“A minha batina” – Dom Francisco Correa

Poema de D. Francisco Correa sobre a batina

A minha batina

Minha pobre batina mal cerzida,
Tu vales mais que todos os amores.
Pois, negra embora, enches-me de flores
E de esperanças imortais a vida.

Com seus sorrisos escarnecedores,
Zomba o mundo de ti, de ti duvida,
Porque não sabe a força, que na lida,
Tu me dás, do teu beijo aos resplendores.

Tu serenas de orgulho as brutas vagas;
E a mostrar-me do mundo a triste sina,
Toda volúpia das paixões apagas.

Oh! Como o bravo envolto na bandeira,
Contigo hei de morrer, minha batina!
Ó minha heróica e santa companheira.

Dom Francisco  D’Aquino Correa

Dom Luiz Bergonzini, o terror dos inimigos da Igreja

Vi n’O Possível e o Extraordinário esta reportagem sobre Dom Luiz Bergonzini, o grande herói das eleições de 2010. “Dom Bergonzini lembra que durante a campanha [eleitoral] de 2010 recebeu mais de mil e-mails. Nem 10% foram de críticas. As pessoas me falavam parabéns. Escreviam: ainda bem que o senhor teve coragem de falar, nós temos um bispo que usa calça comprida, nessa linha, relata”.

A matéria é bastante ruim, mas identificar as colocações do bispo de Guarulhos no meio dela vale o esforço. Não é sempre que nós temos um sucessor dos Apóstolos falando claramente aquilo que os brasileiros precisam ouvir! No meio da mediocridade geral, Dom Bergonzini levanta a sua voz para repetir o que a Igreja ensina, sem se preocupar com afagos ou com pedradas. Repetindo coisas que alguns não sabem e que outros esforçam-se por esquecer.

Por exemplo, a sua atuação nas eleições presidenciais no ano passado: dela se querem esquecer o próprio PT, os católicos pusilânimes, o movimento gay, as feministas e abortistas, os esquerdistas e, de um modo geral, toda a caterva de indivíduos ou de associações que, em maior ou menor escala, têm por inimiga a Moral da Igreja Católica e, contra ela, fazem pressão. Estes, não apenas querem esquecê-la como também que os outros a esqueçam. Foi, no entanto, em defesa dos valores perenes da Igreja que Dom Bergonzini se levantou, e a vergonha foi tão grande para os seus adversários que eles até hoje não se recuperaram. Ainda não aceitaram que um velho bispo do interior de São Paulo pudesse, virtualmente sozinho, ter feito o que fez. E ainda não conseguiram conviver com este [aliás justíssimo temor]: se a força de um velho bispo sozinho é tão grande, o que não acontecerá se mais e mais bispos – ou, melhor ainda, se todos em uníssono! – levantarem-se com vigor e determinação para protestar contra os descalabros do mundo moderno?

Dom Bergonzini impõe terror aos anti-clericais de todas as matizes porque é um símbolo. Um símbolo da força da Igreja, da Sua vitalidade, um símbolo que é simultaneamente um convite para que mais e mais prelados tenham a coragem de falar o que deve ser falado – do alto dos telhados! Desacostumados com as sentinelas da Igreja, os Seus inimigos foram pegos de surpresa pelo velho bispo de Guarulhos, e ainda não se recuperaram do susto. Ainda têm medo. E devem ter mesmo, porque coisa terrível é combater contra o Senhor dos Exércitos. Coisa desesperadora é enfrentar o Deus de Israel. Aterrador é ser inimigo do Crucificado. Apavorante é ver marchar contra si o estandarte d’Aquela que avança terrível como um exército em ordem de batalha.

A única possibilidade de vitória dos inimigos de Deus é na recusa ao combate dos soldados de Cristo – este é o único êxito que os adversários de Cristo são capazes de lograr! E eles sabem perfeitamente disto. É exatamente por isto que importa combater. É exatamente por isto que nos querem silenciar – tanto pela ditadura escancarada quanto pela falsa política de boa vizinhança. E é exatamente por isso que impõe tanto terror aos inimigos da Igreja a figura de um bispo velho e cansado, mas de lança em riste.

