Dom Oppermann e Aleteia prestam enorme desserviço à Igreja Católica com absurdo artigo sobre o aborto

Péssimo e contraproducente este artigo sobre aborto e excomunhão que D. Oppermann escreveu (!) e Aleteia (re)publicou (!!). O bispo que já escreveu tantas coisas interessantes poderia ter evitado tocar neste assunto de maneira tão desastrosa, e o portal católico cujo lema é «em busca da verdade» não precisaria ter se sujeitado a disseminar assim a confusão entre os católicos.

A excomunhão latae sententiae para quem pratica aborto é «uma pena pesada», sem dúvidas; mas o crime de assassinar uma criança inocente no ventre é porventura leve? A gravidade da pena é proporcionada e adequada à gravidade do delito. As alegadas «razões» expostas por D. Aloísio para considerar a «penalidade inadequada» (sic) falseiam de maneira grotesca o Direito da Igreja e a realidade dos fatos.

Espanta-me Sua Excelência dizer que «[n]unca vi[u] um mandante desse péssimo procedimento ser punido». Ora, se a excomunhão é automática, o que ele esperaria ver? Na pena de excomunhão conseqüente ao aborto incorrem todas as pessoas que colaboraram com o efeito: quem «aconselhou a prática abortiva», quem «providenciou a execução», os que «pressionaram sem parar», todos estes. E isto não se “vê” porque, por ser excomunhão, não provoca nenhuma “marca” visível em quem a recebe e, por ser latae sententiae, i.e., automática, prescinde de qualquer declaração para que surta efeito.

Se Sua Excelência estiver se referindo às declarações públicas emanadas pelas autoridades eclesiásticas, aí é que a frase dele se torna ainda mais incompreensível. O que nunca se viu, jamais, foi um bispo vir a público lavrar uma declaração de excomunhão para uma mulher que tivesse abortado! Ao contrário, quando os gêmeos de Alagoinha foram assassinados aqui em Recife, Dom José Cardoso levantou a sua voz para declarar que estavam excomungados os médicos aborteiros, não a mãe! Disse-o com toda a clareza possível em público, à imprensa: «todas as pessoas que participaram do aborto, com exceção da criança, estão excomungadas da Igreja».

Não é crível que Dom Aloísio ignore o caso, que ganhou repercussão internacional. É uma injustiça atroz que ele venha dizer não ter visto jamais «um mandante desse péssimo procedimento ser punido», quando no único caso em que se tornou pública a punição para este «péssimo procedimento» o Arcebispo Metropolitano disse com todas as letras que a excomunhão atingia todos os envolvidos no aborto, à exceção da mãe que fora violentada. A realidade é portanto o contrário do que diz o bispo autor do artigo!

Mais: a pena de excomunhão não é – ao contrário do que diz Dom Aloísio no seu texto – uma pena «sem remissão». Pode ser perfeitamente remida no Tribunal do Sacramento da Confissão, diante do Bispo Diocesano ou de qualquer sacerdote que tenha faculdade para removê-la. Novamente, as palavras que Dom Oppermann aplica são inverídicas e só se prestam a espalhar o ódio contra uma disposição justa e necessária do Direito da Igreja.

Por fim, ao contrário do que insinua Sua Excelência nas últimas linhas do seu artigo, não é verdade que o Papa Francisco tenha modificado de qualquer maneira o Direito da Igreja no que concerne à pena de excomunhão automática para quem realiza aborto. Aborto continua punível com excomunhão latae sententiae de acordo com o Cânon 1398 do Código de Direito Canônico. E misericórdia para a «pecadora arrependida» que, uma vez excomungada, pode se aproximar do Sacramento da Confissão e receber de volta a Graça Santificante e a comunhão com a Igreja Católica é coisa que sempre existiu. Não há a mais mínima mudança neste assunto, como se agora as mulheres que abortam não fossem mais excomungadas (ainda são) ou como se antes elas não pudessem se reconciliar com a Igreja caso se confessassem arrependidas (sempre puderam).

Assim, este artigo de Dom Oppermann não fala nada com coisa nenhuma e, inexplicavelmente, apresentando um retrato totalmente falsificado quer da situação eclesiástica anterior, quer da atual, leva os seus leitores a pensarem que algo mudou nesse assunto (quando tudo está do mesmíssimo jeito como sempre esteve), além de alimentar uma – neste caso totalmente delirante – mentalidade de ruptura entre a Igreja de hoje e a de ontem. Um lamentável desserviço à Igreja de Cristo e ao Evangelho.

CNBB apóia plebiscito ao qual os bispos dizem não!

