Beata Dulce dos pobres, rogai por nós!

E a Bahia estava em festa para ver a Irmã Dulce ser inscrita no rol dos beatos da Santa Igreja Católica. A universalidade da celebração foi uma das coisas que mais me impressionou. Havia outdoors pelas ruas, cartazes nas janelas das casas e, segundo me disse um amigo, até mesmo os protestantes eram simpáticos àquela que mereceu ser chamada de “Anjo Bom da Bahia”: estes últimos apenas insistiam, de maneira tíbia, que “ela não podia interceder”. Mas as virtudes dela pareciam provocar admiração em todos.

Antecipei o meu vôo e acabei esquecendo de comprar os jornais do dia de ontem. Um amigo me disse que, em um deles, era narrado um episódio da vida da nova beata: acontecera um acidente grave com um pequeno ônibus, dentro do qual haviam ficado presas algumas pessoas. O ônibus pegara fogo e as pessoas não estavam conseguindo sair. Irmã Dulce, que estava nos arredores, ouviu o acidente, chamou as irmãs e foi correndo socorrer as vítimas; com pedras, quebrou os vidros e conseguiu salvar, se não me falha a memória, uma dúzia de pessoas.

E uma dessas pessoas era um garoto que a própria Irmã Dulce já salvara quando ele era um bebê. A mãe dele o havia abandonado para morrer, ferido, em uma encruzilhada como oferenda a algum Orixá. Irmã Dulce o recolheu, tratou dele e o entregou a uma família para que ele fosse criado. Anos depois, o mesmo garoto estava prestes a morrer em um acidente; e, mais uma vez, a Irmã Dulce estava lá para o salvar.

Nunca o serviço social dela foi confundido com mera filantropia. A sua visão horizontal era totalmente dependente de uma firme e clara visão vertical: a freira de hábito era uma mulher de profunda oração, interessada em lutar não por “melhores condições sociais” nem por nenhuma outra bobagem do tipo, mas preocupada em amar pessoalmente cada um dos filhos de Deus que Ele colocava em seu caminho. A dedicação de toda uma vida ao serviço dos pobres era radicada em um profundo amor a Deus, sem o qual o que ela fez simplesmente não teria sido possível. Externamente, alguma filantropia pode até ser confundida com caridade, mas o amor meramente humano – ao contrário do divino – tem limites. Ninguém consegue esquecer-se de si a serviço dos outros – como fez a Irmã Dulce – se não for por um profundo amor a Deus.

“-Chegou uma freira nova tão bonitinha!”. Um outro amigo me disse ter ouvido esta frase da mãe dele, referindo-se ao primeiro contato que ela tivera com Irmã Dulce em Salvador. Uma menina jovem e bonita, de uma família importante da cidade, dedicando-se exclusivamente – desde criança – a cuidar dos indigentes! Como não se admirar com esta mulher? A festa, repito, era na capital baiana inteira. Nem a chuva conseguiu esmorecer o ânimo dos baianos, que se dirigiram às centenas e aos milhares para o Parque de Exposições. Participar do histórico momento em que uma filha da Bahia foi declarada Bem-Aventurada.

Em bom latim, na leitura da bula do Papa Bento XVI, logo após traduzida: a Serva de Deus Dulce Lopes Pontes estava inscrita entre os beatos da Igreja Católica. Aplausos. O grande retrato da nova beata foi descoberto, ao lado do altar – de onde o Senhor do Bonfim olhava para a amplidão tomada de gente, e abençoava o povo da Bahia. Eu estava radiante: mais uma brasileira próxima dos altares! Uma conterrânea reconhecidamente na amizade de Deus. A olhar por Salvador, a olhar pela Bahia, a olhar pelo Brasil.

Que a Irmã Dulce interceda por nós! Que ela se lembre do seu Brasil, de sua Pátria tão necessitada dos favores celestes. Que muitas graças caiam em abundância sobre esta Terra de Santa Cruz: graças do Senhor do Bonfim, pelas mãos da Virgem da Conceição da Praia, pela intercessão da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres.

“E deu-nos ordem pra não termos medo”…

Ontem, domingo da Divina Misericórdia, diante de um milhão de pessoas, foi beatificado o Papa João Paulo II. O Wagner Moura esteve lá. Eu infelizmente não acompanhei a transmissão ao vivo da cerimônia (era às cinco da manhã no horário do Brasil). Vi, no entanto, outras coisas – que valem a pena ser conhecidas e divulgadas.

Homilia do Papa Bento XVI. “E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade”.

