“O Segredo de Fátima” – Dom Rifan

[Publico com alegria o último artigo de S.E.R. Dom Fernando Arêas Rifan sobre o aniversário das aparições de Fátima que nós comemoramos no último domingo – por uma feliz coincidência, junto com o Dia das Mães. É oportuno meditar na mensagem d’Aquela que é a Mãe por excelência; desta Mulher que, do alto da Cruz, Nosso Senhor nos legou por Mãe na ordem da Graça, e isto de tal maneira que não se pode pretender membro da Igreja (Corpo Místico de Cristo) quem não é filho espiritual d’Aquela que é Mãe da Cabeça da Igreja – Cristo Deus.

Há uma música antiga sobre Nossa Senhora que fala que “em cada mulher que a terra criou / um traço de Deus Maria deixou”, ou coisa parecida. E a profundidade destes versos às vezes não é devidamente percebida: é como se as mulheres se realizassem como mulheres apenas enquanto se aproximassem desta Mulher que é o modelo de toda feminilidade. Deus quer povoar o mundo com reflexos de Sua Divina Mãe; e as mulheres são admiráveis porque lembram, um pouco que seja, a Bem-Aventurada Mãe de Deus.]

O SEGREDO DE FÁTIMA

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*

Domingo passado, com o dia das mães, celebramos o 95o aniversário da primeira de uma série de aparições de Nossa Senhora a três pobres crianças, pastores de ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e chegou ao Brasil. E são sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e seu ensinamento.

O segredo da importância e da difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente todos os problemas atuais. E aquelas três pobres crianças foram os portadores do “recado” da Mãe de Deus para o Papa, os governantes, os cristãos e não cristãos do mundo inteiro.

Ali, Nossa Senhora nos alerta contra o perigo do materialismo comunista e seu esquecimento dos bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo prático, o secularismo.

A Rússia vai espalhar os seus erros pelo mundo”, advertiu Nossa Senhora. A Rússia tinha acabado de adotar o comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista. Se o comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana, adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século… Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas sobrenaturais aos homens de hoje.

Aos pastorinhos e a nós, Nossa Senhora pediu a oração, sobretudo a reza do Terço do Rosário todos os dias, e a penitência, a mortificação nas coisas agradáveis e lícitas, pela conversão dos pecadores e pela nossa santificação e perseverança.

Explicou que o pecado, além de ofender muito a Deus, causa muitos males aos homens, sendo a guerra uma das consequências do pecado. Lembrança muito válida, sobretudo hoje, quando os homens perderam o senso do pecado e o antidecálogo rege a vida moderna.

Falou sobre o Inferno – cuja visão aterrorizou sadiamente os pastorinhos e os encheu de zelo pela conversão dos pecadores –, sobre o Purgatório, sobre o Céu, sobre a crise que sofreria a Igreja, com perseguições e martírios.

Enfim, Fátima é o resumo, a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (João XXIII). Assim, sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.

                                                                       *Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney

Isto é amar, isto é ser mãe!

Eu vi esta notícia há um mês atrás e tinha deixado para comentar depois. O tempo foi passando e, hoje, sábado véspera do Dia das Mães, parece-me uma ocasião propícia. É a história de uma garota inglesa que resolveu adiar o próprio tratamento contra câncer porque estava grávida e queria salvar a vida da filha; e, depois que a menina nasceu, ela descobriu que não tinha mais cura.

O bebê nasceu saudável com 27 semanas (um pouco mais de 6 meses) de gestação, por cesárea, pesando 900 gramas. Mas Sarah foi informada de que não tinha muito tempo de vida. O câncer já havia se espalhado para o pâncreas, pulmões, pescoço e tomado conta dos intestinos.

O nome da mãe é Sarah Brook; o da filha, Polly Jean. A história adquire contornos de particular heroísmo quando é situada no século em que vivemos: num mundo onde o egoísmo se disseminou de tal maneira que é visto como a norma do comportamento socialmente aceitável.

Lembro-me de que a primeira vez em que contei a história de Santa Gianna para uma amiga, a primeira reação dela foi a de espanto. “Mas como assim, ela só fez dar a vida pelo seu filho? Qualquer mãe faria isso!”. E eu até concordo que qualquer mãe deveria fazer isto, mas tal não é infelizmente a regra nos tempos que hoje correm. E é exatamente por isso que provoca admiração a história de Sarah.

