Nem só de zelo são feitos os santos

Algumas pessoas já sabem, mas acho que não mencionei aqui o caso de dois periodistas italianos que foram demitidos de uma rádio (católica) após terem escrito um artigo em que teciam duras críticas ao Papa Francisco. A notícia (bem como o artigo escrito por Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro) pode ser lida em espanhol aqui.

Os dois italianos não são um caso isolado. Ainda outro dia, El País – sim, El País! – publicou uma dura carta de uma senhora mexicana ao Papa, cujo conteúdo era muito semelhante ao deste artigo dos dois ex-radialistas da Rádio Maria. Compadeci-me com a perplejidad da Lucrecia Rego de Planas. Com o que não pude concordar foi com a divulgação pública da carta. Que bem imaginam estas pessoas fazerem ao disseminar a desconfiança para com o Vigário de Cristo?

O «escândalo dos pequeninos» não se encontra em meia dúzia de frases toscas que a mídia secular lê sob sua própria ótica desfocada. O escândalo, o escândalo grande e verdadeiro, encontra-se em católicos esbravejando publicamente contra o Romano Pontífice. Coisa mais anti-tradicional do que isso não existe. A Igreja não é uma democracia na qual cada um dos fiéis é poder constituinte originário. A mentalidade de se fazer abaixo-assinados e lobby político para provocar mudanças nas esferas superiores de poder simplesmente não é católica.

Não interessa aqui o quão «justas» estes católicos julguem as reivindicações que fazem. Interessa também e principalmente o meio pelo qual elas são feitas. Afinal de contas, ao contrário do que ensinava Maquiavel, os fins não justificam os meios. De nada adianta alguém fazer a melhor coisa do mundo através de expedientes francamente deploráveis.

Sim, Santa Catarina de Siena atacou duramente o Papa. Mas ela dirigiu os seus ataques ao Papa. O sujeito que se senta na internet para vomitar impropérios contra o Romano Pontífice em nada se assemelha à Virgem de Siena, simplesmente porque os ataques despejados nos meios de comunicação em massa dirigem-se primariamente às massas, e não aos indivíduos. Um equivalente medieval desse péssimo hábito contemporâneo seria se, durante o exílio de Avignon, os católicos distribuíssem nas vilas e cidades panfletos mal-educados atacando a pusilanimidade de Gregório XI. É bastante claro que Santa Catarina não fez jamais nada sequer minimamente parecido com isso. Nunca ninguém fez nada parecido com isso.

Aliás, corrijo-me: já houve, sim, quem fizesse algo parecido com isso. Recordo-me de um nome: Savonarola. O pregador dominicano passou à história por despejar do púlpito os mais virulentos ataques contra a Cúria Romana e o Papa… Alexandre VI. Ora, perto de Alexandre VI, qualquer dos Papas do século XX pode pleitear a sua conceição imaculada!

Savonarola é porventura santo? Por acaso a Igreja o elegeu como modelo de virtudes a servir de exemplo para os fiéis católicos? Muito pelo contrário. Foi censurado diversas vezes por Roma, excomungado por fim, e morreu na forca. Sobre este interessante personagem D. Estêvão Bettencourt escreveu o seguinte:

Objetivamente falando, o procedimento do pregador florentino merece reprovação. Movido pela obsessão de pretensa vocação profética, excedeu os limites da reverência e da obediência na tarefa que ele se propôs, de repreender não somente as multidões populares, mas também as autoridades civis e religiosas. Não se poderia legitimar a sua insubmissão ao Papa Alexandre VI, que, apesar de graves deficiências, era o legítimo Pontífice (a propósito de Alexandre VI veja-se “P.R.” 4/1958, qu. 11). Acreditando arbitrariamente em sinais extraordinários, o pregador deixou-se alucinar e distanciou-se da realidade.

E sobre ele o velho beneditino ainda acrescenta estas palavras que deveriam ser gravadas em pedra e meditadas sete vezes por dia por todos os que se arvoram juízes dos Sumos Pontífices: «Infelizmente porém, não percebeu (ao menos, em sua conduta prática) que a fidelidade a Cristo e [à] Igreja implica necessariamente fidelidade ao Papa, mesmo a um Alexandre VI».

Diante de tudo isso, o que dizer de dois jornalistas italianos que jogam na imprensa um artigo intitulado «Questo Papa non ci piace»? Acaso se pode criticar o padre que prontamente os dispensou dos seus serviços a uma Rádio Católica? Se vivessem em fins do século XV, acontecer-lhes-ia coisa muito pior. A história nos ensina que nem só de zelo são feitos os santos. Os detratores do Papa Francisco deveriam se olhar mais atentamente no espelho: talvez o negro que lá vislumbrem não seja o do hábito de Santa Catarina. Cuidem para que não seja, ao contrário, um prenúncio do triste fim de Savonarola.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

57 comentários em “Nem só de zelo são feitos os santos”

  1. Porque os fariseus e doutores da lei,naõ conseguiam entender o que Jesus ensinava? para eles o sábado era mais importante do que curar, a letra morta mais importante que o espírito.Alguns grupos de novos integristas,muitos cismáticos e sedevacantistas,no qual o diálogo é impossível,pois se auto denominam defensores da única tradiçaõ(que eles entendem),de uma igreja de “sempre”,naõ cansam de esbravejar contra os Papas conciliares e o atual,contra o episcopado,contra o magistério,o novus ordos……Pena que muitos jovens,desejosos de conhecer a verdadeira tradiçaõ da igreja,deixam-se levar por essas armadilhas.A segurança está na barca de Pedro,e naõ em “priorados piratas”.

  2. Confusão, confusão… leia este aqui: rorate-caeli.blogspot.com/2013/09/oh-catholic-life-was-just-horrible.html

    Alexandre VI era imoral mas nunca ensinou bobagem. Francisco faz o contrário. É um papa renascentista invertido. O que é melhor? Eu sinceramente preferia um Alexandre VI. Resistir às bobagens ditas e feitas pelo papa Francisco é perfeitamente legítimo. Não somos bergoglistas, somos católicos. Bergoglio age como se a religião católica fosse ele e seus caprichos, como se não tivesse um passado a que ele próprio deve ser fiel.

