E que venha 2012!

Passou-se mais um ano. Esta noite nós damos adeus ao ano de 2011 e, ao mesmo tempo, esperamos um próspero ano novo. Os  votos que todas as pessoas fazem são sempre os mesmos: muita paz, muita saúde, felicidade, realizações, dinheiro. Sobre estes (indiscutíveis) bons votos eu não quero me demorar. Quero falar sobre outras coisas.

Primeiro, sobre uma tirinha excelente que eu vi no Facebook por estes dias, da Mafalda dizendo que o ano novo espera pessoas melhores mais do que estas esperam um ano novo melhor. E a garota está coberta de razão. Muitas vezes nós esperamos que os nossos problemas se resolvam num passe de mágica, ou achamos que existe alguma confluência de “bons fluidos cósmicos” ou seja-lá-o-quê no dia primeiro de janeiro capaz de transformar as nossas vidas. Quando na verdade é uma noite como todas as outras, e a função simbólica que ela possui – e indubitavelmente possui – não decorre de nenhuma característica que lhe é intrínseca, mas sim do que nós decidimos fazer com ela. As promessas de ano novo (já falei sobre isto algures) têm valor não por serem feitas no ano novo, mas sim por serem feitas, simplesmente. Se alguém tem mais esperança em um ano novo melhor do que tem o propósito de melhorar no próximo ano… esta pessoa está fadada a se decepcionar. Que o próximo ano nos encontre melhores, como já desejei aqui há dois anos.

Um corolário disto que foi exposto é que há geralmente algo de muito errado nos nossos votos de “feliz 2012”. Como eu disse, é perfeitamente justo e razoável que as pessoas desejem saúde, dinheiro, paz, amor, felicidade; o que não é razoável é que as pessoas não desejem as coisas que dependem do empenho humano e sem as quais todo o resto perde o sentido. Por isto, àqueles votos padrões de ano novo, eu gostaria de acrescentar mais alguns que considero de absoluta importância.

Que, em 2012, você seja mais santo. Se você não é católico (ou se é “católico não-praticante”), que encontre a Igreja de Cristo que lhe espera; se ja é católico, que possa aumentar a sua comunhão com o Corpo Místico de Cristo. Que, em 2012, você reze mais e reserve uma maior (e melhor) parte do seu tempo para Deus. Que você seja mais generoso e menos egoísta; que se empenhe em cumprir os seus deveres de estado com mais diligência do que tem empregado neles até então. Que você estude mais, trabalhe mais e ame mais. Não um estudo supérfluo e fútil, mas o estudo que conduz à contemplação das coisas divinas. Não um trabalho do qual se é escravo ou que se realiza como um vício, mas o trabalho que serve à maior glória de Deus. Não um amor naturalista confundido com “passar a mão na cabeça”, mas o amor jungido à Verdade que leva à salvação das almas. Que, em 2012, você seja um filho de Deus melhor do que tem sido até então.

Que venha 2012! Que, no ano novo, nós sejamos pessoas melhores. Os desejos de um santo ano novo têm implícitos os votos de que sejamos mais santos no ano novo que ora se inicia; que assim seja. Que a Virgem Mãe de Deus (de cuja festa solene já se celebram hoje as Vésperas) seja em nosso favor e, na presença do Seu Divino Filho, lembre-se de falar coisas boas a nosso respeito, apesar de nossas muitas faltas. Que Ela nos ajude. Feliz ano novo a todos os leitores do Deus lo Vult!

Ad Te levavi animam Meam, Domine!

Ad Te levavi animam meam; Deus meus, in Te confido, non erubescam: neque irrideant me inimici mei: etenim universi, qui Te exspectant, non confundentur. Assim começa a Liturgia de hoje, primeiro domigo do Advento. Para a Igreja, um novo ano se inicia; o ano litúrgico começa antes do ano secular.

