A entrevista do Superior Geral dos jesuítas: «reinterpretar» as palavras de Cristo?

A entrevista do novo superior geral dos jesuítas provocou estupor pela afirmação de que, no tocante ao acesso aos sacramentos dos divorciados recasados, seria necessário «reinterpretar Jesus». As perguntas do entrevistador são muito bem feitas e, as respostas, um verdadeiro show de horrores.

Primeiro o padre Arturo Sosa Abascal põe em dúvida a autoridade das Escrituras Sagradas ao afirmar que na época de Cristo “ninguém tinha um gravador” (!) para registrar o que Ele teria dito ou deixado de dizer. A afirmação é de uma grosseria sem tamanhos e esconde o pressuposto elíptico de que uma gravação poderia ser mais fidedigna que a infalível palavra de Deus, escrita pelos santos, reconhecida pelos doutores e chancelada pela Igreja ao longo dos séculos.

Que não existissem gravadores na Palestina da época de Cristo é de uma irrelevância sem tamanho e, a menção ao fato, de um materialismo que chega a assustar. A autoridade dos Evangelhos não repousa sobre o grau de confiabilidade do meio de registro (de modo que a gravação mediante um aparelho é sob certo aspecto mais exata que o relato feito de memória), mas sobre a chancela da Igreja de Cristo que é «coluna e sustentáculo da Verdade» (1Tm 3, 15). Nós não sabemos, é verdade, todas as palavras que foram proferidas por Nosso Senhor nesta terra; no entanto, as palavras que foram consignadas por escrito pelos Evangelistas, estas nós temos sim a certeza de que foram ditas — e uma certeza mais firme do que poderia ser proporcionada por qualquer extemporâneo meio de registro eletrônico.

Não existe esta divisão — de sabor kantiano — entre a palavra de Jesus e a interpretação da palavra de Jesus. Do jeito que o pe. Arturo fala, fica parecendo um formalismo inútil: é verdade que o que Jesus disse é verdadeiro, mas o que nós sabemos sobre o que Jesus disse pode estar errado… Ora, se não fosse possível a certeza a respeito da interpretação das palavras de Cristo então o Evangelho seria de todo inútil.

A Igreja existe precisamente para dizer qual a interpretação verdadeira das palavras de Cristo. É esta a Sua função precípua e espanta que um sacerdote — o superior de uma importantíssima ordem religiosa! — o pareça ignorar. É sem dúvidas necessário saber quais foram as palavras de Cristo, mas nós as sabemos e, além disso, sabemos qual a sua correta interpretação!

As palavras de Cristo são as que estão registradas na Vulgata: quod ergo Deus coniunxit homo non separet — o que Deus uniu, portanto, não separe o homem (Mt XIX, 6).

E a interpretação dessas palavras é a que está consignada, por exemplo, na XXIV sessão do Concílio de Trento:

977. Cân. 7. Se alguém disser que a Igreja erra quando ensinou e ensina que, segundo a doutrina evangélica e apostólica (Mc 10; l Cor 7), o vínculo do matrimonio não pode ser dissolvido pelo adultério dum dos cônjuges e que nenhum dos dois, nem mesmo o inocente que não deu motivo ao adultério, pode contrair outro matrimonio em vida do outro cônjuge, e que comete adultério tanto aquele que, repudiada a adúltera, casa com outra, como aquela que, abandonado o marido, casa com outro — seja excomungado.

Sim, o pe. Arturo tem total razão ao dizer que é preciso saber exatamente quais são as palavras de Cristo (que ninguém pode mudar), bem como o quê exatamente estas palavras significam. Isto é sem dúvidas muito necessário, e um sem-número de erros absurdos — como os que o próprio pe. Arturo insinua na sua entrevista — seriam evitados se se soubessem, com certeza, as palavras de Cristo e o que elas significam.

E a correta interpretação sobre qualquer ponto da Doutrina Católica — sobre as palavras do Evangelho inclusive — só a dá o Magistério da Igreja. E se é verdade que ninguém pode mudar a palavra de Cristo, é igualmente verdade, e pela mesma razão, que ninguém pode mudar o ensino do Magistérioqui vos audit me audit (Lc X, 16). «Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou». Absolutamente nada pode ser «reinterpretado» de modo a fugir disso.

