Não basta não ser pecador, é preciso ser santo

Ainda sobre a questão dos abusos sexuais praticados por membros do clero, foram publicados nos últimos dias diversos textos abordando aspectos bastante pertinentes do problema. Comento aqui somente um ou outro ponto deles, escolhidos por afinidade temática e não por serem necessariamente os mais importantes. O assunto é bem grave e demanda mesmo textos longos, cuja leitura na íntegra este post não tem a pretensão de suprir.

Chamo a atenção, em primeiríssimo lugar, para o Carlos Ramalhete apontando o homossexualismo como a verdadeira raiz do problema. «O que agora vem se tornando claro, ainda que disso pouco se falasse no começo do escândalo, mas que eu vinha falando desde que estes horrores inomináveis começaram a vir à luz, é que as vítimas, em sua imensíssima maioria, não eram criancinhas, mas rapazinhos. Em outras palavras, não se trata, nunca se tratou, de um escândalo de pedofilia, sim de efebofilia. Ou, em outras palavras, de homossexualismo.» 

Esta análise, é importante frisar, não é característica exclusiva de católicos conservadores. Gostaria de lembrar que mesmo os ataques virulentos de um Reinaldo Azevedo contra o celibato católico têm esse mesmíssimo pano de fundo. Veja-se, por exemplo, velharias como “Igreja não é armário”, “Ou a Igreja acaba com o celibato ou o celibato acaba com a Igreja” (sic) e “Sacerdócio não é armário”. Naturalmente, este blog por diversas vezes já se levantou contra a tagarelice do sr. Reinaldo quando de suas incursões pouco piedosas no terreno do Catolicismo; neste caso específico, no entanto, o erro dele é de terapêutica e não de diagnóstico. A constatação de que há homossexuais infiltrados no clero católico é uma constatação verdadeira; a idéia de acabar com o celibato por conta disso é que é uma estupidez.

É compreensível que as pessoas — de boa ou de má vontade — queiram apontar soluções para o problema; talvez mais do que nunca, esta é uma marca dos dias atuais. Mas existem alguns pontos que não podem ser obscurecidos. Primeiro, que a reforma da vida sacerdotal virá dos sacerdotes e não dos leigos — e, portanto, as intermináveis laudas publicadas na internet sobre o assunto não podem aspirar senão a um papel bem modesto nesta batalha. Segundo, que a abominação da desolação exige de nós orações redobradas: o Papa Francisco chegou a pedir ao povo de Deus jejum e oração, lembrando que — segundo Nosso Senhor — é somente à força deles que certos demônios podem ser expulsados. E, terceiro, que a vastidão dos pecados do clero não nos pode fazer perder de vista — nem por um segundo — a multidão ainda mais inumerável de padres honestos, que decerto prefeririam morrer a desonrar a vocação sacerdotal a que um dia foram chamados. É preciso, mais do que nunca, rezar por eles.

Este último ponto, no entanto, precisa de maiores desenvolvimentos. É que o lobby gay dentro da Igreja aparenta ser tão vasto que houve até quem falasse em uma corrupção do clero a rivalizar com a da época dos Bórgia (!). A retórica é exagerada e até mesmo injusta; mas que se deixe isso um pouco de lado por enquanto, porque a situação é calamitosa, e às vezes acontece de pessoas bem intencionadas errarem a mão na hora de se levantarem contra injustiças. O fato é que um laxismo generalizado paira sobre a Igreja, e isso é escandaloso e atrai a ira de Deus. «O triunfo da degradação homossexual em tantas dioceses e ministérios na Igreja Católica», diz o artigo do Matthew Hoffman, «deve-se a uma causa fundamental: a aceitação generalizada de um laxismo moral que minimiza a gravidade do pecado sexual e entende a continência como um simples “ideal”, fora do alcance de um católico comum.»

Trata-se de um naturalismo grosseiro que desdenha da graça de Deus e que, em última instância, almeja confinar a sublime vocação humana à santidade em uma vida medíocre e acomodada. Trata-se de uma completa inversão do ideário missionário da Igreja, que sempre consistiu na elevação moral dos católicos para muito além do espírito do seu tempo e, hoje, parece empenhado em reduzir as sublimes exigências do Cristianismo à altura de homens tíbios e pusilânimes, satisfeitos em se arrastar mundo afora curvados sob o peso da própria sensualidade. Trata-se, em suma, de algo indigno da Igreja nascida do costado traspassado de Cristo no alto da Cruz, que foi fundada para arrancar dolorosamente o pecado do mundo e não para acomodar confortavelmente o mundo no pecado.

Essas cores podem parecer demasiado vívidas, mas é sinceramente difícil escolher outras com as quais se possa pintar honestamente o panorama atual. Cada notícia que nos chega é mais escabrosa do a anterior. Agora o Michael Voris denunciou uma rede de tráfico de seminaristas homossexuais (!) da Colômbia para os Estados Unidos, que funcionou durante anos e se estendia por diversas paróquias e dioceses do leste americano. A matéria fala em “por lo menos seis diócesis implicadas”, número que, por conta das informações que continuam chegando, “sigue creciendo”.

Tudo isso é um acinte, é um escárnio, é uma vergonha. E uma situação assim drástica exige uma reação também vigorosa, enérgica, radical. Diante de tamanha podridão não é suficiente se manter fleumaticamente afastado: é preciso o combate explosivo, colérico, visceral. Os pecados são muitos e muito graves; é preciso contrapôr a eles um clero santo. Não é o suficiente guardar a própria castidade, é preciso fazer violência contra o laxismo hegemônico. Não basta não ser homossexual, não basta não estar envolvido em escândalos, é preciso denunciar e combater os que desonram a Igreja de Nosso Senhor. Não basta levar uma vida meia-boca, dessas que, como se diz, “não fede nem cheira”: é preciso ser trigo sadio e vistoso, que se ergue, dourado, em direção ao sol, abafando e sufocando com a própria virtude o joio circundante. Não basta não ser pecador; é preciso ser santo.

E que nós, leigos, possamos rezar mais e nos mortificar mais, que passemos a nos voltar para Deus com mais frequência e com mais confiança, e que levemos mais a sério a Fé em Cristo que a Igreja nos legou. Ela sofre e agoniza. Nós queremos vê-La saudável e resplandecente, iluminando todos os homens e sendo, na História, instrumento eficaz da glória de Deus e da salvação das almas. Mas nossas mãos estão atadas. Sacerdotes de Cristo, tomai sob vosso encargo, corajosamente, virilmente, a defesa da Esposa de Nosso Senhor! É a vós que primeiro compete restaurá-La. Sem vós nada podemos fazer.

A Fé bruxuleia em meio às nossas fraquezas

O Papa Francisco tornou pública ontem uma «carta ao povo de Deus». As palavras de Sua Santidade chegam em um momento pungente para os católicos, onde o Corpo Místico de Cristo encontra-se com feridas dolorosamente abertas após o espocar de mais um escândalo de abusos sexuais praticados por membros do clero. Tudo isso machuca e revolta. Como é possível que desçam tão baixo em vilania justamente aquelas pessoas que foram separadas de entre os homens — consagradas! — para levar almas ao Céu?