    Comparar a destruição promovida pelo papa Francisco com o santo padre Alexandre VI chega a ser sacanagem com este último. Melhor um papa hipócrita do que um desorientado. Um hipócrita se perde sozinho, um desorientado perde todo mundo. Hoje a desorientação já teve mais um capítulo: fratresinunum.com/2013/10/15/frase-do-dia/. Ninguém pode ser obrigado a tolerar isso calado.

    Gnocchi e Palmaro escreveram bem. E vale a pena também ler a recente entrevista deles: blog.messainlatino.it/2013/10/intervista-gnocchi-e-palmaro-dopo-la.html

  3. Ao capitão da Nau, pede-se firmeza; mantendo-a na rota traçada pela carta náutica. Ao Pontífice, espera-se clareza quanto aos valores da Igreja. Relativismo também é uma frase dita sem a objetividade necessária.

  4. É deplorável a atitude que determinados tipos de católicos estão tomando em relação ao atual Papa. Verdadeiramente triste e indigna de cristãos. Chega a enojar ver o tamanho da maldade expressa em alguns comentários. Não tanto pelas ideias em si, afinal cada um tem direito de tê-las, mas pela forma como são colocadas, as palavras empregadas, o profundo desrespeito, desdém, soberba e falta de caridade.
    Na verdade, estão apenas revelando aquilo que se vai nos seus corações: negritude.

  5. Se meu pai ou minha mãe estão desorientados, eu como filho devo colocar eles no rumo mas não publicamente, mas reservadamente, pois eles são meus pais, e estão acima de mim, do contrário isto será falta de respeito.

  6. Se fosse no tempo de Savonarola talvez esses dois jornalistas se dessem pior do que hoje, no tempo de Francisco. Mas se a volta no tempo desses jornalistas não se desse em cinco séculos, mas em meros cinco anos (me fazendo mais claro, aos tempos de Bento XVI), teriam sido demitidos? O que aconteceu aos detratores de Bento XVI dentro da Igreja? Os motivos das críticas a Francisco e aquelas que faziam contra Bento XVI estão em igual acordo ou desacordo em relação à doutrina católica?

    Quanto ao horror à crítica publica, jogar toda e qualquer crítica no rol da desonra aos pais e superiores (ou, como já li, classificar como revolta, protestantismo, lesa-majestade, usurpação das prerrogativas do Papa, revolução, etc e etc) é coisa de quem prega um voto de silêncio alheio à natureza da Igreja e muito comum a seitas.
    Obviamente, nem toda crítica e forma de crítica é válida. Muitas são realmente pecaminosas. Mas o pecado está em dizer que ele disse o que na verdade não disse. Não há mal nenhum em mostrar que ele disse o que realmente disse.

    “Se errei dize-me onde. Senão, porque me bates?”

    O que querem os entusiastas do voto de “silêncio de caridade”? Que os motivos de escândalo sejam silenciados na esperança de ninguém perceber?

  7. Savonarola NÃO foi enforcado por ter denunciado publicamente as sem-vergonhices de Alexandre VI. Isso seria altamente desabonador para à Igreja já que as acusações eram verdadeiras. O Cardeal Della Rovere fazia exatamente o mesmo (denunciava publicamente Alexandre VI) e, após a morte deste, tornou-se o Papa Júlio II.

    Savonarola patrocinou um golpe de estado em Florença fundando uma república teocrática nesta cidade. Além de um puritano herege, era uma ameaça à segurança pública e por isso foi justamente enforcado.

  8. É deplorável que certos católicos sejam tão zelosos em criticar seus irmãos de fé.

    Se o Papa Francisco não ousa julgar os sodomitas, quem somos nós para julgar a Sra. Lucrecia Rego de Planas, católica devota e mãe de nove filhos?

    Em vez de critica-la, deveríamos agradecer-lhe por, ao seguir sua consciência e procurar o Bem, tornar o mundo um lugar cada vez melhor.

  9. Insiste-se na mentira em informar que os que se opõem a Francisco se baseiam em distorções que a mídia secular faz em relação ao que o Papa diz… quanta malícia…

    É evidente que não é legítima a pressão que os inferiores fazem para mudar o procedimento dos superiores, ainda mais na Igreja de Cristo, uma monarquia. Mas tal nunca aconteceu. Que coisa feia atribuir uma intenção tão maldosa aos outros, tudo porque estes não se assentam na roda dos cortesões do Papa Francisco e diz que tudo está normal, nada mudou, há perfeita continuidade.

    O que aconteceu e acontece, são FIEIS de Cristo e amantes de Sua Igreja, resistindo a um Papa cujas ações destroem a Igreja e, sim, pressionando-o, mas não com interesses partidários e mesquinhos, mas para que o Pontífice seja fiel ao evangelho e à Tradição. E isso é perfeitamente católico.

    Deixe de agir com falsidade, embora nem perceba que aja assim, e pare de agir como se fosse o detentor das boas intenções. As críticas as ações do Papa romperam toda e qualquer barreira, sendo que até neo-cons estão insatisfeitos com as ações do atual Papa. Por enquanto só progressistas, ultra-modernistas, liberais, a midia secular, etc., se alegram com o atual Papa. E por enquanto ele não não fez nada que desagradasse esses setores.

    Eu, assim como muitos católicos fieis a Tradição, também não criticamos o Papa em caixa de comentários de sites da grande mídia (ali só há bajulação dos não-católicos), mas limitamo-nos a mostrar nossa insatisfação com suas ações nos blogs que frequentamos, muito longe de prejudicar a imagem e o respeito que se deve ao Papa.

