Não basta não ser pecador, é preciso ser santo

Ainda sobre a questão dos abusos sexuais praticados por membros do clero, foram publicados nos últimos dias diversos textos abordando aspectos bastante pertinentes do problema. Comento aqui somente um ou outro ponto deles, escolhidos por afinidade temática e não por serem necessariamente os mais importantes. O assunto é bem grave e demanda mesmo textos longos, cuja leitura na íntegra este post não tem a pretensão de suprir.

Chamo a atenção, em primeiríssimo lugar, para o Carlos Ramalhete apontando o homossexualismo como a verdadeira raiz do problema. «O que agora vem se tornando claro, ainda que disso pouco se falasse no começo do escândalo, mas que eu vinha falando desde que estes horrores inomináveis começaram a vir à luz, é que as vítimas, em sua imensíssima maioria, não eram criancinhas, mas rapazinhos. Em outras palavras, não se trata, nunca se tratou, de um escândalo de pedofilia, sim de efebofilia. Ou, em outras palavras, de homossexualismo.» 

Esta análise, é importante frisar, não é característica exclusiva de católicos conservadores. Gostaria de lembrar que mesmo os ataques virulentos de um Reinaldo Azevedo contra o celibato católico têm esse mesmíssimo pano de fundo. Veja-se, por exemplo, velharias como “Igreja não é armário”, “Ou a Igreja acaba com o celibato ou o celibato acaba com a Igreja” (sic) e “Sacerdócio não é armário”. Naturalmente, este blog por diversas vezes já se levantou contra a tagarelice do sr. Reinaldo quando de suas incursões pouco piedosas no terreno do Catolicismo; neste caso específico, no entanto, o erro dele é de terapêutica e não de diagnóstico. A constatação de que há homossexuais infiltrados no clero católico é uma constatação verdadeira; a idéia de acabar com o celibato por conta disso é que é uma estupidez.

É compreensível que as pessoas — de boa ou de má vontade — queiram apontar soluções para o problema; talvez mais do que nunca, esta é uma marca dos dias atuais. Mas existem alguns pontos que não podem ser obscurecidos. Primeiro, que a reforma da vida sacerdotal virá dos sacerdotes e não dos leigos — e, portanto, as intermináveis laudas publicadas na internet sobre o assunto não podem aspirar senão a um papel bem modesto nesta batalha. Segundo, que a abominação da desolação exige de nós orações redobradas: o Papa Francisco chegou a pedir ao povo de Deus jejum e oração, lembrando que — segundo Nosso Senhor — é somente à força deles que certos demônios podem ser expulsados. E, terceiro, que a vastidão dos pecados do clero não nos pode fazer perder de vista — nem por um segundo — a multidão ainda mais inumerável de padres honestos, que decerto prefeririam morrer a desonrar a vocação sacerdotal a que um dia foram chamados. É preciso, mais do que nunca, rezar por eles.

Este último ponto, no entanto, precisa de maiores desenvolvimentos. É que o lobby gay dentro da Igreja aparenta ser tão vasto que houve até quem falasse em uma corrupção do clero a rivalizar com a da época dos Bórgia (!). A retórica é exagerada e até mesmo injusta; mas que se deixe isso um pouco de lado por enquanto, porque a situação é calamitosa, e às vezes acontece de pessoas bem intencionadas errarem a mão na hora de se levantarem contra injustiças. O fato é que um laxismo generalizado paira sobre a Igreja, e isso é escandaloso e atrai a ira de Deus. «O triunfo da degradação homossexual em tantas dioceses e ministérios na Igreja Católica», diz o artigo do Matthew Hoffman, «deve-se a uma causa fundamental: a aceitação generalizada de um laxismo moral que minimiza a gravidade do pecado sexual e entende a continência como um simples “ideal”, fora do alcance de um católico comum.»

Trata-se de um naturalismo grosseiro que desdenha da graça de Deus e que, em última instância, almeja confinar a sublime vocação humana à santidade em uma vida medíocre e acomodada. Trata-se de uma completa inversão do ideário missionário da Igreja, que sempre consistiu na elevação moral dos católicos para muito além do espírito do seu tempo e, hoje, parece empenhado em reduzir as sublimes exigências do Cristianismo à altura de homens tíbios e pusilânimes, satisfeitos em se arrastar mundo afora curvados sob o peso da própria sensualidade. Trata-se, em suma, de algo indigno da Igreja nascida do costado traspassado de Cristo no alto da Cruz, que foi fundada para arrancar dolorosamente o pecado do mundo e não para acomodar confortavelmente o mundo no pecado.

Essas cores podem parecer demasiado vívidas, mas é sinceramente difícil escolher outras com as quais se possa pintar honestamente o panorama atual. Cada notícia que nos chega é mais escabrosa do a anterior. Agora o Michael Voris denunciou uma rede de tráfico de seminaristas homossexuais (!) da Colômbia para os Estados Unidos, que funcionou durante anos e se estendia por diversas paróquias e dioceses do leste americano. A matéria fala em “por lo menos seis diócesis implicadas”, número que, por conta das informações que continuam chegando, “sigue creciendo”.

