Eleições presidenciais, comunismo, excomunhões e os dias piores que hão de vir

Eu publiquei há pouco uma ligeira nota sobre o programa de governo da presidenciável Marina Silva. Disse que, posteriormente, faria algumas considerações melhor detalhadas. É chegada a hora de cumprir a promessa.

Muitas pessoas me perguntam em quem vou votar ou sondam, de alguma maneira, critérios para a escolha moralmente comprometida do próximo presidente do Brasil. Pois bem, tenho três coisas a dizer com relação a isso: primeiro, o compromisso civilizacional de todos é com o expurgo do socialismo, como é evidente. Segundo, não existe nenhuma excomunhão automática para quem vota em comunista e, nas condições atuais de temperatura e pressão, ninguém “perde a alma” por conta dos números que aperta ou deixa de apertar na urna eletrônica. Terceiro, essa discussão toda é irrelevante porque as eleições, a menos que aconteça algum fato novo da magnitude da queda de um avião, já estão decididas e nada podemos fazer para mudá-las.

Esmiucemos um pouco cada um desses pontos.

O compromisso civilizacional é com a derrocada do socialismo

Dizê-lo é chover no molhado e, portanto, não vou me demorar nesta seara. Já se vão quase oitenta anos desde que o Papa vituperou o comunismo com aquele terrível e tão exato apodo de «intrinsecamente perverso» (Divinis Redemptoris, 58); de lá para cá, a história só fez mostrar que a Igreja, como de costume, estava coberta de razão. Todas as experiências socialistas falharam e falharam fragorosamente, reduzindo povos inteiros à miséria e aviltando o ser humano de maneira que nenhum outro regime opressor da história, das teocracias árabes ao absolutismo voluntarista, foi capaz de aviltar. O homem enfrentou percalços políticos ao longo dos últimos milênios, sem dúvidas; mas, perto do terror comunista dos séc. XX-XXI, todos os outros regimes poderiam passar pelo mais perfeito Paraíso Terrestre.

Mudou o comunismo? Concedo que tenha mudado. Que tenha se tornado aceitável, no entanto, nego-o, e nego com veemência. A última pérola socialista teve lugar na nossa vizinha Venezuela, cujas Forças Armadas foram recentemente encarregadas da importantíssima missão – imprescindível à Segurança Nacional! – de prender os cidadãos que fossem flagrados “contrabandeando” produtos básicos (digamos, rolos de papel higiênico), adquirindo-os acima da cota estabelecida pelo Governo. Ora, isso é simplesmente ridículo e degradante. É completamente injustificável. No entanto, é a esse abismo de miséria que o socialismo sempre e inevitavelmente conduz. Os fatos estão aí à sobeja para o demonstrar.

É portanto, dever de todo homem de bem lutar com todas as suas forças para que o Brasil não amargue um tão deprimente futuro. Isso significa mudar os rumos pelos quais a nossa Pátria Amada vem sendo conduzida. E é aqui, nas questões concretas referentes ao pleito que se avizinha, que as coisas começam a ficar mais nebulosas. Tentemos esclarecer algo delas.

Não há excomunhão automática simplesmente “para quem vota em comunista”

E nunca houve. Atenção ao que digo: não há a excomunhão, repito-me, para quem vota em comunista simpliciter. Com isso quero dizer que nenhuma, nenhuma excomunhão automática atualmente vigente (ou que tenha vigido em alguma época da história) tem como fato gerador o mero voto em partidos comunistas.

Hoje há sete excomunhões automáticas no Codex, mais uma estabelecida posteriormente. Cito-as na ordem em que lembro: 1. absolvição de cúmplice em pecado contra o Sexto mandamento; 2. quebra do sigilo de confissão; 3. profanação eucarística; 4. agressão física ao Romano Pontífice; 5. sagração episcopal sem mandato pontifício; 6. aborto provocado; 7. heresia, apostasia e cisma. A oitava, instituída em momento posterior: tentativa de ordenação feminina.

As seis primeiras (e a oitava) têm um fato gerador concreto, externo, determinado e de fácil verificação. Pela primeira, fica excomungado o sacerdote que proferir o ego te absolvo sacramental sobre um fiel com quem ele – o sacerdote – cometeu pecado contra a castidade; fica excomungado tão-logo conclua o sacramento, ipso facto – i.e., pelo mesmo fato de ministrar a absolvição. Pela segunda, fica excomungado o sacerdote que revelar o conteúdo de uma confissão sacramental que tenha ouvido, e o fica pelo fato mesmo de o ter revelado. Idem quanto às seguintes: pela terceira, a excomunhão fulmina o profanador tão-logo a Eucaristia é profanada; pela quarta, queda excomungado o agressor do Papa pelo ato mesmo da agressão física. Pela quinta, no instante mesmo em que a sagração episcopal é conferida, o bispo sagrante (e os recém-sagrados), em decorrência do sacramento ministrado ilicitamente, são excomungados; pela sexta, ao aborto provocado, seguindo-se o efeito, e em decorrência deste, excomunga-se quem o procurou. O mesmo quanto à oitava: no ato de tentar conferir invalidamente o sacramento da Ordem, «seja aquele que tenha tentado conferir a ordem sagrada a uma mulher, seja a própria mulher que tenha tentado receber a ordem sagrada, incorrem na excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica».

A sétima excomunhão, contudo é diferente. Por este cânon – o 1364 – fica excomungado o apóstata da Fé, o herege e o cismático; mas a heresia, a apostasia e o cisma, ao contrário de todas as outras excomunhões automáticas, antes de serem atos externos bem-determinados, são disposições interiores da alma. Alguém pode externar a sua heresia por meio de atos e palavras, sem dúvidas; mas esses atos e palavras não são a heresia em si. E é exatamente isso o que mais interessa para resolver a questão do apoio ao comunismo. Acompanhem-me.