No dia 18 de junho p.p., sexta-feira, ao invés de incentivar os fiéis a fazerem penitência em memória da Paixão do Senhor, o site da CNBB publicava uma matéria comunistóide em favor do plebiscito pelo limite de terras. “Pastorais Sociais e Organismos da CNBB confirmam apoio ao plebiscito pelo limite de propriedade da terra e ao Grito dos Excluídos” – era o longo título do artigo que, ao contrário de outros, encontra-se até agora disponível no site da Conferência. À época, eu também comentei aqui sobre o escândalo.

Hoje, foi publicada uma matéria no jornal “Gazeta do Povo” que revela uma outra face da moeda, meticulosamente escondida sob a maneira marxista do site da CNBB enxergar (e, pior ainda, divulgar) a realidade: bispos dizem “não” a plebiscito. Leiam-na na íntegra. Lá, vocês verão bispos como Dom Cristiano Krapf, Dom Aloísio Opperman e Dom Murilo Krieger dizendo claramente que são contrários a este plebiscito! Como isso é possível? Na verdade, o que acontece é que, aparentemente, a CNBB apóia o mesmo plebiscito ao qual os bispos teimam em dizer não! De onde vem tão curioso caso clínico de esquizofrenia?

Queira o leitor bondosamente voltar ao longo e enfadonho título da notícia do site da CNBB, linkada no início do post. Quem é que apóia, afinal de contas, este malfadado plebiscito? A matéria não diz “os bispos apoiam”, e nem “a CNBB apóia”, nem nada do tipo. Com uma malícia ofídica, o que a matéria diz é que as “Pastorais Sociais” e uns anônimos “Organismos da CNBB” apoiam tal plebiscito. Não diz nem que “a CNBB” o apóia, nem que “os bispos” o apóiam, porque seria mentira.

Entendam bem! A CNBB não apóia este plebiscito. Este suposto apoio, dito assim claramente, não está em lugar nenhum (embora também não esteja desmentido… voltamos a este ponto já já). Os bispos em seu conjunto também não apoiam este plebiscito, e fizeram questão de o dizer pública e claramente, como mostra a matéria do “Gazeta do Povo” que eu trouxe acima. Até mesmo Dom Demétrio, que particularmente é favorável à consulta popular, confessa que, na última Assembléia Geral ocorrida em Brasília, embora tenha havido discussões sobre o assunto, “em nenhum momento houve decisão, nem sobre o limite da terra, nem sobre o que fazer com a propriedade excedente”. São palavras de um prelado favorável ao plebiscito!

Nem a CNBB apóia oficialmente o plebiscito, nem os bispos como um todo o apoiam. Mas, então, como explicar que o apoio “oficioso” a esta consulta popular – em assunto sobre o qual a Assembléia Geral da Conferência não chegou a nenhuma decisão, convém lembrar – esteja tão disseminado? Por que a CNBB não o desmente?

Volto ao início do post: o malicioso artigo sobre o apoio das “Pastorais” e dos anônimos “Organismos” da CNBB ao plebiscito – que claramente confunde os leitores – encontra-se até agora no site da CNBB. No entanto, no final do mês passado, o artigo de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini contrário à sra. Dilma Rousseff foi rapidamente retirado do site porque… era a posição particular de um bispo, e não representava a posição da Conferência! É incrível a desonestidade desta gente, mas é isso mesmo: há algumas posições particulares, de alguns prelados, que podem e devem ser veiculadas no site oficial da CNBB, e há algumas outras posições particulares de outros prelados que não podem estar no site de nenhuma maneira e, caso apareçam por lá, devem ser retiradas o quanto antes. E este site duas-caras é – vergonha! – o site oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

E agora, como é que fica? O apoio ao plebiscito é posição oficial da CNBB, ou é posição particular de alguns bispos? Se for posição oficial da Conferência, então nós temos pelo menos quatro bispos mentindo publicamente. Se não for posição oficial da Conferência (e sim opinião pessoal de algum bispo), por qual motivo esta posição pessoal merece destaque no site da CNBB, enquanto que a de Dom Luiz Gonzaga foi rapidamente censurada?

Não deixem de fazer a pergunta inconveniente à assessoria de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: imprensa@cnbb.org.br. Aproveitem e perguntem também (como citou o Marcio Antonio Campos no quadro da matéria do “Gazeta do Povo” – leiam lá) por qual esotérico motivo é permitido mencionar expressamente o nome dos candidatos em alguns tipos de artigos (como na malfadada Análise de Conjuntura sobre a qual eu já comentei aqui e desde fevereiro está no site da CNBB) e não em outros (como no artigo de Dom Luiz Gonzaga que foi censurado). Estou curiosíssimo para saber qual vai ser a resposta.

“Cegueira Plúmbea” – Dom Aloísio Oppermann

[Reproduzindo, só para garantir. Está já há quase quinze dias no site da CNBB, por impressionante que seja. Acho que a censura CNBBêica é burra; lembram-me as histórias sobre as músicas de Chico Buarque que, para burlar a censura militar, trocava “Cale-se” por “Cálice” e ficava tudo muito bem. Para bom entendedor, meia palavra basta: afinal, todo mundo sabia que “amanhã vai ser outro dia” é uma crítica política, e não uma canção de amor. E todo mundo sabe que o artigo de Dom Oppermann é uma dura crítica política, e não um ensaio histórico.