A verdade é que não é possível encontrar humanamente explicações. Aos que não crêem, a tragédia é um prato farto para que se retroalimentem em sua descrença: como é possível que se pretenda fundada por Deus uma Igreja que agrega tamanhos pervertidos? E aos católicos — mesmo àqueles cuja Fé for capaz de transpôr esta cruel indagação — ficam a dor, a vergonha, a humilhação. Onde estavas, Senhor, para permitires que fosse assim manchada a face da Tua Esposa?

Queríamos que fosse diferente, queríamos que o contato constante com o Sagrado tivesse o condão de tornar os homens automaticamente melhores, mas a história nos mostra que as coisas não acontecem assim. Não existe santidade por osmose. No fundo, o mysterium iniquitatis no interior da Igreja não é diferente do problema do mal no mundo: o Verbo fez-Se carne e elevou toda a natureza humana, mas mesmo o homem objetivamente redimido continua capaz dos mesmos abismos de sordidez que o mais bruto dos pagãos pré-cristãos.

Abismos até mais profundos, aliás. Porque os pagãos até poderiam alegar em seu favor a inevitável falibilidade da natureza humana decaída, da qual não eram capazes de se libertar sozinhos.

A verdade, a incrivelmente dolorosa verdade é que, em um certo sentido, a Religião eleva mas também avilta. Ela eleva, quando o homem corresponde à graça; mas avilta, quando o homem lhe dá as costas. A Religião verdadeira não é somente a que produz mais santos; é também aquela que torna possíveis os maiores pecadores. A Graça não torna automaticamente os homens melhores: ela os pode tornar tão melhores quanto jamais seriam capazes sem ela, mas também abre as portas para que se tornem tão vis e degenerados como jamais pagãos conseguiriam se tornar. A Graça, ao mesmo tempo em que abre caminho para os píncaros do Paraíso, também dá acesso a certas profundezas do Inferno antes inacessíveis. Quem julga estar de pé, cuide sempre para que não caia.

Que os escândalos — terríveis! — não apaguem da face da terra a chama da Fé que há dois mil anos bruxuleia em meio às nossas fraquezas. Que possamos manter os olhos fixos em Cristo Senhor: é Ele que é Crucificado, mais uma vez!, quando os Seus sacerdotes O atraiçoam e afastam as almas d’Ele ao invés de as aproximar. Que Ele tenha misericórdia de nós todos, é o que podemos pedir. E que o Espírito Santo venha em socorro da Sua Igreja, concedendo-nos sempre sabedoria para discernir o mal no mundo, bem como coragem para o enfrentar sem tréguas.

A instrumentalização do sofrimento alheio

Esta notícia é uma verdadeira piada: Vítimas de pedofilia denunciam papa à corte internacional. «Uma associação americana de vítimas de padres pedófilos anunciou nesta terça-feira que apresentou uma queixa ao Tribunal Penal Internaiconal (TPI) contra o papa Bento XVII e outros dirigentes da Igreja católica por crimes contra a humanidade».

Solidarizo-me, de verdade, com as vítimas de abusos sexuais. Em tempos mais civilizados – durante as glórias do Medievo, p.ex. -, um sacerdote que traísse de maneira assim tão grave os seus votos seria trancado em um buraco (possivelmente pelo resto da vida) para meditar nos seus pecados sem ver mais a luz do sol e nem ninguém; ou então seria queimado em praça pública para a maior glória de Deus, e seria justo. As pessoas de hoje, no entanto, dizem que estas práticas são bárbaras e que é um absurdo vergonhoso elas terem um dia existido. E, simultaneamente, promovem um terrível linchamento moral sobre qualquer sacerdote – culpado ou inocente – sobre o qual pese a mais remota suspeita de se ter envolvido em escândalos sexuais (de pedofilia ou não), ao mesmo tempo em que pretendem acusar a Igreja por Ela não [mais!] punir os Seus ministros da forma como fazia anteriormente e que é, hoje, execrada pela totalidade do mundo dito “civilizado”.

Eu entendo que o “braço secular” muda ao longo dos séculos, e entendo que fogueiras ou forcas no Largo da Piedade seriam descabidas nos dias de hoje. Mas o mesmo não vale para os aljubes, que poderiam perfeitamente se ter transformado em prisões eclesiásticas (com o mesmo propósito original). Penso que, assim, as coisas seriam melhores.

No entanto, divago; pois não importa como as coisas poderiam ser (e muito menos se seriam melhores ou piores se fossem de uma maneira diferente do que são), e sim como elas são. E o fato é que, hoje, desconheço qualquer existência de foro eclesiástico para crimes civis. Como alguém colocou em alguma lista de emails da qual participo, a instância responsável por investigar uma denúncia de pedofilia (ou do que quer que seja) são as autoridades do lugar onde o fato supostamente se deu, e não a cúria romana [que fica no Vaticano] e nem muito menos o Papa. Qualquer tentativa de responsabilizar estes é pura calhordice, é instrumentalização do sofrimento alheio para fins ideológicos que deve ser denunciada.

A tal associação americana pretende que o Papa tenha “responsabilidade direta e superior por crimes contra a humanidade, por estupro e outras violências sexuais cometidas em todo o mundo”! Vejam que não estamos sequer falando de alguma coisa que (embora equivocada) tivesse um mínimo de lógica, como p.ex. uma suposta recusa em denunciar às autoridades um suposto caso que porventura tivesse acontecido n’alguma circunscrição geográfica (München, p.ex.) pela qual o então Bispo Ratzinger fosse à época responsável. Na verdade, acusam o Papa de ter “responsabilidade direta” pelos casos de abusos sexuais ocorridos em todo o mundo! Seria alguma coisa como (mutatis mutandis) acusa a sra. Presidente da República do Brasil pelos crimes cometidos por brasileiros em qualquer parte do globo terrestre, e levá-la a um Tribunal Internacional acusando-a de omissão e cumplicidade por eles. A idéia, claro, é estúpida; no entanto, algumas pessoas (movidas por um ódio cego e irracional) perdem completamente a noção do ridículo em sua tentativa de lançar lama na Igreja.

Carta da Congregação para a Doutrina da Fé – diretrizes sobre abusos sexuais

[Fonte: Rádio Vaticano. Foi publicada hoje (segunda-feira, 16 de maio de 2011).]

CARTA CIRCULAR

Para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos de abuso sexual contra menores por parte de clérigos

Dentre as importantes responsabilidades do Bispo diocesano para assegurar o bem comum dos fiéis e, especialmente das crianças e dos jovens, existe o dever de dar uma resposta adequada aos eventuais casos de abuso sexual contra menores, cometidos por clérigos na própria diocese. Tal resposta implica a instituição de procedimentos capazes de dar assistência às vítimas de tais abusos, bem como a formação da comunidade eclesial com vistas à proteção dos menores. Tal resposta deverá prover à aplicação do direito canônico neste campo, e, ao mesmo tempo, levar em consideração as disposições das leis civis.