O comunismo é heresia já incontáveis vezes condenada pela Igreja. Portanto, quem adere à doutrina comunista torna-se, assim, herege (ou apóstata… a distinção é pouco relevante para fins práticos, uma vez que ambos os delitos são punidos pelo mesmo cânon e com a mesma pena) e, por ser herege (ou apóstata), queda excomungado pelo Cân. 1364. Se, portanto, o comunista vota em um candidato comunista, ele fica excomungado não por conta do seu voto (como se o voto fizesse as vezes da profanação eucarística da terceira excomunhão acima mencionada), mas por ser comunista. E, uma vez que ninguém se torna comunista “de repente” quando está diante de uma urna no ato de votar, este indivíduo está excomungando, pelo Cân. 1364, antes mesmo de votar e mesmo que não vote.

Essa distinção é muitíssimo relevante porque pode existir (e aliás sempre existiu) a figura do indivíduo que vota em um candidato/partido comunista não por ser ele próprio (o indivíduo votante) comunista, mas porque não vislumbra, em consciência, outra opção melhor. E esse é exatamente o caso das atuais eleições presidenciais: entre a comunista Dilma Rousseff e a comunista Marina Silva, quem opta por uma delas não necessariamente está fazendo tal opção por ser comunista. Ao contrário até: se alguém avalia que um dos dois comunismos é, enquanto comunismo, menos eficiente do que o outro – e portanto demorará mais para implementar medidas socialistas, ou enfrentará maiores dificuldades para o fazer etc. -, pode estar lhe dando o voto não com animus de apoiador do comunismo, mas exatamente o contrário: como uma tentativa de desacelerar, um pouco que seja, o processo revolucionário em curso. Ora, se alguém vota em uma determinada comunista porque não se vê com outra opção para limitar os danos do próprio comunismo, tal pessoa evidentemente não é comunista e, não sendo comunista, não é herege (e nem apóstata) e, portanto, não cai sob o Cân. 1364 do CIC. C’est fini.

E o Decretum contra Communismum?, alguém pode perguntar. Bom, esse decreto ou estabeleceu lei penal específica ou não estabeleceu lei penal específica, et tertium non datur. Se ele estabeleceu lei penal específica, então foi ab-rogado com a entrada em vigor do novo Código de 1983, que o diz taxativamente:

Cân. 6 — § 1. Com a entrada em vigor deste Código, são ab-rogados:

(…)

3.° quaisquer leis penais, quer universais quer particulares, dimanadas da Sé Apostólica, a não ser que sejam recebidas neste Código;

Se ele não estabeleceu lei penal específica – como aliás parece ser o caso -, então se trata de uma exemplificação da excomunhão automática na qual incorriam (e ainda incorrem) «o apóstata da Fé, o herege e o cismático»; e, neste caso, valem todas as considerações que acima foram feitas.

Parece-me que há um excesso de escrúpulos dos católicos com relação ao processo de voto; e, permitam-me dizê-lo, isso só favorece os inimigos da civilização. Ninguém precisa ficar com terríveis dores de consciência, julgando-se corresponsável por tudo o que pode fazer um candidato em quem, por conjunturas adversas, acabou-se por votar. O Catolicismo é a religião do Logos, e não a do arbítrio nonsense; e não tem lógica absolutamente nenhuma a pessoa, anti-comunista a vida inteira, ser excomungada por votar (v.g.) na Marina Silva unicamente por vislumbrar nela a melhor opção para quebrar a hegemonia petista. Erros quanto a juízos de fato (por exemplo, sobre qual candidatura apresenta na verdade maior perigo à pátria), é claro que sempre pode haver; mas essa espécie de equívoco, involuntário e de boa fé, à qual todos nós, seres limitados e finitos que somos, estamos sujeitos, não tem e não pode ter jamais o condão de excomungar ninguém.

Há muitos pecados pelos quais se pode perder a própria alma. Na esmagadora maioria dos casos, no entanto, as eleições brasileiras – mormente as presidenciais – não constituem matéria para eles.

As eleições já estão decididas

Exagero. Talvez eu deva dizer “90% decididas”. É Tolstoi, se bem me recordo, no final do seu “Guerra e Paz”, que lança uma teoria dessas: de que os homens são meros coadjuvantes que obedecem a necessidades históricas imperiosas e tal. Obviamente não a abraço sem reservas. No que concerne a eleições presidenciais, contudo, os brasileiros obedecem, sim, e com bastante regularidade, ao império das pesquisas de intenção de voto.

Isso por uma dupla razão. A primeira é óbvia: a pesquisa, quando bem feita, é representativa do universo total. A segunda é mais esdrúxula, mas não menos verdadeira: o brasileiro vota em manada. A mentalidade do eleitor brasileiro médio é a de que o voto é uma espécie de jogo de azar cujo objetivo é “acertar” o candidato (que há-de ser) vencedor: a turma vota, sério, como se estivesse apostando no jogo do bicho. E isso não pode ser mudado à força dos nossos esforços simplesmente porque o contingente dos que votam assim é gigantescamente enorme. É necessária uma conscientização em massa que eu não sei nem se é possível mas que, em sendo, é um processo de gerações que não vai se realizar daqui para outubro. Maktub.

Estas eleições foram definidas em junho do ano passado, e o PT perdeu. Há, desde então, um sentimento generalizado entre os brasileiros: a de que o PT não é mais suportável. Pelas razões o mais díspares possível, ninguém está satisfeito com o governo da companheira Dilma. Em um embate direto, virtualmente qualquer pessoa seria capaz de derrotar a sra. Rousseff, à única exceção do sr. Aécio Neves porque, por razões que a própria Razão desconhece, o PSDB é, entre os patrícios, o único partido mais odiado do que o PT. (O negócio anda tão escancarado que eu não duvidaria de que, num segundo turno entre o Fidelix e a Dilma, o PRTB ganhasse um mandato presidencial pela primeira vez em terrae brasilis.) Aqui a vitória eleitoral não é alcançada pela visão positiva que os brasileiros têm de um candidato, mas pela negativa que têm do seu adversário. E ninguém, ninguém é atualmente mais odiado do que o PT (à exceção, talvez, do PSDB – por isso um segundo turno entre a Dilma e o Aécio é o único cenário em que há alguma margem para incertezas).

