Notícias de um mundo enlouquecido

Essas duas notícias não são de hoje, mas valem uma meditação.

Primeiro, uma garota belga foi mutilada e posteriormente assassinada, sem que isso provocasse a menor comoção social. Ao contrário, louvaram esta barbaridade como se fosse um avanço dos direitos humanos e um respeito às liberdades individuais.

A garota – R.I.P. – chamava-se Nancy. Entre 2009 e 2012, teve os seus seios arrancados e seus órgãos genitais destruídos. Vivendo infeliz e sentindo «aversão» pelo seu corpo, foi depois friamente assassinada na presença de várias pessoas.

Sádicos psicopatas procurados pela polícia? Que nada! Pessoas que se dizem normais, exercendo o que consideram direitos legais, sob o amparo de uma legislação positiva enlouquecida.

* * *

Segundo, um teólogo ameaça se suicidar. No ápice da sua decadência, Hans Küng deseja o «suicídio assistido».

Ele tem Parkinson avançado. A degeneração moral do velho modernista atingiu o paroxismo. Tanto chafurdou na lama que desaprendeu a olhar para o Céu. Cego dos olhos da alma há muito tempo, ameaça procurar uma «clínica» (sic) onde se matam pessoas caso perca a visão dos olhos do corpo.

Loquaz exemplo do quanto é possível cair quando se afasta da Fé! Rezemos pelos desesperados. E vigiemos. Que nos livre Deus do desespero.

Curtas

“A ousadia da santidade”, pelo Carlos Alberto Di Franco e publicada… no Estadão! “A tese, por exemplo, de que é necessário ouvir os dois lados de uma mesma questão é irrepreensível; não há como discuti-la sem destruir os próprios fundamentos do jornalismo. Só que passou a ser usada para evitar a busca da verdade. A tendência a reduzir o jornalismo a um trabalho de simples transmissão de diversas versões oculta a falácia de que a captação da verdade dos fatos é uma quimera. E não é. O bom jornalismo é a busca apaixonada da verdade. O jornalismo de qualidade, verdadeiro e livre, está profundamente comprometido com a dignidade do ser humano e com uma perspectiva de serviço à sociedade”.

Comunicado da Santa Sé sobre a audiência entre o Papa Bento XVI e o Cardel Schönborn. “A palavra ‘chiacchiericcio’ (fofoca) foi erroneamente interpretada como desrespeitosa às vítimas de abuso sexual, para com as quais o Cardeal Angelo Sodano nutre os mesmos sentimentos de compaixão e de condenação do mal, como expressado em várias ocasiões pelo Santo Padre. A palavra pronunciada durante a saudação de Páscoa ao Papa Bento XVI foi tomada literalmente da homilia pontifical do Domingo de Ramos e se referia à ‘coragem que não se deixa ser intimidada por fofocas de opiniões predominantes'”.

Crônicas Vaticanas: o Papa e a Itália. “Bento XVI e os seus estreitos colaboradores intervêm muito rapidamente em questões italianas, dando mais atenção em relação a outros países do mundo. Isso porque a Itália constitui uma espécie de laboratório para os muitos desafios que a Igreja deve enfrentar: é um país historicamente católico, mas a prática da fé e o seu impacto social estão em decadência. Portanto, a campanha de nova evangelização do Papa só pode começar literalmente do jardim de casa”.

El cardenal Kasper anuncia su partida y traza un balance de su gestión. Em espanhol, mas dá para compreender. “El balance examinó luego las relaciones con las Iglesias y las comunidades eclesiales de la Reforma: ‘Errores o, más bien, imprudencias en el modo de formular la verdad – admitió el cardenal Kasper -, han sido cometidos entre nosotros e incluso de parte nuestra’. Pero en lo que concierne a este diálogo, el cardenal quiso remitirse al texto recientemente publicado por el dicasterio, ‘Harvesting the fruits’, en el que se hace un balance de los resultados y de los acuerdos alcanzados”.

Poesia sobre a morte de Saramago. Destaco: “Proponho assim, por descargo / – Como quem dá a camisa / – Rezarmos por Saramago / Que bem precisa coitado…! / Mãe dos Céus, Oh se precisa”.

– Sobre a Bélgica: “Papa se solidariza com bispos belgas” e “Indignação da Santa Sé pela brutal inspeção ao episcopado belga”. Deste último: “‘Manifestaram que haveria uma inspeção do arcebispado devido a denúncias de abuso sexual no território da arquidiocese’, explica um comunicado assinado pelo porta-voz da Conferência Episcopal da Bélgica, acrescentando que ‘não se deu nenhuma outra explicação, mas todos os documentos e telefones celulares foram confiscados e se manifestou que ninguém poderia deixar o edifício. Este estado, de fato, durou até quase as 19h30′”.

Exorcistas e primazes

Guerra de exorcistas. “Dois exorcistas, ambos respeitáveis em seu ofício, divergiram publicamente nos últimos dias”. O motivo: a existência de satanistas no Vaticano.