I. Apectos gerais:

a) As vítimas do abuso sexual:

A Igreja, na pessoa do Bispo ou de um seu delegado, deve se mostrar pronta para ouvir as vítimas e os seus familiares e para se empenhar na sua assistência espiritual e psicológica. No decorrer das suas viagens apostólicas, o Santo Padre Bento XVI deu um exemplo particularmente importante com a sua disposição para encontrar e ouvir as vítimas de abuso sexual. Por ocasião destes encontros, o Santo Padre quis se dirigir às vítimas com palavras de compaixão e de apoio, como aquelas que se encontram na sua Carta Pastoral aos Católicos da Irlanda (n. 6): “Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade.”

b) A proteção dos menores:

Em algumas nações foram lançados, em âmbito eclesiástico, programas educativos de prevenção, a fim de assegurar “ambientes seguros” para os menores. Tais programas tentam ajudar os pais, e também os operadores pastorais ou escolásticos, a reconhecer os sinais do abuso sexual e a adotar as medidas adequadas. Os supracitados programas mereceram amiúde um reconhecimento como modelos na luta para eliminar os casos de abuso sexual contra menores nas sociedades hodiernas.

c) A formação dos futuros sacerdotes e religiosos

O Papa João Paulo II dizia no ano de 2002: “No sacerdócio e na vida religiosa não existe lugar para quem poderia fazer mal aos jovens” (n. 3, Discurso aos Cardeais americanos, 23 de abril de 2002). Estas palavras chamam à atenção para a responsabilidade específica dos Bispos, dos Superiores Maiores e daqueles que são responsáveis pelos futuros sacerdotes e religiosos. As indicações dadas na Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis, bem como as instruções dos Dicastérios competentes da Santa Sé, possuem uma importância sempre crescente com vistas a um correto discernimento vocacional e a uma formação humana e espiritual sadia dos candidatos. Em particular façam-se esforços de sorte que os candidatos apreciem a castidade, o celibato e a paternidade espiritual do clérigo e que possam aprofundar o conhecimento da disciplina da Igreja sobre o assunto. Indicações mais específicas podem ser integradas nos programas formativos dos seminários e das casas de formação previstas na respectiva Ratio Institutionis Sacerdotalis de cada nação e Instituto de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica.

Uma diligência especial deve ser ademais reservada à indispensável troca de informações acerca daqueles candidatos ao sacerdócio ou à vida religiosa que são transferidos de um seminário a outro, de uma a outra Diocese ou de Institutos religiosos a Dioceses.

d) O acompanhamento dos sacerdotes

1. O Bispo tem o dever de tratar a todos os seus sacerdotes como pai e irmão. Além disso, o Bispo deve providenciar com atenção especial à formação permanente do clero, sobretudo nos primeiros anos seguintes à sagrada Ordenação, valorizando a importância da oração e do mútuo apoio na fraternidade sacerdotal. Os sacerdotes devem ser informados sobre o dano provocado por um clérigo à vítima de abuso sexual e sobre a própria responsabilidade diante da legislação canônica e civil, como também a reconhecer os sinais de eventuais abusos perpetrados contra menores;

2. Os Bispos devem assegurar todos os esforços no tratamento dos casos de eventuais abusos que porventura lhes sejam denunciados de acordo com a disciplina canônica e civil, no respeito dos direitos de todas as partes;

3. O clérigo acusado goza da presunção de inocência até prova contrária, contudo, o Bispo, por cautela, poderá limitar o exercício do ministério, enquanto espera que se esclareçam as acusações. Em caso de inocência, não se poupem esforços para reabilitar a boa fama do clérigo acusado injustamente.

e) A cooperação com as autoridades civis

O abuso sexual de menores não é só um delito canônico, mas também um crime perseguido pela autoridade civil. Se bem que as relações com as autoridades civis sejam diferentes nos diversos países, é, contudo importante cooperar com elas no âmbito das respectivas competências. Em particular se seguirão sempre as prescrições das leis civis no que toca o remeter os crimes às autoridades competentes, sem prejudicar o foro interno sacramental. É evidente que esta colaboração não se refere só aos casos de abuso cometidos por clérigos, mas diz respeito também aos casos de abuso que implicam o pessoal religioso ou leigo que trabalha nas estruturas eclesiásticas.

II. Breve relatório da legislação canônica em vigor relativa ao delito de abuso sexual de menores perpretado por um clérigo

No dia 30 de abril de 2001, o Papa João Paulo II promulgou o Motu Própio Sacramentorum Sanctitatis Tutela (SST), com o qual se inseriu o abuso sexual de um menor perpetrado por um clérigo no elenco de delicta graviora, reservado à Congregação para a Doutrina da Fé (CDF). A prescrição de tal delito foi fixada em 10 anos a partir do 18º aniversário da vítima. A legislação do Motu Próprio vale tanto para os clérigos latinos quanto para os clérigos orientais, igualmente para o clero diocesano como para o religioso.

Em 2003, o então Prefeito da CDF, o Cardeal Ratzinger, obteve de João Paulo II a concessão de algumas faculdades especiais para oferecer maior flexibilidade nos processos penais para os casos de delicta graviora, dentre os quais o uso do processo penal administrativo e o pedido da demissão ex officio nos casos mais graves. Estas faculdades foram integradas na revisão do Motu Próprio aprovada pelo Santo Padre Bento XVI aos 21 de maio de 2010. Segundo as novas normas a prescrição é de 20 anos, os quais nos casos de abuso de menores se calculam a partir do 18º aniversário da vítima. A CDF pode eventualmente derrogar às prescrições em casos particulares. Especificou-se também o delito canônico da aquisição, detenção ou divulgação de material pedopornográfico.

A responsabilidade de tratar os casos de abuso sexual contra menores é, num primeiro momento, dos Bispos ou dos Superiores Maiores. Se a acusação parecer verossímil, o Bispo, o Superior Maior ou o seu delegado devem proceder a uma inquisição preliminar de acordo com os cân. 1717 do CIC, 1468 CCEO e o art. 16 SST.

Se a acusação for considerada crível – digna de crédito, pede-se que o caso seja remetido à CDF. Uma vez estudado o caso, a CDF indicará ao Bispo ou ao Superior Maior os ulteriores passos a serem dados. Ao mesmo tempo, a CDF oferecerá uma diretriz para assegurar as medidas apropriadas, seja garantindo um procedimento justo aos clérigos acusados, no respeito do seu direito fundamental à defesa, seja tutelando o bem da Igreja, inclusive o bem das vítimas. É útil recordar que normalmente a imposição de uma pena perpétua, como a demissão do estado clerical requer um processo penal judicial. De acordo com o Direito Canônico (cf. can. 1342 CIC) os Ordinários não podem decretar penas perpétuas por decretos extrajudiciários; para tanto devem se dirigir à CDF, à qual compete o juízo definitivo a respeito da culpabilidade e da eventual inidoneidade do clérigo para o ministério, bem como a conseqüente imposição da pena perpétua (SST Art. 21, § 2).

As medidas canônicas aplicadas contra um clérigo reconhecido culpado de abuso sexual de um menor são geralmente de dois tipos:

1) medidas que restringem o ministério público de modo completo ou pelo menos excluindo os contatos com menores. Tais medidas podem ser acompanhadas por um preceito penal; 2) penas eclesiásticas, dentre as quais a mais grave é a demissão do estado clerical.

