Nem só de zelo são feitos os santos

Algumas pessoas já sabem, mas acho que não mencionei aqui o caso de dois periodistas italianos que foram demitidos de uma rádio (católica) após terem escrito um artigo em que teciam duras críticas ao Papa Francisco. A notícia (bem como o artigo escrito por Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro) pode ser lida em espanhol aqui.

Os dois italianos não são um caso isolado. Ainda outro dia, El País – sim, El País! – publicou uma dura carta de uma senhora mexicana ao Papa, cujo conteúdo era muito semelhante ao deste artigo dos dois ex-radialistas da Rádio Maria. Compadeci-me com a perplejidad da Lucrecia Rego de Planas. Com o que não pude concordar foi com a divulgação pública da carta. Que bem imaginam estas pessoas fazerem ao disseminar a desconfiança para com o Vigário de Cristo?

O «escândalo dos pequeninos» não se encontra em meia dúzia de frases toscas que a mídia secular lê sob sua própria ótica desfocada. O escândalo, o escândalo grande e verdadeiro, encontra-se em católicos esbravejando publicamente contra o Romano Pontífice. Coisa mais anti-tradicional do que isso não existe. A Igreja não é uma democracia na qual cada um dos fiéis é poder constituinte originário. A mentalidade de se fazer abaixo-assinados e lobby político para provocar mudanças nas esferas superiores de poder simplesmente não é católica.

Não interessa aqui o quão «justas» estes católicos julguem as reivindicações que fazem. Interessa também e principalmente o meio pelo qual elas são feitas. Afinal de contas, ao contrário do que ensinava Maquiavel, os fins não justificam os meios. De nada adianta alguém fazer a melhor coisa do mundo através de expedientes francamente deploráveis.

Sim, Santa Catarina de Siena atacou duramente o Papa. Mas ela dirigiu os seus ataques ao Papa. O sujeito que se senta na internet para vomitar impropérios contra o Romano Pontífice em nada se assemelha à Virgem de Siena, simplesmente porque os ataques despejados nos meios de comunicação em massa dirigem-se primariamente às massas, e não aos indivíduos. Um equivalente medieval desse péssimo hábito contemporâneo seria se, durante o exílio de Avignon, os católicos distribuíssem nas vilas e cidades panfletos mal-educados atacando a pusilanimidade de Gregório XI. É bastante claro que Santa Catarina não fez jamais nada sequer minimamente parecido com isso. Nunca ninguém fez nada parecido com isso.

Aliás, corrijo-me: já houve, sim, quem fizesse algo parecido com isso. Recordo-me de um nome: Savonarola. O pregador dominicano passou à história por despejar do púlpito os mais virulentos ataques contra a Cúria Romana e o Papa… Alexandre VI. Ora, perto de Alexandre VI, qualquer dos Papas do século XX pode pleitear a sua conceição imaculada!

Savonarola é porventura santo? Por acaso a Igreja o elegeu como modelo de virtudes a servir de exemplo para os fiéis católicos? Muito pelo contrário. Foi censurado diversas vezes por Roma, excomungado por fim, e morreu na forca. Sobre este interessante personagem D. Estêvão Bettencourt escreveu o seguinte:

Objetivamente falando, o procedimento do pregador florentino merece reprovação. Movido pela obsessão de pretensa vocação profética, excedeu os limites da reverência e da obediência na tarefa que ele se propôs, de repreender não somente as multidões populares, mas também as autoridades civis e religiosas. Não se poderia legitimar a sua insubmissão ao Papa Alexandre VI, que, apesar de graves deficiências, era o legítimo Pontífice (a propósito de Alexandre VI veja-se “P.R.” 4/1958, qu. 11). Acreditando arbitrariamente em sinais extraordinários, o pregador deixou-se alucinar e distanciou-se da realidade.

E sobre ele o velho beneditino ainda acrescenta estas palavras que deveriam ser gravadas em pedra e meditadas sete vezes por dia por todos os que se arvoram juízes dos Sumos Pontífices: «Infelizmente porém, não percebeu (ao menos, em sua conduta prática) que a fidelidade a Cristo e [à] Igreja implica necessariamente fidelidade ao Papa, mesmo a um Alexandre VI».

Diante de tudo isso, o que dizer de dois jornalistas italianos que jogam na imprensa um artigo intitulado «Questo Papa non ci piace»? Acaso se pode criticar o padre que prontamente os dispensou dos seus serviços a uma Rádio Católica? Se vivessem em fins do século XV, acontecer-lhes-ia coisa muito pior. A história nos ensina que nem só de zelo são feitos os santos. Os detratores do Papa Francisco deveriam se olhar mais atentamente no espelho: talvez o negro que lá vislumbrem não seja o do hábito de Santa Catarina. Cuidem para que não seja, ao contrário, um prenúncio do triste fim de Savonarola.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

57 comentários em “Nem só de zelo são feitos os santos”

  1. Os tradicionalistas estão demais , falaram que o Papa Francisco e pior que Papa Alexandre IV . o legado desse Papa foi simplesmente da força para que Lutero e a sua turminha do mal criasse novas igrejas que difamam e tentam destruir até hoje a igreja de cristo . Foi criticando Papa assim publicamente que Lutero fez o que fez .Deus coloca o Papa certo para cada momento que sua igreja passa,temos que confiar , que seja feita a vontade do Pai, ou os tradicionais nao acreditam que foi o Espirito Santo que colocou ele lá?Duvido que ele vai fazer alguma coisa contra a moral da igreja de cristo,ele pode até fala uma frase errada , Pedro falou varias e cristo colocou ele como Papa.

  2. Realmente, é muito fácil fazer críticas em privado ao Papa

    Sim, é fácil. Mande uma carta para Sua Santidade, o Papa Francisco, Palazzo Apostolico. 00120 – Città del Vaticano.

    Ahh, não conseguiu? Que pena! Continue tentando.