Considerando, portanto, que o segundo turno será decidido entre a Marina e a Dilma (isso se a recém-PSBista não levar o caneco no primeiro turno…) e considerando que os brasileiros desgostam da sra. Rousseff muitas ordens de grandeza mais do que temem a dona Silva, é mister se render aos fatos: 2015 vai nascer sob a égide da segunda mulher presidente da história do Brasil. As pesquisas mostram uma diferença de 9-10 pontos percentuais (v.g. aqui e aqui); isso é entre 12 e 14 milhões de eleitores. Nenhum grupo social brasileiro possui semelhante contingente capaz de mobilizar. Essa diferença, simplesmente, não pode ser tirada.

A menos, é claro, que aconteça alguma reviravolta análoga à queda do avião que vitimou o Eduardo Campos; mas mesmo isso está além do nosso controle. Relaxemos, portanto, o nosso coração. Não podemos, por nosso próprio esforço, impedir a Marina Silva de ser a próxima presidente. Não adianta gastar energia e noites de sono com isso. Não tem lógica martirizarmo-nos por essas eleições: nenhum homem pode ser responsável por aquilo que está muito além do seu alcance fazer.

À guisa de arremate

Enfim, após a longa exposição, sistematizemos algumas coisas.

– Este blogueiro não se sente capacitado para indicar qualquer estratégia de voto aos seus leitores.

– Sobre ações políticas em geral, o que posso dizer é o que diz a Igreja: o socialismo é perverso e deve ser combatido. Isso, obviamente, tem um alcance que ultrapassa a mera atividade eleitoreira. A guerra contra o socialismo é uma guerra cultural que deve ser travada ininterruptamente, todos os dias e em todas as esferas da vida.

– Sobre ações políticas em específico, no que concerne às eleições presidenciais, não me parece que seja possível o juízo definitivo a respeito de ser o PSB ou o PT pior para o Brasil. No que concerne à licitude moral de fazer uma ou outra opção, são as disposições interiores de apoio ou rechaço ao socialismo revolucionário que determinarão a moralidade do voto. No quadro atual – e friso o no quadro atual -, não existe nexo causal necessário entre “votar em partido de esquerda” e “sofrer excomunhão automática”.

– Não nos matemos, portanto. Ninguém está obrigado a votar na Dilma. Ninguém está obrigado a votar no Aécio. Ninguém está obrigado a votar na Marina. Ninguém está obrigado a votar no Pastor Everaldo. Ninguém está obrigado a votar nulo. Ninguém está obrigado a rigorosamente nada. A situação em que vivemos é kafkiana, absurda. Não desperdicemos importantes energias com guerras fratricidas sem sentido.

– Sobre as análises políticas, conquanto elas não tenham, a esta altura do campeonato, o menor poder de mudar o resultado das eleições, elas devem ainda assim ser feitas com o propósito de melhor nos prepararmos para o que virá. O nosso problema não termina em outubro. O trabalho se propaga para além e com os resultados do pleito. Teremos muito a fazer no ano que vem, como vimos tendo. Paciência, persistência e coragem. Dias piores virão.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

61 comentários em “Eleições presidenciais, comunismo, excomunhões e os dias piores que hão de vir”

  1. Jorge,
    Acho que eu até já comentei com você que embora eu concorde com o teu raciocínio, divirjo no ponto que toca qual é menos pior — se é que podemos usar essa expressão. Penso que a Dilma seja menos pior que a Marina. Mas isto é uma aposta que leva em jogo a situação econômica do país. Ok, deixemos isso de lado pois realmente não é sobre isso que desejo falar.
    Já sabemos que a Marina irá vencer. Então, não seria mais vantajoso nós votarmos em alguém com propostas menos ruins?
    Com a eleição já decidida, não é mais vantagem votar no Levy ou até mesmo no Everaldo?
    Se a eleição já está decidida — e concordamos nisto — creio que votar no primeiro turno na Marina só vai ter realmente uma consequência. E qual seria?
    Posso estar enganado, mas parece que é com base nos votos que se determina o tempo de propaganda eleitoral. Seguindo esta lógica, votar na Marina ( ou Dilma, para quem acha que esta seja menos pior que aquela ) só vai garantir mais tempo de propaganda eleitoral no futuro para o PSB ( ou PT ).
    Creio que manter o voto no Levy ou Everaldo serve para melhorar o tempo deles em propaganda eleitoral futura, além de, também, chamar a atenção dos políticos que há um eleitorado conservador. Só faltam candidatos para representarem esses eleitores.
    Abraços

  2. Eduardo,

    Eu não digo nada sobre quem é mais ou menos pior. Disse, aliás, o contrário: que “não me parece que seja possível o juízo definitivo a respeito de ser o PSB ou o PT pior para o Brasil”.

    Quanto a votar “em alguém com propostas menos ruins”, por exemplo para chamar a atenção da sociedade para um discurso negligenciado, parece-me estratégia perfeitamente válida.

    Realmente não sei a regra a respeito da divisão do tempo de propaganda. No segundo turno, eu achei que a divisão era igual.

    Abraços,
    Jorge

  3. Jorge,
    Não digo que este blog esteja fazendo campanha pelo voto na ecocomunista Marina Silva já no primeiro turno, mas é estranho dizer que na atual conjuntura os católicos podem votar, já no primeiro turno, em Dilma, em Marina, no candidato do PC do B, que está tudo bem, que isso não é pecado, mesmo existindo candidatos não comunistas nesta fase da disputa.
    Quem tinha alguma simpatia pelo PT, por Marina Silva, pelo PC do B ou pelo PCO, mas com algum escrúpulo, agora vai votar e ainda fazer campanha.
    Com todo o respeito, muito inoportuno esse post.
    Ainda existe uma opção chamada Aécio. Ainda faltam mais de 30 dias para as eleições e muita coisa pode mudar. É quase certo que vai haver segundo turno. Não é correto esse fatalismo de que Marina já ganhou e, porque já ganhou, podemos ou devemos todos votar nela mesmo. Como é quase certo que vai haver segundo turno, quem ainda tem um pouco de juízo deve votar no Aécio. Se ele não for mesmo para o segundo turno, aí faça-se campanha e vote-se na Marina, na Dilma, no diabo… Mas agora não!
    Um abraço,
    Carlos.

