CNBB desmente: Católicos não têm liberdade para “votar em qualquer candidato” coisa nenhuma

[Publico na íntegra. Parece que, com a CNBB, a coisa ainda funciona – graças a Deus – na base da pressão. A notícia saiu na última sexta-feira e, já hoje, veio a resposta.

Uma certa senhora – que se diz católica e, apesar dos meus reiterados protestos, insiste em me enviar por email todo o lixo com o qual costuma tornar a internet um lugar mais desagradável de se freqüentar – enviou-me um email correlato, que tinha por título “parabéns à CNBB” e no qual estava escrito (com a caixa-alta do original), da lavra da referida senhora: “A CNBB AO ABRIR AS PORTAS A TODOS OS CANDIDATOS, MOSTROU QUE NÓS CATÓLICOS, TEMOS LIBERDADE PARA VOTAR EM QUALQUER CANDIDATO. FOI UM TAPA DE PELICA NO TAL BISPO DE GUARULHOS, QUE PREGA O ÓDIO E A INTOLERANCIA”. Pois é, parece que, agora, o tapa na cara dos “católicos” abortistas foi não de pelica, mas com a mão cheia mesmo…

Fonte: CNBB]

Prezado Senhor Diretor de Redação,

Foi com desagradável surpresa que vi estampada minha fotografia no topo da página A7 da Edição de hoje, sexta-feira, 20 de agosto, com a nota de que eu teria admitido que os católicos votem em candidatos que são favoráveis ao aborto.

Gostaria de expressar, mais uma vez, a posição inegociável da CNBB, que é a mesma do Magistério da Igreja Católica, de defesa intransigente da dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. O aborto é um crime que clama aos céus, um crime de lesa humanidade. Isso, evidentemente, não significa que o peso da culpa deva recair sobre a gestante. Também ela é, na maioria das vezes, uma grande vítima dessa violência, e precisa de acompanhamento médico, psicológico e espiritual. Aliás, esses cuidados deveriam vir antes de uma decisão tão dramática.

Os católicos jamais poderão concordar com quaisquer programas de governo, acordos internacionais, leis ou decisões judiciais que venham a sacrificar a vida de um inocente, ainda que em nome de um suposto estado de direito. Aqui, vale plenamente o direito à objeção de consciência e, até, se for o caso, de desobediência civil.

O contexto que deu origem à manchete em questão é uma reflexão que eu fazia em torno da diferença entre eleições majoritárias e proporcionais. No caso da eleição de vereadores e deputados  (eleições proporcionais), o eleitor tem uma gama muito ampla para escolher. São centenas de candidatos, e seria impensável votar em alguém que defenda a matança de inocentes, ainda mais com dinheiro público. No caso de eleições majoritárias (prefeitos, senadores, governadores, presidente), a escolha recai sobre alguns poucos candidatos. Às vezes, sobretudo quando há segundo turno, a escolha se dá entre apenas dois candidatos. O que fazer se os dois são favoráveis ao aborto? Uma solução é anular o próprio voto. Quais as conseqüências disso? O voto nulo não beneficiaria justamente aquele que não se quer eleger? É uma escolha grave, que precisa ser bem estudada, e decidida com base numa visão mais ampla do programa proposto pelo candidato ou por seu Partido, considerando que a vida humana não se resume a seu estágio embrionário. Na luta em defesa da vida, o problema nunca é pontual. As agressões chegam de vários setores do executivo, do legislativo, do judiciário e, até, de acordos internacionais. E chegam em vários níveis: fome, violência, drogas, miséria… São as limitações da democracia representativa. Meu candidato sempre me representa? Definitivamente, não! Às vezes, o candidato é bom, mas seu Partido tem um programa que limita sua ação. Por isso, o exercício da cidadania não pode se restringir ao momento do voto. É preciso acompanhar, passo a passo, os candidatos que forem eleitos. A iniciativa da Ficha Limpa mostrou claramente que, mesmo num Congresso com tantas vozes contrárias, a força da união do povo muda o rumo das votações.