Tudo isso é um acinte, é um escárnio, é uma vergonha. E uma situação assim drástica exige uma reação também vigorosa, enérgica, radical. Diante de tamanha podridão não é suficiente se manter fleumaticamente afastado: é preciso o combate explosivo, colérico, visceral. Os pecados são muitos e muito graves; é preciso contrapôr a eles um clero santo. Não é o suficiente guardar a própria castidade, é preciso fazer violência contra o laxismo hegemônico. Não basta não ser homossexual, não basta não estar envolvido em escândalos, é preciso denunciar e combater os que desonram a Igreja de Nosso Senhor. Não basta levar uma vida meia-boca, dessas que, como se diz, “não fede nem cheira”: é preciso ser trigo sadio e vistoso, que se ergue, dourado, em direção ao sol, abafando e sufocando com a própria virtude o joio circundante. Não basta não ser pecador; é preciso ser santo.

E que nós, leigos, possamos rezar mais e nos mortificar mais, que passemos a nos voltar para Deus com mais frequência e com mais confiança, e que levemos mais a sério a Fé em Cristo que a Igreja nos legou. Ela sofre e agoniza. Nós queremos vê-La saudável e resplandecente, iluminando todos os homens e sendo, na História, instrumento eficaz da glória de Deus e da salvação das almas. Mas nossas mãos estão atadas. Sacerdotes de Cristo, tomai sob vosso encargo, corajosamente, virilmente, a defesa da Esposa de Nosso Senhor! É a vós que primeiro compete restaurá-La. Sem vós nada podemos fazer.

Sacrificando para sacrificar

O padre Fábio de Melo, ao que parece, deu recentemente em certo programa de TV uma declaração favorável ao celibato clerical. Consta que o padre se disse confortável com a sua opção; parece que teria alegado que, se tivesse uma família, não seria capaz de levar a vida que leva.

É sem dúvidas uma defesa do celibato; mas não é a sua melhor defesa. Sim, é evidente que há questões de ordem prática que desincentivam aos sacerdotes a constituição de uma família; quem quer que pense no assunto por cinco minutos consegue perceber que há uma espécie de incompatibilidade radical entre o século e o altar. Sabe-se que um pai de família possui uma série de obrigações para com as quais não pode ser negligente: deve, para ficar apenas no exemplo talvez mais óbvio, largar o que quer que esteja fazendo para acompanhar, por exemplo, uma esposa subitamente doente ou um filho acidentado ao hospital.

Ora, um sacerdote cuida das coisas de Deus e da salvação das almas: e isso não são coisas que se possa largar de súbito, à primeira das exigências inesperadas que surja da vida conjugal. Um sacerdote deve dedicar todo o seu ser ao serviço das almas que a Divina Providência lhe confiou; um marido, como São Paulo ensina na Carta aos Efésios, deve sacrificar a própria vida em prol da sua esposa. É notório que um dever pode entrar em conflito com o outro em um sem-número de casos concretos. Percebe-se, assim, ser conveniente que um sacerdote não seja pai de família e que um pai de família não seja sacerdote.

Mas não é somente disso que se trata. Os deveres que decorrem do Sacramento do Matrimônio são de uma natureza diferente da dos que decorrem do Sacramento da Ordem, é lógico. E entre ambos os grupos de deveres pode haver uma como que incompatibilidade natural — isso é verdade, é facilmente perceptível e é possível a qualquer um pensar em mil e um exemplos que o demonstrem. Mas esse tipo de argumentação corre o risco de se tornar por demais materialista. No limite, ela pode se transformar somente em uma versão um pouco mais elaborada daquela estória de que os padres não podiam se casar para que as viúvas e os órfãos não viessem a dilapidar o patrimônio da Igreja.

Porque ditas as coisas desse modo fica parecendo que o laço conjugal é um estorvo que impede o homem de desempenhar aquilo que ele, sozinho, é capaz de fazer muito bem. E isso, além de não ser a melhor defesa do celibato, é uma das piores formas de apresentar o Matrimônio cristão.

É preciso dizer diferente: é preciso defender que o amor conjugal é um dom precioso e, exatamente por ser um dom precioso, convém que seja sacrificado no altar do sacerdócio ministerial. Não é que ter uma família vá de algum modo atrapalhar o padre a desempenhar o seu múnus sacerdotal: poderia ser até mesmo que a mulher e os filhos o ajudassem, e ainda assim o celibato seria uma coisa valiosa e exigível. Porque um sacerdote é um sacrificador e portanto nada mais justo que ele inicie a sua jornada sagrada sacrificando precisamente aquilo que é o ápice da vida humana: o Sagrado Matrimônio. É deste sacrifício primevo e radical que nasce o sacerdote: é sendo ele próprio vítima desta sagrada oblação que ele se purifica e se torna perfeito para oferecer quotidianamente a Vítima Imaculada nos altares do Deus Três-Vezes Santo.

Não é, portanto, que constituir família vá se tornar um empecilho à atuação do sacerdote: isto pode até ser verdade em algum caso concreto, mas não é esse o ponto. O celibato existe porque o sacerdote existe em função do Sacrifício do Altar, da entrega ao qual nascem todos os outros sacrifícios — sendo o celibato o primeiro deles. O celibato é a expressão visível e externa do sacrifício em que consiste a vida consagrada. É o Isaac espiritual que o Senhor dos Exércitos exige para Si. Oferecendo-o generosa e virilmente em Moriá, o sacerdote se torna digno de subir o Calvário a cada Santa Missa. Sacrificando, ele se capacita para sacrificar.