    Exatamente. Se o sujeito está sinceramente convencido de que a sua intervenção é essencial para a salvação da Igreja (!), que continue tentando.

    Portanto, não critiquemos mais ninguém (como os dois jornalistas demitidos, a senhora mexicana) em blogs.

    Como é engraçado ver as pessoas apelarem ao mais patético igualitarismo revolucionário para defenderem o seu “direito” de difamar em público o Romano Pontífice…

    As grandes diferenças aqui são i) que todo católico tem deveres decorrentes do IV Mandamento para com o Romano Pontífice, deveres estes que não se estendem indistintamente para todas as pessoas do mundo; e ii) que as minhas «críticas públicas» à sra. Lucrecia são infinitamente mais brandas e respeitosas do que a maior parte das “críticas” que os detratores do Papa vomitam no mundo.

    – Jorge

  3. “Como é engraçado ver as pessoas apelarem ao mais patético igualitarismo revolucionário para defenderem o seu “direito” de difamar em público o Romano Pontífice…”

    É verdade. Não só para isso, mas para várias outras coisas. Mas não é meu caso. Vou transcrever aqui o que escrevi e vc não deve ter lido – a julgar que me acusou (ou não foi a mim? estarei com má vontade para com suas palavras? essa sua afirmação embaixo de algo que escrevi não foi para dizer que eu fiz isso?) de igualitarismo:

    “Fica só uma questão. Qualquer crítica feita em blog é crítica pública. Claro que uma feita ao Papa é infinitamente mais grave, mais terrível e mais digna de castigos; porém, um bom católico não deveria consentir em pecar contra a honra alheia (em relação ao Papa, um bom católico jamais faria isso mesmo), mesmo que não se trate do Papa – um pecadito menor. Portanto, não critiquemos mais ninguém (como os dois jornalistas demitidos, a senhora mexicana) em blogs. Critiquemos em privado.”

    Passemos ao resto.

    “As grandes diferenças aqui são i) que todo católico tem deveres decorrentes do IV Mandamento para com o Romano Pontífice, deveres estes que não se estendem indistintamente para todas as pessoas do mundo;”

    Entendo. Então você afirma que uma crítica pública (nem que seja em lista de comentários de blogs) só é pecado e errado se for endereçada ao Papa (ou a algum grupo, talvez; mas não a qualquer pessoa). No entanto, vc diz que a crítica pública é pecado porque configura uma difamação (muito mais grave por ser contra o Papa).
    Difamação, meu amigo, é difamação – pecado também, mesmo que dirigida contra um qualquer. O problema seria, então, a gravidade do ato por ser dirigido a alguém de honra maior devido à sua posição (o Papa) – mas isso não torna o ato irrepreensível caso fosse dirigido a qualquer outro. Logo, reafirmo o que escrevi antes: seguindo sua lógica, qualquer crítica pública é pecado (a não ser que vc reformule a afirmação de que seja assim por configurar difamação), o que varia é a gravidade.

    “e ii) que as minhas «críticas públicas» à sra. Lucrecia são infinitamente mais brandas e respeitosas do que a maior parte das “críticas” que os detratores do Papa vomitam no mundo.”

    A mexicana foi um exemplo que poderia ser trocado por outro. Vc incluiu todos no rol da crítica pública (que poderia ser “achei que a homilia de hoje foi ruim”), que seria o problema em si.

    Refine seus argumentos. Até para defender o Papa de coisas que nem sabemos se ele gostaria de ser defendido (“ele não quis dizer isso” – se ele quis, quem diz que não faz um desserviço aos reais objetivos dele) é preciso ter bons argumentos. Fica minha contribuição. Quem sabe vc até me convence (não que seja sua pretensão ou obrigação; só uma possível consequência da leitura mesmo).

  4. a julgar que me acusou (…) de igualitarismo

    Sim, foi a você mesmo.

    No entanto, vc diz que a crítica pública é pecado porque configura uma difamação

    Eu?! De forma alguma eu disse semelhante besteira. O que eu disse foi, verbis, que «[d]e nada adianta alguém fazer a melhor coisa do mundo através de expedientes francamente deploráveis».

    a não ser que vc reformule a afirmação de que seja assim por configurar difamação

    Jamais fiz tal afirmação na minha vida.

    Vc incluiu todos no rol da crítica pública

    Não sei de que loucura você está falando. Foi você quem inventou o negócio de «não critiquemos mais ninguém (…) em blogs».

    O que eu disse foi que «disseminar a desconfiança para com o Vigário de Cristo» não é católico. Isso porque todo católico deve submissão ao Romano Pontífice. Como a maior parte das pessoas do mundo não deve submissão à sra. Lucrecia, ao sr. Gnocchi ou a qualquer desses, não existe pecado algum em desacreditá-los publicamente – ao contrário do que acontece com o Papa.

    – Jorge

  5. “Sim, foi a você mesmo.”

    Bem, nesse caso – então – já foi corrigido.

    “Eu?! De forma alguma eu disse semelhante besteira. ” (a besteira teria sido dizer que que a crítica pública configura uma difamação)

    Vc disse isso aqui:

    “eu já disse que o erro está no método anti-católico de se alardear aos quatro ventos brados de insubmissão ao Romano Pontífice!” (insubmissão foi forçar a barra da sua parte, mas cabe o sentido que vc deu às palavras)

    “Se você não percebe o imensíssimo mal que causa à imagem do Papa mostrar insatisfação nos blogs que vocês frequentam, você precisa sair um pouco deles e olhar para o que acontece ao seu redor. Em um blog se fala para o mundo.”

    “Que pretensos «mais capacitados» (sic) do que o Papa julguem dever difamá-lo publicamente pode ser qualquer coisa, menos «caridade»” (aqui vc associa “difamá-lo” com criticá-lo)

    Acho q teve mais, mas não eh necessário.

    “Não sei de que loucura você está falando.”