Vejam, a rigor ninguém está mesmo obrigado a se deixar morrer em favor de ninguém. O “primeiro próximo” que estamos obrigados a amar somos nós mesmos, pois ensina Santo Tomás que ninguém é mais próximo do homem do que ele próprio. Antes de qualquer coisa nós estamos obrigados a cuidar da nossa própria vida, uma vez que ela é o nosso bem maior e a manutenção dela é condição necessária para a realização de quaisquer outras obras meritórias. Assim, a rigor ninguém está obrigado a morrer nem mesmo por um filho: um tratamento de câncer durante a gravidez é um caso clássico de causa com duplo efeito e, portanto, é perfeitamente legítimo, ainda que isto acarrete a morte do bebê que se carrega no ventre. Mas eu não consigo nem imaginar como seria estar na pele de uma mulher nesta situação.

No meu Facebook eu encontro uma frase atribuída a Chesterton; eu detesto essas imagens do FB que têm somente uma foto ou uma pintura, uma frase entre aspas e um genérico “fulano de tal”, sem referência, sem nada. Mas neste caso serve para exemplificar o que estou falando, porque o dito é bem verdadeiro independente do autor. A frase é “você não pode amar uma coisa sem querer lutar por ela”. E penso como não deve ser terrível para uma mãe pensar que, talvez, não tenha lutado o suficiente por sua prole… É uma situação difícil! Em um caso mais ou menos análogo, um pai que chegasse em casa e encontrasse sua família vítima de um marginal armado também não teria, a rigor, a obrigação moral de se atracar com o meliante para salvar os seus. Mas me provoca arrepios imaginar como seriam os restos dos dias deste pai, caso ele sobrevivesse sem haver tentado reagir ao assassino.

Se não é possível amar uma coisa sem querer lutar por ela, portanto, nossas mais sinceras homenagens à britânica que não apenas quis lutar como de fato lutou – e lutou até a morte! – pela vida de sua pequena filha. Isto é amar, isto é ser mãe. E se é verdade que toda mãe verdadeira tem ao menos esta disposição in voto de consumir-se pelos seus filhos, é belíssimo quando nós a encontramos realizada concretamente em um caso extremo que, justamente por ser extremo, é de uma admirável eloqüência. No dia de hoje, nós queremos saudar a todas as mães que participam, pelo fato mesmo de serem mães, desta grandiosa missão e desta sublime vocação expressas de maneira tão magnífica nesta história de sacrifício. Quando à Sarah Brook, eu não sei o que aconteceu com ela (já faz um mês da notícia); se ela já tiver partido para as Moradas Celestes, que seja lá recebida com glória. E, onde quer que ela se encontre, que receba as justas homenagens pelo dia de amanhã. Que o exemplo dela possa despertar – ou fazer florescer – este instinto materno nas mães de que o mundo de hoje precisa.

Happy Mother’s Day!

Um feliz dia das mães para todas as mulheres que tiveram a generosidade de abrir-se ao dom da Vida!

Neste dia de hoje, rezemos especialmente por aquelas mães que preferiram fugir da maternidade assassinando os seus filhos dentro do ventre e, hoje, não celebram senão o remorso. Que a lembrança do que poderia ter sido possa levá-las ao arrependimento. Que o aborto pare de destruir crianças e mães. Que a Virgem Santíssima, Mãe de Deus e nossa, interceda por todos nós.

“Mãe, obrigado por tuas lágrimas!”

Fonte: “Virtudes e Valores”, Sem. Jauri Strieder, LC (recebido por email)

Mãe, Obrigado Pelas Tuas Lágrimas

Mãe: uma palavra breve, porém tão longa de sentir. Muitos escritores e poetas dedicaram inúmeras páginas de ternura, de reconhecimento e de gratidão filial. Mãe move palavras.

As palavras movem, mas os exemplos arrastam, diz um provérbio. Tendo isso em conta, prefiro economizar palavras e falar de um exemplo: santa Mônica, a mãe de santo Agostinho.