O “escândalo” sobre a vida íntima do Papa João Paulo II

Um leitor desafia-me aqui no blog: «quero ver agora qual será a desculpa para defender Karol Wojtyła». Ora, mas defender do quê?

A despeito da péssima qualidade da mídia laica e anticlerical — somente na qual, ao que parece, os detratores da Igreja vão buscar as suas informações… –, nem mesmo nela é possível encontrar o «escândalo sobre a vida intima (sic) de Karol Wojtyła» que o meu contendedor alardeia. O Jornal Nacional fala em «amizade intensa» do Papa polonês com uma filósofa americana; El País, em «íntima amizade». A BBC fala em «relação ‘intensa’», e o máximo que encontrei foi «amizade “corajosa”» na Gazeta do Povo. Onde está o escândalo?

Responda-se: o “escândalo” está na ilação maliciosa — que nem os órgãos de mídia ousarem fazer diretamente! — de que haveria, para usar o termo corrente, “segundas intenções” por detrás da correspondência que o Papa João Paulo II trocou durante longos anos com Anna-Teresa Tymieniecka. Veja-se bem o que estamos tratando aqui: nem mesmo a mídia anticlerical ousou acusar diretamente São João Paulo II de ter mantido um caso com a americana, e o comentarista autoproclamado católico sequer pensa duas vezes em tomar a insinuação maliciosa como um fato incontestável! E, pior, quer — exige até! — que todo mundo acredite no mesmo que ele!

Não satisfeitos em deixar o fundo do poço ao jornalismo medíocre que alardeia fatos públicos como se fossem descobertas bombásticas a respeito da vida privada dos santos da Igreja, os comentaristas do Deus lo Vult! que parecem dedicar as suas vidas à difamação da Igreja foram mais ousados: chafurdando ainda um pouco mais na lama para não perder em abjeção à imprensa anticatólica, complementam-lhe o serviço e vêm alardear, com ares de autoridade, aquilo que a mesma imprensa teve ao menos o decoro de deixar encoberto. É impressionante.

O que interessa dizer sobre o mérito da acusação? Primeiro, que trocar cartas não é crime nem é pecado. O clero católico faz voto de celibato (e não “de castidade” (sic), como saiu na mídia), não de silêncio ou de isolamento social. A correspondência pessoal do Romano Pontífice não é em si mesma uma violação de nenhum dos seus deveres de estado.

Segundo, que a incapacidade de enxergar amizade desinteressada nas conversas alheias — como se um homem só conversasse com uma mulher se tivesse interesses sexuais nela — é um defeito de quem julga deste modo, e não se pode admitir que semelhante reducionismo seja transposto da imaturidade dos que o alimentam para a personalidade das grandes almas do planeta. Em uma palavra: não é porque alguns retardados acham que só escreve “aquele tipo de carta” quem está sexualmente interessado em alguém que todo mundo — o Papa inclusive — fica obrigado a só escrever para quem quiser “pegar”. Isto é ridículo até mesmo no mundo secular; na Igreja, é patético a ponto de não merecer dois segundos de atenção.

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Terceiro, que se fosse verdade «que Anna-Teresa Tymieniecka poderia estar apaixonada pelo então cardeal Karol Wojtyla», como está na Gazeta do Povo, isso em nada desabonaria a figura de S. João Paulo II. As pessoas devem ser avaliadas moralmente por suas ações, e não pelas que terceiros têm para com elas; um possível (e olhe o que digo, possível, porque tudo não passa de especulação) amor platônico entre a americana casada e o cardeal europeu pode no máximo ser censurável a ela, não a ele — ao menos não sem acrescentar uma série de outras variáveis desabonadoras (e.g. que o Papa alimentasse deliberadamente a paixão da filósofa pelo simples prazer de se sentir desejado) que de nenhuma maneira se pode inferir dos documentos existentes.

Quarto, por fim, que o assunto não é sequer novidade; como disse um amigo jornalista no Facebook, o fato já fora publicado na biografia do Papa escrita há vinte anos por Carl Bernstein e Marco Politi. Além disso, não se trata de um caso isolado: a correspondência trocada entre Sua Santidade e a médica polonesa Wanda Półtawska ao longo de mais de 50 anos, por exemplo, é um livro que tem inclusive uma edição brasileira desde 2011.

Qual o sentido da “polêmica” agora levantada? Ela não diz nada a respeito da figura do Papa que não fosse já de conhecimento público; mas diz, sim, um bocado!, sobre as pessoas que, lendo a reportagem, ensaiaram um sorriso lascivo ou fizeram algum comentário malicioso sobre o assunto (preenchendo as lacunas que os jornais intencionalmente deixaram abertas, ‘pegando’ as insinuações deliberadamente deixadas no ar e achando que, com isso, faziam algum exercício particularmente notável de perspicácia). Ela revela, na verdade, a própria pequenez desses leitores, incapazes de manter um relacionamento interpessoal desinteressado e reduzindo a diferença entre os sexos ao seu mero aspecto venéreo. O que projetam no Papa é somente o seu próprio reflexo. E essa história, portanto, pode até não dizer nada sobre São João Paulo II; mas diz muito, sim, sobre o homem contemporâneo — e o que diz é deprimente.

Se São Pedro tinha sogra, por que o Papa não pode casar?