Em alguns casos, prévio pedido do próprio clérigo, pode-se conceder a dispensa, pro bono Ecclesiae das obrigações inerentes ao estado clerical, inclusive do celibato.

A inquisição preliminar e todo o processo devem se desenvolver com o devido respeito a fim de proteger a discrição em torno às pessoas envolvidas, e com a devida atenção à sua reputação.

Ao menos que existam razões graves em contrário, o clérigo acusado dever ser informado da acusação apresentada, a fim de que lhe seja dada a possibilidade de responder à mesma, antes de se transmitir um caso à CDF. A prudência do Bispo ou do Superior Maior decidirá qual informação deva ser comunicada ao acusado durante a inquisição preliminar.

Compete ao Bispo ou ao Superior Maior prover o bem comum determinando quais medidas de precaução previstas pelo cân. 1722 CIC e pelo cân. 1473 CCEO devem ser impostas. De acordo com o art. 19 SST, isto se faz depois de começada a inquisição preliminar.

Recorda-se finalmente que se alguma Conferência Episcopal, excetuado o caso de uma aprovação da Santa Sé, julgue por bem dar normas específicas, tal legislação particular dever ser considerada como um complemento à legislação universal e não como substituição desta. A legislação particular deve, portanto harmonizar-se com o CIC/CCEO, bem como com o Motu Próprio Sacramentorum Sanctitatis Tutela (30 de abril de 2001) como foi atualizado aos 21 de maio de 2010. Se a Conferência Episcopal decidir estabelecer normas vinculantes, será necessário requerer a recognitio aos Dicastérios competentes da Cúria Romana.

III. Indicações aos Ordinários sobre o modo de proceder

As linhas diretrizes preparadas pela Conferência Episcopal deveriam fornecer orientações aos Bispos diocesanos e aos Superiores Maiores no caso em que fossem informados de possíveis (presunti) abusos sexuais contra menores perpetrados por clérigos presentes no território da sua jurisdição. Tais linhas diretrizes devem levar em conta as seguintes considerações:

a.) o conceito de “abuso sexual contra menores” deve coincidir com a definição do Motu Próprio SST art. 6 (“o delito contra o sexto mandamento do Decálogo cometido por um clérigo com um menor de dezoito anos”), bem como com a praxe interpretativa e a jurisprudência da Congregação para a Doutrina da Fé, levando em consideração as leis civis do País;

b.) a pessoa que denuncia o delito dever ser tratada com respeito. Nos casos em que o abuso sexual esteja ligado com outro delito contra a dignidade do sacramento da Penitência (SST, art. 4), o denunciante tem direito de exigir que o seu nome não seja comunicado ao sacerdote denunciado (SST, art. 24);

c.) as autoridades eclesiásticas devem se empenhar para oferecer assistência espiritual e psicológica às vítimas;

d.) o exame das acusações seja feito com o devido respeito do princípio de privacidade e de boa fama das pessoas;

e.) ao menos que haja graves razões em contrário, já durante o exame prévio, o clérigo acusado seja informado das acusações para ter a possibilidade de responder às mesmas;

f.) os órgãos consultivos de vigilância e de discernimento dos casos particulares, previstos em alguns lugares, não devem substituir o discernimento e a potestas regiminis dos bispos em particular;

g.) as linhas diretrizes devem levar em consideração a legislação do país da Conferência, especialmente no tocante à eventual obrigação de avisar as autoridades civis;

h.) seja assegurado em todos os momentos dos processos disciplinares ou penais um sustento justo e digno ao clérigo acusado;

i.) exclua-se o retorno do clérigo ao ministério se o mesmo for perigoso para os menores ou escandaloso para a comunidade.

Conclusão:

As linhas diretrizes preparadas pelas Conferências Episcopais pretendem proteger os menores e ajudar as vítimas para encontrar assistência e reconciliação. As mesmas deverão indicar que a responsabilidade no tratamento dos delitos de abuso sexual de menores pro parte dos clérigos compete em primeiro lugar ao Bispo diocesano. Por fim, as linhas diretrizes deverão levar a uma orientação comum no seio de uma Conferência Episcopal, ajudando a harmonizar do melhor modo os esforços dos Bispos em particular a fim de salvaguardar os menores.

Roma, da Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 3 de maio de 2011

William Cardinale Levada
Prefeito

X Luis F. Ladaria, S.I.
Arcebispo Tit. de Thibica
Secretário

Comentários ligeiros

Terrorismo contra o DCE da UFRGS. “O Diretório Central dos Estudantes da UFRGS foi vítima de ato criminoso, quando na madrugada desta quarta-feira seu hall de entrada foi incendiado. A ação, assumida por um grupo intitulado ‘Comando de Caça aos Reacionários’, demonstra o desprezo de determinados grupos radicais pela livre escolha dos estudantes da Universidade, pelo patrimônio público e Estado Democrático de Direito”.

Vejam só, Comando de Caça aos Reacionários! Há também um pequeno vídeo no youtube mostrando o estado em que ficou o DCE. Lá, o estudante fala que a chapa vencedora das últimas eleições “é composta por uma maioria de estudantes que não têm vinculo a partidos políticos e principalmente estudantes que querem representar de fato o corpo discente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e não interesses político-partidários ou ideológicos como, infelizmente, vinha ocorrendo nas últimas décadas aqui na Universidade Federal do Rio Grande do Sul”. Interessante a “democracia ideológica” dos revolucionários. Que a Virgem Santíssima possa ser em favor dos estudantes sérios da UFRGS.

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– É do início do mês, mas eu não posso deixar de referenciar o texto da Dicta: “Algo extraordinário está acontecendo”. Sobre o Papa Bento XVI enquanto intelectual: “Com candura e gentileza, Bento XVI mostra que as respostas da Modernidade são insuficientes. Ele valoriza o que elas têm de positivo, não é um adversário, e sim alguém que deseja compartilhar com os outros as soluções mais ricas e abrangentes que sabe possuir. Isso humilha os intelectuais, que julgavam o cristianismo uma caveira à espera de ser enterrada e não admitem que nele possa haver tal vigor. E nada irrita tanto quanto mostrar que somos incompletos; preferimos estar rotundamente errados na grandeza, do que estar na mediocridade de quem ‘não chegou lá’. Por isso, não tenho esperança de que essas censuras injustas terminem tão cedo; se não o conseguirem atacar de uma maneira, descobrirão outra”.

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Uma freira que participou da decisão de um comitê de ética americano para autorizar um aborto em uma mulher “gravemente doente” incorreu em excomunhão latae sententiae, como disse o bispo Thomas J. Olmsted. Leiam lá, porque é interessantíssimo. A mulher estava grávida de 11 semanas e sofria de hipertensão pulmonar, o que acarretaria um altíssimo risco de morte [near-certain risk of death] caso a gravidez fosse levada adiante. Isto foi explicado ao bispo. Mas ele retrucou: “a morte direta de uma criança não nascida é sempre imoral, não importam as circunstâncias, e isto não pode ser admitido em uma instituição que se afirma autenticamente católica”.

“Sempre imoral”, e “não importam as circunstâncias”. Excelente! Enche-nos o coração de alegria encontrar bispos zelosos pela Doutrina da Igreja, e que não estão dispostos a fazer concessões à mentalidade moderna. Que a Virgem Maria abençoe o ministério episcopal do bispo Olmsted. E que Ela consiga bispos assim para o Brasil.

