à liberdade da Fé! Por este santo propósito, nós rezamos com toda a Igreja: «Oremos pelos que não crêem em Deus, para que, pela rectidão e sinceridade da sua vida, cheguem ao conhecimento do verdadeiro Deus». Ou na antiga fórmula latina:

Orémus et pro iis qui Deum non agnóscunt,
ut, quæ recta sunt sincéro corde sectántes,
ad ipsum Deum perveníre mereántur.

Omnípotens sempitérne Deus, qui cunctos hómines condidísti, ut te semper desiderándo quærerent et inveniéndo quiéscerent, præsta, quæsumus, ut inter nóxia quæque obstácula omnes, tuæ signa pietátis et in te credéntium testimónium bonórum óperum percipiéntes, te solum verum Deum nostríque géneris Patrem gáudeant confitéri. Per Christum Dóminum nostrum.
R. Amen.

Site da Arquidiocese de Olinda e Recife deforma católicos: Carta de bispos eméritos revolucionários é apresentada como material de “formação”!

Nem só de apoios oficiosos ao Grito dos Excluídos vive a Arquidiocese de Olinda e Recife. Não satisfeita em envergonhar os católicos com a descabida participação do Arcebispo Metropolitano num evento onde se contradiz abertamente a doutrina da Igreja Católica, a Mitra também colocou no seu site oficial, na página principal, na seção de “Formação” (!), uma carta divulgada por três bispos eméritos na qual qualquer pessoa com dois dedos de testa reconhece o brado revolucionário de velhos inimigos de Cristo ávidos por transformarem a Igreja Católica no seu próprio e mesquinho projeto fracassado de uma “igreja” em tudo diferente d’Aquela fundada por Nosso Senhor.

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Sob o bem-sonante pedido por uma «Igreja servidora e pobre», os três bispos eméritos – «Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba, Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás e Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia» – destilam o seu veneno e conclamam os seus leitores a se colocarem contra a Igreja Católica. As informações abertamente falsas e insinuações diabólicas ocorrem em tal profusão que não podem ser fruto de mero descuido: ao contrário, indicam a tentativa consciente e deliberada de atingir a Igreja nas Suas características essenciais. Veja-se:

A organização do papado como estrutura monárquica centralizada foi instituída a partir do pontificado de Gregório VII, em 1078.

Trata-se de mentira pura e simples. Qualquer pessoa que tenha alguma vez na vida lido algum documento do Concílio Vaticano II (que essas raposas velhas, mentindo de forma descarada, evocam a seu favor!) sabe que a Lumen Gentium dedica um capítulo à «Constituição Hierárquica da Igreja» (LG, Cap. III), onde se pode ler que «para que o (…) episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros Apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (LG 18, destaques meus). Não foi portanto Gregório VII quem colocou o papado como uma estrutura monárquica: foi o próprio Nosso Senhor!

Durante o 1º milênio do Cristianismo, o primado do bispo de Roma estava organizado de forma mais colegial e a Igreja toda era mais sinodal.

É mesmo? Quem disse? Não aceitemos levianamente essa “estória” da Carochinha contada por velhos maliciosos no afã de enganar os incautos. Olhemos a História. E, dentre inumeráveis exemplos que poderíamos aduzir aqui para demonstrar a falsidade dessa afirmação dos três bispos eméritos, fiquemos somente com um. De Santo Ireneu de Lião. Que aliás não era Papa.

Mas visto que seria coisa bastante longa elencar, numa obra como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo (…). Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos (Sto. Ireneu de Lião, “Contra as Heresias”, Livro III, 3,2. Ed. Paulus, 2ª Edição, 1995, pp.249-250. Grifos meus).

Isto é o que era pregado e crido no século II! Isso sim é História, e isso era o que deveria estar na área de “Formação” de um site que se pretendesse católico. Não as doutrinas vãs de três lobos disfarçados de pastores. Vê-se, assim, que a única “forma colegial” que sempre vigorou na Igreja de Cristo é precisamente aquela da qual fala o Concílio Vaticano II: «o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, entendido com sua cabeça, permanecendo inteiro o poder do seu primado sobre todos, quer pastores quer fiéis. Pois o Romano Pontífice, em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, tem nela pleno, supremo e universal poder que pode sempre exercer livremente» (LG 22). Esta é a doutrina católica, frontalmente contrária à tagarelice publicada com destaque no site da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Concílio Vaticano II orientou a Igreja para a compreensão do episcopado como um ministério colegial. Essa inovação encontrou, durante o Concílio, a oposição de uma minoria inconformada. O assunto, na verdade, não foi suficientemente amarrado.