Alguém me pergunta: Se Nosso Senhor curou a sogra de Pedro, é sinal de que ele era casado. Por que, então, o Papa não pode casar?

O raciocínio está corretíssimo quanto à primeira parte. Sim, é óbvio que S. Pedro, se sogra tinha, é porque era ou fora casado e não pode ser jamais de maneira diversa. O erro se faz presente quanto ao non sequitur elíptico: o argumento desdobrado tem a seguinte forma:

SE o primeiro Papa foi casado ENTÃO os próximos o deveriam [poder] ser também.

E a conclusão não segue das premissas. Não, não é porque S. Pedro tinha sogra que os outros papas deveriam ter também. Não é porque S. Pedro era ou fora casado, do mesmo modo, que os seus sucessores deveriam poder igualmente casar.

São Pedro tinha barba, como já ouvi alguém jocosamente retrucar. Disso evidentemente não decorre que os Papas precisem ser barbudos. Decerto eles podem sê-lo; mas – é este o ponto principal aqui – se fosse emitida uma regra canônica que instituísse a figura do Barbeiro Pontifício, sob cujo encargo ficaria manter sempre lisa e lustrosa a face do Romano Pontífice, isso poderia até ser visto por alguns como uma extravagância; mas decerto ninguém sustentaria haver, aqui, uma contradição com o que está consignado nos Evangelhos. Por que com relação às sogras as coisas são diferentes?

Ser celibatário não é uma condição para alguém ser validamente Papa; não se trata de uma imposição análoga àquela que exige, p.ex., que se seja batizado para receber os demais sacramentos. Outro exemplo talvez mais claro: uma mulher não pode ser “Papisa” porque o Papa precisa ser Bispo, e o Episcopado é um dos graus do Sacramento da Ordem, o qual não pode ser validamente ministrado senão a varões. Assim, uma mulher não pode ser “bispa” (“não pode”, aqui, significando verdadeira impossibilidade metafísica: nada pode ser feito que confira o caráter sacerdotal a uma mulher) e, se fosse – por engano – eleita ao sólio pontifício, não se trataria verdadeiramente de “sucessora de Pedro” com as prerrogativas que lhe são próprias (não gozaria, por exemplo, da infalibilidade).

Coisa distinta é ser casado / celibatário, relação (categoria aristotélica) que por si só não implica nem em condição para se ser Sucessor de Pedro e nem em impedimento ontológico para ascender ao Sumo Pontificado. Pode ser validamente ordenado o «vir baptizatus» (CIC 1024); é ser varão e batizado o que faz S. Pedro – e todos os seus sucessores – poder(em) ter sido Papa, e não o ser(em) casado ou celibatários.

Miscelânea: aborto, relativismo, pedofilia, Papa Francisco

Gostaria de comentar com mais vagar cada um dos temas abaixo, mas a escassez de tempo mo impede. Prefiro, então, simplesmente indicar os assuntos agora, remetendo às leituras das quais disponho; pois, se não o fizer, temo que a agitação do dia-a-dia me leve a passá-los em silêncio.

– O julgamento de um monstro e a omissão da grande mídia nos EUA: «Embora não fosse obstetra, nem ginecologista, apenas clínico geral, Gosnell era proprietário de uma clínica de abortos. Ele atendia mulheres que queriam abortar seus filhos mesmo depois da 24ª semana de gestação, o limite imposto por uma lei estadual. Sua clínica não seguia várias normas sanitárias, contratava pessoas sem formação e desprezava os procedimentos pré-abortivos, que preveem uma lista de exames e orientações à mãe. As maiores atrocidades, no entanto, ocorriam quando algo dava “errado” na mesa de cirurgia. Conforme conta a colunista Kirsten Powers, do jornal USA Today, Gosnell decapitava os bebês sobreviventes, e os guardava em jarras, na geladeira». Também no Wagner Moura: «Nunca é fácil falar sobre aborto. E por isso mesmo é normal que nos reconheçamos quase que obrigados a ridicularizar católicos pró-vidas de cultura inglesa que nessa questão de defesa da vida parecem tão… Tão pouco diplomáticos!».

– O relativismo relativo ou a justa relatividade da verdade: «Sendo assim, quando uma afirmação é verdadeira a sua contraditória necessariamente será falsa. Isso quer dizer que se uma pessoa diz “isso que está diante de mim é um computador”, não pode dizer no mesmo tempo “isso que está diante de mim não é um computador”. Quem está certo da verdade da primeira afirmação, não pode aceitar a verdade da segunda. Isso é o princípio básico de coerência do pensamento e da linguagem humana. Quem nega esse primeiro princípio se torna incapaz de fazer qualquer afirmação, de raciocinar, de dialogar, de viver em sociedade. Se torna, para continuar com o exemplo de Aristóteles, semelhante a um vegetal, com quem não é educado discutir». Trata-se de mais um texto sobre o tema da lavra do revmo. pe. Anderson Alves, de quem eu já tive o prazer de recomendar outros textos aqui no blog.