  4. Carlos,

    Ainda que exista alguma pessoa (eu nunca conheci…) que queira secreta e intensamente votar no PT mas o evite em atenção à ameaça internética de excomunhão, essa pessoa está até fazendo a coisa certa, mas pelo motivo errado e enormemente errado, com grave prejuízo para a sua alma.

    Se ela quer, do fundo do seu coração, votar no PT (ou no PC do B ou em qualquer outro partido comunista) por aquilo que aquele partido é, pelas suas propostas socialistas e pelo seu caráter revolucionário, então essa pessoa já é comunista e já está excomungada, ainda que os seus escrúpulos a impeçam de externar o seu comunismo interior. Ou seja, ela fica impedida de procurar a própria saúde espiritual por conta da superstição de que a tecla-verde-confirma é elemento constituinte da pena de excomunhão, quando não é.

    É por isso que essa história de ensinar a pessoa a não votar no socialismo porque “votar em comunista provoca excomunhão automática” é, como toda inverdade, um enorme barco furado.

    – é um barco furado porque a pessoa, anti-comunista, que poderia votar em um comunista de “menor potencial ofensivo” para deter um pouco a marcha revolucionária, fica – aí sim – com escrúpulos de o fazer (casos como este eu conheço muitíssimos);

    – é um barco furado porque a pessoa, comunista, acha que está “tudo bem” em nutrir simpatia interna para com os comunistas, contanto que não vote neles, e não atenta para o fato de que a excomunhão fulmina quem é comunista, independente do seu voto, e não simplesmente quem vota nos comunistas.

    A pessoa não pode “querer” votar em partidos comunistas. É diferente dos outros casos de excomunhão (digamos, da agressão física ao Romano Pontífice). A pessoa pode até sentir uma vontade repentina de esbofetear o Papa, e está tudo bem contanto que o tenha à conta de tentação. Ainda que a pessoa queira, de fato, matar o Papa, e faça todos os planejamentos para o matar, se na hora ‘H’ ocorrer alguma adversidade que lhe frustre os intentos, então a pessoa cometeu um pecado grave, sem dúvidas, mas não está excomungada. Isso não vale para o comunismo. Ninguém tem uma “tentação súbita” de votar no PT – convicções políticas são o que o próprio nome diz, ‘convicções’, e, por isso, são sempre disposições deliberadas e conscientes, em princípio suficientes para a caracterização da heresia e subseqüente excomunhão. Se o sujeito sai de casa determinado a votar no PT (ou em qualquer outro partido comunista) porque acredita no ideário comunista do Partido e, na hora ‘H’, a urna eletrônica da sua sessão quebra, ele pode não ter conseguido votar mas está do mesmíssimo modo excomungado.

    Parece-me que pôr esses pingos nos i’s é de muitíssima oportunidade, tanto para os que não são comunistas e terminam deixando comunistas piores ganharem o poder por conta de escrúpulos eleitorais quanto para os que são comunistas e ficam a vida inteira às voltas do comunismo porque acham que não tem nenhum grande problema em “flertar” com o comunismo contanto que não se vote nos comunistas. Este, aliás, é o cerne do post.

    Com relação às questões práticas, existe a opção chamada Aécio tanto quanto existe a chamada Fidelix, Pastor Everaldo ou Ey-Ey-Eymael. Todos estes tem a mesmíssima chance real de ganhar o pleito, que é zero. Qualquer um pode votar em qualquer um deles por um sem-número de razões (por exemplo, para chamar a visibilidade da mídia para o discurso conservador, digamos). Mas, também, ninguém está obrigado a fazê-lo, porque sonhar que o segundo turno vai, à força de nossos esforços, ser diferente do que está escancarado às nossas caras é irracional. Como o segundo turno já está totalmente definido, a moralidade de votar agora como se já lá se estivesse é a mesma de votar com o cenário do dia 26 de outubro.

    Abraços,
    Jorge

  5. Dizer que é OK votar em qualquer candidato, logo no primeiro turno, é algo que nunca esperava ver escrito neste blog.

    São outros tempos, sem dúvida.

  6. Achei um tanto relativista seus comentários a respeito do assunto.
    Pode levar as pessoas a pensar que elas tem o direito de votar em qualquer candidato. E sabemos que o católico tem a obrigação de não votar em candidatos comunistas e socialistas. O eleitor que vota nestes candidatos está concordando e favorecendo as imoralidades do aborto, gayzismo, da destruição da familia, de ser contra todos os valores morais do Cristianismo.
    E as opções que temos são poucas é verdade. Mas votar em Aécio, embora seja de esquerda, por exemplo, é uma opção sim de evitar os !ales do socialismo/comunismo.
    Seu texto não deixa isso claro.

  7. Outra pergunta relacionada com o tema do comunismo: Jorge, o que você acha do papa Francisco, que reabilitou o sacerdote nicaragüense Miguel D’Escoto Brockman, que havia sido suspendido de suas funções por João Paulo II. Este sacerdote colaborou (e colabora) com o regime sandinista (que voltou ao poder há alguns anos), e até diz heresias como que Fidel Castro é um “enviado do Espírito Santo” e que Jesus foi um “revolucionário anti-imperialista”
    http://statveritasblog.blogspot.com/2014/08/habla-el-marxista-rehabilitado-fidel.html
    Sou um brasileiro residindo há 10 anos em Buenos Aires, e vejo que todos os católicos argentinos minimamente coerentes e conhecedores da doutrina estão muito insatisfeitos com o papa, por esta e outras questões, uma vez passado o deslumbramento inicial de ter um conterrâneo no trono de Pedro.