    Essa parte vc realmente não me entendeu. Quando eu escrevi – “A mexicana foi um exemplo que poderia ser trocado por outro. Vc incluiu todos no rol da crítica pública” – me referi a vc dizer q todos os q criticam o Papa em público estarem sendo merecedores de “correção fraterna”.

    “Foi você quem inventou o negócio de «não critiquemos mais ninguém (…) em blogs».”

    Foi só uma consequência do raciocínio que vi sendo desenvolvido por aqui. Se vc dizia q a crítica pública era uma difamação, não deveria criticar ninguém em público. Enquanto considerar q se trata de difamação, vai ser pecado se fizer com qualquer outro, variando apenas a gravidade devido a quem são destinadas as supostas ofensas.
    Talvez seja melhor vc trazer um novo conceito, algo q só seria pecado se feito contra o Papa. Talvez o alargamento do conceito de infalibilidade (porque aí sim, um católico não pode negar a infalibilidade papal e isso é restrito ao Papa).

    “O que eu disse foi que «disseminar a desconfiança para com o Vigário de Cristo» não é católico. Isso porque todo católico deve submissão ao Romano Pontífice.”

    Nesse caso, criticar, ou externar o estranhamento publicamente a uma fala, seria “disseminar a desconfiança”. Entendi, eis o conceito. Seria melhor se estivesse explícito no Catecismo (explícito mesmo, para que até aqueles de “má vontade” não pudessem negar), mas enfim, quem sabe no futuro…

    Por fim, agradeço o espaço, e prefiro não mais escrever nesse tópico (a não ser q alguma palavra minha seja mal entendida; aí talvez eu volte para corrigir o sentido).

  6. Deixa eu meter o bedelho novamente na parada. Não são as críticas públicas ao Papa que denigrem a Igreja de Deus. Até porque essas, em certos casos, a justiça, o direito e inclusive a doutrina dos teólogos mais abalizados assim o exigem.

    O que denigre a Igreja mesmo era a campanha difamatória exercida por progressistas e pela mídia liberal contra Bento XVI, por este tentar colocar algum freio na crise que assola a Igreja e por tocar em temas espinhosos muito caros aos progressistas. Diante de tal campanha, as críticas tradicionalistas são como estalinhos diante de uma bomba atômica. Isso sim é prejudicial para a Igreja… Esses são seus verdadeiros inimigos.

    O que denigre a Igreja são atos como Assis, realizados por três vezes por dois papas diferentes. Isso sim trás confusão para a mente dos fiéis, e não obstante alguém poder defender a boa intenção dos Pontífices, quando tais gestos se espalham pelas dioceses, causa uma verdadeira devastação. Isso sim é prejudicial para Igreja e são verdadeiros heróis os que se opuseram contra tais atos.

    É uma piada querer demonizar os tradicionalistas (os verdadeiros perseguidos), embora Francisco consiga a proeza de fazer com que as críticas não ficassem encarceradas apenas em meios tradicionais. Neo conservadores honestos também percebem a mazelas de alguns de seus gestos.

    Não há comparação entre o que ocorre com os tradicionalistas e a campanha de destruição da Igreja exercida pelos modernistas.

    Acaso desejaria que se ficasse em silêncio quando um Papa chama de Pelagianos um grupo de católicos, seus filhos? Ou será que se tratou de difamação o sermão pregado por um Padre em plena comunhão desfazendo essa enorme tolice, ou mesmo de outros articulistas que se levantaram contra tamanha injúria (essa sim uma difamação e calúnia)?

    E quanto a questão da liturgia antiga?! Confesso que com um debatedor tão esperto e astuto como você, Jorge, eu dei mole na questão do ‘apenas’. Para ficar claro, eu utilizo a tradução em português. E de acordo com a Tradução, Francisco deixa claro que se tratou de uma ESCOLHA (que talvez ele não fizesse) de Bento XVI. Uma escolha, que nas suas palavras, “foi prudente, ligada à ajuda a algumas pessoas que têm esta sensibilidade particular. Considero, no entanto, preocupante o risco de ideologização do Vetus Ordo, a sua instrumentalização.”

    É no mínimo estranho que a permissão da Missa de Sempre seja ligada “à ajuda a algumas pessoas que têm essa sensibilidade particular”. Isso é falso, principalmente quando se omite as principais razões de tal permissão, a primeira e principal, uma questão de justiça para com o próprio rito. E a segunda, a razão alegada, o enriquecimento mútuo de ambas as formas.

    Ler isso numa entrevista, as tais pessoas que tem essa “sensibilidade”, e vir a público para trazer a verdadeira razão omitida e desfazer o equivoco do Papa quanto a essa questão da ‘sensibilidade’ (aliás, razão propalada por progressistas desde o inicio) não se trata de difamação.

    Isso sem falar na análise de Francisco sobre o CV II, na mesmo trecho da entrevista. Completamente desastrosa.

    Esses foram apenas alguns exemplos. Não existe campanha difamatória contra Francisco. Tal fato existe apenas na mente daqueles que veem tudo o que Francisco disse como algo imaculado.

    E se existe campanha difamatória na Igreja, isso ocorre é contra os tradicionalistas. Esses sim vem sendo perseguidos e expulsos da Igreja nas últimas décadas. E parece que Francisco vem repetindo alguns jargões progressistas contra esse grupo de católicos.

  7. Se vc dizia q a crítica pública era uma difamação

    Nunca disse nada sequer parecido com isso. Referir-se a difamação diante de um sujeito que estava repetidamente chamando o Papa de tolo, de infiel ao Evangelho e à Tradição, de destruidor da Igreja, de liberal, etc., etc., não é sob nenhuma lógica equivalente a dizer que toda e qualquer crítica pública configura uma difamação. Cáspita, e é com essa extraordinária capacidade de compreensão do pensamento alheio que as pessoas vão tacar pedras no Vigário de Cristo!