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Padre Demétrio 1: “O último cume”, filme de Juan Manuel Cotelo sobre a vida do pe. Pablo Domínguez, que recentemente faleceu em um acidente de montanhismo.

Na espanha laicista, como muito bem disse o pe. Demétrio! Um corajoso filme sobre a vida de um padre católico. Vejam lá os primeiros cinco minutos do filme, e vejam a abertura: um sacerdote sendo crucificado pela turba enquanto as crianças choram e têm seus olhos fechados, os manifestantes gritam, a imprensa filma e bate fotos. Diz Cotelo: “Os especialistas me disseram claramente: ‘Se hoje crucifico a um sacerdote em público, vou ter êxito, e vão dar-me importantes prêmios’. Se, ao contrário, falo bem de um padre, vão crucificar-me”. Corajoso! Quero assisti-lo.

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Padre Demétrio 2: “Os sacerdotes que abusaram de mim”. Trata-se de um relato assinado por Gustavo Caro. Assim se inicia: “Quanto era muito criança, sem ter consciência, sem liberdade, sem poder defender-me, um deles me fez filho de Deus, herdeiro da Vida Eterna, Templo do Espírito Santo e membro da Igreja, nunca poderei perdoar-lhe por ter-me feito tanto bem”. Sim, estes são a maioria. Que o Ano Sacerdotal possa dar frutos para o sacerdócio, para a Igreja.

Defendendo o Papa

1. Luiz Felipe Pondé, articulista não-católico. “Quando leio as manifestações iradas dessa gente em êxtase porque existem padres que gostam de transar com meninos, sempre imagino como essa gente gostaria de poder gritar em praça pública: ‘Joga pedra na Geni!’. Sempre suspeito que o que move a ‘indignação pública’ é mais a chance de odiar (no caso, os padres tarados) do que de amar (no caso, a justiça) porque ninguém ama tão rápido assim, mas odeia na velocidade da luz. Acho inclusive que, no fundo, rezam (ironia…) para que o número de vítimas dos padres tarados aumente a cada dia. Dessa forma, seu preconceito ‘científico’ contra a Igreja Católica estará supostamente comprovado”.

2. João Pereira Coutinho, articulista não-católico. “É por isso paradoxal e bizarro o comportamento das patrulhas anticatólicas, que revelam ser o contrário daquilo que professam. Elas dizem-se ‘libertas’ da influência apostólica romana. Mas, por palavras ou atos, limitam-se a manifestar uma obsessão com o papa que nem o mais católico dos católicos consegue exibir. Elas querem ‘resgatar’ a sociedade da influência nociva da igreja. Mas são elas próprias que ainda se sentem ‘sequestradas’ por uma instituição à qual reconhecem total ascendência sobre as suas vidas. As patrulhas, sem o papa, simplesmente não conseguiriam viver”.

3. Marcello Pera, senador italiano. “Esta guerra do laicismo contra o cristianismo é uma batalha campal. Se deve trazer a memória o nazismo e o comunismo para encontrar uma similar. Mudam os meios, porém o fim é o mesmo: hoje como ontem, o que é necessário é a destruição da religião. Então a Europa, pagou a esta fúria destruidora, o preço da própria liberdade. É incrível que, sobretudo a Alemanha, enquanto se golpeia continuamente o peito pela recordação daquele preço que ela infligiu a toda a Europa, hoje, que voltou a ser democrática, esqueça e não compreenda que a mesma democracia se perderia se se aniquilasse o cristianismo”.

Curtas sobre os abusos sexuais na Igreja

1. Dossiê sobre o Cardeal Ratzinger e os abusos sexuais na Igreja Católica. É uma pena que esteja em inglês, mas me parece excelente: uma análise caso-a-caso, trazendo as acusações e as respostas que elas tiveram. Para acessar, cliquem na imagem abaixo.

2. Bertone tinha razão. Según el psicólogo Amenós Vidal, el Card. Bertone tenía razón. Foi publicado no “Diário de Chile” e reproduzido na íntegra pela agência argentina aqui linkada.

3. Papa começa a fazer a limpeza. Foi publicado na mídia secular (original El País, tupiniquim UOL Notícias). É engraçado que, até ontem, o Papa era um acobertador de pedófilos. Agora, ao contrário, ele é o cara que está “limpando a sujeira” da Igreja, e o acobertador na verdade era João Paulo II…

“O Papa chorou conosco” – só registrando

“‘Fiquei impressionado com a humildade do Papa. Ele tomou para si o constrangimento causado pelos outros. Ele foi muito corajoso. Nos escutou individualmente, rezou e chorou conosco’, disse  Lawrence Grech. ‘Ele até benzeu uma cruz que eu carregava’, acrescentou o homem.

[…]

Bento XVI se reuniu em Malta com ‘um pequeno grupo de pessoas que sofreram abusos sexuais cometidos por religiosos’, anunciou o Vaticano em comunicado. O Papa mencionou a ‘profunda comoção provocada pelas histórias e expressou sua vergonha e lamentação pelas vítimas e pelo sofrimento de suas famílias'”.

Fonte: G1

Um cardeal na mira da Gaystapo

“Há relação entre homossexualidade e pedofilia”, diz o número dois do Vaticano. A notícia foi publicada esta semana (também no Fratres in Unum) e causou um enorme rebuliço, com os grupos gays do mundo inteiro rasgando as vestes, histéricos.

[Cito as palavras do cardeal de segunda mão, a partir dos links acima, porque não encontrei o referido discurso na página do site do Vaticano que consolida os discursos do Secretário de Estado de Sua Santidade.]

O Movimento Gay protestou contra esta declaração. No entanto ela é bastante verdadeira e, como não dava para contestar, foi necessário à Gaystapo dar uma “maquiada” na declaração do cardeal, a fim de ficar mais palatável para o anti-clericalismo moderno. “Homossexuais são todos pedófilos! Diz Igreja Católica!” – manchete publicada em um portal Gay, com todas as exclamações no original. Completa cretinice: “Foi mais ou menos com estas palavras que o cardeal Tarcisio Bertone disse nesta semana a uma coletiva de imprensa”. Foi mesmo? Quer dizer que afirmar haver relação entre homossexualidade e pedofilia é a mesma coisa que esbravejar que os gays são todos pedófilos?

Clamam por “retratação”. E a Gaystapo, não vai se retratar por esta cretina e desonesta eclesiofobia, por esta gritante falsificação dos discursos alheios e evidente desonestidade intelectual?

Da Igreja Católica vieram as “retratações” (e saíram também no Estadão); na verdade, apenas esclarecimentos que em nada mudam a tese essencial do Cardeal Bertone e que é verdadeira. Afinal, segundo ZENIT, “[a]o analisar as denúncias de abusos sexuais apresentadas contra clérigos entre 1950 e 2002, nas diferentes dioceses dos Estados Unidos, o informe constatava que a maioria das vítimas – 81% – era constituída por homens”. A Igreja Católica apresenta dados estatísticos; e a Gaystapo, tem o quê para apresentar, além de falsificações grosseiras das declarações de um cardeal?