  8. Jorge,

    Amigo, primeiramente parabéns em escrever sem “frescuras” e dizer que o Catolicismo continua ensinando que é a consciência primeira da pessoa o que o deve seguir. Claro, a Igreja ilumina as consciências e convida a obediência da fé, e isso nem sempre tem feito ( Ah, a CNBBe os padres de passeata….), mas o principio permanece.

    Meu medo é a Marina fazer parte do grande plano de socializar o Brasil. Hoje sabemos que o movimento comunista Internacional se renova a cada semana, visando sempre chegar e se manter no poder e aumentar o controle. Ora, até a queda do muro de Berlin, fez parte desse plano pois acelerou a revolução cultural pois as pessoas acreditavam que o comunismo havia morrido quando pensavam como socialistas.

    A Marina Silva representa mais o “novo comunismo”, que é verde, ecologista, espiritualista ( com bíblia debaixo do braço e tudo), humanista e que muda o discurso. Mas é radical, intransigente, totalitário, etc. O passado dela não deixa dúvidas. A própria Dilma é uma visão ultrapassada do comunismo internacional. Uma “mulher/homem”, vestida de vermelho, radical e que não sabe falar. Ela já está fadada ao fracasso. A imagem da Marina é mais doce, mais agradável.

  9. A minha opinião pessoal, com dor no coração, é que a única opção para os Católicos hoje, ainda seja o “cheirador de pó”, Aécio Neves. Mesmo sendo o socialismo fabiano/tucano, mas possue força política para vencer e governar.

    Mas você foi feliz em informar que no segundo turno, a Dilma venceria contra ele.

    É um mato sem cachorro a situação do Brasil!!

  10. Carlos,

    Num mundo ideal, onde existam candidatos socialistas e, outros, que são normais, é lógico que o católico não pode votar nos socialistas. Isso é um pressuposto básico.

    Acontece que, numa situação concreta (como, por exemplo, as eleições presidenciais brasileiras de 2014) onde só existam dois candidatos, ambos comunistas, o católico pode perfeitamente votar naquele que lhe pareça “menos comunista”. Esse voto

    i) não significa “apoio” ao plano de governo do candidato (de modo que o eleitor não é, de nenhuma maneira, corresponsável pelas barbaridades que este candidato, caso eleito, possa vir a implantar); e principalmente
    ii) não acarreta excomunhão automática, uma vez que a excomunhão, como expliquei com toda a riqueza de detalhes de que fui capaz, é para os comunistas e não simplesmente para quem vota em partido comunista.

    Sim, votar no Aécio, que é um socialista, é uma opção. Votar no Eymael, cujo discurso é aliás bem menos socialista do que o do Aécio, é outra opção. Votar em Marina, se se julgar que ela será menos comunista do que a Dilma, ou na Dilma, se se julgar que esta é que será menos comunista do que aquela, são outras opções. Não votar em ninguém é ainda outra opção. Veja, meu caro, opções existem aos montes. O que distingue as melhores das piores é um juízo político de fato, de cujo possível equívoco em boa fé não decorre necessariamente pecado (e não decorre muito menos – e aliás de maneira alguma – excomunhão automática). É isso o que precisa ficar claro.

    JB,

    Sim, ao católico anticomunista é OK votar, a qualquer momento, em qualquer candidato que lhe pareça honestamente a melhor opção para limitar a influência do comunismo.

    Quanto ao católico comunista, o seu voto é o que menos interessa, pois o que ele precisa fazer é deixar de ser comunista, e não meramente “não votar no PT”.

    Carlo,
    Sim, sem dúvidas o pior do socialismo encontra-se no plano espiritual. Ofendendo intrínseca e gravemente a lei de Deus, o regime seria completamente inaceitável ainda que, por absurdo, pudesse gerar a maior prosperidade material.

    A razão pela qual o católico é anticomunista é porque o Magistério ensina que ele é «intrinsecamente perverso», como citei em primeiríssimo lugar no texto.

    Heitor,

    Sim, é perfeitamente possível que a Marina faça parte de um plano para socializar de vez o Brasil, ou mesmo que, sem fazer parte de plano algum, o seu governo seja conduzido de tal maneira que termine por radicalizar o processo revolucionário ora em curso.

    O problema é que tudo isso é matéria de análise política contingente, para a qual eu não me sinto especificamente qualificado. Na verdade, este é um assunto extremamente complexo para o qual não existem respostas fáceis. Os princípios são muito claros e, espero, conhecidos de todos os que me lêem: mas e quando a eleição está entre uma ex-guerrilheira socialista e uma ecocomunista puritana, o que fazer?

    Eu não sei essa resposta e, reconhecendo-a, por um lado, difícil e, por outro, contingente, circunscrita à esfera do juízo de fato, não posso dizer que é “mais católico” ou “menos católico” votar em uma ou em outra.

    O que está ao meu alcance fazer é eliminar os obstáculos à sã deliberação, afirmando por um lado que o dever máximo de todo mundo é combater o socialismo e, por outro, que uma pessoa não queda automaticamente excomungada ao votar no comunista que lhe parece honestamente a melhor opção de limitar os efeitos daninhos do comunismo. O resto é muito complexo para mim.

    Abraços,
    Jorge

  11. Jorge, Salve Maria!
    Li suas respostas, mas não sei se compreendi bem.
    Segundo o que você diz, mesmo abstraindo-se do caso concreto que ora nos ocupa, havendo uma eleição em que concorressem dois candidatos, sendo um declaradamente comunista e outro anticomunista, um católico que conhecesse a Doutrina político-social da Igreja poderia votar no primeiro sem que cometesse pecado e muito menos que ficasse excomungado?
    Um abraço,
    Carlos.

  12. Não concordo que a eleição já esteje ganha para a Marina, Dilma e Marina estão tecnicamente empatadas com margens de erro de dois ou tres pontos. Eu vejo Marina como um grande perigo para os católicos pois ela defende interesses dos evangélicos petencostais!! não havendo candidatos católicos o mais sensato sera votar em Aécio ou na Dilma e espantar o Silas Malafaia das eleições.