É comum que algumas pessoas façam propósitos de ano-novo: estabelecer metas para o ano que se inicia, listar marcos a serem alcançados e pontos a serem melhorados. Naturalmente, todos nós, cristãos, temos todos os dias muitas coisas a serem feitas, muitas virtudes a serem exercitadas e muitos vícios a serem expurgados. Não há justificativa para que esperemos o final do ano para revermos a nossa vida e esforçarmo-nos por melhorá-la: este é um trabalho de cada dia. Deus, no entanto, é misericordioso conosco, e a Igreja reconhece a importância que tem o passar do tempo na vida humana. O Advento (junto com a Quaresma) é um tempo de conversão. De mudar velhos hábitos. De preparar-se para o Messias que vem.

Importa aproveitar o tempo favorável: esta prédica encontra-se em todos os pregadores da Igreja. Se temos necessidade diária de conversão (como de fato o temos), nada justifica que não nos esforcemos por alcançá-la hoje, quando a Liturgia insiste particularmente no brado de “convertei-vos”. A Liturgia da Igreja, como sempre, vem em auxílio às nossas necessidades. Se desperdiçamos o nosso tempo, se não nos empenhamos como deveríamos na salvação da nossa própria alma, eis que Deus nos concede um tempo propício para meditarmos nestes assuntos e nos prepararmos para a vinda do Messias. Não é da Liturgia de hoje, mas a passagem é bem significativa deste tempo litúrgico que estamos vivendo: o machado já está posto à raiz das árvores, e toda aquela que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo. Esta metáfora pode ser encarada sob dois pontos de vista.

O primeiro, e mais evidente, é a santa admoestação para que nos esforcemos por dar bons frutos, pois não queremos – Deus nos livre disso! – ser cortados e lançados fora. Mas o segundo é (como dizia o sacerdote na homilia que ouvi hoje pela manhã) a necessidade de lançarmos o ferro às raízes das árvores dos nossos vícios, para cortá-las de uma vez por todas e lançá-las para distante de nós. Se nos jardins da nossa alma, por tantas vezes, cultivamos com esmero e por tanto tempo árvores daninhas, este é o momento de termos a coragem de golpeá-las com o machado. Na raiz: não simplesmente podando os galhos que, inevitavelmente, tornarão a crescer. Cortar o mal pela raiz é, insisto, uma obrigação nossa de cada dia, e não somente do tempo do Advento. Mas somos servos maus e preguiçosos, e eis que nos descuidamos e chegamos às vésperas do Aniversário do Divino Salvador com o jardim de nossa alma cheio de cardos, espinhos e abrolhos. Infelizes de nós! A misericórdia de Deus, no entanto, supera as nossas misérias. Deus vem ao nosso socorro e, neste Advento que estamos já vivendo, somos chamados a cuidar da nossa alma. Não simplesmente podar o jardim, não simplesmente passar um verniz que esconda a madeira carcomida pelos vermes: é tempo de conversão radical. Queira Deus nos dar a coragem necessária para arrancarmos completamente as más árvores que deixamos lançar raízes em nossos corações. É tempo, sim, de fazer propósitos – como até mesmo os que não são cristãos fazem no Ano-Novo! – e nos esforçarmos por cumpri-los. Propósitos ousados, como convém aos filhos de Deus. Propósitos que sabemos não sermos capazes de cumprir: propósitos que são pedidos a serem suplicados ao Altíssimo.

Porque – como diz o introito da Missa de hoje – é para Deus que elevamos a nossa alma. Se confiarmos n’Ele, não seremos envergonhados, e não zombarão de nós os nossos inimigos. Porque – esta é a promessa na qual nos podemos fiar – não serão confundidos os que esperam no Altíssimo. É n’Ele que está a nossa esperança, é com olhos fitos n’Ele que queremos, com a Sua graça, bem prepararmo-nos para a celebração do Natal do Senhor. Que Ele venha em nosso socorro e nos ajude. E que, durante este tempo santo concedido pela Igreja para que melhoremos a nossa vida, nós o saibamos aproveitar. Vinde, Senhor, não tardeis.

Benedictus fructus ventris Tui

Et benedictus fructus ventris tui, Iesus (Lc I, 42).