    Seria melhor se estivesse explícito no Catecismo

    Como se houvesse alguma possível dúvida de que é errado semear a desconfiança dos subordinados para com os seus superiores legítimos! Em todo caso, diz o Catecismo Romano:

    853. Y aunque los magistrados sean malos, no reverenciamos la perversidad o malicia, sino la autoridad divina que en ellos hay. De manera que, lo cual tal vez parecerá extraña, aunque nos miren con ánimo enemigo y lleno de ira, aunque sean implacables, todavía no es causa suficiente para no mirarlos con el mayor respeto. Pues así miró David a Saúl, y le hizo grandes servicios al propio tiempo que él le perseguía de muerte. Según lo insinúa por estas palabras: “Con los que aborrecían la paz, era yo pacifico”. Psalm. CXIX, 7.

    E há a famosa alocução de São Pio X: Quando se ama o Papa, «[n]ão se limita o campo onde ele pode e deve exercer sua autoridade; não se opõe à autoridade do Papa à de outras pessoas, por muito doutas que elas sejam, que diferem da opinião com o Papa».

    Abraços,
    Jorge

  8. Não são as críticas públicas ao Papa que denigrem a Igreja de Deus.

    De forma alguma. As críticas que os sedizentes tradicionalistas fazem ao Papa na verdade honram-lhe e inflamam o amor dos católicos a ele, né?

    É no mínimo estranho que a permissão da Missa de Sempre seja ligada “à ajuda a algumas pessoas que têm essa sensibilidade particular”.

    Não sei porque seria estranho. Isso é uma citação quase literal de Bento XVI: «Cheguei assim à razão positiva que me motivou para actualizar através deste Motu Proprio o de 1988. Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja. (…) [Impõe-se-nos] hoje uma obrigação: realizar todos os esforços para que todos aqueles que nutrem verdadeiramente o desejo da unidade tenham possibilidades de permanecer nesta unidade ou de encontrá-la de novo.»

    E se existe campanha difamatória na Igreja, isso ocorre é contra os tradicionalistas. Esses sim vem sendo perseguidos e expulsos da Igreja nas últimas décadas.

    Os detratores do Romano Pontífice, sim, vêm sendo perseguidos, graças ao bom Deus. Nós outros, que amamos a Tradição da Igreja e sofremos pela lastimável situação em que Ela se encontra, às vezes sofremos algumas injustiças por causa dos primeiros. C’est la vie. Mas continuaremos, enquanto o bom Deus permitir, nos esforçando para limpar a sujeira com a qual os gêmeos siameses modernistas e “tradicionalistas” querem emporcalhar a Igreja de Deus.

    – Jorge

  9. Oi. Voltei. Só pra finalizar.

    “Nunca disse nada sequer parecido com isso. Referir-se a difamação diante de um sujeito que estava repetidamente chamando o Papa de tolo, de infiel ao Evangelho e à Tradição, de destruidor da Igreja, de liberal, etc., etc., não é sob nenhuma lógica equivalente a dizer que toda e qualquer crítica pública configura uma difamação.”

    Então, ok.

    “Cáspita, e é com essa extraordinária capacidade de compreensão do pensamento alheio que as pessoas vão tacar pedras no Vigário de Cristo!”

    A gente trabalha com o que a gente tem, não é (inclusive com o público)? Às vezes, o problema também não é só de quem interpreta, mas de quem fala.

    “Como se houvesse alguma possível dúvida de que é errado semear a desconfiança dos subordinados para com os seus superiores legítimos!…’

    Bem, se vc está de novo associando o “semear a desconfiança” com pessoas que ficam “repetidamente chamando o Papa de tolo, de infiel ao Evangelho e à Tradição, de destruidor da Igreja, de liberal, etc., etc”, tudo bem. Concordo com vc. Estivesse associando à toda e qualquer crítica pública, voltaríamos ao ponto incial.

    Abs

  10. Estivesse associando [o “semear a desconfiança”] à toda e qualquer crítica pública, voltaríamos ao ponto incial.

    De maneira alguma, pois existe pecado em desqualificar o Papa, e não existe pecado em desqualificar um jornalista aleatório. Voltamos ao igualitarismo revolucionário, que você nega mas ao qual sempre volta.

  11. “a certa categoria de sedizentes “tradicionalistas” que em nada contribuem para o bem da Igreja – muito pelo contrário”

    Ué, agora você virou BANDEIRINHA DO JUÍZO FINAL? É você que decide quem pode se chamar de tradicionalista? E você? Você é tradicionalista ou modernista? Quem decide isso? E não me venha com “eu sou católico”, pois, na linguagem de hoje, isso não quer dizer nada. Até o Lula (!!) é católico. Com apoio de bispos, frades, freiras e leigos bocós!!
    Essa é boa!! Para ser “tradicionalista” é preciso ter o “selo de garantia” do dono desse blog…
    Afinal, o seu Deus é católico ou não é? Se Ele não é católico, então o que você é? Se Ele é católico, então o papa errou… Mas como você fica agora? Eu fico com o Deus católico…
    A propósito: o que você achou da dancinha (seria o “Show dos Poderosos”?) dos bispos na JMJ? Ou será que temos de aprovar isso, nós, os “nosdizentes” tradicionalistas”?
    Aliás, como fazemos para conseguir o selo “Seu Jorge” de tradicionalismo?
    E o “cruzado” que aparece no tema do seu blog? Ele era um “matador” de infiéis, alguém que “matava em nome de Deus”. Você não acha isso um tanto contraditório? Não é antiecumênico?
    Quem fica em cima do muro, apanha dos dois lados…

  12. “De maneira alguma, pois existe pecado em desqualificar o Papa, e não existe pecado em desqualificar um jornalista aleatório.”

    Então uma crítica é “desqualificar”. Mesmo que feita à forma de um texto e não ao conteúdo, seria classificada por vc como “desqualificar”. Entendo, vc só resolveu trocar o “difamar” – depois de todo o desenvolvimento da discussão onde viu q não daria para utilizá-lo de maneira elástica – pelo “desqualificar”. Achou o conceito que lhe seria útil.