Sobre Igreja, celibato e pedofilia: «O celibato mete medo, causa pavor. A castidade e a pureza dos padres e das freiras humilham-nos, desconcertam-nos. Não nos sentimos capazes de imitá-los. Desconfio que também os que vivem a homossexualidade sintam-se confundidos pelas pessoas continentes. Estas acusam a nossa sociedade encharcada de sexo. A mesma TV que promove a sacanagem, hipocritamente, condena a pedofilia. O celibato é um incômodo feixe de luz atirado aos olhos de quem está no breu, cambaleando, trôpego, embriagado pelo prazer dos sentidos (gostaria de perguntar a Arnaldo Jabor se prazer e alegria são a mesma coisa). A luz em si é boa, mas incomoda a quem está nas trevas. A continência sexual em si é um bem, mas agride quem quer comer o alimento dos porcos. Quem deplora o celibato é porque se sente incapaz de vivê-lo. Julga impossível aos outros o que é impossível para si. O inepto julga os demais ineptos».

– ¡Alerta tradis y conservadores, Dios no lo quiera, pero cualquier cosa mala que le pase a Francisco la culpa será vuestra!, que peço perdão por não traduzir. A idéia, simultaneamente cômica e cretina, é insinuar a existência de um complô conservador para ferir o Papa – ou, melhor dizendo, é pintar com cores tão tétricas a figura dos tradicionalistas que eles possam ser facilmente usados como bodes expiatórios naturais para qualquer coisa que aconteça com o Santo Padre. A insídia talvez mais cretina sai da pena do Leonardo Boff, que menciona João Paulo I e dispara: «Es un peligro, porque hay una historia en el Vaticano de muchos asesinatos, hace mucho tiempo. Él debe tener cuidado porque donde hay disputa del poder no hay amor, y el poder siempre busca más poder».

– O primeiro golpe contra o Papa Francisco: «Diga-se contra o dogma relativista que não há afirmação sem a negação do seu contrário. Não dá para confirmar na fé, sem negar o que se opõe a ela. Penso que o próximo passo dos bispos americanos é partir para o ataque contra um jornal que se apresenta com o nome “católico” e, sob esta fantasia, promove o seu oposto. Os católicos precisam conhecer sob que vestes o diabo se apresenta, pois eles sabem atacar, e como! Quando alguma mínima reação é esboçada, apelam para a caridade fraterna, numa versão tão melíflua quanto antievangélica». O autor fala sobre a confirmação, feita recentemente pelo Papa Francisco, das reformas na vida religiosa feminina americana: «Muitos esperavam que o Papa Francisco adotasse uma posição paternalista e transigisse com o império das freiras. […] Mas o Papa Francisco reafirmou o resultado do trabalho, chamado “Doctrinal Assessment” (Avaliação Doutrinária), e o programa de reformas desta mesma conferência de religiosas. E ao que parece, a Congregação para os Religiosos ficou à margem do processo».

A inaudita pretensão de mudar o mundo. Trago apenas as palavras do Papa Francisco no dia 06 de abril, recolhidas por Sandro Magister, que foram proferidas em uma de suas homilias espontâneas e, por isso, não constam no site do Vaticano, de modo que nós só temos acesso a elas de segunda mão: «“A fé não se negocia. Esta tentação sempre existiu na história do povo de Deus: cortar um pedaço da fé, ainda que não seja muito. Mas a fé é assim, tal como a recitamos no Credo. É necessário superar a tentação de fazer o que todos fazem, não ser tão, tão rígidos, porque precisamente daí começa um caminho que acaba na apostasia. De fato, quando começamos a destroçar a fé, a negociá-la, a vendê-la à melhor oferta, começamos o caminho da apostasia, da não fidelidade ao Senhor”».

Niterói: padre indiciado por “abusar sexualmente de criança”

Desde o início da manhã de hoje eu vinha percebendo uma insistente e anormal audiência para um post do Deus lo Vult! (de mais de quatro anos atrás) sobre a excomunhão de um sacerdote de Niterói que havia abandonado a Igreja para se juntar à ICAB. Agora, na hora do almoço, eu descobri com pesar o porquê desse súbito interesse dos internautas pelo clero da cidade à qual se chega pela Baía de Guanabara.

O Pe. Emilson Soares Corrêa, da Arquidiocese de Niterói, foi indiciado por abusar de uma criança no Rio de Janeiro. A notícia foi publicada hoje, e sua manchete se justifica basicamente por uma denúncia: a suposta vítima relatou que «o sacerdote havia tocado suas partes íntimas». Ela tinha sete anos à época.

A acusação de pedofilia é isso e mais nada. Há, no entanto, outras coisas bem tristes nessa história toda. O padre mantinha um relacionamento com a irmã dessa criança – isso é certo, o próprio sacerdote confessou. Desde quando, é impossível saber da matéria, que começa dizendo ser «desde quando ela tinha 13 anos» para, na frase seguinte, dizer que «[a] jovem» – hoje com dezenove anos – «contou à família que mantinha relações sexuais com o padre há três anos». O advogado do padre, por sua vez, diz que ele «admite ter tido um relacionamento com a jovem de 19 anos, somente em 2012, quando ela já era maior».

Se a menina tinha dezesseis ou dezoito anos é aqui totalmente irrelevante. Do ponto de vista da legislação brasileira, em qualquer um dos casos não há crime; do ponto de vista das leis da Igreja, em qualquer um dos casos é uma violação do sagrado celibato que o padre jurou guardar. E, infelizmente, o pe. Emilson está descobrindo da pior maneira possível que os pecados têm conseqüências, e algumas delas são bem incômodas já nesta vida.