A entrevista primeiro tentou lançar dúvidas sobre o registro escriturístico das palavras de Cristo; depois, procurou introduzir uma distinção entre as palavras de Cristo e a interpretação das palavras de Cristo. Tudo vão: nada disso tem lógica dentro do Catolicismo, porque i) a infalibilidade das Escrituras Sagradas nos garante que sabemos, sim, com certeza, o conteúdo do que Cristo disse e ii) a infalibilidade do Sagrado Magistério garante-nos saber, sem possibilidade de erro, o sentido do que Cristo quis dizer.

Resta, por fim, a questão do «discernimento». Acerta o sacerdote ao dizer — e ainda bem que o disse! — que «um verdadeiro discernimento não pode prescindir da doutrina». Repita-se isso quantas vezes forem necessárias: nenhum discernimento pode prescindir da doutrina da Igreja Católica e Apostólica: se o fizer será um falso discernimento! No entanto, ao final, o superior dos jesuítas afirma que o discernimento «pode chegar a conclusões distintas [das] da doutrina». Aqui é preciso ir com calma.

Pode, de ser metafisicamente possível, é claro que pode, porque o discernimento — como uma operação da razão prática — está sujeito ao erro. Agora, pode, de ser moralmente lícito, aí não, não pode, porque o verdadeiro discernimento é aquele que consiste em fazer a vontade de Deus. E a vontade de Deus não pode ser «distinta» do que está expresso na Doutrina que Ele próprio nos transmitiu, é evidente. A doutrina não é um substituto do discernimento como o bem moral não é sucedâneo do livre-arbítrio, mas da mesma forma que o livre-arbítrio só se exerce verdadeiramente na prática do bem, o discernimento só é legítimo estritamente dentro do espaço delimitado pela doutrina. Pecar não é exercitar a liberdade e, do mesmo modo, contrariar os ensinamentos de Deus não é discernir senão confundir.

Não faltou quem quisesse utilizar a entrevista do pe. Arturo Abascal como um subsídio para a interpretação da Amoris Laetitia — como se a Exortação Apostólica não dissesse, logo na primeira linha do célebre capítulo VIII, exatamente o contrário do que defende o pe. Abascal: «toda a ruptura do vínculo matrimonial «é contra a vontade de Deus (…)»» (AL 291)! Não há aqui nada que se «reinterpretar». Permanece válido — e não poderia ser diferente — o ensino católico em todo o seu fulgor: a homem algum é lícito tomar outra esposa, e a mulher nenhuma tomar outro marido, durante a vida do cônjuge verdadeiro. Qualquer «discernimento» possível de ser feito precisa levar isso em consideração, e ignorar esta verdade — sob o argumento de não se saber exatamente as palavras de Cristo, ou de haver dúvidas sobre o seu significado, ou ainda de que não se pode fazer a doutrina substituir a consciência moral, ou de qualquer outro — é servir ao Demônio e não a Deus.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

45 comentários em “A entrevista do Superior Geral dos jesuítas: «reinterpretar» as palavras de Cristo?”

  1. Já que reclamaram, vamos pela brevidade.

    > E o fato é que a idéia de que existe um direito divino a proibir o sujeito que não peca >formalmente de se aproximar dos Sacramentos não está presente nos escritos dos moralistas, >dos canonistas, dos Concílios, dos Papas, na lógica nem em lugar nenhum.

    Pela enésima vez, não é o divorciado que está proibido de ir ao confessionário. Não é o divorciado que está proibido de comungar. É o confessor que não pode dar absolvição a pecados não contritos, por lhe faltar matéria para tal, e é o ministro que não lhe pode dar a comunhão, porque o CDC 915 o proíbe devido ao risco de escândalo e sacrilégio.

    >Naturalmente, quem é capaz de saber que a primeira união é válida, que a segunda é inválida e >que a coabitação é ilícita não pode alegar ignorância.

    Ou seja, apenas aqueles que são incapazes de entendimento podem estar em ignorância invencível, isto é, loucos clínicos, pessoas com problemas psicológicos graves etc. Nesses casos, para permitir a comunhão, o pastor deve adicionalmente investigar se o comungante entende minimamente o significado da Eucaristia e se é capaz de entender que a Hóstia não é um alimento comum.

    Qualquer pessoa que leia a Amoris Laetitia percebe que não são esses casos que Francisco tem em mente.

    >Claro, qual significado outro que o doutrinal poderia interessar?

    O significado autêntico, oras.

  2. Pela enésima vez, não é o divorciado que está proibido de ir ao confessionário (…)

    E, também pela enésima vez, não existe pecado formal se faltam os seus elementos constituintes (conhecimento e vontade), não havendo pecado formal não existe necessidade de contrição e nem tampouco há sacrilégio etc.