Ontem, celebramos a festa da Virgem Maria Mãe de Deus. Dia santo de guarda. Às vezes, passa despercebido no meio das festividades do Reveillon, e às pessoas parece que estão assistindo “missa de Ano-Novo”. Tecnicamente, não deixa de ser; mas não é esse o nome da festividade nem é o Ano-Novo mais importante que a comemoração da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Dia primeiro de janeiro, a Igreja celebra não o novo ano que chega, mas sim Aquela de Quem nasceu Deus.

Como Santa Isabel falou um dia à Virgem Santíssima, e como repetimos todos os dias, todas as horas, na oração da Ave-Maria: bendito é o fruto do Vosso ventre. A excessiva familiaridade com as palavras impede-nos de meditarmos adequadamente no que elas significam. Bendito é Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus Verdadeiro, e que é Verdadeiro Filho de Maria Santíssima. Que é fruto – como rezamos, muitas vezes sem prestar atenção – do ventre da Virgem Imaculada.

“Bem-aventurado o ventre que te trouxe” (cf. Lc 11, 27), disse certa vez uma mulher do meio do povo. É sem dúvidas uma verdade, que inclusive já havia sido dita por Santa Isabel: afinal, bendito é o ventre cujo fruto é bendito. E, bem diferente do que apregoam alguns protestantes, Nosso Senhor não “desdiz” a mulher na seqüência da passagem bíblica. Ao contrário, louva ainda mais Sua Mãe Santíssima, ao afirmar os Seus méritos próprios: afinal, Ela também é Aquela que ouve a palavra de Deus e a observa (cf. id. ibid., v. 28). Como explica São João Crisóstomo na Catena Aurea, de nada nos vale ter um pai, um irmão ou um filho virtuoso, se nós próprios carecemos de virtude. Respondendo à mulher que louvou Maria Santíssima simplesmente pelo Seu parentesco com o Salvador,  Nosso Senhor afirma que não é somente por isso que Ela é  digna de ser louvada: além de ter sido a Mãe do Salvador, a Virgem também permaneceu sempre fiel. Ouviu sempre a palavra de Deus, e a pôs em prática todos os dias de Sua vida.

Porque, afinal de contas, Nosso Senhor ornou a Sua Mãe Santíssima com todas as virtudes passíveis de serem concedidas a uma criatura. Era a Sua Mãe! Que filho não daria à sua mãe todas as coisas boas que pudesse lhe dar? Acaso Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus e Deus verdadeiro, o mais perfeito dos filhos, faria por Sua Mãe menos do que um filho terreno qualquer? Se os filhos naturais, que são maus, sabem fazer o melhor para suas mães, o que não faria Deus por Aquela de Quem Ele nasceu?

E, por outro lado, o que Ele, Onipotente, não poderia fazer por Sua Mãe…? Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque o Teu Divino Filho fez de ti a mais graciosa das criaturas. Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque foste escolhida pelo Rei para seres Rainha, e jamais houve majestade que chegasse aos pés desta que Te foi concedida pelo Rei dos reis. Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque Nosso Senhor Te concedeu graças em profusão e, já que foste sempre fiel a Ele, foste e és uma Mãe digna para o Deus que tens por Filho. Bem-aventurada és, ó Virgem Santíssima, porque bendito é o fruto do Teu ventre, porque do Teu ventre nasceu Aquele que foi a Salvação do Mundo e, por isso, todas as gerações até hoje proclamam a Tua  bem-aventurança.

Salve a Santíssima Virgem, salve a Virgem Mãe de Deus, salve a Mãe do Redentor, salve Maria Imaculada. Ó Santa Mãe de Deus, rogai por nós, para que sejamos dignos – ou, ao menos, para que sejamos menos indignos! – das promessas do Vosso Divino Filho.

Feliz Ano Novo!

Mais um ano passado. Para mim, passou muito depressa. É a idade… quanto mais velho se é, mais o tempo passa rápido. Deveria ser o contrário, pois é com a experiência adquirida que se pode fazer o tempo ser melhor aproveitado… Mas, como diz a sabedoria popular musical recifense contemporânea, “o tempo passa, o mundo gira, o mundo é uma bola”. É verdade: o tempo passa, inexorável.

