Aos sacerdotes e religiosos [da Irlanda] que abusaram dos jovens

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

Bento XVI,
Carta pastoral aos católicos da Irlanda
19 de março de 2010 – solenidade de São José.

Está consumado

Vergonha, tristeza, perplexidade: assim se sentem os verdadeiros católicos ao se depararem com a traição sofrida pela Igreja ontem, domingo 19 de outubro, dia mundial das missões. Por aqueles que primeiro tinham obrigação de A proteger e servir. Traição que é tanto mais dolorosa quanto mais próximos são os traidores. Padres católicos, sacerdotes do Deus Altíssimo, homens retirados do meio do mundo e consagrados para o serviço de Deus, mancomunados com os servos de Satanás, lançando lama no rosto da Esposa de Cristo! Escândalo, previamente avisado. Denunciamos, escrevemos emails à Região Episcopal (eu mesmo escrevi, embora não tenha obtido resposta), telefonamos; afinal, fomos avisados que era boato. Rezamos para que fosse mesmo boato. Não era.

O golpe sujo foi premeditado. Vergonha das vergonhas, o Partido dos Trabalhadores publicou em seu site o plano sórdido. Debochando da Igreja de Cristo, zombando da Esposa de Nosso Senhor, não contente em consumar o golpe pelas costas, o Partido quis alardeá-lo. O escândalo foi anunciado: cerca de 100 padres redigiram o manifesto a favor da candidata petista, abortista e gayzista. Ninguém fez nada. Apreensivos, tomamos conhecimento da traição e entramos em contato com as autoridades responsáveis: “não tem o menor fundamento”. Tinha; Satanás não dorme, e nunca devemos subestimar o poder do Inimigo. Ingenuidade achar que os traidores de Cristo iriam consumar a sua perfídia com autorização arquidiocesana, inocência julgar que os filhos das Trevas iriam pedir autorização para debocharem da Igreja.

Claro que não pediram, mas debocharam. À revelia da Arquidiocese, os cem sacerdotes publicaram a escandalosa “Carta aos Cristãos”, com uma tiragem de meio milhão de exemplares, na qual se fazia a vergonhosa defesa da gayzista e abortista Marta Suplicy. Padres católicos, pastores do povo de Deus, sacerdotes de Jesus Cristo! Vendidos, contaminados com ideologias intrinsecamente anti-cristãs, amasiados com doutrinas espúrias, vomitando sua peçonha sobre os fiéis que têm sob o seu cuidado, pelos quais tinham a obrigação de zelar. Se fossem leigos os autores do manifesto indecente, o escândalo já seria de proporções descomunais; como são sacerdotes, a magnitude escandalosa do pecado chega quase a atingir o trono de Deus, clamando aos Céus por vingança.

“Católicos pela Justiça”, uma estrela vermelha do PT, o nome da candidata Marta: eis o exterior do manifesto. Dentro, como se fossem as premissas das quais decorrem a vergonhosa conclusão, são citadas todas as mazelas sociais existentes nos nossos dias. E, após o desfile das situações de injustiça, a afirmação peremptória:

Nós, cristãos (padres, religiosos, religiosas, leigas e leigos da Igreja Católica nesta cidade), inseridos na ação de evangelizar por meio das pastorais sociais desenvolvidas nas diversas situações da vida de nossa gente, como foi acima exposto, MANIFESTAMOS NOSSO APOIO À CANDIDATURA DE MARTA SUPLICY à Prefeitura de nosso município.

E – como eu disse acima -, a Satanás não basta o golpe traiçoeiro. É preciso humilhar, é preciso blasfemar. Segue o vergonhoso manifesto com um “credo” político: “cremos que (…) é possível construir uma cidade humanizada”. “Cremos nas propostas da candidata Marta”. No entanto, não é suficiente. Arremata enfim o manifesto com uma blasfêmia contra o Segundo Mandamento:

Em nome do Evangelho de Jesus Cristo, não podemos e não devemos nos omitir nesse momento tão importante. É dever de todo cristão, olhando o fio da história que nos corta, dar um basta definitivo aos resquícios da Ditadura, que tanto mal e atraso nos trouxe. […] QUEREMOS MARTA DE NOVO!

Sinceramente, eu não consigo entender o que se passa pela cabeça de um sacerdote que evoca o nome do Evangelho de Jesus Cristo para promover uma candidata anti-católica de um partido anti-católico. O escândalo atinge requintes de crueldade que fariam brilhar os olhos ao mais empedernido herege. Voltaire rejubilaria: é difícil imaginar uma mais perfeita obediência à ordem blasfema de ecrasez l’Infâme [esmagai a Infame]. A Igreja cobre-se de luto; os católicos precisam fazer penitência e rezar em desagravo. A candidata gayzista e abortista não vai “se recuperar” nas pesquisas por causa deste manifesto assinado pelos lobos; no entanto, por causa desta corja de traidores da Cruz de Cristo, a Igreja provavelmente vai carregar o estigma de “ter apoiado” a candidatura petista. Miserere nos, Domine!