  13. O QUE HÁ DE DURAS CENSURAS DIRECIONADAS ÀS MULTIDÕES VIA BLOGS CONTRA O PAPA FRANCISCO…
    O inaceitável para os que se considerem católicos é saírem blogs afora sutil ou rigidamente censurando o papa Francisco, como tenho visto, para as multidões, como temos nos deparado; dever-se-ia fazer uma representação, dirigir-se diretamente a ele e expor-lhe as dúvidas, aí sim; todavia, não o vilipendiar em discurso público em blogs – ações normais de protestantes entre si – como fazem até hoje com o saudoso Papa Paulo VI que muitos supostos católicos delatam que tivera complacência ou adesão com certas teorias modernistas de alguns (infiltrados) no Vaticano II – caso da marxista Teologia da Libertação – na Evangelii Nuntiandi, explicou o que é a verdadeira libertação:
    “Acerca da libertação que a evangelização anuncia e se esforça por atuar, é necessário dizer antes o seguinte: ela não pode ser limitada à simples e restrita dimensão econômica, política, social e cultural; mas deve ter em vista o homem todo, integralmente, com todas as suas dimensões, incluindo a sua abertura para o absoluto, mesmo o absoluto de Deus… Mais ainda: a Igreja tem a firme convicção de que toda a libertação temporal, toda a libertação política, mesmo que ela porventura se esforçasse por encontrar numa ou noutra página do Antigo ou do Novo Testamento a própria justificação, … encerra em si mesma o gérmen da sua própria negação e desvia-se do ideal que se propõe, por isso mesmo que as suas motivações profundas não são as da justiça na caridade, e porque o impulso que a arrasta não tem dimensão verdadeiramente espiritual e a sua última finalidade não é a salvação e a beatitude em Deus.
    Há infinitas diferenças entre alguém casualmente errar e dialogar com ele acerca de suposto erro; outra é sair por aí o delatando ao público e o lançando ao repúdio, logo o S Padre às multidões, isso sem contar com as manipulações midiáticas anti papistas em que se fundamentariam…
    O Papa Francisco no Conclave anterior por pouco não fôra eleito…

  14. Senhor “Torre Queimada” (e afins),

    Os que não querem a minha aprovação podem simplesmente me ignorar. Há livre-arbítrio no mundo, afinal de contas. É possível se dizer “tradicionalista” e viver de semear a desconfiança para com o Vigário de Cristo, é possível se dizer “católica” e militar “pelo direito de decidir”, é possível qualquer coisa.

    Contra tais descabidas pretensões há a Doutrina Católica, para conhecer a qual ninguém precisa ser dono da verdade. Já citei Sto. Tomás e o Catecismo Romano para demonstrar que os prelados maus devem ser honrados. Veja-se, agora, o CIC de 1917:

    Can. 2344. Qui Romanum Pontificem, S. R. E. Cardinalem, Legatum Romani Pontificis, Sacras Congregationes Romanas, Tribunalia Sedis Apostolicae eorumque officiales maiores, proprium Ordinarium publicis ephemeridibus, concionibus, libellis sive directe sive indirecte, iniuriis affecerit, aut simultates vel odia contra eorundem acta, decreta, decisiones, sententias excitaverit, ab Ordinario non solum ad instantiam partis, sed etiam ex officio adigatur, per censuras quoque, ad satisfactionem praestandam, aliisve congruis poenis vel poenitentiis, pro gravitate culpae et scandali reparatione, puniatur.

    E ainda me vêm com S. Paulo ou Sta. Catarina!

  15. P.S.: O cânon que citei acima tem um correspondente no Código de 83:

    Can. 1373. Quem publicamente excitar aversão ou ódios dos súbditos contra a Sé Apostólica ou contra o Ordinário por causa de algum acto do poder ou do ministério eclesiástico, ou provocar os súbditos à desobediência aos mesmos, seja punido com o interdito ou outras penas justas.

  16. Sr. Jorge,

    “Os que não querem a minha aprovação podem simplesmente me ignorar.”
    Faça o mesmo com os tradicionalistas. Ignore-os, mas não os ofenda. Você já teve a coragem, o abuso de ofender e atacar a Monsenhor Lefèbvre!!! Que tal você aplicar os cânones citados a si mesmo e refletir que você atacou um bispo da Igreja que nada estava fazendo senão lutar – e respeitosamente – contra os erros que ameaçavam e cada vez mais ameaçam a Igreja. Você pode criticar bispos, mas os outros não podem criticar o “bispo de Roma”? Um tantinho incoerente de sua parte, não?
    Quanto aos 2 cânones citados, quero vê-los aplicados, na dureza e crueza, a Boffs, Bettos, Gutierrez, Hans Küng e “tutti e quanti”. Curiosamente, a esses piores inimigos da Igreja a lei não se aplica? Não há excomunhão? São autores vendidos nas (agora sim!!) sedizentes “editoras católicas” sem qualquer punição ou problema!!! E você ainda tem a coragem de dizer que “Os detratores do Romano Pontífice, sim, vêm sendo perseguidos, graças ao bom Deus “? Ou será que Boffs, Bettos et caterva são aliados do Papa?
    Os padres e bispos que celebram, inclusive, missa na maçonaria não sofrem qualquer sanção, mas os Franciscanos da Imaculada têm o seu direito de celebrar no Rito Tridentino abrogado. Mas ai de quem disser algo, pois aí vem algum bandeirinha do juízo final apontar o indicador.
    E o que você achou da dancinha dos bispos na JMJ? Ela foi condizente com a dignidade e a gravidade do episcopado? Como são sucessores dos apóstolos, fico pensando se estes fariam o mesmo no Coliseu romano…
    Mas como há uma nova religião irenista (paz e amor, em bom português), temos não só de achar tudo normal, mas mesmo louvar a loucura humana.
    Quanto ao cânon do código de 83, está claro que “por causa de algum acto do poder ou do ministério eclesiástico” supõe que o ato seja ortodoxo. O que você propõe é o silêncio diante da heterodoxia.
    Espero que você aplique a mesma medida a suas palavras e atos e se desculpe, PUBLICAMENTE, pelos ataques que tem feito a Monsenhor Lefèbvre. Ou será que as leis canônicas só se aplicam quando estão do lado da causa que você defende?
    QUAL SUA JUSTIFICATIVA CANÔNICA PARA SEUS ATAQUES a um bispo da Igreja, Monsenhor Lefèbvre, que só fez amar a Igreja e a Cristo a ponto de sofrer o que sofreu por esse amor?
    Repito: QUAL SUA JUSTIFICATIVA CANÔNICA PARA SEUS ATAQUES?
    Aguardo resposta…