    Desde que você postou algumas fotos sua num show de pop-rock, mostrando toda sua admiração por um ex-beatle, que não comento mais aqui. Não deixei de visitar o blog, mas faço uma vez por semana. Resolvi comentar, porque algumas falsidades precisavam ser desfeitas.

  10. André,

    “Se errei dize-me onde. Senão, porque me bates?”

    O que querem os entusiastas do voto de “silêncio de caridade”? Que os motivos de escândalo sejam silenciados na esperança de ninguém perceber?

    Não é possível que eu tenha tanta dificuldade de expressão assim: eu já disse que o erro está no método anti-católico de se alardear aos quatro ventos brados de insubmissão ao Romano Pontífice!

    E, como eu também disse, os «motivos de escândalo» aqui são os católicos avançando raivosamente contra o Vigário de Cristo, que causam um estrago muito maior do que as interpretações loucas que a mídia anti-católica faz do Papa Francisco.

    Abraços,
    Jorge

  11. JB,

    Eu sinceramente desconheço essa equiparação entre Savonarola e o Card. Della Rovere. A Enciclopédia Católica parece não a considerar digna de nota. Conspirar com um rei para convocar um Concílio onde se pretendia depôr o Papa por sua má conduta é (um pouco mais do que) ligeiramente diferente de consagrar o púlpito à difamação sistemática e constante do Vigário de Cristo. Foi por este seu estilo que Savonarola ficou conhecido.

    O dominicano foi enforcado à revelia de Roma, como soíam ser estas condenações. A «república teocrática» à qual você se refere era, precisamente, o apoio à deposição de Alexandre VI por sua má conduta moral. Imaginar que se possam separar as duas coisas (a crença íntima de que Alexandre VI não era Papa e os vitupérios públicos que o frade lhe dirigia, por um lado, e as articulações práticas para o depôr de fato, por outro) é querer aplicar à história uma abstração analítica que ela não comporta.

    Quanto às críticas aos meus irmãos de Fé… bom, JB, se eu sou sincero e busco a Deus, e sigo o que parece o Bem à minha consciência, quem é você para me julgar? :-)

    Abraços,
    Jorge

  12. Pedro,

    Não há nada de «perfeitamente católico» em dedicar a vida a difamar em público o Romano Pontífice. Aliás, provavelmente não há nada menos católico do que isso. Se você não percebe o imensíssimo mal que causa à imagem do Papa mostrar insatisfação nos blogs que vocês frequentam, você precisa sair um pouco deles e olhar para o que acontece ao seu redor. Em um blog se fala para o mundo. Não entender isso (e imaginar que por alguma razão é a mesma coisa que uma carta pessoal enviada pela Virgem de Siena a Gregório XI) é estar completamente alienado da realidade.

    Por fim, eu não tirei nenhuma foto do (excelente!) show de Paul McCartney sobre o qual falei aqui. Você deve estar se confundindo de Jorge :)

    Abraços,
    Jorge Ferraz

  13. Ah, e a entrevista ao Messa in latino é de uma injustiça atroz e ilustra muito bem o que estou dizendo. Por exemplo:

    «È facile dire che trecento morti a Lampedusa sono “una vergogna”. Più difficile dire che trecento bambini abortiti legalmente in Italia ogni giorno sono una vergogna ancor più grande».

    Oras, e ele porventura não disse? «Cada criança não nascida, mas condenada injustamente a ser abortada, tem a face de Jesus Cristo, tem a face do Senhor, que mesmo antes de nascer, e depois apenas nascido experimentou a rejeição do mundo».

    «Se Santa Caterina non avesse rimbrottato i papi, oggi Avignone sarebbe ancora la sede del papato».

    Como eu disse, o equivalente medieval de publicar um artigo contra o Papa nos meios de comunicação em massa seria se Sta. Catarina saísse de porta em porta distribuindo panfletos contra a covardia dos Papas do Exílio, donde a comparação é francamente descabida. Sta. Catarina escreveu ao Papa, os dois articulistas escrevem ao mundo, e pretendem que tudo isso seja a mesma coisa?

    Abraços,
    Jorge

  14. Ah, então eu peço que me perdoe. Eu me confundi em relação a foto (não ao fato). E cuidado com o vocabulário, meu caro! As palavras tem seus significados e atribuir a alguém aquilo que corresponde aos fatos não é apenas desonesto, mas pecado.

    Primeiro, ninguém dedica a vida a difamar o Romano Pontífice em público. Que eu saiba, apesar do Papa ser o chefe supremo da Igreja, ele não está isento de críticas pelas suas ações, quando essas são prejudiciais ao Corpo Místico, do mesmo modo que um bispo ou padre. Eu mesmo já vi críticas a bispos nesse blog. Retomando, não dedicamos a vida a difamá-lo, pois não atribuímos nada ao Papa que ele mesmo não tenha dito ou feito. Como por exemplo o caso dos FI. Demonstrar insatisfação com tal fato e mostrar reprovação não é apenas questão de sensatez, mas de justiça. Já que o mesmo procedimento não é visto com verdadeiros tumores que matam a vida da alma dos membros da Igreja. Mas esse foi só um exemplo.

    Mas também há as tolices que Francisco disse. E longe de sermos uns bobos da corte, pronto a aplaudi-lo e justificá-lo em tudo que disse e diz, analisamos sua veroborragia (longe de ser magistério da Igreja essas entrevistas) de acordo com a doutrina católica. SIm, doutrina exposta por JP II e Bento XVI, que também mereciam críticas por suas ações, mas que no LEGÍTIMO exercício do ministério petrino, seus ensinos autênticos estão servindo como uma barreira para essas entrevistas mal dadas pelo Papa. Coloquei a palavra legítimo em letras maiúsculas, porque há um ilegítimo que prejudica grandemente a Igreja, que são essas entrevistas e esse ecumenismo apóstata.

