Campanha de apostasia lusitana

Em um comentário que alguém fez aqui hoje, nem me lembro onde, era feita menção a esta Campanha de Apostasia 2010, da Associação Ateísta Portuguesa. As suas justificativas:

Apenas cerca de 18 por cento dos portugueses se afirmam como “católicos praticantes”, um número que tem vindo a diminuir de forma consistente ao longo dos anos;

Desde 2007 existem por ano mais casamentos civis do que religiosos;

Desde 2008 cerca de um terço dos nascimentos ocorrem inclusive fora do casamento, segundo dados do INE.

Estes números ilustram uma clara e progressiva secularização da sociedade Portuguesa, de todo incompatível com a encenação pia levada a efeito [a visita do Papa Bento XVI a Portugal] com a cumplicidade e a expensas do estado laico.

A proposta dos membros da AAP é o envio, à paróquia onde foram batizados e à diocese à qual ela pertence, de uma “carta de pedido de apostasia”, onde se pede que o nome do ateu seja removido dos livros de Batismo – nos quais deve ser registrado: “Renegou ao seu baptismo e foi declarado apóstata por carta escrita”.

Para entender melhor qual a reivindicação dos lusitanos apóstatas, vale a pena ler o seguinte texto do Pontifício Conselho para [a interpretação d]os textos legislativos: sobre o Actus formalis defectionis ab Ecclesia catholica. Quanto a esta campanha, só dois comentários e uma pergunta:

1. Um comentário: é honesta a atitude dos apóstatas. Têm o meu total apoio. Lógico que eu não desejo que ninguém abandone a Fé Católica sem a qual é impossível agradar a Deus, mas todos sabemos que a Fé não pode ser imposta ou forçada. Se o sujeito não quer ser católico, que não seja. Nós outros continuaremos a rezar por ele.

2. A pergunta: quais são os “privilégios injustos e injustificáveis” que a Igreja Católica está “reclamando” junto ao estado laico português? Afinal de contas, de quê exatamente se queixam os ateus?

3. Outro comentário: se os ateus estão dizendo que só 18% dos portugueses são católicos praticantes e, por isso, não se justifica a “tolerância de ponto” que está sendo concedida a estes católicos durante a visita pontifícia, quero só ver a quantidade de apostasias formais que a AAP vai conseguir. Porque, embora seja até provável que muitos não abracem com entusiasmo a Fé Católica e Apostólica, duvido muitíssimo que sejam muitos os que abracem com fervor a fé atéia. Sugiro à AAP que, depois, produza um relatório com as solicitações formais que foram realizadas. E vamos ver do lado de quem os números estão.