Passou 2009 e, ao final dele, eu me lembro de uma frase de um santo que ouvi certa feita; não lembro quem é, mas sempre associo a um dos místicos espanhóis. A frase dizia que a vida é como uma noite mal dormida em péssima estalagem. Sofre-se, sim, mas é passageira: quando mal se percebe, chegou o dia. Findou a noite, findou a vida.

Findou o ano! É oportunidade para se meditar sobre a efemeridade da vida, sobre o tempo que passa mais depressa do que gostaríamos. Se, ao invés do ano, fosse a vida que chegasse ao fim? Se, ao invés de encontrarmos 2010, fôssemos nos encontrar com o Justo Juiz que há de pôr os nossos atos a descoberto e determinar a nossa sorte eterna?

O escoar dos anos deve nos fazer pensar que a nossa vida também passa. E passa depressa. Um ano a menos… aproveitemos bem o nosso tempo.

E um feliz ano novo a todos. Que o próximo ano encontre-nos melhores do que este que agora termina nos encontrou – são os meus votos mais sinceros. Continuemos na liça, também em 2010.

“Mais um ano passou…”

E chegamos ao dia 31 de dezembro. 2008 passou rápido, mas foi um ano importante. Foi o ano em que iniciei o Deus lo Vult!, sem saber ao certo como o iria conduzir, sem ter certeza de quanto tempo poderia dedicar-lhe sem comprometer as outras atividades do meu dia-a-dia. Tinha apenas a convicção de que era necessário fazer alguma coisa… desperdiçar menos o tempo livre que eu tinha… empregar mais os meus (parcos) dons no serviço à Igreja de Nosso Senhor.

E, hoje, este pequeno blog está com pouco mais de sete meses (criei-o em fins de maio). 429 posts e 4.359 comentários. 95.042 hits; houve dias em que atingiu 2.125 e, em dezembro, está com média de 727 por dia. Para mim, é um sucesso absoluto e inesperado, havendo ultrapassado bastante as melhores expectativas que eu poderia ter quando o resolvi criar, sete meses atrás. Agradeço a todos os meus amigos que por aqui passaram e passam; aos que eu já conhecia antes, e aos que aqui eu encontrei. Sois vós os responsáveis por estes números tão animadores.

E números que passam também uma grande responsabilidade – Deus o sabe! Deus sabe que, em absoluto, não tenho mérito algum por tamanha visibilidade, nem capacidade para administrar com o zelo que me é exigido o fluxo de pessoas que por aqui passa. Mas, então, lembro-me do início… lembro-me de que não sabia ao certo o que fazer, nem como fazer, nem onde ia chegar. Terminou 2008, e eu ainda não o sei. Continuemos a caminhar, pois: a cada dia basta o seu cuidado.

Renovo, mais uma vez, o meu compromisso de servir a Deus e à Igreja por aqui; renovo a dedicação desta modesta arena virtual à Virgem Santíssima, Porta do Céu, por quem o Deus-Menino veio até nós, e sem a qual eu não espero obter favor algum dos Céus. Sim, Deus o quer; também eu quero querer, e quero corresponder o melhor possível aos dons com os quais a Divina Providência me agracia a cada dia.

Agradeço a todos quantos por aqui passam, principalmente pelas orações que são feitas a Deus por mim; Ele o sabe o quanto elas me são importantes. Já basta, finda o ano; espero poder estar por aqui também em 2009, ansioso por fazer-me – um mínimo que seja! – menos inútil, e com um desejo ardente de, a despeito das minhas misérias, contribuir – um pouco que seja! – para a maior glória de Deus e a exaltação da Santa Madre Igreja.

Um feliz ano novo para todos. Que venha 2009! Quanto a mim, não peço a Deus senão a graça de poder continuar sempre no combate, sempre na defesa da Fé Católica e Apostólica, na qual eu quero viver e morrer.