John Allen: qual a pressa em beatificar João Paulo II? “No passado, a fama de um candidato muitas vezes se espalhava só gradualmente, mas hoje o mesmo lapso de tempo nem sempre se aplica. O papado de João Paulo II explorou habilmente duas das marcas da aldeia global de hoje: a ubiquidade das comunicações e a relativa facilidade das viagens. Como resultado, pode-se argumentar que o ritmo de sua beatificação nada mais é do que um reflexo da maior velocidade com que tudo se move no século XXI”.

– Esta “homenagem a João Paulo II” está muito bem-feita. Uma vida em imagens: dezenas, quiçá centenas de fotos do novo beato, nas mais variadas ocasiões. Uma seleção feita com esmero, e ao alcance de quaisquer poucos cliques. Recomendo.

Esta cronologia é leitura fundamental. Está em espanhol, mas traz “algunas cosas que, año por año, se hicieron durante el pontificado de Juan Pablo II para defender la fe y disciplina dentro de la Iglesia”: este é o chamado “lado obscuro” do pontificado de João Paulo II, não por ser tenebroso ou de alguma maneira censurável, mas sim por não ter tido praticamente divulgação nenhuma pelos meios de comunicação.

E o Papa está mais perto dos altares! A interceder por nós. A convidar-nos ao Céu. A ordenar-nos ainda, do alto, que não tenhamos medo. Queremos a graça de obedecer-lhe! Beato João Paulo II, rogai por nós!

Em tempo, recordar é viver: “Um dia de abril”.

P.S.: Ver também “João Paulo foi o Papa da minha vida” (Dom José Cardoso Sobrinho).

Encontro de blogueiros em Roma

http://www.pccs.va/

Como a maior parte das pessoas já está sabendo, o Vaticano vai promover um encontro de blogueiros no próximo dia 02 de maio, logo em seguida à beatificação de João Paulo II.

O que talvez nem todas as pessoas estejam sabendo é que hoje, sábado, foi publicada a lista com o nome dos 150 blogueiros (de 750 que foram enviados) selecionados para participar, presencialmente, do encontro. São blogs de todo o mundo, entre iniciantes e já consolidados, entre pessoais e profissionais.

Muitos eu não conheço, outros são bem famosos. O Sandro Magister está lá, bem como o American Papist. Também o exorcista pe. Fortea está na lista dos blogs selecionados. Achei até – curioso! – um blog que fala de informática e ética.

Mas a alegria, a maior alegria, o júbilo que chega quase a ser inconveniente às portas da Semana Santa, é que só foram selecionados três blogs brasileiros (se deixei escapar algum, por favor me avisem). Um é o “Jovens sem Fronteiras”, outro é o “Medidas de Fé”, e o terceiro é o… “O Possível e o Extraordinário”, do meu caríssimo amigo Wagner Moura!

Parabéns, Wagner! É merecido. Que o encontro possa ser proveitoso. Que sirva, sempre, ad majorem Dei Gloriam.

Bem-aventurada Albertina Berkenbrok

Em 1952, na mesma capela onde Albertina recebeu a primeira comunhão, reúne-se o Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Florianópolis para dar início ao processo de sua beatificação e canonização; de fato, a essa arquidiocese pertencia então a paróquia de Vargem do Cedro. Posteriormente, com a divisão da arquidiocese e a criação da Diocese de Tubarão, é o primeiro bispo de Tubarão, Dom Anselmo Pietrulla, OFM, que leva adiante a causa. Obedecendo às determinações das leis da Igreja, em 1956 é feito um processo complementar. Infelizmente, por uma série de circunstâncias, de 1959 em diante o processo de Albertina interrompe-se e interrompido fica até o ano 2000.

Apesar disso, a fama de martírio e santidade de Albertina, bem como a devoção do povo para com ela, não cessaram. Em maio de 2000, o terceiro bispo de Tubarão, Dom Hilário Moser, SDB, retomou o processo. Nomeou postulador da causa de beatificação e canonização de Albertina, Fr. Paolo Lombardo, OFM, de Roma. O postulador veio a Tubarão em maio do mesmo ano, quando foi possível dar os primeiros passos concretos no sentido de retomar o processo.

[…]

ALBERTINA FOI BEATIFICADA em Solene celebração Eucaristica no dia 20 de Outubro de 2007 em frente a Catedral Diocesana de Tubarão. Presidiu a Cerimônia o Cardeal Saraiva – prefeito para a causa dos Santos.