Na verdade, está tudo perfeitamente amarrado. Citando de novo a Lumen Gentium (grifos meus):

A Ordem dos Bispos, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpetuamente, é também juntamente com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja (63), poder este que não se pode exercer senão com o consentimento do Romano Pontífice. Só a Simão colocou o Senhor como pedra e clavário da Igreja (cfr. Mt. 16, 18-19), e o constituiu pastor de todo o Seu rebanho (cfr. Jo. 21, 15 ss.); mas é sabido que o encargo de ligar e desligar conferido a Pedro (Mt. 16,19), foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unido à sua cabeça (Mt. 18,18; 28, 16-20) (64). Este colégio, enquanto composto por muitos, exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus e, enquanto reunido sob uma só cabeça, revela a unidade do redil de Cristo. Neste colégio, os Bispos, respeitando fielmente o primado e chefia da sua cabeça, gozam de poder próprio para bem dos seus fiéis e de toda a Igreja, corroborando sem cessar o Espírito Santo a estrutura orgânica e a harmonia desta (LG 22).

Querer forçar uma “colegialidade” independente do Romano Pontífice, assim, significa trair o Concílio Vaticano II. Significa não resgatar um ensinamento que não está “suficientemente  amarrado”, mas sim desdizer abertamente o que os Padres Conciliares ensinaram para toda a Igreja. Quem esses três bispos velhos pensam que são para contradizer tão descaradamente assim todos os bispos católicos do mundo reunidos com o Papa em um Concílio Ecumênico?

Entretanto, para dar passos concretos e eficientes nesse caminho – e que já está acontecendo – ele [o Papa Francisco] precisa da nossa participação ativa e consciente. Devemos fazer isso como forma de compreender a própria função de bispos, não como meros conselheiros e auxiliares do papa, que o ajudam à medida que ele pede ou deseja e sim como pastores, encarregados com o papa de zelar pela comunhão universal e o cuidado de todas as Igrejas.

O chamado ao cisma é sutil mas não pode deixar de ser apontado. Para os autores dessa carta diabólica, os Bispos não deveriam meramente ajudar o Papa «à medida que ele pede ou deseja». A conseqüência lógica e imediata disso é que os Bispos, segundo esta carta que está na parte de “Formação” do site oficial de uma Arquidiocese Católica, deveriam agir por conta própria – «como pastores» – mesmo que o Papa não peça ou não deseje! Ou seja, mesmo contra a vontade do Romano Pontífice! Coisa mais estranha ao catolicismo não pode haver. Contra esta doutrina absurda, repetimos de novo o que já citamos da Constituição Dogmática Lumen Gentium: «o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o Romano Pontífice» (LG 22). E essa «união» não é uma palavra vazia ou uma mera formalidade, mas ao contrário: para ser real, precisa ser efetiva. Alguém consegue imaginar coisa mais estranha a qualquer possível “união” do que agir à revelia do seu superior, mesmo contra a sua vontade? No entanto, é exatamente isso o que advogam os três autores desta malfadada carta! E a Arquidiocese de Olinda e Recife ainda a coloca com destaque na seção de “Formação” do seu site!

A ocasião, pois, é de assumir o Concílio Vaticano II atualizado

Três raposas velhas não têm autoridade nenhuma para “atualizar” o que todos os bispos do mundo chancelaram em união com o Papa. Deve-se assumir o Concílio Vaticano II com honestidade, com escrupuloso respeito àquilo que ele ensina, e não com essa “atualização” pirata que estas múmias putrefatas querem nos empurrar.

(…) reivindicando os plenos direitos da mulher, superando a respeito os fechamentos advindos de uma eclesiologia equivocada.

Para bom entendedor, pingo é letra. Quais são os «fechamentos» impostos às mulheres pela Igreja? A referência à ordenação feminina salta aos olhos. No entanto, sobre este assunto já se manifestou definitivamente o Magistério da Igreja por meio do Papa João Paulo II:

Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja (Ordinatio Sacerdotalis, 4).