    Eu desafio você. Pegue autores reconhecidamente tradicionalistas, como Roberto de Mattei, Cristina Siccardi, Alessandro Gnocchi, Mario Palmaro, os responsáveis pelo site The Remnant e mostre como os artigos desses escritores refutando as tolices ‘anti-magistério’ de Francisco são apenas baseados em distorções que a mídia faz. Ah, faça-me o favor. Você não pode pegar um ou outro comentário de um mais exaltado e atribuir a toda uma ‘corrente’ da Igreja.

    A questão é que você, Jorge, se considera o detentor exclusivo da boa intenção e não percebe a sua cegueira. Seu bom desejo de defender a Igreja te faz ficar cego para aquilo que a prejudica. O silêncio neo-conservador se transforma em papolatria, elevando o ocupante do sucessor de Pedro num monarca absolutista, incapaz de errar e de pecar.

    O que move a esses que se opuseram a Francisco (inclusive pessoas não ligadas ao mundo tradicionalista) é a caridade, que ‘não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade’. Sim, utilizo a frase do mesmo apóstolo que se opôs ao primeiro Papa, pelo bem da Igreja e no entanto não deixou de amá-lo e de se submeter a ele. Isso sim é ser católico. Quando as ações até mesmo de um Papa podem prejudicar a Igreja é dever dos mais capacitados opor-se. Isso é perfeitamente católico, repito. A sua distorção mentirosa é que não é cristã e também recusamos tal procedimento.

    Bem, é você que me parece agir como um falso escandalizado. Perdoe-me dizer isso. Mas você atribui a pessoas que não conhece um conjunto de termos que esses sim podem ser caracterizados como difamação, calúnia, detração, etc.

    Acusar-nos de falsos escandalizados, de difamadores, de detratores…

  15. Só uma correção e um complemento:

    As palavras tem seus significados e atribuir a alguém aquilo que NÃO corresponde aos fatos não é apenas desonesto, mas pecado.

    Agora o complemento, apesar de Bento XVI também me parecer um liberal, ele estava longe de receber as críticas que Francisco vem recebendo. Havia certa paz e até admiração de alguns tradicionalistas por ele. Só esse fato já demonstra que o ocupante do trono petrino não precisa fazer muito para ganhar nossa estima, já que a caridade sobrenatural é mais do que obrigação.

  16. Pedro,

    «Dedicar a vida a difamar o Romano Pontífice» é uma figura de linguagem que se presta muito bem, sim, a certa categoria de sedizentes “tradicionalistas” que em nada contribuem para o bem da Igreja – muito pelo contrário.

    Não, um Papa não pode ser jamais tratado «do mesmo modo que um bispo ou padre». Mais uma vez, este igualitarismo revolucionário é estranho à Igreja e é causa de não poucas mazelas para o catolicismo atual.

    O caso dos Franciscanos da Imaculada é um perfeito exemplo de como o rasgar de vestes público e histérico prejudica um milhão de vezes mais do que a própria atitude pontifícia criticada. O Papa tomou uma medida disciplinar perfeitamente legítima que se dirige a um grupo específico de religiosos, cuja maioria inclusive a apóia. Oficialmente, o instituto professou devota obbedienza à intervenção pontifícia. Daí os detratores do Papa, que em sua maior parte não têm nada a ver com os FI, extrapolam loucamente este ato de governo em visibilidade (levando para o mundo inteiro um problema interno de uma Ordem Religiosa) e em significado (transformando-o na ruptura definitiva entre o Papa Francisco e o Summorum Pontificum), gerando um mal-estar generalizado que de modo algum poderia ser provocado pela decisão do Papa sozinha!

    O mesmo se diga das entrevistas pontifícias, doutrinariamente perfeitas em todos os pontos que provocaram celeuma (seguir a consciência, Deus não é católico, obsessão com aborto, não julgar os gays, etc., etc.), como eu já demonstrei à exaustão aqui. Use a busca do site. Questiúnculas menores sobre a informalidade de um discurso que – como você bem apontou – não é Magistério ou sobre os possíveis efeitos sociais negativos que ele pode provocar não legitimam a beligerância com a qual o Vigário de Cristo é publicamente tratado por alguns. Quer combater as distorções da mídia, combata, faz muito bem. Quer explicar melhor a Doutrina Católica, explique, excelente. Mas se quer questionar o Romano Pontífice, dirija-se diretamente a ele, ou reze, porque semear publicamente a desconfiança para com o Vigário de Cristo e incitar ao ódio contra ele não é católico. Isso não tem nada a ver com «papolatria» e nem com dizer que o Papa é «incapaz de errar e de pecar»; isto é o Quarto Mandamento.

    Que pretensos «mais capacitados» (sic) do que o Papa julguem dever difamá-lo publicamente pode ser qualquer coisa, menos «caridade». A não ser que seja a mesma «caridade» que levou Savonarola à forca, que certamente não é a virtude teologal da Caritas.

    E eu não me considero jamais «o detentor exclusivo da boa intenção». Muito pelo contrário, eu acho que todo mundo – inclusive os sedevacantistas que comentam aqui – tem intenções excelentes. No entanto, como isto aqui não é foro para julgar as intenções de ninguém, é preciso chamar as coisas pelo que elas são objetivamente e no foro externo. E, como eu disse neste post, os fins, por mais nobres que sejam, não justificam os meios. E gritar para o mundo inteiro que o Papa é um tolo (você) modernista (d. Fellay) empenhado em prejudicar a Igreja (ambos) é um expediente estranho e daninho ao Catolicismo, deplorável e que deve ser combatido.