A história escabrosa é a seguinte: a jovem (quando já tinha 19 anos, pelo que entendi) contou à família que tinha (ou teve) relações sexuais com o padre. O pai da jovem, ao invés de dizer-lhe que se afastasse, mandou que ela gravasse um vídeo dessas relações (!). Aí a jovem, para armar contra o padre, chamou outra menina de quinze anos (!!), que eu não consegui entender se filmou uma relação sexual do padre com a primeira ou se ela própria teve relações sexuais com o padre, deixando-se filmar: só sei que existe um vídeo, bastante comprometedor, do padre tendo relações sexuais na casa paroquial. O padre afirma que, de posse desse vídeo, o pai da menina tentou chantageá-lo. O padre não cedeu à chantagem, a história foi à mídia, a acusação de pedofilia (que não tem nada a ver com o vídeo ou com as meninas que o fizeram, diga-se de passagem) veio à tona. O vídeo não foi entregue à polícia. A delegacia está investigando tudo: o estupro de vulnerável, a exploração sexual, a extorsão.

Só faço dois ligeiros comentários. Primeiro: independente do resultado do inquérito, é de se lamentar que o sacerdote tenha violado os seus votos. Isso é motivo de vergonha para os católicos, é injustificável e exige reparação. Foi este o estopim do tudo: se o padre não tivesse se deixado seduzir por um rabo-de-saia, não haveria desonra para o pai da menina, não haveria vídeo registrando o sacrilégio, não haveria tentativa de chantagem, não haveria nada. Sabemos que chantagear é bastante errado, sem dúvidas, mas também é vergonhoso possuir motivos para ser chantageado. Conforme Nota oficial da Mitra de Niterói, o padre já foi afastado de suas funções.

Segundo: como apontou um amigo por email, o problema com esse tipo imoral de jornalismo é que qualquer acusação de abuso sexual contra crianças ganha as primeiras páginas dos jornais e o horário nobre da televisão; mas, se o sacerdote é inocentado, isso não sai sequer no jornal da Arquidiocese. Ainda que a acusação de pedofilia se revele falsa (como, convenhamos, parece ser), a imagem do pe. Emilson provavelmente nunca mais será recuperada. Como este assunto historicamente já provocou injustiças, seria de se esperar que a imprensa tivesse se tornado mais responsável com os erros cometidos; mas não, infelizmente, parece que, para bater na Igreja, qualquer pau sempre serve.

O destino das obras realizadas “por conta própria”

Não julgo ser fora de propósito repetir que a Igreja Católica é uma instituição hierárquica onde existe uma clara distinção de papéis entre aqueles a quem compete, em sentido próprio, a transmissão da Doutrina Católica e aqueles a quem não cabe senão recebê-la e guardá-la. E também não creio que faça mal lembrar que, sem Doutrina Católica, não existe a Igreja Católica. Como já foi dito e repetido muitas vezes, a Igreja não é uma instituição cujos princípios sejam passíveis de serem revisados e atualizados de acordo com as mais recentes descobertas do engenho humano, muito pelo contrário: Ela é detentora de um conjunto de verdades que o próprio Deus – Suma Verdade – legou aos homens por meio de uma sociedade perfeita (i.e., uma sociedade que possui em Si mesma todos os meios necessários à realização do Seu fim), que é a própria Igreja Católica, somente mediante a Qual os homens têm acesso àquelas verdades que o Altíssimo estabeleceu serem necessárias à sua salvação eterna.

Disto decorre que i) a distinção entre Igreja Docente e Igreja Discente, i.e., entre os Pastores a quem cumpre o encargo de transmitir sem supressões nem acréscimos a Sã Doutrina em Sua integridade, e os demais católicos que recebem dos legítimos pastores a Fé da Igreja e a devem cultivar e guardar, não é uma distinção acidental no Corpo Místico de Cristo; e ii) esta nítida separação de ministérios é tão grave e tão importante que a obediência da Fé não é, absolutamente, um assunto que seja facultativo aos fiéis católicos.

Duas notícias que recebi hoje me fizeram julgar oportuno relembrar estas verdades. A primeira fala sobre a volta de um tal “Romeu T. Campos”, que se apresenta como “padre casado”, ao exercício do ministério sacerdotal. Como se o fato por si só não fosse já escandaloso o bastante, o sacerdote ainda tem a pachorra de disparar: «[e]stou voltando às funções sacerdotais por própria conta, independente de autorização ou da aceitação de alguma autoridade da Igreja Católica». A segunda, de teor correlato, é esta entrevista da Ivone Gebara, onde a tristemente célebre freira abortista (que afirma candidamente só ter procurado, em sua vida, «fazer o que acreditávamos que era nossa interpretação do Evangelho») aparentemente quer nos convencer de que ela é a favor do aborto por acreditar ser esta a interpretação correta do Evangelho de Cristo. Mas fico com o pe. Romeu.

Por conta própria! Poucas coisas podem ser mais contrárias à Igreja Católica do que isso. Semelhante declaração do sacerdote consegue ser ainda mais diabólica do que a própria violação do sagrado celibato, uma vez que é possível imaginar um padre casado dentro da Igreja mas não é possível imaginar Igreja onde um sacerdote – celibatário ou não – faça as coisas “por conta própria”. O que dizer de semelhante declaração? Já seria possível entrever que este padre, pelo fato de ter dado as costas à Igreja e se amasiado com uma mulher, não conhecia muito bem o Evangelho de Cristo; agora, que ele se arroga o direito de fazer ou deixar de fazer o que lhe der na telha sem prestar contas a ninguém a não ser ele próprio, revela-se com deprimente clareza o quanto a própria noção de Religião lhe é estranha.