Fonte: CNBB.]

Cegueira Plúmbea

O fascismo chauvinista alemão se estabeleceu, entrando pela porta da frente. Hitler manipulou a alma alemã, com recursos de encantamento irresistível. Seu nome estourou nas urnas. Estava tão certo da vitória que não ocultou nenhum de seus tenebrosos pensamentos. Todos conheciam suas pregações imperialistas, seu gosto pelo uso da força, sua arrogância diante dos judeus, sua presunção de superioridade da raça ariana. Um observador, colocado a certa distância, poderia prever a colisão inexorável que aconteceria entre o bem do povo alemão, e o programa foguetório do regime político, que deveria arrostar todas as conquistas civilizatórias. É a história do passarinho encantado, que fica à disposição da cobra que o engole sem escrúpulos.

Não sou daqueles que consideram a Revolução de 31 de março, como um mal absoluto. As intenções foram boas, tendo recebido o firme apoio da opinião pública. Os nobres ideais foram obumbrados, progressivamente, pelo uso abusivo do cerceamento das liberdades. Com o correr do tempo, as lideranças socialistas, em vez de se converterem, entraram na clandestinidade. Mas posteriormente retornaram, entre aplausos, e ocuparam tranquilamente quase todos os escalões da República cripto-socialista. Certíssimos do sucesso, já se tem como garantida a execução de alguns programas antiqüíssimos: a interrupção violenta da gravidez; o enfraquecimento da vida familiar, pelo apoio a outros tipos de “família”; a redução à obediência de veículos de comunicação através de prêmios e castigos; a insegurança dos direitos constitucionais;  a subserviência do poder judiciário; a impossibilidade de manifestação religiosa em  público; a descaracterização do país de qualquer sinal cristão, depois de termos passado ao povo, durante séculos,  os ensinamentos de Cristo…Será que se avizinha o tempo em que precisamos ocultar que somos católicos? A vitória desse programa “moderno” parece ser tão evidente como o pôr do sol antes da noite escura. O nosso veículo tem freio e tem direção. Enxergamos o perigo que se avizinha? “Eis agora o dia da salvação”  (2 Cor 6, 2 ). Ainda podemos evitar o grande mal.

Dom Aloísio Roque Oppermann

CNBB censura artigos de bispos

Isto é incrível! O lúcido e corajoso artigo de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini sobre as eleições (que eu reproduzi aqui), provavelmente o melhor artigo sobre a situação política atual no Brasil saído da pena de um bispo, foi censurado pela CNBB!

Ontem, neste link, o artigo estava integralmente reproduzido no site da CNBB. O fato provocou uma grata surpresa em muitos – p.ex., via Twitter – que vislumbravam, enfim, uma luz no fim do túnel quente, escuro e sulfúreo de dentro do qual a Conferência costuma emanar os seus comunicados e decretos. Ontem à noite, para a minha surpresa, soube en passant que o artigo havia sido retirado, e só hoje confirmei o fato: há uma mensagem de “404 – Artigo #4132 não encontrado” na página onde, ainda ontem, ecoavam as sábias palavras do bispo de Guarulhos.

Não obstante, no mesmíssimo site da CNBB ainda se encontra, até agora, um artigo que leva por título “Pastorais Sociais e Organismos da CNBB confirmam apoio ao plebiscito pelo limite de propriedade da terra e ao Grito dos Excluídos”, sobre cujo assunto qual eu também já comentei aqui. Inclusive está, no site da CNBB, a íntegra da nota de Dom Pedro Luiz Stringhini.

Nesta nota pode se ler: “convidamos os cristãos e cristãs das dioceses, paróquias, comunidades, movimentos a engajarem-se neste exercício de cidadania”, qual seja, o plebiscito. Curiosamente, no mesmo site da CNBB, (ainda) tem outro artigo, este bom, de Dom Aloísio Roque Opperman, que está censurado. O original (que recebi por email) dizia ainda: “” (p.s.: enganei-me. O artigo de Dom Opperman está na íntegra – mea culpa. O que foi “censurado” – na verdade, não publicado – foi o de Dom Cristiano Krapf, que também pus aqui no Deus lo Vult!, e que dizia com clareza: “nenhum católico é obrigado a participar de uma campanha promovida por uma entidade qualquer, mesmo que conte com o apoio de setores da CNBB”).

A conclusão que se impera, portanto, para longe de qualquer dúvida, é que o site da CNBB não pode ser considerado um site católico. Afinal de contas, os próprios bispos têm, lá, o seu ensinamento censurado! Ao passo que outros falam o que bem entendem. Que vergonha!