  13. Carlos,

    Não sei se entendi direito. Se um candidato é um perfeito comunista e o outro é a encarnação perfeita da Doutrina Social da Igreja, é evidente que um católico não pode votar no primeiro em hipótese alguma.

    Abstraindo do caso concreto, o que interessa são os dois primeiros “topics” desse post: primeiro, que o dever de todo mundo é com o combate ao socialismo (e, por generalização, a todo regime intrinsecamente injusto) e, segundo, que às vezes é possível apoiar um candidato objetivamente ruim para combater outro pior.

    Para que fosse legítimo votar no candidato «declaradamente comunista» em preferência ao «anticomunista», seria preciso haver uma razão muito grave proporcionada – por exemplo, se o último fosse, digamos, um liberal defensor ferrenho do aborto e do infanticídio e, o primeiro, menos radical nessa seara. Em tal caso, entraríamos de novo no terreno pantanoso dos juízos de fato a respeito de duas opções proporcionalmente ruins, muito difíceis de serem feitos.

    Abraços,
    Jorge

  14. Motta,

    Não é questão de “concordar”. São fatos e fatos se constatam, apenas.

    Em todo caso, é realmente possível que Dilma ganhe da Marina, e é também em princípio legítimo achar que um governo do PSB vai ser ainda pior do que mais um do PT. Como eu disse, não me sinto seguro para fornecer uma opinião abalizada a esse respeito.

    Abraços,
    Jorge

  15. AECIO É O IDEAL PARA OS CATÓLICOS ANTI ABORTO, MESMO AOS PROTESTANTES!
    COLABORAR COM LEIS A FAVOR DO ABORTO E NA SUA IMPLEMENTAÇÃO GERA EXCOMUNHÃO LATAE SENTENTIAE!
    Aécio Neves é de centro esquerda, tem reais chances de ganhar, muita podridão ainda rolará até o final do mês contra o PT, não é pró aborto, um tipo flexível, sabe dialogar, na situação atual o melhor de todos, além de o PSDB não ser um partido como o PT e PSB que têm o ABORTO COMO PROGRAMA OFICIAL DE GOVERNO; nele fica a critério de cada candidato – J Serra é favorável pessoalmente, no caso, problema dele – não do partido PSDB que não é do ramo stalinista.
    Aí está a base MAIOR de excomunhão – ser pró aborto via voto, mesmo que pessoalmente não o seja – pois se v deixa de votar num partido ou candidato preferindo outro abortista, v passa a ser comparsa de cada um deles realizado sob amparo da lei, da qual v foi co-autor, promotor, e no Juízo Final, além dos muitos pecados pessoais, responderá por ter cooperado nas mortes de inocentes, ajuntando-se às fileiras dos neo Herodes versão século XXI!
    Marina Silva e Dilma deveriam ser evitadas por católicos para que não se tornem compartilhadores de aborto, pedofilia, ideologia do gênero, permissão de sexo-novelas e BBBs para destruírem a família, perseguição à doutrina da Igreja, pois se Marina fosse confiável, não seria comunista desde as origens e por quase 30 anos no PT, nunca se opôs a seus malfeitos, e quem não aceitar os estatutos internos é posto para fora sem cerimonias, pois é partido radical!
    Lembra-se dos 2 deputados do PT de SP que se insurgiram contra o aborto? Rua!

  16. Falou tudo, Renan!
    Mas parece que não adianta.
    Os blogs antes confiáveis parece que “marinaram” todos.
    Até o Reinaldo Azevedo e o Coronel (do blog do Coronel) quando atacam Marina é para dizer que ela está muito “homofóbica”!!! Que ela é contra o casamento gay e a adoção de crianças por boiolas. Como se ser CONTRA isso fosse um defeito! E como se fosse verdade que ela é CONTRA isso!
    Vergonha! Tá tudo perdido…
    O Reinaldo Azevedo é um bom jornalista, mas um péssimo católico, porque apóia tudo isso. O outro eu nem sei se é católico.
    O que me estranha é que neste blog aqui também se admite (para não dizer que se incentiva) o voto útil numa comunista, ecochata e protestante como Marina Silva, quando há na disputa um candidato que se diz católico e anticomunista, como Aécio Neves, que poderia crescer ainda, não fosse esse clima entreguista e fatalista – e muito esquisito… – pregado pelos próprios blogs que poderiam ajudar…
    A que ponto chegamos!
    Mas não desista, Renan! Faça sua parte. Eu estou fazendo a minha. Se perdermos, paciência.
    Pelo menos teremos a consciência tranquila de que não nos entregamos antes da hora e que lutamos até o fim contra essa comunistada maldita.
    Um abraço,
    Carlos

  17. Jorge
    Não me refiro a questão de excomunhão automática, até porque muitos são ignorantes, e esteé o 8o sacramento, provavelmente o que mais salva.
    Temos péssimas opções é verdade. Mas o católico que é consciente, creio que você e tantos outros que aqui teceram comentários o são, que procura agir conforme o ensinamento da Santa Igreja, sabe que votar em candidatos que declaradamente são inimigos de Cristo e o faz mesmo assim está cometendo um pecado gravíssimo. Não preciso nem dizer porque, dado o conhecimento que temos sobre as propostas desses partidos marxistas/socialistas.
    Não estou fazendo campanha para ninguém, mas Aecio nunca declarou, e nem seu partido declara abertamente a favor de aborto, de casamento gay, de tantas aberrações imorais que estão presentes no programa desses partidos.
    Não devemos trair Cristo pensando em fazer voto útil, não devemos trair nossas consciências pensando nestas questões eleitoreiras.

  18. Carlos,

    É exatamente o meu ponto. Votar em um candidato que é declaradamente inimigo de Cristo deixa de ser «um pecado gravíssimo» quando deixam de existir opções. Contenção de danos é formalmente diferente de apoio revolucionário; com o perdão do trocadilho, votar numa comunista “verde” para impedir que a comunista “madura” tome o poder não é apoio formal ao comunismo. Ao contrário, pode ser até mesmo um ato contrarrevolucionário.