    Abraços,
    Jorge Ferraz

  17. Sejamos honestos, a má-vontade em relação ao Papa Francisco surgiu logo após a sua eleição. Mal eleito, e pipocaram na internet artigos difamatórios contra a Sua pessoa. A impressão que tenho é que alguns católicos apenas esperavam, secreta e ansiosamente, por uma oportunidade para despejar toda a sua ira contra a Igreja. A Igreja que nunca aceitaram verdadeiramente, porque não se encaixa nos moldes daquilo que supõem ser a verdadeira Igreja. Aliás, observo que, embora não o admitam e tentem disfarçar, a grande maioria desses católicos não dizia coisas muito melhores a respeito do Papa Bento, isso é fato. Admitamos também, com toda honestidade que nos é possível, que há uma enorme diferença entre lutar por uma Igreja melhor – pelo exemplo ou por palavras – e lançar publicamente palavras ofensivas ou desafiadoras ao Papa. Não é possível que não reconheçam a diferença…..
    E isso não tem nada a haver com “silêncio caridoso”. Falemos, sim, façamos debates, incentivemos o estudo, a reflexão, mas como pessoas que amam a sua Igreja e não nos portando pior do que os seus piores inimigos.
    Recordo-me de um texto publicado neste blog no início do pontificado de Papa Francisco sob o título “Considerações preliminares sobre o Papa Francisco”.
    Peço permissão para transcrever uma passagem que julgo muito apropriada para a situação atual:
    ” É Deus que salva a Sua Igreja. É Ele que salva inclusive os Papas, seus vigários.
    É pecado confiar no homem e é pecado igualmente desesperar por conta dele.”
    Convenhamos, isso vai muito muito além de uma republiqueta democrática , na qual cada um faz e pensa o que quer, do jeito que quiser, que alguns católicos confundem com Igreja.
    Que Deus nos abençoe.

  18. Que gritar para o mundo inteiro o que, rapaz. Pare de desvirtuar as coisas. Perdeu o senso das proporções?! Você está longe de enxergar as coisas objetivamente e no foro externo. Só as enxerga de acordo com a própria perspectiva. Tudo o que diz é mera opinião sua, longe de representar essa verdade objetiva que reivindica.

    Jamais propalei um igualitarismo revolucionário entre Papa e bispos. Nada no que escrevi pode ter essa interpretação. Só fiz referência ao fato de que o Papa, assim como os demais membros da hierarquia inferiores a ele, não é imune de críticas em casos especiais. Deixá-las de fazer apenas por ser o Papa e fazê-las a bispo me parece hipocrisia e oportunismo. Merece a crítica aquele que de fato merece ser criticado, nas condições que nossa doutrina assim determina, exposta pelos nossos doutores e proeminentes teólogos. Até a apostasia inter-religiosa de Assis tem seus defensores entre católicos que juram que tal procedimento está em perfeita continuidade com a Tradição.

    Aliás, diga-se, não é nada adocicado a maneira pela qual Francisco faz referências a própria Igreja. Ir a um jornalista ateu e inimigo da Igreja e dizer as coisas que disse sobre a própria é semelhante a você ir a um inimigo seu e lhe revelar todos os seus problemas familiares. Essas suas críticas servem muito bem ao Papa. Ele sim fala com azedume da Igreja, chegando ao cúmulo de afirmar que a Igreja, antes do CV II, desconhecia o que era evangelização. E sim, ele pode não ser tolo, mas diz tolices… qualquer pessoa de bom senso reconhece.

    Quanto a questão do modernismo, eu não sei se ele é. Mas me parece muito bem ser um liberal… um católico liberal. E liberalismo é pecado, não apostasia. Ele não deixa de ser católico e membro da Igreja por isso, mas coloca em risco a própria salvação. Até porque um Papa pode perder a sua alma, por transgressões ao primeiro mandamento. Já que sabes muito bem que um Papa não é imune ao pecado.

    Você diz: «Dedicar a vida a difamar o Romano Pontífice» é uma figura de linguagem que se presta muito bem, sim, a certa categoria de sedizentes “tradicionalistas” que em nada contribuem para o bem da Igreja – muito pelo contrário.

    Pois dentre esses sedizentes tradicionalistas, há uma mãe mexicana católica que nem de longe pode se classificar de tradicionalista e que está longe de basear-se em distorções da mídia.

    Você não pode simplesmente pegar dois escritos dos mais abalizados, como você fez no seu artigo, e posteriormente, fazer afirmações sobre falso escândalo, detrações, difamações e coisas semelhantes; dando a entender que existe algum parâmetro entre comentários mais exaltados em blogs e as justas críticasfeitas por esses dois e outros. Pois criticas justas existem, a não ser para aqueles que enxergam ortodoxia e continuidade em tudo o que Francisco diz. Por isso não é de estranhar seu comportamento. Até faz sentido. Só não queira reivindicar a verdade absoluta para aquilo que é apenas as SUAS análises dos acontecimentos.

    Pois saiba e você sabe muito bem, que as críticas a Francisco estão longe de ficarem encarceradas em ‘mundo tradicionalista’. Mesmo no caso dos Franciscanos, o blog La Cigüeña teve um posicionamento muito duro contra o nosso Cardeal. E o dono desse blog está longe de ser um tradicionalista.

    Enfim, não houve rasgar de vestes no caso dos FI, mas sim uma legítima indignação por um direito estar sendo proibido. Um perfeito espanto por essa medida disciplinar não ser aplicada em verdadeiros apóstatas que destorem a vida da graça nas almas fieis. Ficar diante de tais fatos e exigir um silêncio devoto e escrupuloso, isso, de fato, é se afastar daquilo que é ser católico. No mais, a obediência devota daqueles que sofreram a intervenção, não faz da intervenção algo legítimo, mas prova a santidade dos que estão sofrendo essa injustiça calados e perfeitamente submissos à Providência. Muito diferente do atual Superior, que parece que anda dando alguns showzinhos no Facebook… Parece-me ser incapaz de lidar com algumas críticas tradicionalistas, ainda que você as considere injustas…. bem diferente ambos comportamentos.

  19. Bem, apenas para finalizar: Você acha que os tradicionalistas, embora não apenas esses, fazem mal ao criticar as ações do Papa e que isso possa se transformar em ódio, o que eu discordo. Eu já acho que se o silêncio neo-conservador se instalasse em meios tradicionais, isso seria muito prejudicial para a Igreja.

