«Mulher» e «aborto» são expressões que se repelem mutuamente

Ontem, oito de março, celebrou-se o dia internacional da mulher. Qualquer mínimo passeio pelas redes sociais revela que a data comemorativa foi amplamente sequestrada pelo feminismo revolucionário; todo mundo sabe, por exemplo, que a data é amplamente utilizada para que um punhado de mal-amadas, envergonhando o sexo grandioso que possuem, venham a público na mais despudorada e cínica apologia do aborto.

A bem da verdade, aliás, talvez o mais correto não fosse dizer que o oito de março foi “sequestrado”. Em sua gênese, a comemoração é e sempre foi feminista mesmo. A diferença, talvez, é que antes da expansão desenfreada da internet os atos pró-aborto tinham a repercussão pífia que mereciam. Ninguém dava atenção. Hoje, contudo, quando a qualquer coisa se concede ares de evento histórico, as feministas – cujo barulho, por conta dos amplificadores virtuais, é percebido muitas ordens de grandeza acima do real – conseguem tornar ainda pior um dia que, a despeito das suas raízes inglórias, bem que poderia ser aproveitado. Que seria digno e justo, aliás, aproveitar.

Porque não vêm de hoje as tentativas de “cristianizar” o Oito de Março. À mensagem ontem divulgada pela CNBB – peça esquerdóide da pior qualidade que cobre de vergonha a Igreja do Brasil e atrai a ira do Todo-Poderoso sobre esta terra de Santa Cruz -, por razões que saltam aos olhos à mera leitura do documento, talvez não seja legítimo conferir o status de bem-intencionada tentativa de evangelização. Coisa distinta, contudo, já se pode dizer da ligeira saudação do Papa Francisco após o Angelus dominical: o dia de ontem, disse o Papa, «é uma ocasião para reafirmar a importância das mulheres e a necessidade da sua presença na vida».

Mas não se pense que o Pontífice argentino é pioneiro nessa seara. Fazer remissões católicas mesmo a feriados originalmente anticlericais não é novidade na história da Igreja. Veja-se, à guisa de exemplo, os dois pontífices anteriores, em dois oitos de marços do passado relativamente recente:

  • Bento XVI, em 08 de março de 2009: a efeméride «convida-nos a reflectir sobre a condição da mulher e a renovar o compromisso, para que sempre e em toda a parte, cada mulher possa viver e manifestar plenamente as suas próprias capacidades, obtendo o pleno respeito pela sua dignidade».
  • São João Paulo II, em 08 de março de 1998: «[i]nfelizmente somos herdeiros duma história cheia de condicionamentos, que tornaram difícil o caminho das mulheres, por vezes menosprezadas na sua dignidade, deturpadas nas suas prerrogativas e com frequência marginalizadas. Isto impediu-as de serem completamente elas mesmas e empobreceu a inteira humanidade de autênticas riquezas espirituais.»

É provável que tenha sido S. João Paulo II o primeiro a trazer la Giornata della Donna para o calendário eclesiástico; ao menos no site do Vaticano, a referência mais antiga à data está neste Angelus de 1987. Antes disso, aliás, e registre-se, parece que não havia nenhuma particular preocupação em execrar o 8 de março. Se o feriado é originalmente comunista, é particularmente nos dias de hoje que os seus efluxos malsãos se fazem significativamente sentir (porque hoje, como já se disse, multiplicam-se estrados para qualquer canastrão). Não é revolucionária a mera referência às mulheres, e nem existe anticlericalismo intrínseco ao fato de se parabenizar as pessoas do sexo feminino em uma data específica do ano. Este não é e nem nunca foi o ponto relevante aqui.

O que realmente interessa é o seguinte. Em referência aos grunhidos das feministas pela legalização do aborto a que se referiu acima, veja-se esta notícia hoje publicada: maioria dos internautas se posicionaram contra o aborto. É provavelmente a milésima pesquisa sobre o assunto que corre a internet; pela milésima vez, as pessoas se dizem contrárias a esta covardia suprema que é o assassinato de uma criança no ventre de sua mãe. Ou seja, em um dia abertamente devotado à propaganda da agenda pró-aborto mais escancarada, as sedizentes representantes das mulheres amargaram, de novo e mais uma vez, uma rotunda derrota: não, as pessoas não acreditam, graças a Deus!, que uma mãe pode dispôr da vida do seu filho, ainda que ele se encontre em seu ventre. As pessoas não aceitam o aborto, por mais que insistam no assunto. No meio da revolução moral em que vivemos, essa resistência não pode deixar de ser notada. Por que isso é assim?