Esta é a sã eclesiologia católica, que três bispos eméritos têm a desfaçatez de chamar de «equivocada» em uma carta à qual a Arquidiocese de Olinda e Recife dá publicidade por meio do seu site oficial! Afinal de contas, o que pretende a Mitra olindo-recifense? Servir à Igreja ou espalhar a revolta contra Ela?

[O] clericalismo vem excluindo o protagonismo eclesial dos leigos e leigas, fazendo o sacramento da ordem se sobrepor ao sacramento do batismo e à radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas.

É exatamente pelo fato desses três bispos serem batizados que devem respeito às autoridades eclesiásticas, em particular ao Magistério da Igreja. E, portanto, não poderiam jamais vir a público usando as suas credenciais de «bispos eméritos» para atacar a Igreja Católica e promover a subversão de Sua Doutrina. Que estes bispos comecem dando o exemplo e respeitando com seriedade as obrigações decorrentes do seu Batismo, em particular a submissão àquilo que ensina a Santa Madre Igreja! Seria engraçado se não fosse trágico: quando querem minar a importância do sacerdócio católico, falam em «radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas». Para poderem passar uma falsa aparência de autoridade nos seus ataques ao que a Igreja ensina, no entanto, não coram de vergonha em se alardearem bispos com o pretenso direito de agir mesmo quando o Papa não peça ou não deseje! E é esta hipocrisia sem tamanhos que o site da Arquidiocese apresenta como “Formação” para os católicos que por lá passarem!

Nos nossos países, é preciso ter a liberdade de desocidentalizar a linguagem da fé e da liturgia latina.

A tagarelice é pura birra contra a Igreja. Nós, países latino-americanos, estamos jurídica e historicamente ligados ao Rito Romano, quer os três bispos gostem, quer não. E ainda: que me conste, nós estamos no Ocidente! Nada do que é “ocidental” nos é estranho.

Finalmente, está em jogo o nosso diálogo com o mundo. Está em questão qual a imagem de Deus que damos ao mundo e o testemunhamos pelo nosso modo de ser, pela linguagem de nossas celebrações e pela forma que toma nossa pastoral.

O testemunho que somos chamados a dar ao mundo passa pelo respeito à nossa própria identidade e pela obediência àquilo que anunciamos. Ora, que “testemunho” é possível dar ao mundo quando se levanta de maneira tão cretina contra a instituição que se diz servir? Como é possível testemunhar alguma coisa para os de fora quando três bispos eméritos clamam à rebelião contra os fundamentos da Igreja? O que estes bispos eméritos estão fazendo, na verdade, é um grandíssimo e eloqüente contra-testemunho. Que a Arquidiocese de Olinda e Recife faça coro a tão grande pedra de tropeço é um escândalo injustificável.

“É hora de despertar, é hora e de vestir as armas da luz” (13,11). Seja essa a nossa mística e nosso mais profundo amor.

É verdadeiramente irônico que terminem conclamando os leitores a vestir «as armas da luz» três lobos caquéticos que no decurso do seu texto teceram incansáveis loas ao nefasto Pacto das Catacumbas

Vistamos, sim, as armas da luz, que são as armas da Verdade. E, como vimos, a Verdade passa longe desta carta escrita por três bispos eméritos que, longe de quererem servir à Igreja de Cristo, são movidos por um amor desmesurado a si próprios e a “modelos” fracassados de igreja que eles não conseguiram enquanto jovens colocar no lugar da Igreja de Nosso Senhor. Pretendem consegui-lo agora, quando já estão velhos e quando as suas mentiras já estão mais do que batidas?

Entre o que ensina a Igreja e o que dizem três hippies velhos que perderam o bonde da história, é bastante óbvio que qualquer pessoa que tenha amor à própria alma deve dar ouvidos não a estes, mas sim Àquela que é a Esposa de Cristo. Desgraçadamente, há aqueles que preferem deformar os fiéis católicos pelos quais tinham o dever de zelar. É verdadeiramente lamentável que a Arquidiocese de Olinda e Recife prefira se unir aos escarnecedores e transformar o seu site oficial em palanque para que velhos caquéticos destilem o seu ranço anti-católico e conclamem os seus ouvintes a uma ridícula rebelião contra Aquela que as portas do Inferno jamais vencerão. É uma vergonha que um site de uma Arquidiocese católica se preste a disseminar assim a revolta contra a Igreja.