  17. Qualquer mínimo passeio pelo Deus lo Vult! revela que eu não poupo pretensos teólogos católicos e nem sedizentes editoras católicas. Os ditos “tradicionalistas” não são a única cepa dos inimigos da Igreja que detém a exclusividade da minha atenção.

    Sim, há uma enorme diferença entre criticar bispos e criticar o Sumo Pontífice, malgrado a sua mentalidade modernista pense ser tudo a mesma coisa e veja “incoerência” em quem atribui ao Bispo de Roma prerrogativas que não cabem aos demais bispos da Igreja!

    Quanto à «justificativa canônica» para rejeitar o proto-cisma de D. Lefèbvre e seus sequazes, está aqui:

    Mas é sobretudo contraditória uma noção de Tradição que se opõe ao Magistério universal da Igreja, do qual é detentor o Bispo de Roma e o Colégio dos Bispos. Não se pode permanecer fiel à Tradição rompendo o vinculo eclesial com aquele a quem o próprio Cristo, na pessoa do Apostolo Pedro, confiou o ministério da unidade na sua Igreja.

    E ainda:

    Nas presentes circunstáncias, desejo sobretudo dirigir um apelo, ao mesmo tempo solene e comovido, paterno e fraterno, a todos aqueles que até agora, de diversos modos, estiveram ligados ao movimento do Arcebispo Lefebvre, a fim de que cumpram o grave dever de permanecerem unidos ao Vigário de Cristo na unidade da Igreja Católica, e de não continuarem a apoiar de modo algum esse movimento. Ninguém deve ignorar que a adesão formal ao cisma constitui grave ofensa a Deus e comporta a excomunhão estabelecida pelo Direito da Igreja.

    Bonifácio VIII definiu ser «absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana seja submissa ao Romano Pontífice» (Unam Sanctam). Naturalmente, isso não poderia ser fácil, porque não é fácil entrar pela porta estreita que conduz ao Reino. Mas é necessário. Esta submissão tem que ser concreta e verdadeira. Não pode ser apenas “da boca pra fora”, precisa redundar em atos concretos de sujeição ao Cristo-na-Terra. Se bem que, nos últimos tempos, muitos “tradicionalistas” já abandonaram até a parte do «da boca pra fora» e agora bradam diuturnamente a sua insubmissão por atos e por palavras… quando não se vive de acordo com o que se crê, acaba-se crendo como se vive. Mais uma vez, a Igreja está certa.

    Abraços,
    Jorge Ferraz

  18. Sr. Jorge,

    “há uma enorme diferença entre criticar bispos e criticar o Sumo Pontífice”.
    Curioso, já que o atual papa se iguala aos bispos ao dizer que ele é o “bispo de Roma”. Será que o seu raciocínio ainda se aplica?

    ” proto-cisma de D. Lefèbvre”.

    Sua acusação é falsa e temerária. D. Lefèbvre nunca estabeleceu um cisma e qualquer um que conheça minimamente a FSSPX sabe que reconhecem TODOS os papas depois do CVII e rezam por eles.

    Creio que você deve começar, urgentemente, a maldizer Sto. Tomás de Aquino, afinal, após sua morte, ele teve seu ensino condenado pelo então bispo de Paris, Estêvão Tempier, o que o colocaria na categoria de herege…

    MAS VOCÊ AINDA NÃO RESPONDEU A PERGUNTAS QUE FIZ:

    a) Afinal, o seu Deus é católico ou não é? Se Ele não é católico, então o que você é? Se Ele é católico, então o papa errou… Mas como você fica agora? Eu fico com o Deus católico…

    b) o que você achou da dancinha (seria o “Show dos Poderosos”?) dos bispos na JMJ? Ou será que temos de aprovar isso, nós, os “nosdizentes” tradicionalistas”?

    c) E o “cruzado” que aparece no tema do seu blog? Ele era um “matador” de infiéis, alguém que “matava em nome de Deus”. Você não acha isso um tanto contraditório? Não é antiecumênico?

    Aguardo resposta. Gostaria de saber o que pensa desse tema aquele que se julga um verdadeiro católico.

    Acrescento mais uma pergunta:

    Se o papa se declara apenas bispo de Roma, é lícito criticá-lo?

    Não deixe de responder às perguntas, de forma clara e objetiva (sim, sim, não, não!).

  19. “Quanto ao cânon do código de 83, está claro que “por causa de algum acto do poder ou do ministério eclesiástico” supõe que o ato seja ortodoxo. O que você propõe é o silêncio diante da heterodoxia.”

    Disse tudo. A oposição ao Papa se dá por coisas que ele disse em entrevistas a pseudo-jornalistas ateus. Está a quilômetros de distância de ‘algum acto do poder ou do ministério eclesiástico” E ainda que se diga que o caso dos FI se inclua nesse ato do poder que é próprio do Papa, o grosso das críticas nesse caso se deram pelo fato de um direito reconhecido ser proibido a um grupo de sacerdotes. Tal ocorre quando se condiciona o oferecimento da Missa no rito tradicional a aprovação de seja lá quem for… Ainda não ficou claro quem terá a bondade de permitir os FI a celebrar o rito tradicional.