Retratação de cardeal não convence. Claro que não, porque não foram propriamente “retratações”. O que a Gaystapo deseja? Que a Igreja Católica negue a realidade, rasgue as estatísticas, tudo para satisfazer o ego dos homossexuais? Não é verdade que todos os homossexuais são abusadores, nem que todos os abusos são cometidos por homossexuais, mas há relação entre as duas coisas – fato (e fato extremamente previsível, aliás, dado que os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados). A Gaystapo que conviva com isso.

Mais sobre o assunto: a confusão entre pedofilia e efebofilia. É muito oportuna esta diferenciação dos termos. “Certamente (…) o cardeal Bertone se referia à efebofilia, ou seja, à atração sexual por adolescentes, com idades entre 11 e 17 anos”. Neste sentido, diz o psicoterapeuta entrevistado por ZENIT, “a pedofilia não tem nada a ver com a homossexualidade”. Mas é precisamente neste sentido (de relações sexuais com adolescentes) que a imprensa lança a pecha de pedófilos sobre os padres católicos. Neste dilema entre absolver a Igreja ou condenar o gayzismo, quero só ver o que a mídia anti-clerical vai fazer.

Carta aberta para todos os cristãos – pe. Eugenio Maria

Com um pouco de atraso, publico – na íntegra – a corajosa “Carta aberta a todos os cristãos” do revmo. pe. Eugenio Maria, FMDJ. Os negritos e itálicos são do original que recebi, por email. O reverendíssimo sacerdote fala sobre diversos assuntos, com extrema pertinência e um raro poder de concisão. Em particular, a seguinte fase sobre o celibato é lapidar, e bem poderia ser gravada em letras garrafais na entrada de todos os seminários, e enviada para todos os “católicos” que militam pela abolição desta santa disciplina:

O problema verdadeiro é que o celibato vai contra a idéia que existe hoje de um sexo “não repressivo”, um sexo “sem preconceito” e a persistente existência do celibato é uma censura para o mundo ocidental hedonista.

Segue a carta. E que, neste ano sacerdotal, a Virgem Santíssima nos conceda santos sacerdotes.

* * *

Na carta aos cristãos da Irlanda o Papa fala para uma Igreja ferida e desorientada pelas notícias relativas aos padres pedófilos. Denuncia com voz fortíssima os “crimines abnormais”, “vergonha e desonra”, a violação da dignidade das vítimas, um golpe vibrado contra a Igreja “de tal modo a que não tinham chegado nem os séculos de perseguição”. Em nome da Igreja “exprime abertamente vergonha e remorso”. Enfrenta o problema do ponto de vista do direito canônico, reafirmando com força, como foi a “falta de aplicação” por parte de alguns Bispos e não as suas normas, a causar tanta vergonha. Assim como também a vida espiritual dos sacerdotes, cujo desleixo está na raiz do problema, e aos quais o Santo Padre pede a volta através da Adoração Eucarística, das Santas Missões e da prática freqüente da confissão. Se estes remédios forem tomados a sério, é possível que a Providência, que sabe tirar o bem também do mal, poderá, neste Ano Sacerdotal, levar os sacerdotes “para uma estação de renascimento e renovação espiritual”, mostrando ao mundo que “onde abundou o pecado superabundou a Graça” (Rom.5,20). Doutro lado, ninguém deve pensar que esta penosa situação possa resolver-se em tempo breve.

Todavia, o Papa oferece elementos de interpretação desse problema, que certamente não é especifico nem da Irlanda nem da Igreja. Bento XVI indica “os graves desafios à fé, nascidos de uma rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa”. “Verificou-se – explica o Papa – uma rápida mudança social, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos”. Daí começou uma rápida descristianização da sociedade que entrou também no interior da Igreja: “a tendência também por parte de sacerdotes e religiosos, de adotar modo de pensamento e de julgamento da realidade secular, sem suficiente referimento ao Evangelho”. O programa de renovação proposto pelo Concilio Vaticano II foi às vezes mal interpretado. Muitas vezes, as práticas sacramentais e devocionais que sustêm a fé e as tornam capazes de crescer, como, por exemplo, as confissões freqüentes, as orações cotidianas e os retiros anuais, foram abandonados. É neste contexto geral de “enfraquecimento da fée de perda de respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos que devemos compreender o desconcertante problema do abuso sexual sobre os menores.

E o Papa Bento continua na sua reflexão: É verdade que as normas do Direito Canônico foram violadas, é verdade também que a vida de piedade de muitos sacerdotes ficou morna; por que isso aconteceu? E o Papa volta a falar de uma incompreensão dos documentos do Concilio Vaticano II por parte do Clero e, de modo especial, pelos Bispos, principais responsáveis pelo rebanho a eles confiado, que levou a uma secularização não só do mundo, mas também da Igreja. De fato, está claro para todos que existiu um relaxamento no crer, no se sentir Igreja e no comportamento dos cristãos. Desde o divórcio ao aborto e à homossexualidade, os governos e as leis que os regem não respeitam mais os preceitos das Igrejas Cristãs.

O ano de 1968 parece o tempo de uma perturbação dos costumes, que iniciou escavando sulcos profundos não somente na sociedade, mas também dentro da Igreja e, de fato, foi propriamente em 1968 o ano da dissensão pública contra a Encíclica “Humanae Vitae” de Paulo VI. O que houve de errado? Para mim, aquela tomada de posição até de eclesiásticos gerou uma crise de autoridade da qual dificilmente existirá retorno.

No inicio dos anos 90, um teólogo católico podia escrever que a “revolução cultural” de 1968 não foi um fenômeno que se abateu fora da Igreja, ao contrário, essa revolução foi preparada e introduzida pelos fermentos post-conciliares do catolicismo; se assim não fosse “permaneceriam incompreensíveis as crises e os fermentos internos do catolicismo post-conciliar”. O Teólogo em questão era o Cardeal Joseph Ratzinger, então Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé.

Várias hipóteses se deram a respeito daquele fenômeno, entre outras aquela de Alan Gilbert, segundo o qual a revolução dos anos 60 foi o boom econômico, que contribuiu para afastar as pessoas das Igrejas; e aquela de Callum Brown, segundo o qual foi decisiva a difusão da ideologia feminista, do divórcio, da pílula anticoncepcional e do aborto.

Na minha modesta opinião, somente esses fatores não poderiam explicar uma revolução tão grande. Sem dúvida alguma contribuiu o boom econômico e o feminismo, mas também aspectos mais estritamente culturais presentes fora da Igreja e dentro das comunidades cristãs, como o encontro entre “marxismo e psicanálise” e o nascer das “novas teologias”.

Bento XVI, na sua carta se mostra consciente de que existiu uma verdadeira revolução não menos importante que a Reforma Protestante e a Revolução Francesa, que foi rapidíssima e que assestou um duro golpe na tradicional adesão do povo ao ensino e aos valores católicos.

No Brasil tivemos um grande pensador católico, que não é muito apreciado pela maioria dos intelectuais católicos de esquerda, como também por vários Bispos da teologia da libertação, Plínio Corrêa de Oliveira, que falou de uma quarta revolução que penetrou “in interiore homine” capaz de desorganizar não só o corpo social, mas até o corpo humano.