    Você leu o programa de governo do Aécio? Lá há 28 diretrizes para “direitos humanos” (p.15), entre as quais lêem-se coisas como «[e]stímulo aos movimentos afrodescendentes, LGBT, indígena e cigano para promoção de eventos contra o racismo e a homofobia» (n.20) e «[a]mpliação da participação da Comunidade LGBT nos debates do Programa Brasil sem Homofobia, e articulação deste programa com as iniciativas estaduais e municipais» (n.25).

    É um programa catolicamente aceitável? Evidente que não. É melhor que o da Marina? Parece-me que sim. No entanto – e isso é o mais importante -, não é viável, porque o Aécio não está concorrendo. E aí? Adianta debruçar-se sobre o programa de governo do Eymael ou do Levy Fidelix (*) se esses caras estão fora do páreo? Talvez adiante, no intento – que já foi dito aqui – de chamar a atenção para uma pauta que tem um determinado eleitorado. Mas isso é uma opção estratégica, não um imperativo moral. E o cerne desse post não é fazer uma análise política esmiuçada de todos os candidatos à presidência (tarefa que, sinceramente, pelos motivos explicados no terceiro topic do texto, reputo tanto árdua quanto inútil), mas responder à seguinte questão concreta: diante de duas opções moralmente inaceitáveis, uma das quais há de necessariamente prevalecer sobre a outra, comete pecado o católico que coopera com a vitória da que lhe parece menos ruim? E essa resposta, à luz de quanto já defendi aqui, penso ser não, não comete.

    Abraços,
    Jorge

    (*) Aliás, o programa do Fidelix não fala sobre LGBTs uma única vez, nem sobre aborto – por qual razão seria legítimo votar no Aécio, que promete promover eventos contra a homofobia, quando existe um candidato que não se declara minimamente favorável à pauta gayzista?

  19. Jorge,

    A obrigação número um de um eleitor católico é formar retamente sua consciência.

    O eleitor que vota no candidato que lhe parecer melhor, sem antes fazer um mínimo de esforço de compreensão de propostas e agendas, age levianamente e provavelmente peca por omissão.

    Dito isso e sendo você uma pessoa inteligente e bem informada, diga-me se você honestamente acha que os candidatos no primeiro turno são todos iguais.

  20. Jorge,

    A influência de um voto extrapola muito o resultado da eleição.

    É verdade que seu voto é estatisticamente desprezível e realmente tanto faz em quem você vai de fato votar. Contudo, o anúncio de seu voto, que inclusive pode ser feito após a eleição, gera um efeito naquelas pessoas que o têm por modelo.

    “Jorge Ferraz disse em seu blog que tanto faz votar em qualquer candidato pois todos são comunistas e os poucos não comunistas não têm menor chance de ser eleitos.”

    “Jorge Ferraz disse em seu blog que é melhor votar nos candidatos X ou Y por causa disso e disso.”

    As duas frases acima não têm o poder de mudar o resultado da eleição, mas elas certamente geram um efeito psicológico, positivo ou negativo, conforme o caso, nas centenas ou milhares de pessoas que leem o seu blog.

    Nenhuma ação humana concreta é neutra. Muito menos o voto numa eleição presidencial.

  21. JB,

    O eleitor que vota no candidato que lhe parecer melhor, sem antes fazer um mínimo de esforço de compreensão de propostas e agendas, age levianamente e provavelmente peca por omissão.

    Sem a menor sombra de dúvidas, e foi exatamente por isso que eu escrevi «candidato que lhe pareça honestamente a melhor opção».

    diga-me se você honestamente acha que os candidatos no primeiro turno são todos iguais.

    A Dilma e o Pastor Everaldo? Não, evidentemente não são iguais.

    Acontece que o Pastor Everaldo não está concorrendo, como não estão concorrendo, entre outros, o Eduardo Jorge e o Aécio Neves. Estas eleições são entre a candidata à reeleição e a candidata do PSB.

    Ambas não são iguais. Mas, sob o crivo da Doutrina Católica, consideradas em si mesmas, são ambas igualmente inelegíveis.

    Uma vez que uma das duas há de inelutavelmente vencer o pleito, independente do que se faça ou deixe de fazer, o critério a orientar o voto do católico não deve ser mais o considerar em si mesma a cada uma delas, mas sim o de considerar uma em relação à outra.

    Abraços,
    Jorge

  22. JB,

    «Jorge Ferraz disse em seu blog que tanto faz votar em qualquer candidato pois todos são comunistas (…)»

    Acontece que Jorge Ferraz jamais disse isso, e sim que, verbis, «[e]ste blogueiro não se sente capacitado para indicar qualquer estratégia de voto aos seus leitores» e «não me parece que seja possível o juízo definitivo a respeito de ser o PSB ou o PT pior para o Brasil».

    Abraços,
    Jorge

  23. Jorge,

    Não foi só isso que você escreveu.

    Você também escreveu: “Essa discussão toda [sobre em quem votar] é irrelevante” e ainda concluiu “Ninguém está obrigado a rigorosamente nada”.

    Que você não se sinta capaz de recomendar uma estratégia de voto, é triste mas compreensível em vista da situação.

    Mas por favor não diga a seus leitores que é irrelevante discutir em quem votar e nem muito menos que não há uma obrigação moral no ato de votar.

    Além disso, você parece atribuir ao voto unicamente a função de determinar o resultado da eleição, o que obviamente está longe da verdade. Numa roda de colegas ou num almoço de família, o anúncio do voto, seguido de uma breve explicação, tem um efeito pedagógico não desprezível. Num blog lido por milhares, o efeito, em termos de mentalidades e disposição interior, é certamente bastante significativo.

  24. JB,

    É evidente que ninguém pode ser negligente, leviano ou alienado em matéria política. Este texto começa justamente dizendo ser «dever de todo homem de bem lutar com todas as suas forças para que o Brasil não amargue um tão deprimente futuro [socialista]». De que ninguém esteja moralmente obrigado a votar na Marina (ou no Aécio ou na Dilma etc.) não entendo como possa ser possível deduzir «que não há uma obrigação moral no ato de votar».