    O escândalo, sim, exige a aplicação do CIC 915. Todos concordamos. Destoamos aqui o card. Coccopalmerio e eu: aquele acha que se devem “instruir” os fiéis (!), eu que a comunhão deve ser negada.

    Aliás, considerando que a própria divulgação de orientações espúrias por partes de bispos e Conferências é escandalosa em si mesma, conclui-se daqui que praticamente tudo o que vem sendo feito “em nome da Amoris Laetitia” na verdade contraria frontalmente a Exortação Apostólica.

    Ou seja, apenas aqueles que são incapazes de entendimento(…)

    De entendimento ou de valoração. Sim, exatamente.

    Como eu venho dizendo, não são somente estes, mas alternativamente os que sofrem coação moral irresistível. São duas as hipóteses de situação objetiva de pecado sem correspondente pecado formal na A.L., como eu já discorri aqui.

    O significado autêntico, oras

    JB, veja, se você quer inventar uma categoria «significado autêntico» que não é doutrinariamente cogente nem é a forma segundo a qual um documento eclesiástico deve ser lido, tudo bem; mas se isso não tem relevância alguma não vejo por que deveríamos envidar esforços para a discutir.

  3. >conclui-se daqui que praticamente tudo o que vem
    > sendo feito “em nome da Amoris Laetitia” na
    >verdade contraria frontalmente a Exortação Apostólica.

    Isso implica que o Jorge Ferraz sabe mais sobre como deve ser lida a Amoris Laetitia que os bispos e cardeais que participaram dos sínodos da família e conversaram pessoalmente com Francisco. Pouco falta para que você afirme que a interpretação correta é a sua e não a que seu próprio autor lhe dá, o que nos leva diretamente ao próximo ponto.

    > mas se isso não tem relevância alguma não vejo por que
    > deveríamos envidar esforços para a
    >discutir.

    Mas é o mais interessante e relevante.

    O divórcio entre o “autêntico” e o “doutrinal” na Amoris Laetitia é precisamente a chave para compreender porque há tantas orientações espúrias sobre esse documento.

  4. Isso implica que o Jorge Ferraz sabe mais sobre como deve ser lida a Amoris Laetitia (…)

    Não só «o Jorge Ferraz» como todo mundo que acha que a A.L. não autoriza a comunhão para adúlteros. Isso inclui, por exemplo, o pe. Iraburu, esses 67 prelados que o Catholicvs está contando dia a dia, diversos outros católicos, leigos e sacerdotes, do meu círculo pessoal de amizades etc.

    Na verdade, os únicos que acham que a A.L. autoriza dar comunhão a adúlteros são os modernistas e certos sedizentes tradicionalistas, não surpreendentemente irmanados aqui.

  5. Jorge,

    “Ou seja, apenas aqueles que são incapazes de entendimento(…)

    De entendimento ou de valoração. Sim, exatamente.”

    Incapacidade de valoração significa que a pessoa é incapaz (de boa fé) de compreender o valor moral (malícia) de um determinado ato mesmo que lhe seja afirmado e explicado, é isso?

    Esse obscurecimento ou calejamento da razão pode se dar sem culpa?

  6. Jorge,

    Apenas para complementar a questão anterior:

    “qualquer coisa pode ser objeto de erro: a validade da primeira união, a invalidade da segunda, a recusa da autoridade eclesiástica de validar a situação de fato etc.”

    E se a incapacidade for a de valorar a dissolubilidade do matrimônio como um mal moral? Também deixa de haver pecado formal?

  7. Lampedusa,

    Incapacidade de valoração significa que a pessoa é incapaz (de boa fé) de compreender o valor moral (malícia) de um determinado ato mesmo que lhe seja afirmado e explicado, é isso?

    Sim, é isso. Mutatis mutandis, um protestante pode estar em ignorância invencível ainda que você sente ao lado dele e lhe explique por A + B que o Papa é a cefas de Mateus 18.

    Se se pode dar sem culpa eu não sei. Para ser escusável, de boa fé, invencível, precisa ser sem culpa própria; em havendo culpa o pecado formal se aperfeiçoa. É a “Teoria Geral do Erro”, dos primeiros capítulos dos tratados de Teologia Moral.

    E se a incapacidade for a de valorar a dissolubilidade do matrimônio como um mal moral? Também deixa de haver pecado formal?

    Acho que a pessoa não pode coerentemente acreditar em candura de consciência ao mesmo tempo que a Igreja é fundada por Cristo para ensinar a Salvação e que a indissolubilidade matrimonial que Ela prega é errada (o erro mais comum, conforme creio, é o de fato: “sim, abandonar o cônjuge é errado, mas não reconheço aquela pessoa como meu cônjuge”).