A Igreja Católica não conseguiu entender a gravidade desta revolução que contagiou, segundo Bento XVI, “também sacerdotes e religiosos”, determinou incompreensões na interpretação do Concilio e causou uma “insuficiente formação humana e espiritual nos seminários e nos noviciados”. É claro que nem todos os sacerdotes e religiosos não formados suficientemente caíram na homossexualidade ou na pedofilia: sabemos com certeza absoluta, estatísticas nas mãos, que uma minoria verdadeiramente exígua caiu em tal depravação, embora gostássemos que fosse zero o número de homens da Igreja que se mancharam de tais graves delitos.

Mas a história da Quarta Revolução da qual falamos é importante para entender o que aconteceu depois, pedofilia inclusa e para encontrar remédios concretos.

Se esta revolução, como falava Plínio Corrêa de Oliveira, à diferença das precedentes revoluções, é moral e espiritual e toca, portanto, a interioridade do homem, então, somente da restauração da vida espiritual e de uma verdade integral da pessoa humana, poderão brotar os verdadeiros remédios. Para fazer isso, não bastam sociólogos, psicólogos e psiquiatras, são necessários Padres, Mestres e educadores Santos. Necessitamos do Papa, deste Papa que ainda uma vez diz a verdade na Caridade e pratica a caridade na verdade!

A questão dos padres e dos religiosos que abusaram de menores está ocupando muitas páginas dos jornais e também tempo da televisão. Justamente ficamos indignados por tais obscenidades e certamente aqueles que não vigiaram atentamente o rebanho que o Senhor Jesus lhe tinha confiado, Cardeais, Bispos, Superiores, padres espirituais, mestres dos noviços… deveriam igualmente ser punidos com extrema severidade (não basta trocar de paróquia,  para fazer-nos entender…). Dito isso, paremos de acusar sempre o mesmo imputado: a Igreja Católica e olhemos seriamente de onde vem a maioria absoluta desses fatos devassos.

Partamos da realidade e coloquemos de lado a ideologia. A pedofilia, infelizmente, sempre existiu como forma de perversão de algumas personalidades doentes. No século XV, na França, foi celebérrimo o acontecimento de Gilles de Rais: homem de origem nobre lutou ao lado de Joana dArc, confessou ter cometido repetidamente violência e abusos de menores. Gilles, verdadeiramente arrependido, caminhou contente para o patíbulo. Depois dele os pedófilos continuaram a existir, mas com um inegável crescimento neste último período da história; dizem-no as crônicas e os tribunais de menores. As violências contra menores, até bebês, são feita por pais, padrastos, madrastas, tios e amigos da família.

A explicação desse aumento, eu acredito que está certamente nesta nossa cultura sempre mais decadente, no qual o sexo se torna mania, uma obsessão contínua: é transmitido a cada momento do dia na TV, nos jornais, na internet, entra nas escolas onde à criança de quarta série se fala do ato sexual, encobrindo tudo como educação sexual. Doloroso é depois para mim aqueles programas que utilizam as crianças nos seus espetáculos de show: meninos metidos a pequenos divos, empenhados em cantar canções sedutoras se não até transgressivas. Obrigado Marta Suplicy por este progresso que tanto decanta cada vez que se torna a “paladina” dos gays, lésbicas e simpatizantes. Obrigado pela cultura que oferece aos brasileiros.

Queremos sempre fingir que a pedofilia seja o problema de alguns padres e não da sociedade como um todo. Queremos somente focar nos 17 casos de violência contra menores cometidos por religiosos e denunciados pelo governo austríaco e fazer de conta que não existem os outros 510 casos denunciados pelo mesmo Governo, cometidos por leigos nos mais diferentes ambientes? Assim como na Alemanha, desde 1995 foram denunciados 210 mil casos de abusos e somente 95 são imputáveis a religiosos. Dos outros silenciamos, não queremos fazer justiça? Será porque estão implicadas personalidades públicas e da política?

O “Corriere della Sera on line” do mês de março de 2010 apresentou 500 sites web com violências sexuais contra menores, de 3 a 12 anos, em menos de duas horas, denunciados pela associação “Meter onlus”, de um sacerdote italiano, que tive a honra de conhecer Don Di Noto, que há anos combate contra a pedofilia. Isso para dizer que na rede internet circula sempre com maior freqüência esse material pornográfico que leva muitas mentes fracas à emulação e que são origens de muitas ações criminais. Contudo, não se fala muito dessas coisas, aliás, parece que não interessam a ninguém: nem aos jornalistas nem aos políticos.

Da mesma maneira, ninguém se indignou quando, na Holanda, nasceu o partido dos pedófilos. A Holanda, como se sabe, é um país extremamente livre, extremamente laicizado, talvez por isso se possa perdoar-lhe tudo: da invasão islâmica, à droga livre, ao divórcio relâmpago, à perversão sexual difusa. Contudo, o nascimento do NVD (amor do próximo, liberdade, diversidade), devia fazer-nos refletir mais. Tal partido, de fato, reivindica a difusão na TV de pornografia (infantil e não) também durante o dia e a liceidade do sexo com meninos e animais, como simples variações dos gostos sexuais do tipo: você gosta assim, eu gosto assado!

Talvez não seja a mesma mensagem mais ou menos veiculada por muitos políticos da teoria do “gender”? Não é aquilo que se ouve dizer sempre mais vezes, isto é, que ninguém tem o direito de dizer o que é o amor verdadeiro, o que é família, o que é moral e o que não é? Não se diz sempre mais freqüentemente que ninguém tem o direito de limitar a livre sexualidade de qualquer pessoa? O relativismo triunfante de hoje afirma exatamente isso, muitas vezes contra aquela que chamam de a sexo-fobia católica. Não finjamos não entender!

No fim destas breves considerações sobre uma certa cultura atual que defende qualquer liberdade sexual, inclusive a pedofilia, seríamos hipócritas se ficássemos pasmos diante dos atos de pedofilia. Estudei em uma escola católica que tem hoje mais de cem anos e nunca ouvi falar de algum abuso sexual; contemporaneamente, era um fato conhecido que em uma escola estatal os professores faziam entender às moças, que apreciavam e premiavam as “mini saias”, que tinham comportamentos ambíguos e faziam apreçamentos pesados em voz baixa e, às vezes, em voz alta. O Cume destes acontecimentos foi o caso de um professor que teve um relacionamento sexual com uma aluna que depois se suicidou. Aquele professor, por anos, continuou a lecionar naquela escola, sem que ninguém o perturbasse. Naquela mesma escola, um sacerdote que ensinava religião, foi acusado de ter inclinações pedófilas. Uma senhora se apresentava todos os dias na frente da escola para acusá-lo. Explicou aos juízes, que a condenaram por mentiras e moléstias, que tinha conhecimento de tudo isso, pessoalmente, por Nossa Senhora, durante uma aparição. Mas, no entanto, o coitado do padre, reconhecido inocente, saiu em todos os jornais e na boca de todo mundo, tanto que teve que deixar o ensinamento.