Porque «mulher» e «aborto» são expressões que se repelem mutuamente. Porque na verdade as mulheres, como o Papa Francisco disse na mensagem de ontem, são aquelas que «trazem a vida», e esta é a imagem que resplandece com maior força sempre que alguém lhes faz alusão. Para obscurecer a íntima relação existente entre feminilidade e maternidade é necessário um grau de embrutecimento muito maior do que as pessoas estão geralmente dispostas a aceitar – e tal intuito tem falhado miserável e consistentemente, por mais que as feministas tenham consagrado todas as suas forças ao longo das últimas décadas à sua imposição. Para vencer a agenda revolucionária das inimigas das mulheres, portanto, não é necessário combater o oito de março: basta enaltecer a mulher naquilo que lhe é mais próprio. Porque, no fundo, quem diz “mulher”, diz “mãe”. E a maternidade é a mais radical rejeição ao aborto que pode haver.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

2 comentários em “«Mulher» e «aborto» são expressões que se repelem mutuamente”

  1. SINCRONISMO ENTRE MULHER E ABORTO EXISTE APENAS NAS MENTES DIABÓLICAS DE ADOTANTES DA CARTILHA MARXISTA.
    O feminismo tem sido uma das facetas das lutas de classes dos governos comunistas para sutilmente alienarem as mulheres e nelas inocularem o pestilento vírus do marxismo e, nessa data, aproveitam para propagarem suas falsarias ideias sobre elas e seus supostos direitos, sob aparencias de um bem, apesar de serem ciladas.
    Quanto à CNBB, se fosse católica no sentido da palavra, não apoiaria a “Reforma Política” onde só existem declarados comunistas e ela servindo-lhes de lacaia! Nem todos os bispos concordam com ela, mas um que se insurgia às claras contra ela, que sei, era apenas o saudoso D Luiz Bergonzini e a desafiava: “Não posso concordar com certos irmãos do episcopado”, como no apoio ao PT!
    A primeira coisa que fazem os comunistas é instigar as mulheres contra os homens, reivindicando direitos e dar-lhes um status de poderem dispor de seu corpo como quiserem, mas à verdade, por detrás está o ideologista deus-Estado-pai-mãe marxista querendo descristianizá-las, aliená-las e fazer-lhes lavagem cerebral para mais facilmente elas aceitarem em ser apenas chocadeiras de filhos para ele, e suas maternidades reduzidas apenas à mera procriação mecânica, como os animais.
    Aliás, os esquerdistas revolucionarios sempre são mestres em chantagens usando de vitimismo para criarem mais conflitos interpessoais; quanto mais caos, melhor – SEM LUTA DE CLASSES NÃO HÁ COMUNISMO -Lênin.
    O feminismo, como movimento esquerdista desde a sua origem, usa das mesmas artimanhas mentirosas ao criar um mundo irreal: qualquer data ou evento, inclusive religiosos servem de pretexto para criarem mais divisões para destruirem a sociedade.
    A mentira feminista por trás do ”Dia Internacional da Mulher” é a verdade que a liberta do movimento. É mais um fato, mais uma prova, de que o feminismo quer mulheres militando por causas políticas, não por igualdade e/ou direitos delas como costumam propagar, apesar de camufladamente ser ao inverso.
    Mais provas desse inverso comunista?
    Vá a Cuba, da mesma ideologia do PT e confira que direitos as mulheres de lá usufruem a mais que as daqui, senão os de serem capachos do governo, como os homens.
    Verifique as lindas teorias propagadas pela Dilma, como dia 8, e as confira com a prática diaria do partido.
    Se acaso um comunista falar uma verdade, será por erro e terá que se corrigir e, sem se esquecer que os marxistas são irmanados a Satã, além de aliados e apoiadores dos degoladores de cristãos no Oriente Medio pelo ISIS!

  2. “Se o feriado é originalmente comunista”…

    Não é nem feriado, nem comunista. A psicose atual está parecendo doença contagiosa…

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