Curtas (mais do que o costume)

Judas Iscariotes é absolvido em júri popular simulado. “Trad atuou na defesa de Judas Iscariotes e explica que argumentou que a história já estava traçada por Deus. ‘Se fosse mau não se mataria, como se matou’, destaca o adovogado (sic)”.

Alguém precisa explicar a este tribunal simulado a diferença entre graça suficiente e graça eficaz, e também dizer que Deus concede a todos os homens graças suficientes para que se salvem. Sério: se quiserem absolver Judas, pelo menos que não seja com argumentos tão fúteis assim…

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Portugal se resiste al “matrimonio gay” – excelente! O presidente de Portugal, Cavaco Silva, vetou a lei aprovada em julho passado pelo Partido Socialista. “El presidente Cavaco Silva también vetó en agosto del año pasado un nuevo régimen jurídico del divorcio” – e eu comentei aqui.

Politólogos dizem que Cavaco usa alguns vetos para se distanciar do PS e do Governo. “[E]ste Presidente da República é mais sensível a valores mais próximos da Igreja Católica e mais desconfiado de alguma inovação”. Queira Deus que seja verdade. Ele já se desligou do Partido Socialista?

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“O Circo dos Horrores”, pelo Dr. Ronaldo Ausone Lupinacci. “Quando as instituições estatais se tornam esclerosadas e putrefatas, deixam de cumprir sua missão, e, com isso, males dos mais diversos passam a afligir a sociedade. E, se tais instituições não cumprem sua missão, é de se perguntar, então, para o que servem, tal como o sal que não salga”.

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– Excelente resposta do Mons. Charles Chaput, arcebispo de Denver, a um editorial do The Tablet. Vale a pena transcrever um trecho, mesmo estando em espanhol:

En primer lugar -dice con ironía- el editorial tiene valor porque “demuestra una vez más que hay personas que no necesitan vivir en Estados Unidos para tener opiniones inútiles y mal informadas sobre nuestros asuntos internos”. En segundo lugar, “algunas de esas piadosas voces que alguna vez criticaron a los católicos de EE.UU. por apoyar a un ex-presidente, ahora parecen acólitos de un nuevo presidente”. En tercer lugar, “el aborto no es, ni ha sido nunca, un ‘problema específicamente católico’, y los editores lo saben”. Y en cuarto lugar, “el creciente uso indebido de los conceptos católicos ‘terreno común’ y ‘bien común’ en el actual lenguaje del debate sobre la salud pública, sólo puede provenir de dos fuentes: la ignorancia o el cinismo”, (The Denver Catholic Register, 24-08-09).

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– Artigo da Dra. Lenise Garcia publicada no Correio Braziliense (via UnB Agência): Aborto: questão de saúde pública. Excerto:

Em 2008, o editorial do jornal El País comentou que há na Espanha “demasiados abortos”. Entre 1997 e 2007, o número de abortos mais que dobrou. Entre 2006 e 2007, houve incremento de 10%. Além disso, uma em cada três mulheres que abortaram em 2007 já haviam abortado anteriormente, uma ou mais vezes. Isso demonstra a banalização da prática. El País comenta que o aborto é “percebido por muitos jovens como um método anticoncepcional de emergência, quando é uma intervenção agressiva que pode deixar sequelas físicas e psicológicas”.

Sobre as sequelas psicológicas, já comentei acima. Sobre as físicas, há estudos que mostram maior risco de doenças circulatórias, doenças cérebro-vasculares, complicações hepáticas e câncer de mama. A gravidez posterior também fica comprometida, com maior incidência de placenta prévia, parto prematuro, aborto espontâneo e esterilidade permanente.

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– Enquanto isso, embrião é encontrado no novo terminal de ônibus de Paulista, Região Metropolitana do Recife. “Por volta das 6h, uma usuária do novo terminal entrou no local o achou o embrião [de “cerca de 3 cm”] deixado num canto do banheiro ao lado de uma mancha de sangue, por trás da porta e acionou a fiscalização do Grande Recife Consórcio de Transporte. […] O gerente de fiscalização do Consórcio, Sérgio Cornélio, disse que o feto aparentava ter poucas semanas de gestação, não sendo possível detectar o sexo”.

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Saramago voltou a atacar Deus no seu novo romance. Não sei qual é a nova obra do escritor português mas, francamente, esta euforia toda em torno do conterrâneo de Camões não se justifica.

D’O Caderno de Saramago: “Ora, já que inventámos Deus e Alá, com os desastrosos resultados conhecidos, a solução talvez estivesse em criar um terceiro deus com poderes suficientes para obrigar os impertinentes desavindos a depor as armas e deixar a humanidade em paz. E que depois esse terceiro deus nos fizesse o favor de retirar-se do cenário onde se vem desenrolando a tragédia de um inventor, o homem, escravizado pela sua própria criação, deus”.