    O direito existe não apenas para fazer justiça a parte lesada, mas também para sujeitar as ações daquele que detém o governo, para que as ações de autoridade não se transforme em autoritarismo, transformando a vontade de um, sem qualquer vínculo, em norma absoluta das ações do individuo.

    Você publicou um artigo do IL Foglio (que diga-se, também publica as críticas) em que diz o título “Entendo o mal-estar, mas na Igreja ou se caminha com o Papa ou se vai em direção ao cisma» ” Mas felizmente a submissão hierárquica não é o único critério de pertença a verdadeira Igreja, restando a profissão da verdadeira fé e recepção dos mesmos sacramentos.

    O erro já começa pelo título em que ilude os mais desavisados, provocando uma confusão entre comunhão hierárquica e atos de governo legítimos com o caminhar com o Papa. Claramente uma frase calculada para constranger os críticos, como se esses recusassem a comunhão hierárquica e pelo simples fatos de criticarem ações papais dignas de criticas caminhassem em direção ao cisma. Pura calúnia…

    Infelizmente não podemos ‘caminhar’ com os últimos Papas em uma série de ações que contradizem a verdadeira fé. Só como exemplo, cito os encontros inter-religiosos de Assis. Não caminhar com o Papa nessa direção e ainda por cima criticá-lo está longe de ser uma caminhada em direção ao cisma. O que nos leva a questão Lefebvre.

    Jorge, você está longe de enxergar a situação da Igreja como um justo. Você a enxerga como a um legalista, se aproveitando de toda uma realidade fabricada por um documento iníquo, achando que com isso pode colocar uma mancha na biografia do Santo bispo.

    Pois para vocês, neo-conservadores de araque (há aqueles honestos que não tem esse comportamento deplorável contra Dom Lefebvre) sempre restará a reivindicação da hermenêutica da continuidade sem jamais demonstrá-la.

    E sempre poderão recorrer ao MP Ecclesia Dei para lançar a calunia de que D. Lefebvre possuía uma contraditória noção de Tradição… mas sem jamais demonstrar aonde se encontra essa contradição, pois o santo bispo nunca sofreu qualquer tipo de censura em relação a doutrina. Seria muito fácil para JP II, citar apenas uma doutrina que o bispo pregou e que fosse contrária a Tradição. Mas nem isso pôde, pois não havia nenhuma.

    Para concluir, repito uma frase sua:

    “No entanto, como isto aqui não é foro para julgar as intenções de ninguém, é preciso chamar as coisas pelo que elas são objetivamente e no foro externo”

    Pois é isso que eu faço. JP II, ele sim, tem ações e doutrinas que se afastam da tradição católica.

    JP II, ele sim, por qualquer outro Papa anterior ao CV II, seria suspeito de heresia com possibilidade de excomunhão. Não D. Lefebvre.

    A comparação é até constrangedora.

    Isso, lógico, apenas no foro externo.

    A realidade fabricada jamais será mais forte que a realidade, simples e pura.

  20. Sr. Torre Queimada,

    Curioso, já que o atual papa se iguala aos bispos ao dizer que ele é o “bispo de Roma”. Será que o seu raciocínio ainda se aplica?

    Sim.

    Sua acusação é falsa e temerária. D. Lefèbvre nunca estabeleceu um cisma

    É sua opinião? João Paulo II discorda de você, como citado. Entre você e o Papa, fico com o Papa.

    [Santo Tomás] teve seu ensino condenado pelo então bispo de Paris, Estêvão Tempier, o que o colocaria na categoria de herege…

    E Kiko? Mais uma vez, uma coisa é um bispo de Paris e, outra, o infalível Vigário de Cristo.

    Afinal, o seu Deus é católico ou não é?

    No sentido de que é o Deus revelado pela Doutrina Católica, sim, é.

    No mesmo sentido em que são «católicos» todos os católicos do mundo, não, não é.

    o que você achou da dancinha (seria o “Show dos Poderosos”?) dos bispos na JMJ?

    Tosca.

    E o “cruzado” que aparece no tema do seu blog? Ele era um “matador” de infiéis, alguém que “matava em nome de Deus”.

    Não, não era. Era um santo em Guerra Justa contra os inimigos da Cristandade.

    Você não acha isso um tanto contraditório?

    Não.

    Não é antiecumênico?

    Não.

    Se o papa se declara apenas bispo de Roma, é lícito criticá-lo?

    Não.

    – Jorge

  21. Disse tudo. A oposição ao Papa se dá por coisas que ele disse em entrevistas a pseudo-jornalistas ateus. Está a quilômetros de distância de ‘algum acto do poder ou do ministério eclesiástico”

    Acontece que você convenientemente se “esqueceu” do vel: «ou provocar os súbditos à desobediência aos mesmos».

    E ainda que se diga que o caso dos FI se inclua nesse ato do poder que é próprio do Papa, o grosso das críticas nesse caso se deram (…)

    Mimimimi. Não encontrei no CIC esta ressalva: pode descer o sarrafo no Papa caso se ache que um outro ato de governo poderia ser melhor. Pode me mostrar?

    Claramente uma frase calculada para constranger os críticos, como se esses recusassem a comunhão hierárquica e pelo simples fatos de criticarem ações papais dignas de criticas caminhassem em direção ao cisma. Pura calúnia…

    Sua opinião? A do Introvigne me parece muito melhor fundamentada.

    uma realidade fabricada por um documento iníquo

    Again, quem detém o sumo poder de governo na Igreja é o Papa. Quem disse que o documento é «iníquo»? Você? E quanto à proibição canônica de se excitar publicamente a aversão dos súditos contra a Sé Apostólica «por causa de algum acto do poder»? O motu proprio não é ato de poder? Ou você, na sua sanha Papoclasta, também acha que está acima do Direito Canônico, decidindo ao seu arbítrio o que tem que ser aceito e o que pode ser achincalhado?

    Quanto mais mexe, mais fede.