Religião, como o étimo ensina, é aquilo que religa, liga de novo, une novamente o homem pecador ao Deus três-vezes Santo. E a Religião Verdadeira, como se ensina nas aulas de catequese básica para crianças, é aquela onde a iniciativa da reunião parte do próprio Deus e tem a Ele próprio por fundamento. A História nos fornece abundantes testemunhos de homens que procuraram erigir pontes para chegar até Deus; todos eles, sem exceção, revelaram-se cedo ou tarde fragorosos fracassos. Do “sereis como deuses” a que deram ouvidos nossos Protoparentes, passando pela Torre de Babel e por toda sorte de paganismo e religiões animistas, chegando até as modernas e pobres filosofias relativistas de auto-ajuda contemporâneas cujo maior legado à história do pensamento ocidental é provavelmente a tag de “spiritual but not religious” consolidada pelo Orkut nos seus áureos tempos, todas essas coisas têm dois pontos em comum: o fato de serem obras humanas e o fato de serem fracassadas. E são fracassadas porque infinita é a distância entre a criatura e o Criador; infinito é o abismo cavado pela malícia humana e, portanto, somente Alguém infinito – somente o próprio Deus – seria capaz de suprir esta deficiência, de percorrer esta distância, de realizar esta miraculosa e sobre-humana religação.

Isto tudo é tão básico que é desalentador ler certas coisas escritas por membros da Igreja que detêm uma certa posição de destaque e cujas palavras, portanto, são levadas a sério por muita gente. O nosso consolo é que as falsas doutrinas não prevalecerão, e a fragilidade das modernas torres de Babel teológicas através das quais os inimigos de Cristo pretendem apresentar Deus aos homens não tardará a aparecer. Terão o mesmo destino da Torre original: cairão por terra gerando dor e confusão no caminho. E quando isto acontecer, a Igreja continuará aqui para recolher os cacos. Quando tudo o mais entrar em colapso, a Igreja permanecerá sendo o único caminho por meio do qual podem os homens ascender ao Deus para o Qual foram criados.

Sinais da decadência

Recebi uma notícia “bombástica” este final de semana, cuja manchete dizia: “Sandy defende casamento homossexual, aborto e se diz contrária ao celibato”. O estopim de tudo isso foi uma entrevista que a garota deu recentemente ao jornal “O GLOBO”, onde ela revela as suas posições “polêmicas”.

Numa lista de internet da qual participo, alguém – comentando o fato – citou um livro do Mario Ferreira dos Santos. De acordo com o filósofo, estamos diante de um sinal da decadência de um povo quando este passa a dar ouvidos a artistas e atletas. E talvez o mais constrangedor aqui seja o fato de que nem precisaríamos ser filósofos de reconhecida envergadura intelectual para constatarmos esta verdade elementar.

Afinal de contas, quem é a Sandy? Lembro-me dela cantando “Maria Chiquinha” quando eu era criança; depois lembro-me da repercussão que houve quando ela declarou ser ainda virgem. Depois (um dia desses, aliás) foi a vez dela fazer um comentário embaraçoso sobre sodomia e prazer (!) e, agora, a sua língua rotatória se volta contra valores caros à Igreja Católica.

Tudo aqui é vergonhoso: desde a imprensa que se prostitui para produzir uma pauta com semelhante [ausência de] conteúdo, até a garota que se acha gabaritada para papagaiar em público suas opiniões levianas sobre estes temas morais e chegando até às pessoas que lerão esta notícia e levarão a sério as declarações clichês da Sandy, tomando-a talvez – de alguma maneira – por formadora de opinião.

Eu não vou nem comentar o absurdo que é a Sandy abrir a boca para se dizer “contra o celibato”, como se o celibato tivesse ainda que remotamente alguma coisa a ver com ela ou como se as pessoas tivessem o direito de ser “contra” as escolhas de vida dos outros e que não lhes dizem respeito. Mas vou deixar registrada a estupidez proferida com relação ao aborto, que se encontra na entrevista já citada:

ABORTO: “Aborto, sob o ponto de vista jurídico, é crime. Eu defendo a descriminalização, principalmente quando a gravidez representar risco para a mulher ou para o bebê.”

Entenderam? Matar um bebê é crime, mas ela defende que isso possa ser feito quando a gravidez representar risco para o bebê! Ou seja, se o bebê estiver em risco, a brilhante “solução” proposta pela ex-intérprete de Maria Chiquinha é matá-lo, certamente porque o risco cessa quando se realiza e uma vez que o bebê já esteja morto não estará mais em risco (!) e todos estarão felizes e satisfeitos! Este raciocínio faz sentido para alguém? No entanto, é exatamente este relincho que ganha destaque na grande mídia. É para repetir esta espécie de chavões que a Sandy aparvoa-se toda, sem perceber o papelão que está fazendo.