    Só resolvi postar da primeira vez para desfazer algumas injustiças em algumas coisas que nos são atribuídas.

    Amamos o Papa, não nos baseamos em distorções da imprensa, nem queremos impor medidas de governo por pressão ou abaixo assinados. Isso é simplesmente falso. No mais, um número considerável de críticas a certas falas do Papa (que você considera perfeitamente ortodoxas), por pessoas abalizadas, conferem ao menos uma credibilidade a essas críticas. Finalizo aqui.

  20. Pedro,

    Que gritar para o mundo inteiro o que, rapaz.

    Para o mundo inteiro, sim senhor. Ou você ainda não percebeu que o que se coloca na internet é de alcance público e ilimitado? Você acha que está falando privadamente comigo? Você está colocando as suas palavras ao alcance de qualquer pessoa no mundo! Se você ainda não entendeu como funciona a internet, então talvez seja este o seu problema.

    Jamais propalei um igualitarismo revolucionário entre Papa e bispos.

    São as tuas próprias palavras (grifo meu): «apesar do Papa ser o chefe supremo da Igreja, ele não está isento de críticas pelas suas ações, quando essas são prejudiciais ao Corpo Místico, do mesmo modo que um bispo ou padre». Você disse, com todas as letras, que um Papa pode ser criticado «do mesmo modo que um bispo ou padre», o que é um absurdo revolucionário. Há uma hierarquia na Igreja, e posições distintas nesta hierarquia exigem atitudes distintas por parte dos fiéis. É bastante diferente o modo como se podem fazer críticas aos padres daquele como se pode criticar o Romano Pontífice.

    Nada no que escrevi pode ter essa interpretação.

    Que bonitinho! Tu deverias começar a conceder ao Vigário de Cristo a mesma boa vontade hermenêutica que exiges às tuas próprias palavras…

    Ele sim fala com azedume da Igreja, chegando ao cúmulo de afirmar que a Igreja, antes do CV II, desconhecia o que era evangelização

    Outro delírio próprio dos detratores do Romano Pontífice, que jamais disse semelhante absurdo.

    (…) há uma mãe mexicana católica que nem de longe pode se classificar de tradicionalista e que está longe de basear-se em distorções da mídia

    Em primeiro lugar, é óbvio que se baseia. Entre outras coisas, ela faz a seguinte queixa:

    «No supe qué pensar ni qué decir, cuando te burlaste públicamente del grupo que te mandó un ramillete espiritual, llamándoles “ésos que cuentan las oraciones”. Siendo el ramillete espiritual una tradición hermosísima en la Iglesia, ¿qué debo pensar yo, si a mi Papa no le gusta y se burla de quienes los ofrecen?»

    Ora, qual a fonte disso? Uma divulgação não-autorizada de uma audiência privada que superiores religiosos tiveram com o Papa, reconstruída a posteriori pelos que foram recebidos pelo Romano Pontífice, e com relação a qual a própria presidência da CLAR disse que «não se pode[riam] atribuir ao Santo Padre, com segurança, as expressões singulares contidas no texto, mas apenas o seu sentido geral». Midiatismo puro, portanto.

    Em segundo lugar, sobre a dona Lucrecia, escrevi o seguinte aqui mesmo neste post: «Compadeci-me com a perplejidad da Lucrecia Rego de Planas. Com o que não pude concordar foi com a divulgação pública da carta». Justas ou injustas as críticas feitas, o fato é que El País não é, absolutamente, o foro adequado para um católico murmurar contra o Vigário de Cristo, e é isso que você está teimando em não entender. É este o «parâmetro» que aproxima os piores comentários do Fratres do artigo do Gnocchi.

    Enfim, não houve rasgar de vestes no caso dos FI, mas sim uma legítima indignação por um direito estar sendo proibido.

    O Papa é a autoridade competente para fazer o que fez. O ato dele foi completamente legítimo. A grande maior parte dos próprios Franciscanos da Imaculada vê com bons olhos a intervenção. Se você não consegue perceber que as proporções que a (inventada) celeuma tomou foram devidas ao descabimento com o qual os detratores do Papa se apressaram em alardear aos quatro ventos [a sua própria interpretação d]o fato, então você não tem a mais mínima noção de que existe um mundo para além dos guetos “tradicionalistas”.

    Amamos o Papa, não nos baseamos em distorções da imprensa, nem queremos impor medidas de governo por pressão ou abaixo assinados.

    É, vai ver vocês querem é inflamar nas almas o amor ao Papa Francisco… Se for o caso, estão fazendo isso muito errado.

    Abraços,
    Jorge

  21. Você leu meu texto com a mesma boa vontade que lê as justas críticas ao Papa.

    São as tuas próprias palavras (grifo meu): «apesar do Papa ser o chefe supremo da Igreja, ele não está isento de críticas pelas suas ações, quando essas são prejudiciais ao Corpo Místico, do mesmo modo que um bispo ou padre». Você disse, com todas as letras, que um Papa pode ser criticado «do mesmo modo que um bispo ou padre», o que é um absurdo revolucionário. Há uma hierarquia na Igreja, e posições distintas nesta hierarquia exigem atitudes distintas por parte dos fiéis. É bastante diferente o modo como se podem fazer críticas aos padres daquele como se pode criticar o Romano Pontífice.

    Eu não disse que um Papa pode ser criticado do mesmo modo que um bispo ou padre. O que disse foi e eu expliquei isso na minha resposta anterior, é que, assim como um cardeal, bispo ou padre podem ser criticados, um Papa não está isento de críticas. Até porque podem existir modos incorretos de se criticarem padres e bispos. A crítica deve ser justa e feita de maneira caridosa, como foi a dessa mãe mexicana.

    O Papa chama uma corrente da Igreja de pelagiana e tudo bem… Ainda bem que houve um sermão histórico de um padre refutando essa tolice e colocando os devidos pontos nos ‘is’.