«Por uma Filosofia Tomista»: Curso online ministrado pelo prof. Carlos Nougué

Divulgo com prazer o Curso on-line de 60 horas ministrado por Carlos Nogué, «Por uma Filosofia Tomista». A ementa do curso será a seguinte:

I) Apresentação geral: A necessidade de uma Filosofia tomista.
II) Preâmbulo 1: Resumo da História da Filosofia – Do impulso grego ao abismo moderno.
III) Preâmbulo 2: Se Santo Tomás era filósofo e/ou teólogo.
IV) Preâmbulo 3: A essência da doutrina de Santo Tomás, ou se o tomismo é um aristotelismo.
V) Preâmbulo 4: Como estudar a Filosofia, e em ordem a quê.
VI) Introdução geral à Filosofia, ou seja, a seus conceitos elementares (já aqui se implicam noções da Lógica, da Física e da Metafísica):
1) O que é conhecer 2) O ente e os primeiros princípios; 3) A quididade das coisas; 4) O essencial e o acidental; 5) Substância e acidentes; 6) A questão do an sit; 7) Ente e esse (ser ou ato de ser); esse e existência – uma primeira aproximação; 8) Divisão e definição; 9) Se os acidentes são entes e têm quididade; 10) Se as coisas artificiais têm quididade.
VII) Introdução à Lógica:
1) A simples apreensão; 2) As propriedades das coisas; 3) O juízo ou composição; 4) As causas; 5) O silogismo; 6) Em defesa da Lógica; 7) Se a Lógica é arte ou ciência; 8) As propriedades da Lógica; 9) O método da Lógica; 10) Lógica e Gramática.
VIII) Intermédio: A ordem das ciências e das artes.
IX) Introdução à Física geral:
1) O que é a natureza; 2) Os princípios da natureza: ato e potência, etc.; 3) O sujeito da Física Geral; 4) Existência e esse – segunda aproximação; 5) Em defesa da Física Geral aristotélico-tomista; 6) Se e em que caducou esta ciência; 7) O método da Física Geral; 8) Que classe de ciência é a Física moderna; 9) O que pensar da Biologia, da Psicologia, etc., atuais; 10) Uma crítica a Jacques Maritain.
X) Introdução à Metafísica:
1) Se tal ciência existe ou é válida ou necessária; 2) O sujeito da Metafísica; 3) Ente e esse – segunda aproximação; 4) As propriedades da Metafísica; 5) O método da Metafísica; 6) Diferença entre Teologia (ou Metafísica) e Sacra Teologia, e se elas se opõem; 7) As provas da existência de Deus; 8) O tratado de Deus uno.
XI) Apêndices:                                                                               
1) Os transcendentais; 2) Se o mal é algo; 3) A alma humana e sua imortalidade; 4) A Política e sua ordem ao Fim último do homem; 5) O mundo poderia ter sido criado ab aeterno (desde a eternidade)?

Para quem não conhece, o Prof. Nogué é, entre outras coisas, responsável pelo blog “Estudos Tomistas” e tradutor dos deliciosos contos policiais de Chesterton colecionados n’A Inocência do Padre Brown.

Diário d’O Grito dos/as Excluídos/as 2013

– Chego à Praça Oswaldo Cruz bem cedo, pouco antes das 09h00 da manhã para a qual estava marcada a concentração.

– Só há um punhado de gatos pingados. Todos ou quase todos de vermelho. Bandeiras do MST; vejo dois ônibus, que – imagino – devem ter sido utilizados para transportar os militantes. Aguardo.

– Dois mini-trios e um carro de som. Ao lado do maior daqueles, umas meninas tocando alfaias cantam versões próprias de músicas populares. Por exemplo, «ô Eduardo, Eduardo ó! / Não é só por dez centavos, / nossa luta é maior!» (ao som de “Cirandeiro”).

– Vejo uma senhora de hábito. Encontro o pe. Reginaldo Veloso. Vejo outro sacerdote, à paisana, que desaparece e durante a marcha não o torno a encontrar. Um ou dois padres de clergyman (ou coisa parecida com isso). Não vejo religiosos de hábito.

– Panfletos são distribuídos, e continuarão sendo ao longo de todo o percurso d’O Grito. Um se diz contra o Estatuto do Nascituro; outro, alardeia «[t]odo apoio às ocupações dos terrenos urbanos no Recife por parte dos Trabalhadores Sem-Teto». Entre outras coisas afins.

– Chega o pessoal da ONG Gay Leões do Norte. O imenso bandeirão multi-colorido é estendido numa das pontas da praça.