    A realidade fabricada jamais será mais forte que a realidade, simples e pura.

    É verdade!

    CIC: Quem «provocar os súbditos à desobediência [à Sé Apostólica] (…) seja punido com o interdito ou outras penas justas».
    PEDRO: João Paulo II «tem ações e doutrinas que se afastam da tradição católica» e antes do Vaticano II «seria suspeito de heresia com possibilidade de excomunhão».

    A «Terra do Nunca» onde vivem certos sedizentes tradicionalistas jamais poderá ser mais forte do que a realidade. Veja quem tem olhos para ver.

    Abraços,
    Jorge

  22. Eu também termino aqui (e não dando mais azo para continuidade), apenas repetindo uma frase sua. Entre JP II e Marcel Lefebvre:

    “Veja quem tem olhos para ver”

  23. Entre JPII e Lefebvre, mesmo preferindo a liturgia antiga, JPII, sem dúvida!

  24. Sr. Jorge,

    Ao dizer que a dança dos bispos na JMJ é “tosca”, você não se sente mal por estar “suscitando” o ódio contra os príncipes da Igreja? Talvez muitos “sedizentes vaticanosegundistas” pensem isso…

    E ao dizer que o cruzado “Era um santo em Guerra Justa contra os inimigos da Cristandade”, você acha que o atual papa vai concodar com isso? Se ele não concordar, você vai mudar a sua opinião ou você acha que a verdade está acima do próprio papa? Que tal você pedir desculpas à humanidade pelos males causados pelos cruzados? Seria bem “plenocomunhístico” de sua parte, afinal, o papa JPII já pediu tantas desculpas e até beijou o Alcorão? E você? Não vai beijar o Alcorão? Se não o fizer, isso pode ser interpretado como não “sentire cum ecclecia” e aí já viu? Você quer ser obendiente plenamente? Pois beije o Alcorão!!

    Você ofende os outros, sempre, por achar, arrogantemente, que é dono da verdade. Mas e o relativismo pregado abertamente, inclusive o relativismo moral, com a tal ideia de que “Cada um tem sua própria ideia de bem e mal e deve escolher seguir o bem e lutar contra o que considera o mal”? Nessas horas o relativismo não vale? Você não acha que deveria seguir o papa e respeitar aqueles que estão seguindo sua consciência e fazendo aquilo que lhes parece o bem, ainda que seja “criticar” o papa? Onde está a tua coerência? Não vai respeitar o ditame supremo da consciência? AGUARDO RESPOSTA.

    Se os outros são “papoclastas”, talvez você seja “papólatra”? Preciso explicar o sentido de “latria”? Já entendi que o importante para você é a “plena comunhão”. Mas essa “plena comunhão” é com quem ou com o quê? E a que preço?

    Poderia dizer quem entre Sr. Jorge e D. Lebfèvre, fico com o último. Mas na realidade, prefiro a verdade. Amicus papa, sed magis amica veritas…

    Outra coisa:

    Você concorda com tudo o que o papa está dizendo? Se não, já escreveu para ele – já que não pode criticá-lo em público – para admoestá-lo? Ou será que o silêncio é sua opção preferencial (expressão bem TL!!)?

  25. Torre Queimada,

    Ao dizer que a dança dos bispos na JMJ é “tosca”, você não se sente mal por estar “suscitando” o ódio contra os príncipes da Igreja?

    É por isso que, ao contrário de algumas pessoas, eu não fico rasgando as vestes de modo histriônico por conta de um “Flash Mob” irrelevante.

    E ao dizer que o cruzado “Era um santo em Guerra Justa contra os inimigos da Cristandade”, você acha que o atual papa vai concodar com isso?

    Sim.

    Que tal você pedir desculpas à humanidade pelos males causados pelos cruzados?

    Peço. Ó Humanidade, perdão! Pelos males causados por maus cruzados, por maus sacerdotes, por sedizentes tradicionalistas.

    E você? Não vai beijar o Alcorão?

    Não.

    Você quer ser obendiente plenamente? Pois beije o Alcorão!!

    Não existe nenhuma ordem pontifícia para que eu beije o Alcorão.

    Não vai respeitar o ditame supremo da consciência?

    Não existe nenhum «ditame supremo da consciência».

    Você concorda com tudo o que o papa está dizendo?

    Não. Por exemplo, não concordo em se dizer torcedor do San Lorenzo. Prefiro o Boca.

    Se não, já escreveu para ele – já que não pode criticá-lo em público – para admoestá-lo?

    Não me considero suficientemente importante para desperdiçar o tempo do Vigário de Cristo, que já tem tanto o que fazer.

    – Jorge

  26. Bem, como surgiu um fato novo… retorno… O papa, diferentemente de seus cortesões, considera que as críticas feitas a ele foram feitas por amor. O próprio Papa reconheceu… e longe de considerar que seus críticos esbravejavam contra ele e disseminavam a desconfiança contra sua pessoa, o próprio Papa reconheceu que as críticas foram importantes.

    “I was astonished, amazed, above all moved: for me, as a Catholic, that which I was experiencing was one of the most beautiful experiences in my life. But I felt the duty to remind the Pope that I, together wih Gnocchi, had expressed specific criticisms regarding his work, while I renewed my total fidelity [to him] as a son of the Church. The Pope almost did not let me finish the sentence, saying that he had understood that those criticisms had been made with love, and how important it had been for him to receive them.” [These words] “comforted me greatly.”

    As críticas tradicionalistas, não obstante o enorme bem que podem fazer a Igreja, podem inclusive salvar a alma do ocupante do trono de Pedro, serem elas motivadas em estrita fidelidade ao magistério tradicional, isso incluindo os documentos do pós-concilio, como a veritatis splendor. Pois há muitos prontos a encontrarem ortodoxia e hermeneutica da continuidade em toda e qualquer palavra do Papa… em toda e qualquer ação….

    http://rorate-caeli.blogspot.com/2013/11/pope-personally-calls-traditional.html

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