    Mas se fosse possível a alguém ser realmente incapaz de perceber que o adultério é um mal moral, então sim, não haveria pecado mortal no seu adultério. Se a pessoa é incapaz de saber que matar é errado ela não peca formalmente ao matar etc. Agora postular ignorâncias inculpáveis sobre questões gerais da Lei Natural é muito complicado.

  8. >Isso inclui, por exemplo, o pe. Iraburu, esses 67 prelados que o Catholicvs
    > está contando dia a dia, diversos outros católicos, leigos e sacerdotes,
    > do meu círculo pessoal de amizades etc.

    Que bom!

    Como já disse, não duvido que seja possível uma interpretação ortodoxa da Amoris Laetitia. Só não acredito que seja essa a interpretação mais autêntica, isto é,fiel ao sentido original que seu(s) autor(es) intencionaram.

    E veja que não são 67 prelados que acham que a interpretação da doutrina tradicional está claramente exposta na Amoris Laetitia. São 67 prelados que apoiam os dubia dos quatro cardeais justamente porque acham que a Amoris Laetitia está redigida de forma confusa.

    O mesmo, e muito mais, pode ser dito do Pe. Iraburu. Basta ler algumas de suas citações para ver que ele estará muito longe de concordar com você.

    “La ambigüedad de la AL trae y traerá consigo inevitablemente confusión y divisiones en la Iglesia, (…)”

    “Todos esos documentos católicos dan la misma doctrina clara y precisa, la que secularmente ha enseñando la Iglesia. (…) Justamente lo contrario viene enseñado por quienes más colaboraron en la redacción de la AL.”

    “Apoyándose en una mala interpretación de la AL, favorecida por su ambigüedad, es probable que se arraigue más y se amplíe la costumbre culpable de dar la comunión a «parejas irregulares», allí donde ya hace años viene practicándose contra la ley de la Iglesia Católica. Y en otras Iglesias locales, hasta ahora libres de ese error y pecado, es posible que se vaya introduciendo con ese mismo fundamento.”

    “Una duda me ha venido con frecuencia al escribir las páginas de este artículo: hasta qué punto se mantiene viva en algunos la fe en la presencia real de Cristo en la Eucaristía.”

    http://infocatolica.com/blog/reforma.php/1606151019-380-amoris-latitia-8-iy-ahora

    Por favor, Jorge, leia e cite muito o Pe. Iraburu pois me parece ser um excelente sacerdote.

  9. (…)que acham que a interpretação da doutrina tradicional está claramente exposta na Amoris Laetitia.

    Mas não deve existir ninguém dizendo que a doutrina católica está “claramente” exposta na Amoris Laetitia. O que se discute é a forma como ela deve ser interpretada. Simplesmente há quem ache que ela deva ser interpretada no sentido de permitir que adúlteros formais comunguem, e há quem negue que ela possa ser interpretada dessa maneira.

  10. Jorge,

    >Mas não deve existir ninguém dizendo que a doutrina católica
    > está “claramente” exposta na Amoris Laetitia.

    Na verdade, há vários prelados de alto coturno que dizem exatamente isso.

    Um deles é o Cardeal Muller, que interpreta a exortação num sentido ortodoxo.

    http://www.catholicnewsagency.com/news/cardinal-mueller-theres-no-problem-with-doctrine-in-amoris-laetitia-99386/

    Outro é o Cardeal Cupich, que a interpreta num sentido heterodoxo.

    https://twitter.com/CardinalBCupich/status/831620428280057857

    Salvo engano, você mesmo disse em algum lugar alguma coisa como “a falta de clareza na Amoris Laetitia não é maior que em qualquer documento eclesial das últimas décadas.”

    >Simplesmente há quem ache que ela deva ser interpretada no
    >sentido de permitir que adúlteros formais comunguem,
    > e há quem negue que ela possa ser interpretada dessa maneira.

    Acontece que, como salienta o Pe. Iraburu, pertencem ao primeiro grupo pessoas muito próximas ao Papa Francisco, e que foram inclusive autorizadas por ele a explicar oficialmente os aspectos doutrinais dessa exortação.

  11. Na verdade, há vários prelados de alto coturno que dizem exatamente isso.

    Tem razão.

    De qualquer modo, a mim parece que o próprio debate público em torno do tema evidencia que não há «clareza» alguma.