Que o Senhor da Vida inspire nossos eleitores, para que, da decisão das urnas nas próximas eleições, nasçam governos dignos do cargo que deverão assumir. E que o cerne de toda política pública seja a pessoa humana, sagrada, intocável, desde o momento em que passa a existir, no ventre de sua própria mãe.

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

A CNBB e a nota da Pastoral de Católicos na Política sobre o PNDH-3

Vou comentar ligeiramente os comentários que recebi no meu post sobre “Quem poupa o lobo sacrifica as ovelhas”.

1. É perfeitamente possível que a referida notícia publicada n’O Dia seja falsa. No entanto, dado o histórico da Conferência, infelizmente ela é perfeitamente verossímil e negar isso é fechar os olhos para a realidade. Eu não duvido nada de que seja esta a posição da CNBB (haja vista o fato da Conferência não ter subscrito a nota da Pastoral carioca) ou de Dom Dimas Lara Barbosa. Aliás, qualquer pessoa que não viva no fantástico mundo de Bobby está obrigada a reconhecer, para ser honesta, que a notícia não tem nada de inverossímil e nem ao menos de improvável.

2. Para obter informações, é perfeitamente inócuo escrever para a CNBB. Já perdi as contas das mensagens que escrevi (umas que inclusive pus aqui no Deus lo Vult!, e outras que provavelmente nem os próprios destinatários leram) e acho que, até hoje, só recebi uma única resposta lacônica e atrasada (a propósito, sobre o PNDH-3). O que é necessário, no meu humilde entender, é fazer pressão para encorajar os bons pastores (ou – ao menos – os pastores que não são lobos declarados) a romperem o silêncio e tomarem uma posição católica. Acho que é somente por isso que ainda gasto o meu tempo escrevendo à CNBB.

3. Se o jornal está falsificando a posição do Secretário-Geral da CNBB, nada mais fácil: basta Sua Excelência vir a público dizer que não condena, de maneira alguma, a nota de Dom Filippo Santoro, e que ele em particular e a Conferência como um todo a subscrevem integralmente. Com muita alegria eu publicaria uma tal declaração aqui no blog. Se alguém tiver contacto com Dom Dimas Lara Barbosa, pergunte-lhe isso. Retrato-me publicamente, e retrato-me com muito gosto, se Sua Excelência disser que não é esta a posição dele.

4. Se, no entanto, Sua Excelência prefere deixar o dito pelo não dito, e não desdizer nem corroborar – muito pelo contrário… – a sua alegada declaração (que, aliás, é pública – não fui eu que inventei), cabem os mesmos comentários que foram feitos anteriormente. Os lobos precisam ser apontados claramente, e deixar dúvidas sobre a posição da Conferência em um assunto de tão grande gravidade é o perfeito equivalente a proteger os lobos, negando-se a apontá-los com clareza. Se não há apoio expresso à nota da Pastoral de Católicos na Política e, ao mesmo tempo,  deixa-se correr livremente uma notícia segundo a qual o Secretário-Geral teria afirmado que “o texto não pode ser visto como uma posição da Igreja”… acaso cometemos alguma injustiça quando tomamos como verdadeira a posição noticiada?

5. Para questionar o jornal que publicou originalmente a notícia, basta clicar aqui.

Sacrificando as ovelhas

Ai, que grande lixo! “CNBB contra a nota”, diz O Dia Online. A nota em questão é aquela da Pastoral de Católicos na Política do Rio de Janeiro, que eu reproduzi aqui e que condena o PNDH-3 do governo petista. Segundo a matéria d’O Dia:

A nota diz que o plano é uma cartilha “de estilo radical-socialista”. Em janeiro, a CNBB condenou aspectos do programa, como a proposta de legalização do aborto. Mas, ao mesmo tempo, se dizia “desejosa de participar do diálogo nacional” sobre o PNDH.