Para o pe. Amorth: “Sacerdotes, monsenhores e também cardeais. Sei por pessoas que conheceram isso diretamente. E além do mais é uma coisa ‘confessada’ em outras ocasiões pelo mesmo demônio, sob obediência, durante os exorcismos”.

Para o pe. Fortea: “[A]gora como em todos os outros tempos, existem prelados mais espirituais e outros mais terrenos, alguns mais virtuosos e outros mais humanos. Mas a partir daí afirmar que alguns cardeais são membros de seitas satânicas é uma afirmação inaceitável”.

Sobre o pe. Amorth, creio não ser necessário falar muito. Com relação ao pe. Fortea, há mais informações em seu site e seu blog.

* * *

Que Dom André Mutien Léonard havia sido nomeado primaz da Bélgica, eu sabia. Que ele é considerado um bispo tradicional, eu também sabia. O que eu não sabia era que o nome dele não estava nas listas tríplices:

[O] nome de Léonard não constava nem na primeira, nem na segunda terna (lista de 3 nomes indicados pelo núncio, com cooperação da Conferência Episcopal), enviadas por Raube com os indicados ao posto. Bento XVI em pessoa decidiu e fez Dom Léonard primaz da Bélgica, contra a vontade do Núncio, dos bispos e inclusive do Rei.

Longa vida ao Papa!

Três casos de morte

Encontrei na internet, nos últimos dias, três tristes notícias sobre casos envolvendo doenças, sofrimento, eutanásia e obstinação terapêutica, onde nem sempre é fácil traçar os limites entre cada uma das coisas. As três, no entanto, foram instrumentalizadas para propagar a cultura da morte.

A primeira delas, sobre o menino britânico doente que os pais perderam na Justiça o direito de manter vivo. Reconhecendo de antemão que não dá para confiar na mídia e que, portanto, posso estar julgando erroneamente o caso, parece-me não obstante que se trata de ortotanásia, onde manter a criança viva – contra todos os prognósticos e com meios desproporcionais – seria um caso de obstinação terapêutica. No entanto, não julgo correto de nenhuma maneira que esta decisão tenha sido tomada pela Justiça, passando por cima da autoridade da família. No caso em pauta, aparentemente, a decisão foi acertada; aberto contudo o precedente, quem garante que a Justiça não vai algum dia “eutanasiar” bebês (relativamente) saudáveis à revelia dos seus pais?

A obstinação terapêutica é grave, mas a julgo muito menos grave do que a eutanásia, por razões óbvias (afinal, um erro na primeira não mata ninguém…). Portanto, a preocupação do Estado deve ser no sentido de proibir esta última, e não de impedir a obstinação terapêutica dos pais.

A segunda notícia, particularmente triste, foi a de uma velhinha de 93 anos, belga, que está fazendo greve de fome para poder se submeter à eutanásia. É triste que exista eutanásia no país, mas é ainda mais triste que esta senhora – que mora em um asilo – encontre-se tão sozinha e tão desamparada, tão sem sentido na vida, que só na morte veja a solução para os seus problemas. A despeito da idade avançada, ela é saudável, já que “não tem uma ‘afecção incurável grave’ nem sofrimentos ‘constantes, insuportáveis e que não possam ser acalmados’, os dois requisitos necessários para que a eutanásia seja legal no país”. É, portanto, apesar da idade, simplesmente uma pessoa com tendências suicidas; aceder-lhes seria abrir um perigoso precedente para que qualquer um, afinal, possa se matar quando bem entender. Aqui não se trata de eutanásia e nem de ortotanásia: é suicídio puro e simples, que deve ser condenado.

A terceira e última notícia sobre a qual gostaria de comentar, é a do hospital canadense que enfrenta uma ação na Justiça por ter mantido com vida um bebê incapacitado. A situação foi curiosa: a garota era mantida viva por meio de aparelhos (de respiração, inclusive). Os pais autorizaram o desligamento, em uma aparentemente correta atitude de recusa à obstinação terapêutica. No entanto, quando estes foram desligados, a garota… passou a respirar sozinha! Necessitava ainda do tubo de alimentação, mas somente dele, de modo que negar-lhe não poderia ser considerado simples ortotanásia. O comitê de ética do hospital, então, em uma atitude heróica, “ordenou que se mantivera a alimentação da bebê, sem consultar aos pais nem aos médicos que originalmente decidiram suspendê-la”. Por causa disso, “enfrenta uma demanda (…) de 3.5 milhões de dólares por ter mantido com vida a uma menina com severas descapacidade sem o consentimento de seus pais”.

A menina, no entanto, teve alta e, hoje, mora com os pais… o hospital, portanto, salvou-lhes a filha! E, em troca, é movida contra ele uma ação milionária…

Os casos com os quais nos deparamos nem sempre são simples. Há, no entanto, e sempre, princípios morais dos quais não se pode abrir mão. Estas três notícias carregam, todas elas, anti-valores, se não nos casos em si, ao menos na forma como eles foram apresentados e na repercussão que tiveram. Importa rezar muito; e seguir, com a Igreja, na defesa incondicional da vida, “desde a concepção até a morte natural”.