– Encontro os ciclistas nus. São só meia dúzia, e não estão propriamente nus: vestem roupas de banho. Preparam-se para sair à frente d’O Grito.

– Procuro o Arcebispo e não o encontro. Dou graças a Deus.

– Em um dos mini-trios, o rapaz que estava em cima pede que as pessoas que vão falar pelos movimentos sociais se aproximem. Pela “juventude”, fulana, pela “saúde”, sicrano, pela Arquidiocese de Olinda e Recife, Fernando. Estremeço. Penso com os meus botões quem raios é Fernando.

–  Neste mesmo mini-trio, em baixo, perto das escadas, está afixado um cartaz. Leio-o. O Fernando é, sim, Dom Fernando Saburido. Ele é chamado por diversas vezes ao longo da caminhada. Não aparece.

– Em respeito à diversidade de gênero, agora o nome do evento mudou. É “Grito dos/as Excluídos/as”. Nos trios, por diversas vezes, é citado o seu nome completo: “Grito dos Excluídos e das Excluídas”.

– A marcha sai às ruas. Começa a chover. À frente, o carro de som, seguido pelo pessoal do Levante Popular da Juventude. Mais algumas pessoas, e o enorme bandeirão gay. Depois, o pessoal do MST com outras diversas bandeiras vermelhas, por “direito à saúde”, “respeito à diversidade sexual” e outras coisas do tipo. Em seguida o mini-trio, atrás o pessoal da Frente de Luta pelo Transporte Público, e o segundo mini-trio no fim. A chuva dá uma trégua.

– Duas bandeiras se destacam n’O Grito. Em número, as bandeiras vermelhas do MST. Em tamanho, a bandeira de arco-íris da Leões do Norte. Há outras menores: CUT, PCB, PSTU. Algumas pessoas protestavam por melhores salários, contra a corrupção, contra Eduardo Campos, contra um sem-número de coisas.

– Penso em ir pra casa. Mas tomo a sério o espírito penitencial: vou até o fim.

– Já no final da Conde da Boa Vista, um dos mini-trios quebra. Olho para o pequeno cartaz, que se transformara num checklist: Dom Fernando ainda não aparecera. Seguem o carro de som e o segundo mini-trio para a grande apoteose no Carmo.

– Chego no Carmo. Mais uma vez, o Festival das Flores montado defronte à Basílica – Deo Gratias – impede que o espaço seja usado para desfraldar a bandeira de Baal, como aconteceu em 2010.

– O pessoal da Leões do Norte esconde a bandeira e some. Não os vejo mais.

– O Arcebispo, Dom Fernando, está no Pátio do Carmo. Sorri e cumprimenta os presentes. Bate fotos.

– Chamam Dom Fernando para falar. Ele fala. Parabeniza os participantes. Fala sobre o dia de jejum e oração que o Papa Francisco convocou. Disse que planejou chegar ao Grito justamente na sua conclusão, e que o tema do Grito era muito «necessário» e muito «profético». Disse que o Grito dos Excluídos só vinha «reforçar este apelo» do Papa, e que era «bonito essa unidade», com «todos voltados para o mesmo objetivo, a mesma meta». O vídeo está abaixo:

– Depois que ele fala, o rapaz diz que vai haver um momento de “mística”. Penso que é alguma oração, ou coisa do tipo.

– Ele chama o pessoal das pastorais da Juventude. A “mística”, na verdade, é uma encenação. Uma menina começa a gritar as palavras de ordem que estavam nas bandeiras vermelhas (neste momento abertas no chão). Fala, no microfone, em alto e bom som: «nós, juventude popular, gritamos pelo respeito à diversidade sexual». O Arcebispo saíra de fininho pouco antes, e estava por detrás do carro de som, falando com alguém.

– Começa uma ciranda. Começa a chuviscar. Volto pra casa. Abaixo, algumas fotos do evento, na ordem em que eu as tirei (e, por conseguinte, na ordem do desenrolar do próprio evento, da praça Oswaldo Cruz ao pátio do Carmo).