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Esclarecimento dos fiéis de Varre-Sai, no Fratres in Unum. Triste…

1) Nós proprietários das Capelas N.S. Aparecida em Santa Fé e de São José em Barra Funda, não aceitamos mais que os padres da administração apostólica celebrem em nossas capelas que são de nossas propriedades.

2) Nós proprietários das capelas pediremos para que os padres da fraternidade de S. Pio X venham celebrar e nos atender.

3) Pedimos que os nossos nomes sejam retirados da administração apostólica.

Oremus pro unitate Ecclesiae.

Curtas sobre o Divórcio

– Existe em Portugal, desde o ano passado, uma lei que permite que divórcios sejam realizados pela internet. A completa banalização com a qual o assunto é tratado é expressa pela reportagem como se fossem alvíssaras ao advento do progresso: “Em casa, no escritório ou num centro de internet em Lisboa, qualquer casal sem filhos menores de idade e sem bens para dividir pode se divorciar em no máximo uma hora”. No máximo uma hora para separar duas pessoas que deveriam viver juntas pelo resto da vida! A leviandade com a qual são tratados assuntos de tão capital importância têm o efeito colateral deletério (e, a meu ver, obviamente deliberado) de impregnar no inconsciente coletivo a impressão de que o divórcio é realmente uma coisa à toa e que não merece a nossa preocupação: afinal, qual a importância que pode ter um “problema” que em no máximo uma hora “se resolve”?!

– O Presidente de Portugal, no entanto, teceu recentemente (no final do mês passado) duras críticas às leis referentes ao divórcio que existem no país, em uma reunião da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), realizada em Fátima. Revelando perplexidade – que nós compartilhamos – com a “forma como se legisla em Portugal em matérias de tão grande importância”, o Presidente mostrou-se (mais uma vez) digno do alto cargo que ocupa, dando mais atenção aos valores éticos e morais que estão em jogo do que às exigências da agenda divorcionista atual. Diz ainda a reportagem:

Recorde-se que por ocasião da promulgação presidencial da Lei, em Outubro de 2008, em uma mensagem publicada na página oficial da Presidência da República na Internet, Cavaco Silva, que havia vetado inicialmente esta lei a 20 de Agosto, referia que o diploma, incluindo as alterações introduzidas depois do veto à primeira versão, “padece de graves deficiências técnico-jurídicas” e iria introduzir, em sua opinião, “profunda injustiça”, sobretudo para os mais vulneráveis, como são as “mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores”.

Que Nossa Senhora de Fátima proteja Portugal.

– Não sei se a mesma correlação observada aqui no país do Amazonas acontece nas terras banhadas pelo Tejo, mas acho bem provável. Um estudo recentemente divulgado pelo BID mostrou que existe uma relação entre as novelas da Rede Globo e a taxa de divórcios no Brasil. O aumento na porcentagem, segundo o coordenador do estudo, “é pequeno, mas estatisticamente significativo”. Imediatamente lembrei-me de que o Brasil exporta novelas para Portugal; como brasileiro, gostaria de pedir perdão aos portugueses pelo lixo enviado à Terra Mãe.

Portugal veta divórcio

Tendo recebido, para ser promulgado como lei, o Decreto nº 232/X, da Assembleia da República, que aprova o Regime Jurídico do Divórcio, decidi, nos termos do nº 1 do artigo 136º da Constituição da República Portuguesa, não promulgar o referido diploma.
[Aníbal Cavaco Silva, presidente de Portugal]

“Em Portugal sempre se conservará o dogma da Fé”, disse Nossa Senhora em Fátima. Merece aplausos a luta do presidente português para que na terra de Camões conserve-se também a Moral. O sr. Cavaco Silva, presidente da República, devolveu ontem (20 de agosto) à Assembléia da República o diploma de alteração do Regime Jurídico do Divórcio sem o promulgar, utilizando-se do seu poder de veto.

A Associação PAIS PARA SEMPRE publicou no seu BLOG sobre o assunto:

Texto final dos projetos de lei
Presidente veta novo regime jurídico sobre o divórcio
Mensagem do Presidente à Assembléia da República
Posição Oficial dos partidos no Parlamento sobre o veto
Partido Socialista vai manter a sua posição [contrariando o veto presidencial]

A Lusa (agência de notícias de Portugal) acusa a sociedade de estar dividida com a atitude do presidente. É bem possível – daquela divisão que Nosso Senhor disse que iria trazer à terra (cf Mt 10, 34-36). Que Nossa Senhora de Fátima continue abençoando Portugal.

P.S.: Só esclarecendo, o que o presidente vetou foi uma ampliação dos casos em que o divórcio é permitido em Portugal. Nas terras banhadas pelo Tejo, o divórcio já é – e continua sendo – permitido em alguns casos.