    O Papa diz que o SP foi apenas uma generosidade para pessoas com essa sensibilidade particular e se deseja que a mentira perniciosa prevaleça, enquanto é de conhecimento público que a intenção de Bento XVI foi um ato de justiça em benefício da Igreja para ENRIQUECIMENTO mútuo de ambas as formas. Sem falar na permissão perpétua que a bula de S. Pio V concede, dizendo que ninguém deve ser constrangido e forçado a oferecer o Santo Sacrifício da forma codificado por ele.

    Isso sem falar no caso citado por você, o exemplo da católica mexicana. Sim, a audiência foi divulgada de maneira não autorizada, mas por aqueles mesmos que estiveram presentes. Sem falar que o diretor da sala de imprensa, tão rápido em alguns casos, não desmentiu o conteúdo da audiência, ficando só esse pronunciamento diplomático. Nada permite imaginar que o conteúdo seja falso. E sim, Lucrecia está corretíssima em afirmar que ‘”burlaste (o Papa) publicamente del grupo que te mandó un ramillete espiritual, llamándoles “ésos que cuentan las oraciones”. Até porque em outras ocasiões o Pontífice ja se referiu de maneira nada piedosa a católicos tradicionais.

    Bem, sem falar na proibição injusta do SP para os FI. Por mais que você considere legítima a intervenção ( o que ninguém discute), a coisa poderia ter sido feita sem ferir um direito reconhecido.

  22. “É, vai ver vocês querem é inflamar nas almas o amor ao Papa Francisco… Se for o caso, estão fazendo isso muito errado.”

    Quem faz errado são vocês, neo-conservadores, cujo silêncio pernicioso se assemelha a de um cortesão puxa saco que esconde os defeitos do seu senhor para não desagradá-lo. Pode até haver exageros nas críticas, mas o silêncio de vocês é muito mais pernicioso que as críticas. Pois permite que a auto-demolição da Igreja continue fazendo com que muitas almas desfaleçam da vida da graça. Longe de mim o achar que o sucessor de Pedro deve ser criticado por qualquer coisa. Mas diante de um progressista notório, que chama parte de seus filhos de pelagiano, impede um direito de ser realizado para parte da Igreja, da entrevistas a ateus e inimigos da Igreja, não resta outra coisa que responder-lhe com justiça.

    Se na época em que a comunhão não mão foi permitida, houvesse resistência suficiente, talvez não existisse tantos abusos que existem hoje. Basta um ato de governo – legítimo – para ao menos esses abusos acabarem com a anuência do sucessor de Pedro.

  23. Pedro,

    [Achei que você tinha encerrado… mas enfim…]

    Eu não disse que um Papa pode ser criticado do mesmo modo que um bispo ou padre

    Sim, você disse textualmente isso, preciso colar de novo? Aceito as suas correções e acredito que você não acredite nisso realmente, mas viu como é chato as pessoas saírem por aí tirando conclusões de frases isoladas contrárias ao pensamento do autor delas? Espero que você se lembre desse episódio cada vez que sentir a tentação de difamar o Romano Pontífice.

    O Papa diz que o SP [Summorum Pontificum] foi apenas uma generosidade para pessoas com essa sensibilidade particular

    Este apenas fica única e exclusivamente por tua conta, que gostas de semear a antipatia para com o Romano Pontífice inventando que ele disse coisas que não disse. O Papa falou simplesmente que a decisão de Bento XVI foi «legata all’aiuto ad alcune persone che hanno questa particolare sensibilità», não «solo all’aiuto» nem «soltanto all’aiuto» e nem nada do tipo.

    E sim, Lucrecia está corretíssima em afirmar que ‘”burlaste (o Papa) publicamente del grupo que te mandó un ramillete espiritual, llamándoles “ésos que cuentan las oraciones”.

    Não, não está, porque ainda que a tal burla fosse por absurdo verdadeira, ela teria sido feita em privado, e não publicamente! E, mais uma vez, o que eu citei nesse episódio foi que El País não é o foro adequado para se criticar o Vigário de Cristo.

    sem falar na proibição injusta do SP para os FI. Por mais que você considere legítima a intervenção ( o que ninguém discute), a coisa poderia ter sido feita sem ferir um direito reconhecido.

    Que uma só e a mesma coisa possa simultaneamente ser “legítima” e “ferir um direito reconhecido” é outra das maravilhas contraditórias que costumam medrar na cabeça de quem se arroga o direito de difamar o Papa…

    E, de novo, a Igreja não é seleção de futebol, onde todo mundo se acha no direito de ter a própria escalação e xingar o treinador quando ele não faz o que se quer que faça. A «coisa» foi feita como quis quem tem autoridade para a fazer. Querer governar a Igreja no lugar do Papa, one more time, não é nada católico.

    Basta um ato de governo – legítimo – para ao menos esses abusos [comunhão na mão] acabarem com a anuência do sucessor de Pedro.

    Ah, então você acha que as pessoas obedecem piamente ao Papa, de modo que bastaria ele dizer para não se distribuir mais a comunhão na mão que, no instante seguinte, por mágica, ela iria desaparecer do orbe católico, é isso mesmo?

    Inacreditável. O seu caso é mais grave do que parecia à primeira vista…

  24. Mas tu é teimoso, hein?!

    Eu transcrevo textualmente:

    “Que eu saiba, apesar do Papa ser o chefe supremo da Igreja, ele não está isento de críticas pelas suas ações, quando essas são prejudiciais ao Corpo Místico, do mesmo modo que um bispo ou padre”

    A única interpretação possível é que do mesmo modo que um bispo e padre podem ser criticados por suas ações e falas, um Papa não tem carta de alforria para fazer o que quiser sem estar imune a críticas. Só voltei para desfazer a sua malícia.

    [Não, um Papa não pode ser jamais tratado «do mesmo modo que um bispo ou padre». Mais uma vez, este igualitarismo revolucionário é estranho à Igreja e é causa de não poucas mazelas para o catolicismo atual.]