Dar ouvidos a este tipo de “opiniões” é um sinal de decadência; mas claro que é! E talvez seja um sinal de decadência ainda maior que um filósofo precise sentenciar o óbvio ululante e, mesmo assim, seja para todos os efeitos tratado como uma voz esgoelando-se no deserto. Mesmo assim, todos continuam agindo como se ninguém tivesse dito nada.

Avalanche de críticas e insultos no Youtube contra jovens que defendem a Igreja

[Fonte: Religión Confidencial

Tradução: SOVA]

Avalanche de críticas e insultos no YouTube
contra um grupo de jovens que defende em vídeos a postura da Igreja

Um grupo de jovens católicos produziu 25 vídeos em que falam sobre temas como matrimônio, homossexualismo, celibato sacerdotal, ordenação de mulheres e as “riquezas” da Igreja. Os vídeos ecoaram em várias redes de televisão nacionais [espanholas] e produziram uma avalanche de ataques e insultos no YouTube.

Os vídeos, que podem ser vistos em www.arguments.es/proyectos/jmj, foram produzidos por um grupo de estudantes da Universidade de Navarra como preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e propõem-se a dar uma resposta pessoal aos temas mais controvertidos da opinião pública sobre a Igreja.

Nos ultimos dias, os vídeos foram notícia nos meios de comunicação nacionais [da Espanha]. O periódico “Público” lhes dedicou uma página inteira e os vídeos foram veiculados em três canais de televisão: “Cuatro”, “TeleCinco” e “La Sexta”.

A consequência direta foi uma avalanche de críticas virulentas e agressivas a todos os vídeos. A maior parte não foi publicada no canal “catequesisarguments” do YouTube, por estarem cheias de insultos e obscenidades, especialmente contra as garotas que aparecem nos vídeos. No Twitter também tem havido muita repercussão.

O vídeos sobre o homossexualismo, que no começo tinha 3 mil visitas, já está com 30 mil, com 134 votos favoráveis e 556 contrários.

Os promotores da iniciativa pediram àqueles que gostaram dos vídeos que votem a favor ou deixem algum comentário positivo no YouTube. Para mais informações, visite o blog http://www.arguments.es/blogjmj/

‘Religión Confidencial’ publicou como ‘Vídeo do dia’ várias d[est]as gravações.
Veja-as aqui.

O que a criminologia tem a dizer sobre os abusos sexuais de [crianças e] adolescentes por sacerdotes americanos?

A notícia é da semana passada, mas eu só li ontem e é muito importante: trata-se de uma investigação levada a cabo nos Estados Unidos pelo John Jay College of Criminal Justice sobre os casos de abusos sexuais de menores. Vi a notícia de segunda mão aqui; dentre as informações mais relevantes, vale destacar:

“Dos cerca de 6 mil padres acusados de abuso ao longo da metade do século passado (cerca de 5% do número total de padres que que serviram durante esse período), menos de 4% podem ser considerados pedófilos, assinala o relatório – isto é, homens que se aproveitaram de crianças”.

“Do mesmo modo, o celibato permaneceu uma constante ao longo dos picos e vales das taxas de abuso, e os padres podem ser menos propensos a abusar de crianças hoje em dia do que os homens de profissões similares”.

Portanto, nem os padres são em geral molestadores de crianças e nem os molestadores de crianças em geral são padres. E, mais ainda, a maior parte – a esmagadora maior parte – dos casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero não é de pedofilia. E, também, o celibato não torna ninguém mais propenso a abusar de crianças. Ou seja: tudo o que nós sempre dissemos contra os espantalhos grotescos pintados pelos anti-clericais de todos os naipes. Mas, aqui, estamos falando de conclusões obtidas por uma instituição de criminologia respeitada mundialmente. E sobre os abusos cometidos nos Estados Unidos – país que se tornou tristemente emblemático do problema.

Mas há na reportagem uma coisa, uma única coisa, que não me parece bater. Trata-se do seguinte parágrafo:

[O]s pesquisadores não encontraram evidências estatísticas de que os padres gays eram mais propensos do que os padres heterossexuais ao abuso de menores (…). O número desproporcional de vítimas adolescentes do sexo masculino tem a ver com a oportunidade, não com uma preferência ou com uma patologia, afirma o relatório.

E eu, sinceramente, acho isso muito estranho. “Oportunidade” e não preferência?! Alguém aqui consegue imaginar um homem heterossexual que se relacione desproporcionalmente com outros homens e, depois, venha dizer que não é questão de preferência, mas de “oportunidade”? Ou um homem gay que, por “oportunidade”, relaciona-se mais com mulheres do que com outros homens…?

Vamos às fontes. O relatório original (150 páginas) está aqui. Os gráficos a seguir foram retirados dele.

 

Abusos sexuais por ano de ocorrência

 

Vítimas, por idade e gênero

 

Sacerdotes acusados, por tipo de acusação

Eu ainda não tive tempo para lê-lo inteiro, mas algumas coisas saltam aos olhos. Chamar de “desproporcional” o número de vítimas do sexo masculino é pouco: estamos falando de um número (na faixa dos 11-14 anos) quase seis vezes maior! E isto se explica por… “oportunidade”? Não consigo alcançar o porquê de semelhante afirmação; não vejo no quê ela possa se basear. Talvez haja no relatório algo que me escapou à primeira (e apressada) vista. Ou, talvez, o problema esteja na reportagem mesmo.