    Salvo engano, você mesmo disse em algum lugar alguma coisa como “a falta de clareza na Amoris Laetitia não é maior que em qualquer documento eclesial das últimas décadas

    Sim, disse-o exatamente por achar que os documentos eclesiásticos recentes não são claros e ensejam há décadas muita má interpretação.

    pertencem ao primeiro grupo pessoas muito próximas ao Papa Francisco, e que foram inclusive autorizadas por ele a explicar oficialmente os aspectos doutrinais dessa exortação.

    O que, se for verdade, não quer dizer que tenham sido bem-sucedidas na transmissão da intenção pontifícia. E de qualquer modo, como ninguém — nem o Papa — pode mudar a doutrina da Igreja, perscrutar pela internet a compreensão particular que o Papa tem do problema é inútil.

  12. Não devíamos misturar o tratamento devido aos católicos e o tratamento possível a não católicos, evitaria toda esta discussão sem sentido.

    É compreensível que sejamos apegados à leitura ortodoxa de qualquer documento, evitando a possível interpretação heterodoxa que supomos não seria aceitável de certos autores, mui dignos.

    O pecado não foi entendido como pecado!!
    Acredito que “jogar pérolas aos porcos”, é também entregar um evangelho a quem não tem senso mínimo para interpretar e nem mesmo entender, dizer que uma pregação feita pelos apóstolos, não foi aceita ou não foi entendida, tem intrinsecamente o mesmo sentido, poderia dizer que se entendessem a beleza do evangelho, todos o aceitariam e mais ainda desejariam, portanto bater o “pó da sandália” é uma expressão que vale para quem não tem discernimento para compreender a mensagem entregue.

    Sacramento necessário!!
    Dizer que uma certa pessoa é católico, mas não tem como entender a mensagem do evangelho e mesmo assim cumulá-lo com a responsabilidade de ser católico, parece pouco sensato. Se o sacramento do batismo é recebido sem compreensão, isto somente é feito com a obrigação de existirem responsáveis para acompanhamento futuro, a crisma ou confirmação somente pode ser ministrada quando há a compreensão da fé e é condição exigida para outros sacramentos.

    Para justificar uma possível ignorância ultrapassa-se o limiar da racionalidade, buscando exemplos que facilmente escapam ao uso da razão, isto não deveria ser possível em pessoas que já tomaram posse da fé pela doutrina

  13. >O que, se for verdade,
    > não quer dizer que tenham sido bem-sucedidas
    > na transmissão da intenção pontifícia.

    Nada como uma pitada de cinismo pela manhã!

    Evidentemente, sempre será possível argumentar que o verdadeiro Papa Francisco é uma pobre vítima dos cardeais liberais. Sem falar na mídia esquerdista que tudo distorce.

    >perscrutar pela internet a compreensão particular que o Papa tem do problema é inútil.

    Pelo contrário, permite uma compreensão mais verdadeira dos porquês. Permite entender, por exemplo, porque a interpretação liberal da amoris laetitia, ao menos em nossos dias, acabará inevitavelmente por triunfar.

    Acho que há mais mérito em amar uma realidade imperfeita que em amar uma ideia perfeita.

  14. O Jorge recomendou a leitura do livro sobre a Amoris Laetitia do Pe. Iraburu. Parece-me um excelente sacerdote que deve ser mais lido aqui no Deus lo Vult.

    “Los Sínodos y la Amoris lætitia conceden la comunión a las parejas cristianas ilícitas, como hemos visto, enfatizando siempre que no ha de aplicarse esta nueva medida pastoral en forma «general e indiscriminada», sino en «algunos casos», tras ser recorrido un «camino penitencial», bajo la responsabilidad del Obispo, realizado un «discernimiento pastoral» cuidadoso, que examina «caso por caso»… No pocos pensamos que tales condiciones se indicaban con insistencia solamente para conseguir la aquiescencia de los Padres sinodales y del Episcopado católico, pero que en realidad no iban a ser aplicadas casi nunca.”

    http://infocatolica.com/blog/reforma.php/1701171229-415-caso-por-caso-es-decir-to

  15. Perdoem a ignorância, mas eu não me recordo de documentos de São João Paulo ou de Bento XVI que tenham gerado confusão entre católicos.

    Já os de Francisco têm sido constantes de discussões e meu ver fica evidente que as múltiplas interpretações vêm da falta de clareza dos escritos.

    Se cardeais divergem, AL é um escrito dispensável a leigos, pois o Magistério Vivo está dividido.

    Me corrijam se eu falei alguma besteira.

Os comentários estão fechados.