Santa Mônica viveu de modo exemplar a sua missão materna, ajudando o filho Agostinho a descobrir a beleza da fé cristã. Foi uma vida de oração e de lágrimas, mas no final coroada pela conversão do filho e pela santidade.

Não sei quantas mães encontram nela um estímulo ou um reflexo da própria vida, mas serão muitos os que se identificam com o filho Agostinho. Atraído pela beleza terrena e percorrendo caminhos equivocados na adolescência, ele causou não pouca dor à sua mãe.

Agostinho percorreu um caminho semelhante ao nosso: esperanças, amores, sofrimentos… Ele não caiu do cavalo como Saulo para dar de cara com o amor de Deus. Pelo contrário, foi um longo trajeto de conversão, que foi possível graças ao vestígio que nunca se apagou do seu coração: o amor a Cristo infundido na infância, traduzido com décadas de oração e de lágrimas da sua mãe.

Hoje, é difícil consolar mães que lamentam a falta de prática religiosa dos filhos. Inclusive há filhos que sentem nostalgia da fé recebida. Um pai de família me comentou com grande pesar que, cada vez que visita a sua mãe, volta para casa com crise; ele constata a piedade profunda da sua mãe, valoriza a fé que dela herdou, mas lamenta o não tê-la transmitido aos seus filhos.

No dia das mães do ano 2010, o eco de santa Mônica transmite esperança e otimismo. Com seu exemplo de mãe, mãe de oração e de lágrimas. O segredo das lágrimas de santa Mônica consistia em que eram lágrimas diante de Deus. E quão fecundas!

Mãe, com amor e gratidão, quero te dizer com Agostinho: “Obrigado pela tua maneira feminina de ser, tua fé de varão, tua paz, teu amor materno e tua fé” (Confissões 9,4,8). E finalmente, obrigado pelas tuas lágrimas.

Vença o mal com o bem!


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Ligeiro apanhado de assuntos diversos

– Muito boa a matéria do Gazeta do Povo sobre Pio XII: Pontificado de Pio XII pauta visita do Papa a Jerusalém. É com muita alegria que vejo um órgão  de imprensa ter a coragem de publicar uma matéria assim quando todos os demais silenciam e/ou fazem coro ao processo de desinformação histórica perpetrado pelos inimigos da Igreja. É muito reconfortante saber que há jornais sérios, que não se curvam diante da censura anticlerical. Para parabenizar o jornal pela reportagem: leitor@gazetadopovo.com.br – nome completo, cidade e estado.

Príncipe jordaniano agradece valentia moral do Papa; o “príncipe Ghazi Bin Muhammed Bin Talal, primo e conselheiro do rei da Jordânia” fez “um profundo e amplo discurso em inglês”, onde acolheu o Papa “cujo pontificado esteve marcado pela valentia moral para falar e atuar em consciência, muito além das modas do momento”. Muito além das modas do momento – destaco. O empenho do Papa em preservar o patrimônio doutrinário da Igreja – e a importância deste trabalho – é reconhecido até mesmo por quem não é cristão!

– Na mesma matéria, Sua Alteza falou ainda nos “países subsaarianos onde as ‘minorias muçulmanas são submetidas a duras pressões por parte das maiorias cristãs, assim como em outros lugares onde acontece o contrário'” – gostaria muitíssimo de saber que países são esses e a exatamente quais “duras pressões” se refere o príncipe da Jordânia. Alguém faz idéia?

– Feliz dia das mães I: a mulher não foi feita para menstruar tanto. Ela foi feita para estar grávida e amamentar. “Apesar das mudanças de comportamento, o organismo feminino ainda funciona à moda antiga. Com isso, doenças ligadas à menstruação, que antes eram raras, agora são mais frequentes”. Raios, não é que a Igreja estava certa de novo!

– Feliz dia das mães II: Maria Mariana lança livro para contar experiência de criar 4 filhos. Vale muito a pena ler a entrevista concedida à revista Época, da qual destaco (quase tudo): “O valor de ser mãe não está sendo levado em conta. […] Mas eu sonhava com uma enorme mesa de família com aquela macarronada no domingo. […] Amamento há nove anos seguidos. Só desmamo um quando engravido do outro. […] Não acredito na igualdade entre homens e mulheres. Todos merecem respeito, espaço. Mas o homem tem uma função no mundo e a mulher tem outra. (…) Deus preparou o homem para estar com o leme na mão. […] O valor básico da maternidade é cuidar do outro, doar, servir. Nada a ver com o mundo competitivo. Maternidade é tirar seu ego do centro”.