BeataAlbertina.com
[cf. tb. BeataAlbertina.net]

Hoje é o dia da Bem-Aventurada Albertina Berkenbrok. Morreu jovem, e morreu defendendo a sua virgindade. Que ela interceda por nós, nestes tempos em que os valores pelos quais ela deu a vida são tão desprezados.

Leituras apressadas

Estudante mineira pode ser beatificada. “Isabel Cristina lutou até o fim da vida pela virgindade. Ela resistiu ao estupro, mesmo depois de ser golpeada na cabeça com uma cadeira e de ser amordaçada”.

12 razões pelas quais crucifixo não viola liberdade. “A parede branca também é uma declaração ideológica, especialmente se nos primeiros séculos não podia estar vazia”.

Itália: “Esta é a resposta ao Juiz turco de Estrasburgo!”. Leiam, é fantástico! “O prefeito de Assis sugeriu que além dos crucifixos fossem colocados também presépios nas salas de aula. O prefeito da cidade de Trieste esclareceu que tudo permaneceria do jeito que está. A Câmara de Comércio romana pediu que as lojas pendurassem crucifixos […] O prefeito de Galzignano Terme na província de Pádua, Riccardo Roman, ordenou colocação imediata de cruzes em todos os edifícios públicos – não somente escolas, mas também na Prefeitura e museus”.

Apagão em Brasilia foi pior que restante do Brasil: No senado “mordaça Gay” foi aprovada. Na foto: “a Bíblia é homofóbica? E agora, vão rasgar a bíblia?”. No texto: “o projeto fora para votação sem ser comunicado na pauta normal do dia. Foi realmente uma jogada suja, tão suja quanto os que projetaram essa vergonha”.

Beatificação dos pais de Santa Teresinha

[youtube=http://it.youtube.com/watch?v=F4_TGKnoKpg]

Hoje é o Dia Mundial das Missões. Santa Teresinha do Menino Jesus é a padroeira das Missões. É muitíssimo apropriado, então, que os pais da pequena Doutora da Igreja sejam beatificados no dia de hoje.

Santa Teresinha foi carmelita; vivendo em clausura, como pode ser padroeira das Missões? Bento XVI o explica: “todo cristão, mesmo se é forçado a viver na solidão, pode ser um missionário autêntico através da oração”. E ainda aproveitou para “enfatizar com maior força que o primeiro empenho missionário de cada um de nós é justamente a oração”.

“Santa Teresinha morreu aos 24 anos e é Doutora da Igreja. Numa de de suas cartas, ela testemunhou a santidade de seus pais: O bom Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do céu que da terra” (Canção Nova). Uma grande árvore, de ordinário, não nasce sozinha, e sim no meio da floresta; via de regra, as montanhas estão nas cordilheiras, e não isoladas no meio da planície. Se um santo se elevou até o ponto de ser apresentado pela Igreja como exemplo e modelo para ser seguido, é de se esperar que as pessoas próximas a este santo também tenham exercido a virtude em grau heróico. No caso dos pais de Santa Teresinha – Louis e Zélie Martin -, a Igreja reconheceu hoje, com a beatificação de ambos, o influxo salutar que a santidade da filha teve nos que lhe eram próximos – ou ainda, o mais provável, o efeito miraculoso que a santidade do casal teve na alma da pequena Teresinha de Lisieux.

A beatificação do casal é ainda testemunho eloqüente de uma outra realidade: o matrimônio é caminho de santificação. Trazendo para mais perto da glória dos altares os pais de Santa Teresinha – pais de nove filhos -, a Igreja realça a importância fundamental da vida conjugal, da entrega sem reservas dos esposos que forma a família – “a família, cujo papel é fundamental na educação dos filhos num espírito universal, aberto e responsável em relação ao mundo e seus problemas, como também na formação das vocações para a vida missionária” (Bento XVI em Pompeia).

O Senhor ouviu as nossas orações pela beatificação dos pais de Santa Teresa. Mais dois servos de Deus são, a partir de hoje, bem-aventurados. O milagre da beatificação foi a cura de um recém-nascido, Pietro Schiliro, que nasceu com uma má-formação pulmonar congênita e não tinha esperanças de vida. Hoje, ele tem seis anos, e pode participar das cerimônias que a Igreja celebra em honra dos beatos Louis e Zélie Martin, a cuja intercessão ele deve a sua vida. Que os novos beatos intercedam por nós. Que as famílias dos nossos dias possam se espelhar na família Martin, a fim de que cada lar cristão possa ser, sempre e verdadeiramente, fonte de virtude e de santidade.