    O que você está chamando de “efeito pedagógico” do voto obviamente não é decorrente do voto em si, mas da sua justificação. E a extensa explanação feita neste texto sobre a perversidade do socialismo, a excomunhão reservada aos que aderem ao comunismo (ainda que não votem) e a licitude de se apoiar com o próprio voto um candidato comunista se o objetivo for impedir o acesso de outro candidato ainda mais comunista ao poder parece-me cumprir suficientemente bem este papel de instruir.

    Abraços,
    Jorge

  25. Jorge Ferraz de 10:07.
    V anotou que aceitar Marina em troca de Dilma, 2 comunistas barra pesada, Marina, quase 30 anos no PT, aprovando todas as maracutaias e crimes que o PT fazia, incl. enfiada aprovando na questão pró aborto seria até um ato contrarrevolucionário; permita que eu discorde de v.
    Como, se essa briga entre as 2 seria uma montagem para liquidarem o Aécio no 1º turno e as 2 “de casa” sobrarem?
    Comunistas, têm alguma coisa na cabeça que preste? Vivem de golpes, trapaças e chantagens, além de serem satanistas!
    Marina já teria dito que se vencesse quereria Lula seu conselheiro.
    Trocar Dilma por Marina seria trocar Satã por Belzebu, qual dos 2 poderia fazer menos mal!

  26. Jorge,

    A dedução é com base no seu “ninguém é obrigado a rigorosamente nada”.

    Existem várias obrigações implicítas no ato de votar e ainda que ninguém seja obrigado a votar em A ou B, existe certamente a obrigação de NÃO votar em X ou Y (no Zé Maria do PSTU, por exemplo).

  27. Vc presta um desserviço aos católicos em dúvida e que desconhecem a doutrina da Igreja. Há uma opção às duas marxistas – e excomungadas – que é o Aécio. Não é o ideal, mas é a opção do MAL MENOR. Em um segundo turno que PARECE provável entre Dilma e Marina, pode-se optar pela abstenção, uma vez que não há como votar aí pelo mal menor, visto que as duas são o mesmo grande mal para o Brasil e o Reinado Social de Nosso Senhor.

    Seu raciocínio sobre a excomunhão por votar em comunista começou bem e terminou mal, afogado em falácias e sofismas. Perdeu-se no afã de querer justificar seu desejo de votar na Marina, que das duas é a pior das opções. Como vc concilia o sono à noite? (Pergunta retórica.)

    Nós prestaremos conta de cada palavra dita. Mais responsabilidades têm os que falam para mais pessoas.

  28. Giulia,

    O Aécio não é uma opção maior do que o Eymael ou o Pastor Everaldo. É muitíssimo improvável que os números sejam muito diferentes do que os que vêm sendo anunciado nas pesquisas – eu expliquei isso também no meu texto.

    Que se possa optar pela abstenção nessas eleições me parece incontestável. Contudo, afirmar que não haja como votar pelo mal menor, aí já me parece uma temeridade. Tudo bem você ter essa opinião. Nesta espécie de matéria fática, contudo, é recomendável um pouco mais de humildade.

    Seu raciocínio sobre a excomunhão por votar em comunista começou bem e terminou mal, afogado em falácias e sofismas.

    Por favor, aponte exatamente qual a falácia cometida, e onde. Só com essa sua frase, desse jeito, nem eu tenho como me corrigir e nem os nossos leitores deixarão de ser enganados…

    Perdeu-se no afã de querer justificar seu desejo de votar na Marina, que das duas é a pior das opções.

    Primeiro, eu não sei se eu vou votar na Marina. Defendo, sim, que um católico possa julgá-la um mal menor do que o quarto mandato petista e, por isso, apoiá-la com seu voto sem ser excomungado. Se você prestar atenção, é esse o cerne do texto.

    Segundo, considero perfeitamente legítimo que você ache que a Marina é pior que a Dilma. Considero legítimo, inclusive, que você vote na Dilma, como boa católica que é, por acreditar sinceramente que um mandato da ecocomunista haveria de ser substancialmente pior do que outro do PT. Já pontificar que a Marina é pior e que, por conta desse seu julgamento particular, nenhum católico pode votar nela, aí já é demais. Devagar com o andor. As coisas já estão ruins o bastante sem que precisemos nos engalfinhar por esse tipo de coisa, ok?

    Abraços,
    Jorge

  29. Jorge, vc tem problemas para interpretar um texto simples. Vamos lá.

    1. Aécio É o mal menor. (onde foi que eu disse: “Contudo, afirmar que não haja como votar pelo mal menor, aí já me parece uma temeridade”???).

    2. Dilma e Marina NÃO são opção para os católicos. NUNCA.

    3. Abstenção APENAS em um segundo turno com a Dilma e a Marina. No 1º turno, é dever do católico impedir que Dilma e Marina se elejam.

    4. Aécio tem mais chance que qqr candidato com 1% de intenção de voto, SIM. Dizer o contrário é negar a realidade. O Ibope é comprado? Pode ser. Mas não ao ponto de criar uma diferença tão grande entre fantasia e realidade.

    5. Em um mundo IDEAL, eu não votaria no Aécio, mas em um candidato CATÓLICO. Mas não vivemos em um mundo ideal, mas REAL.

    6. Sim, vc QUER votar na Marina. Não sei ainda o porque… mas tenho a impressão que no decorrer dos dias acabará por nos dizer…

    Não estou me engalfinhando com ninguém (olha o juízo temerário!). Cada um veste a carapuça que lhe for mais agradável. Eu apenas falei com vc como se vc fosse adulto. Sem mimimi, tipo: sim, sim, não, não. Faço mal?

    Eu até vou usar a parte de seu raciocínio até onde estava funcionando, para embasar melhor meus argumentos pró MAL MENOR.

    ;)

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