“Abusos cometidos em nome de Deus”

O título deste post é uma das frases ditas pelo Roberto Cabrini, logo no início do “Conexão Repórter” que foi ao ar durante a semana e falou sobre “pedofilia na Igreja” (este é o título dos vídeos). O programa, de uma hora de duração, exibiu as investigações feitas pelo repórter e sua equipe em Arapiraca, cidade do interior de Alagoas onde surgiram denúncias de padres que abusavam sexualmente de coroinhas.

Há um texto sobre o assunto no próprio Conexão Repórter. O programa pode ser visto na internet, dividido em duas partes (aqui, sob os títulos “Pedofilia na Igreja Católica – Parte 1” e “Pedofilia na Igreja Católica – Parte 2”, do lado direito).

Terrível. Um coroinha gravou um vídeo no qual outro mantém relações sexuais com um padre, o Monsenhor Luiz Marques Barbosa – 82 anos, natural de Maceió, 58 anos de sacerdócio. Cenas explícitas, cujas imagens o programa teve o cuidado de borrar, mas que nem por isso são menos chocantes. O vídeo é passado ao longo de todo o programa, entrecortado pelos depoimentos dos coroinhas, dos familiares, de paroquianos, dos sacerdotes acusados – que são três: o mons. Luiz Marques, o mons. Raimundo Gomes e o pe. Edilson Duarte. Sobre o assunto, só alguns comentários:

1. Não tem nada de “abusos cometidos em nome de Deus” (e nem de outra frase que o sr. Cabrini diz, sobre as cenas revelarem “uma face obscura da Fé”). Os abusos [ao menos, os que foram provados] foram cometidos por um sacerdote homossexual (registre-se) que não soube honrar os votos que fez à época da sua ordenação, em nome de sua própria fraqueza, e não no de Deus. Esta face obscura não é “da Fé”, e sim de um sacerdote que não soube conformar a própria vida à Fé que professa (ou deveria professar). Há uma evidente e radical incompatibilidade entre a Doutrina Cristã e os atos dos quais são acusados os três sacerdotes.

2. O mons. Luiz Marques foi filmado em atos de homossexualismo, e não de pedofilia. O coroinha que aparece nas gravações tem dezenove anos, e o que as imagens mostram é uma relação sexual consentida – não um estupro.

3. O celibato sacerdotal não tem nada a ver com o assunto. Sobre os recentes escândalos na Alemanha, o Wagner já comentou e o Everth já comentou. Do primeiro, aliás, destaco: “A ligação entre crimes de pedofilia e celibato não é óbvia quando levamos em conta os casos de abuso sexuais registrados na Alemanha desde 1996, por exemplo. Dos 210 mil casos, 94 afetam pessoas ou instituições ligadas à Igreja Católica. Para fins matemáticos, isso corresponde a 0,044%”. É portanto visível o sensacionalismo.

4. Chega a ser impressionante como os mesmos meios de comunicação que exaltam o gayzismo e fazem apologia da cultura gay, criticando a Igreja por Sua Doutrina contrária aos atos homossexuais, rasgam as vestes e mostram-se escandalizados quando um padre homossexual é flagrado em atos sexuais com um homem (é isso o que o vídeo mostra). A Igreja é atacada quando Se diz contrária aos atos homossexuais defendidos por uma parte da mídia, e depois esta mesma mídia ataca a Igreja quando, à revelia d’Ela, um sacerdote comete estes atos homossexuais!

5. Como comentou o Ramalhete numa lista de discussões, o melhor seria que padres assim ficassem em aljubes. A palavra vem do árabe, significa “buraco” e consiste basicamente em um buraco, mesmo, onde os padres que cometiam atos deste tipo eram jogados e ficavam, sem previsão de saída, podendo meditar nas besteiras que fizeram, sem a presença de tentação e sem possibilidade de causar escândalo (aliás, descobri agora há pouco que existe um desses, transformado em museu, aqui em Olinda). Claro, para isso acontecer seria preciso haver foro eclesiástico, e seria preciso que deixassem a Igreja cuidar dos Seus em paz.