Comento: O Grito dos Excluídos não é um evento popular em prol do povo sofredor. É um evento revolucionário e elitista (como o são todos os eventos revolucionários), onde militantes enganados ou comprados, munidos de uma ideologia fracassada, vão às ruas lutar pelas mesmas velhas carcomidas bandeiras do Príncipe deste mundo: o comunismo, a sexualidade livre, a luta de classes, o homossexualismo e toda uma caterva de imoralidades que escravizam e em tudo são contrárias ao Evangelho da Liberdade. O Papa Francisco certamente jamais apoiou e nem apoiaria uma passeata pró-comunismo ou a favor do vício contra a natureza, e portanto não é correto que se diga que este evento veio ao encontro dos pedidos do Romano Pontífice – aliás, “não ser correto” é pouco: trata-se de um escândalo e de uma blasfêmia. Não precisamos de mais pessoas para aplaudir os pecados e louvar a defesa dos vícios – essas, nós já temos de sobra. O verdadeiro profetismo sempre consistiu em denunciar as mazelas do mundo; mazelas que contavam com fervorosos sequazes nas ruas da cidade do Recife esta manhã, sem ninguém que as contradissesse – muito pelo contrário, aliás. Há algo de muito errado em nossa Arquidiocese. Não me consta que ser profeta tenha jamais significado fazer um conluio espúrio com inimigos declarados de Deus Nosso Senhor.

Grito dos Excluídos e apoio eclesiástico ao deboche público às leis de Deus

Amanhã, sete de setembro, nós da Arquidiocese de Olinda e Recife podemos aproveitar o dia de jejum e oração convocado pelo Santo Padre para nos cobrirmos de cinzas e fazermos penitência por um triste aniversário: amanhã, sete de setembro, faz três anos que esta Igreja Particular foi envergonhada no mundo inteiro pela presença do Arcebispo Metropolitano em um evento onde se fazia lobby pró-aborto, pró-homossexualismo, pró-socialismo e outras aberrações em tudo contrárias ao Evangelho de Jesus Cristo.

Ouvi esta semana na CBN que o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, iria (mais uma vez) participar do nefasto “Grito dos Excluídos” para protestar contra o uso de máscaras nas manifestações de rua. Não sei qual a fonte da notícia. No site da Arquidiocese, pela primeira vez em muitos anos, graças ao bom Deus, não existe nenhuma referência ao evento revolucionário. O mesmo se diga do perfil de D. Fernando no Facebook e do da Arquidiocese de Olinda e Recife. Merecem mais crédito os órgãos oficiais de comunicação da Mitra do que as falas ligeiras de locutores de rádio em centrais de notícias seculares. Este ano, a Sé de Dom Vital não está apoiando – ao menos não publicamente – o malfadado berro dos auto-excluídos do Reino de Deus. Deo Gratias.

Não obstante, foi com tristeza e perplexidade que eu vi o site “Jovens Conectados” dizer que o «Grito dos Excluídos 2013 convoca jovens ao protagonismo social». Isto é uma vergonha e um escândalo. Ao invés de dizer laconicamente que o evento é um espaço «sempre aberto e plural», a honestidade intelectual mais comezinha exigiria que se dissesse aquilo que o evento é: um espaço aberto para as manifestações mais imorais, da defesa escancarada do aborto, da apologia à invasão de terras e bens imóveis de terceiros, da promoção despudorada e a céu aberto da sodomia e de tantas outras mazelas sociais responsáveis pelo estado lastimável em que se encontra a nossa Terra de Santa Cruz. Graças ao site ligado à “Comissão para a Juventude da CNBB”, muitos católicos de boa fé engrossarão amanhã as fileiras dos inimigos de Cristo, dos que zombam da Fé Cristã e escarnecem da Igreja Santa de Deus. Miserere, Domine.

Volto ao meu Recife, à mídia secular. O portal NE10, ao falar do Grito, diz que «grupos religiosos progressistas» sairão às ruas. Não sei que grupos são estes; só posso dizer que eles traem a religião que dizem professar e envergonham a instituição à qual pertencem, ao participarem desta esbórnia a dia claro em que já há muito tempo se transformou o Grito dos Excluídos. Amanhã, dia de jejum e de oração, supliquemos a Deus que Se compadeça de Olinda e Recife. Se a Mitra jamais veio a público condenar esses «grupos religiosos progressistas» que se aproveitam da Fé para fazer a mais debochada apologia do vício e do crime, que ao menos ela não lhes ofereça nem mesmo aparência de apoio, como desgraçadamente já fez em anos passados.

Amanhã é dia de jejum e de oração. Que os católicos não saiam mais uma vez às ruas para “caminhar” lado-a-lado com os inimigos de Deus e da Igreja.