Atentos, portanto, porque existem os pedófilos e hoje em dia, eis o progresso, também uma forte cultura pró-pedofilia veiculada quase que livremente! Mas existem também e em abundância os mitômanos, e aqueles que entenderam depressa que, com certas acusações, se destroem pessoas e se ganha dinheiro fácil.

Tornou-se moda sustentar que os escândalos dos abusos sexuais que atualmente afligem a Igreja, seja a maior crise desde o tempo da reforma protestante. No meu modesto parecer, os problemas dos abusos é somente uma pequeníssima parte da crise muito maior que arrastou a Igreja, depois do Vaticano II, que não foi entendido pela maioria dos Bispos e que se tornou algo de sério para ser consertado.

Abolir o celibato? A última coisa que um padre que abusa de coroinhas necessita e queira é ter uma mulher: Não existe nenhum celibato obrigatório na Igreja Anglicana, mas isto não impediu casos de pedofilia também ali. O problema verdadeiro é que o celibato vai contra a idéia que existe hoje de um sexo “não repressivo”, um sexo “sem preconceito” e a persistente existência do celibato é uma censura para o mundo ocidental hedonista; assim, o Vaticano deve ser persuadido a aboli-lo – como deve abolir a condenação do divórcio, da contracepção, da homossexualidade e de todos os outros fetiches da sociedade liberal.

As vítimas irlandesas ficaram desiludidas com a carta do Papa. Elas estavam desiludidas antes ainda de lê-la, antes que fosse escrita. Qualquer outra resposta diminuiria o poder que podem brandir contra a Igreja. Têm uma legitima razão para reclamar? Na maioria dos casos, sim. Elas têm um feroz ressentimento contra a “sujeira” (termo inventado por Bento XVI muito antes que começasse a pressão da opinião pública) que os ofendeu e os tratou como animais.

Como podia o clero transgredir tão gravemente a doutrina da Igreja? Quais doutrinas? Estes reatos tiveram lugar no sulco do Vaticano II, quando as doutrinas foram jogadas fora como lixo. Uma vez que se desonra o Corpo Místico de Cristo, sujar os coroinhas se torna fácil.

Os Sacramentos e as práticas devocionais “descuidados”; eles foram afrouxados ativamente por Bispos e sacerdotes a favor de pequenas comunidades de base, de confissões comunitárias que não tinham nenhum valor sacramental, da teologia da libertação de cunho marxista. Neste período que vivi inicialmente aqui no Brasil, existia um só pecado mortal na Igreja Católica: ousar olhar para a tradição milenária da Igreja. Um sacerdote que abusasse de um coroinha seria trocado de paróquia, mas para um sacerdote tradicionalista existia somente zombaria e até, se não agüentava, devia procurar-se uma nova Diocese. Nos seminários se ordenavam jovens padres “simpáticos’ que soubessem cantar, dançar e ganhar dinheiro… naturalmente para o bem dos pobres….. Não existia uma catequese séria de cunho doutrinal. Aquela foi uma geração, totalmente ignorante na fé, que na Irlanda alcançou a prosperidade material. Inicialmente eles ainda freqüentavam a Missa (ou aquela que era oferecida como Missa) somente por conformismo social. Depois os abusos sexuais deu aos agnósticos irlandeses a desculpa perfeita para a apostasia: dezena de milhares de pessoas que nunca foram abusadas, nem que conhecessem alguém que tivesse sido abusado, encontraram a desculpa para ficar na cama no domingo de manhã. Devemos confessar com profundo pesar, que foi por culpa da Igreja progressista a perda do significado do domingo como dia do Senhor, como tinha trovejado da Catedral de São Lourenço o então Cardeal Siri. E todos percebemos isso. Assim, hoje em dia, não se vai mais à Missa nem no sábado nem no domingo e, secularizando o domingo, abrimos as portas ao mundo, para não fazer mais descansar os trabalhadores. De fato os patrões se aproveitaram desta brecha para abrir lojas e supermercados também aos domingos, sem nenhuma culpa na consciência.

Os sacerdotes pedófilos não são os únicos a ser hipócritas. “Eu estou tão aborrecido com os escândalos dos abusos sexuais que estou deixando a Igreja”. Mas muito bem. Assim pelo fato de que alguns degenerados – que nunca deveriam ter sido ordenados – abusaram de jovens, significa que o Filho de Deus não veio sobre a terra para redimir a humanidade sobre a Cruz e fundar a Igreja? Este escândalo terrível compromete as verdades de fé mais do que a carreira de Alexandre VI ou de qualquer Papa corrupto da época do Renascimento.

Os Bispos deveriam ser constringidos a se demitir? Certamente, pelo menos 50% deles no mundo inteiro. Bispos, com suas mitras pseudo étnicas, acompanhados por padres que celebram a Eucaristia com indumentária africana e jogando pipoca, outros com paramentos em poliéster, com símbolos  naif que pregam sermões sem sentido algum, prejudicaram a Igreja mais do que os abusos sexuais: extinguiram a fé católica com suas fatuidades modernistas. Esses Bispos deveriam ser presos e fechados em mosteiros e passar o restante de suas vidas pensando como dar conta a Deus de sua missão fracassada e que custou milhões de almas perdidas para eternidade.

Bento XVI deveria aproveitar a vantagem desta onda popular de aversão contra este episcopado falido, para demiti-los; deveria chamar os Núncios Apostólicos e os Presidentes de cada Conferência Episcopal para esclarecer, de uma vez para sempre, as diretrizes a serem tomadas: “tolerância zero”! Seria uma oportunidade única para abater o pastor mercenário e todos aqueles que obstaculizam a “Summorum Pontificum”.

Com razão o presidente do Senado italiano Marcello Pera, em uma carta aberta, escreveu: “Esta guerra ao cristianismo não seria tão perigosa se os cristãos a entendessem Ao contrário, desta incompreensão participam muito deles. São aqueles teólogos frustrados pela supremacia intelectual de Bento XVI. Aqueles Bispos incertos que pensam que um compromisso com a modernidade seria a maneira melhor para atualizar a mensagem cristã. Aqueles Cardeais em crises de fé, que começam a insinuar que o celibato dos sacerdotes não é um dogma e que talvez fosse melhor repensá-lo. Aqueles intelectuais católicos que pensam existir um problema não resolvido entre cristianismo e sexualidade. Aquelas Conferências Episcopais que erram a ordem do dia e enquanto auspiciam a política das fronteiras abertas para todos, não têm a coragem de denunciar as agressões que os cristãos suportam e a humilhação que experimentam em vários lugares do mundo (…) Ou aqueles chanceleres, vindos do leste, que apresentam um belo ministro do exterior homossexual enquanto atacam o Papa sobre qualquer argumento ético, ou aqueles nascidos no Oeste, que pensam que o Ocidente deve ser laico, ou seja, anticristão. A guerra dos laicos continuará, porque um Papa como Bento XVI, que sorri mas que não desvia um milímetro, continua a alimentá-la”.

Penso que chegou o momento de interromper os “mea culpa” e recomeçar com a Apologética, para reconstruir tudo o que foi destruído nestes últimos 40 anos, para enfrentar liberais e secularistas como fizeram muitas gerações de católicos no passado; para proclamar novamente as verdades imutáveis da Única e Verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

Pe. Eugenio Maria, FMDJ