Curtas sobre o Divórcio

– Existe em Portugal, desde o ano passado, uma lei que permite que divórcios sejam realizados pela internet. A completa banalização com a qual o assunto é tratado é expressa pela reportagem como se fossem alvíssaras ao advento do progresso: “Em casa, no escritório ou num centro de internet em Lisboa, qualquer casal sem filhos menores de idade e sem bens para dividir pode se divorciar em no máximo uma hora”. No máximo uma hora para separar duas pessoas que deveriam viver juntas pelo resto da vida! A leviandade com a qual são tratados assuntos de tão capital importância têm o efeito colateral deletério (e, a meu ver, obviamente deliberado) de impregnar no inconsciente coletivo a impressão de que o divórcio é realmente uma coisa à toa e que não merece a nossa preocupação: afinal, qual a importância que pode ter um “problema” que em no máximo uma hora “se resolve”?!

– O Presidente de Portugal, no entanto, teceu recentemente (no final do mês passado) duras críticas às leis referentes ao divórcio que existem no país, em uma reunião da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), realizada em Fátima. Revelando perplexidade – que nós compartilhamos – com a “forma como se legisla em Portugal em matérias de tão grande importância”, o Presidente mostrou-se (mais uma vez) digno do alto cargo que ocupa, dando mais atenção aos valores éticos e morais que estão em jogo do que às exigências da agenda divorcionista atual. Diz ainda a reportagem:

Recorde-se que por ocasião da promulgação presidencial da Lei, em Outubro de 2008, em uma mensagem publicada na página oficial da Presidência da República na Internet, Cavaco Silva, que havia vetado inicialmente esta lei a 20 de Agosto, referia que o diploma, incluindo as alterações introduzidas depois do veto à primeira versão, “padece de graves deficiências técnico-jurídicas” e iria introduzir, em sua opinião, “profunda injustiça”, sobretudo para os mais vulneráveis, como são as “mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores”.

Que Nossa Senhora de Fátima proteja Portugal.

– Não sei se a mesma correlação observada aqui no país do Amazonas acontece nas terras banhadas pelo Tejo, mas acho bem provável. Um estudo recentemente divulgado pelo BID mostrou que existe uma relação entre as novelas da Rede Globo e a taxa de divórcios no Brasil. O aumento na porcentagem, segundo o coordenador do estudo, “é pequeno, mas estatisticamente significativo”. Imediatamente lembrei-me de que o Brasil exporta novelas para Portugal; como brasileiro, gostaria de pedir perdão aos portugueses pelo lixo enviado à Terra Mãe.