– Por Rodrigo Pedroso, “a estatização da teologia”; fala sobre o projeto do senador Marcelo Crivella para regulamentar o exercício da profissão de teólogo no Brasil. “Ao regulamentar a profissão de teólogo, o Estado adentrará em seara alheia, imiscuir-se-á num campo que não lhe pertence. Tal intromissão representará violação da liberdade religiosa, garantida pelo art. 5º, VI, da Constituição Federal. E, na medida em que a teologia é uma disciplina do intelecto e uma ciência, representará igualmente uma infração da liberdade intelectual e científica, que a Constituição declara ser livre não apenas de censura, como também de licença (art. 5º, IX)”.

Você se lembra desta foto? Fiquei sabendo no blog do Veritatis que o site da Fox News trouxe uma reportagem com o garoto que, quando estava no útero de sua mãe, emocionou o mundo. Hoje ele tem nove anos. E a foto salvou muitos bebês de serem abortados. Muitos tentaram impedir isso: “a Life Magazine tentou comprar os direitos sobre a fotografia para que ela jamais fosse republicada; e o médico que fez a cirurgia chegou a dizer que foi ele quem puxou para fora a mão do bebê. A acusação acabou com a carreira do fotógrafo, mas não abalou sua determinação”. E, graças a Deus, não conseguiram.

– Faço coro ao desabafo do Rafael Vitola; e acredito não ser o único a fazê-lo. “Até quando teremos que aturar a Fé Católica seqüestrada por quem deveria ser seu defensor?” Levantai-Vos, Senhor. Salvai-nos.

Feliz dia das mães!

Bem en passant: feliz dia das mães! Queria ter mais tempo para escrever mais e melhor sobre este dia tão importante; mas acho melhor ser limitado neste assunto ao qual, aliás, a limitação é inerente, do que passar o domingo de hoje em silêncio por não ter tido tempo para os arroubos retóricos dos quais gostaria.

No mês de maio – mês da Virgem Maria – é o dia das mães; no mês d’Aquela que é Mãe por excelência, nós parabenizamos as nossas próprias mães carnais, que nos deram a vida, nos carregaram em seu seio, nos nutriram e educaram e nos transformaram naquilo que somos hoje. No mês da nossa Mãe espiritual, nós nos lembramos também de nossas mães naturais; afinal, a graça pressupõe a natureza e Maria Santíssima não poderia ser a nossa Mãe Espiritual se não fossem as nossas mães carnais. Não teríamos como Mãe a Mãe de Deus se não tivéssemos como mãe a mãe que é nossa, e de quem nascemos para esta vida; não teríamos Mãe do Céu sem a nossa mãe da terra.

Vocação sublime, mistério insondável, dignidade altíssima que Deus concedeu à mulher: não nascem os filhos de Deus por meio das águas do Batismo se, antes, não nascerem eles de uma mãe carnal que lhes dê a vida natural e, ao mesmo tempo, a possibilidade da vida sobrenatural! Por meio dos filhos, os homens são chamados a colaborar com Deus na obra da criação, mas que papel espetacular que cabe à mãe nesta história: carregar o filho no ventre enquanto ele se forma, agasalhá-lo e amamentá-lo quando ele é pequeno e indefeso, educá-lo enquanto ele cresce e acompanhá-lo durante toda a sua vida; as marcas maternas são indeléveis. Obrigado, ó mãe, porque sem ti eu nada seria!

Que a Virgem Santíssima, Mãe de Deus e nossa, e também – não nos esqueçamos – mãe de nossas mães, possa abençoá-las em profusão neste dia a elas dedicado; que cada mãe aqui na terra possa ter em si algo desta Mãe do Céu, que A lembre e que a Ela conduza. E que um dia possamos nos encontrar todos, Mãe do Céu e nossas mães da terra no Céu, a fim de vivermos plenamente a vida que – graças às nossas mães – apenas começamos a viver aqui na terra. Que Deus abençoe todas as mães!