Obrigado, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini – é o preito de gratidão dos que, junto a vós, queremos lutar por Cristo e pela Igreja. Dos que nos sentimos acolhidos e aliviados com as vossas palavras tão impopulares. Dos que não nos deixamos seduzir pelo canto-de-sereia do mundo moderno. Dos que reconhecemos a importância crucial de seguir os passos do Crucificado.

Separando a Luz das trevas

Uma boa forma de começar o dia: recebendo os emails de uma certa senhora, que se diz católica, mas que só divulga mensagens contrárias à Igreja. Desta vez, a pérola foi uma matéria publicada no El País e traduzida para o português pela UOL Notícias. E é uma boa forma de se começar o dia porque dá gosto ver os inimigos da Igreja estrebuchando, é reconfortante ver os lobos colocando as garras de fora, é motivo de júbilo ver que as coisas passam a se definir e o claro-escuro começa a dar lugar à separação entre luz e trevas.

“Decisões anacrônicas mostram incapacidade de Ratzinger em guiar o Vaticano”, é o título da reportagem. Basta o Papa ser católico para essa corja reclamar; é suficiente que Bento XVI tome atitudes que redundem no bem da Igreja, na Glória de Deus, na salvação das almas, para que – por menores que sejam elas! – os inimigos de Deus venham a público rasgar as vestes. Excelente. [E]t divisit [Deus] lucem ac tenebras (Gn 1, 4); hoje, à semelhança daquele Primeiro Dia, Bento XVI esforça-se para separar a luz das trevas, a verdade dos erros, a Fé Católica das heresias, a Igreja de Cristo das falsas religiões.

O ódio ao Santo Padre escorre pelas linhas da matéria, desde a “incapacidade de Ratzinger em guiar o Vaticano” do título até o “[p]or isso há muitos bispos em guerra” do último parágrafo. Perpassando todo o texto, a vontade de criar uma Igreja diferente d’Aquela deixada por Nosso Senhor. Para ficar num só exemplo do ridículo desta gente, segundo o jornalista Filippo di Giacomo, a crise da Igreja “reflete uma doença crônica de sete séculos: seu sistema de governo não funciona nem é colegiado”. Como a Igreja nunca foi “colegiada” no sentido que esta trupe dá ao termo, segue-se que a “doença crônica” diagnosticada não tem sete séculos, tem vinte séculos, e é congênita. Causa espanto uma tão longa sobrevida!

Enfim, não há muita coisa na matéria que mereça comentários. Mas, repito, é reconfortante e motivo de alegria ver as coisas se delinearem, e os inimigos da Igreja apresentarem-se como inimigos da Igreja que são, prescindindo da pele de cordeiro. Alegremo-nos, porque as atitudes do Papa separam a Luz das trevas!

[E]t divisit lucem ac tenebras (Gn 1, 4); antes de derem separadas a luz das trevas, foi necessário que Deus dissesse FAÇA-SE: fiat lux. Desde então, ecoando na História, este “faça-se” a vontade de Deus esteve associado a esta separação; há dois mil anos, em Nazaré (inclusive comemoramos recentemente), uma Virgem disse FIAT e separou Luz de Trevas: fiat mihi secundum verbum tuum (Lc 1, 38), et lux in tenebris lucet et tenebræ eam non comprehenderunt (Jo 1, 5). Non comprehenderunt! Esta oração do Angelus, o Papa a repete todos os dias. E gosto de imaginar que isso explica os acontecimentos recentes, explica as matérias raivosas do El País et caterva, explica a revolta dos maus católicos contra o Papa, explica tudo: quando o Doce Cristo na Terra diz fiat mihi secundum verbum tuum, e quando Deus ouve este FIAT, repete-se o Primeiro Dia e a Luz resplandece nas Trevas: e os inimigos de Deus não compreendem o Santo Padre. Rezemos pelo Papa.