    Então o jogo está empatado, Jorge. Eu o acho um caso quase perdido. E também lhe atribuo em relação a nós toda essa maledicência e difamação que você nos atribui em relação ao Papa.

  25. “Muy querido Papa Francisco”

    Parafraseando a dona Lucrecia. Vou dizer tanta coisa contra o papa, mas como escrever tanta infâmia contra o escolhido do Espírito Santo. Ele é ” … mi Papa, el dulce Cristo en la tierra…”

    A mãe de família senhora Lucrecia Rego de Planas, talvez não tenha sido movida por um sentimento puro e simples de amor à Igreja Católica quando compôs o texto que deixou público, mas precisamos entender ela é apenas uma mãe de família com tantas outras atribuições que não somente refletir melhor nas palavras do Papa.

    Segundo ela, O Cardeal Bergoglio desrespeitava o santíssimo e fingia humildade para se mais visível. Mas não pode criticá-lo, “pues ¡Es el Papa!”

    O Papa segundo esta dona de casa desrespeitou a liturgia ¿debo informar al Papa, o a quién, por encima de él, que el Papa no respeta la liturgia?
    RESPOSTA El Pais

    Esta senhora não aceita que o Papa Francisco se chame bispo de Roma, que não use o anel do pescador etc etc mas ela admite que não pode queixar-se, pues ¡eres el Papa

    Ela diz que nem pode “piar” sobre o Papa Francisco ter lavado os pés de uma muçulmana. pues ¡Eres el Papa, a quien respeto y le debo ser fiel!

    Esta senhora “humilde” não compreendeu a necessária correção aos Frades Franciscanos da Imaculada. Alguém lhe enganou e ela achou que o Papa Francisco foi contra a “Summorum Pontificum”, ela consternada… Pero ¿a quién le puedo contar mi dolor? ¡Eres el Papa!
    Nova resposta jogue tudo no ventilar é a forma de demonstrar respeito.

    Todas as vezes que ela lembra que ele é O Papa, é por pura e diabólica maldade.

    Todos os dias de minha vida é controlar a ironia e o sarcasmo, pois acredito que facilmente os demônios nos carregam e nos ensoberbecem e qualquer sofisma é aceito para justificar nosso zelo pela “”verdade””.

  26. Parabéns, Jorge Ferraz, pelo seu trabalho (e paciência) ao defender o Santo Padre dos ataques de “tradicionalistas” que agem de forma nada tradicional.

  27. Realmente, é muito fácil fazer críticas em privado ao Papa. Achou estranho algum discurso, pegue o telefone e marque uma conversa.
    Ahh, não conseguiu? Que pena! Continue tentando. Se falar com alguém (nem que seja para confrontar a própria impressão com de outros), ainda mais se for por algum meio que outros possam ver (como blogs), é crítica pública. Isso não pode.
    É sabido que depois da internet muitos católicos se utilizam dela para conversarem sobre temas da Igreja (caso contrário, esse blog, por exemplo, não existiria), mas nesse caso, não se deve comentar o assunto.

    Fica só uma questão. Qualquer crítica feita em blog é crítica pública. Claro que uma feita ao Papa é infinitamente mais grave, mais terrível e mais digna de castigos; porém, um bom católico não deveria consentir em pecar contra a honra alheia (em relação ao Papa, um bom católico jamais faria isso mesmo), mesmo que não se trate do Papa – um pecadito menor. Portanto, não critiquemos mais ninguém (como os dois jornalistas demitidos, a senhora mexicana) em blogs. Critiquemos em privado.

  28. Existem vários critérios que tornam uma crítica pública desprezível.

    Tendenciosidade.
    Ao comentar sobre algo que eu odeio, farei que qualquer ponto de vista atenuante pró objeto da crítica suma ou seja minimizado. O tendencioso pode ser contra o Papa ou ser contra a igreja e acredita que um ataque ao papa pode ferir de morte a religião Católica, entre estes contam-se os muitos ditos católicos que jamais compreenderam que sua fé deve ser apenas em Cristo mas precisa ser alimentada pela Igreja.

    Animação pelos demônios.
    Quase sempre pela forma, pela manipulação de informação e pelo desprezo à inteligência do leitor. A verdade é Cristo e um demônio jamais buscaria a Cristo. Satanás pinta mentiras com cores de verdades, e conduz os ineptos a vagar entre elas.

    Falta de informação.
    Nem sempre pela falta de acesso à informação, mas pela má vontade de manter-se dentro do mínimo necessário para pode gerar uma crítica. A motivação principal da crítica gerada pelo desinformado é aparecer, e induzir aos mais simples a impressão de competência, quase sempre divulga a crítica de modo aberto, mas busca a influência dentro de um pequeno grupo do qual faz parte

    Falta de fé.
    Acima de tudo Deus, Se Jó tivesse ouvido sua mulher quando padecia sofrimento horrível *, daria ao diabo a vitória, a nós resta confiar.
    * “Sua mulher disse-lhe: Persistes ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre!” (Jó 2,9)
    Um Papa ruim, corrupto, ou o pior, burro, pode sim trazer grande dor aos católicos e é obrigação de cada católico manter sua fé e de seus irmãos mais próximos, mas daí a acreditar que Deus é louco ou Deus morreu, vai uma distância sem medida.

    A ideia de alguns católicos conservadores extremistas de ter “seu papa” da forma como “eles” acreditam que deve ser é mais demente que a ideia dos pais do protestantismo, que seduzidos pelo diabo, foram-se.

    A grande heresia nos dias de hoje é a que pretende ser Igreja sem igreja, ser mais católico que o Papa. O herege Lutero acreditava que a igreja estava errada que não representava a vontade de Cristo, muitos “tradicionalistas” hoje afirma que a igreja está errada que a igreja não representa a vontade de Cristo. Semelhante, não?
    Ainda que soterrem-me com argumentos e mais argumentos.

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