E, sim, eu me lembro da declaração da CNBB sobre o tema que eu também reproduzi aqui. Pelo andar da carruagem, parece ser patente a divisão dentro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Graças a Deus.

O estilo “morde-e-sopra” certamente não me agrada e nem agrada a Nosso Senhor, que exigiu que a linguagem dos Seus discípulos fosse “sim, sim, não não”. No entanto, dá-me esperanças ver que existem pessoas dentro da CNBB preocupadas em soprar. Pelo menos isso! A situação atual está muito melhor do que já foi anteriormente, quando, da Conferência, só esperávamos receber facadas pelas costas e ofensas à Igreja de Nosso Senhor.

Aproveito o ensejo para agradecer publicamente aos membros da CNBB que são responsáveis pelas coisas decentes emanadas pela Conferência. São poucos, mas prestam um serviço inestimável. Que tenham coragem! São minoria, mas são fiéis, e a fidelidade a Deus é uma característica capaz de mover montanhas e possibilitar vitórias que, humanamente, seriam impossíveis. Que tenham coragem, e continuem! Que os lobos sejam desmascarados, e que a CNBB seja expurgada de toda influência demoníaca e, arrancada às garras de Satanás onde esteve por tanto tempo, possa ser recolocada a serviço de Nosso Senhor.

Voltando ao assunto: “Para Dom Dimas, bispo-auxiliar do Rio, o maior problema da nota é que ela ataca todo o PNDH e não apenas alguns pontos específicos”. Oras, em primeiro lugar, todo o PNDH, sim, está repleto de uma ideologia anti-cristã e, nos pontos onde há concordância entre o maldito Plano e a Doutrina Cristã, esta concordância é meramente acidental.

E, em segundo lugar, é de uma ingenuidade irresponsável procurar defender o cão raivoso porque ele tem “olhos bonitinhos”, ou tentar salvar a maçã envenenada por causa da sua cor lustrosa. É de uma ingenuidade irresponsável, repito – que, diga-se de passagem, a Igreja nunca adotou -, vir em defesa das heresias por causa das coisas corretas que elas ainda mantêm.

Imagino uma declaração deste tipo na época da Reforma Protestante. O Papa Leão X, na bula Exsurge, Domine, enumerou os erros de Martinho Lutero. Mas não enumerou os pontos em que ele acertava, e nem muito menos defendeu o heresiarca por causa dos pontos que o Luteranismo mantinha da Fé Católica. Ao contrário: proibiu Lutero de pregar, mesmo sabendo que o Luteranismo não era condenável “no todo”, e sim somente n’alguns pontos específicos – especificamente, os que foram condenadas pela referida bula.

Houvesse secretariados-gerais àquela época, viriam em socorro ao Heresiarca. Diriam que esta posição não era a da Conferência – caso houvesse Conferências. Insistiriam nos pontos positivos da Reforma. Desejariam participar do diálogo. E, enquanto dialogassem com o lobo, as ovelhas seriam dispersas.

Quem poupa o lobo sacrifica as ovelhas, conforme disse (salvo engano) Victor Hugo. Esta é uma lição que os excelentíssimos responsáveis pela CNBB já deveriam ter aprendido. E espero que a aprendam depressa, antes que seja tarde demais.

Vai ficar tudo por isso mesmo?

O Josias de Souza escreveu que o “Braço Agrário” da CNBB apóia o vandalismo no laranjal. Um herege protestante chamou a Igreja de hipócrita, fazendo esta constatação que nos envergonha: “Em situações de gravidade em território nacional como por exemplo, aumento da violência e a corrupção na política, a Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) costuma emitir nota, repudiando tais fatos. Entretanto, quando trata-se de violência promovida pelo MST, como a recente, onde milhares de pés de laranja foram criminosamente destruídos, após a invasão  de uma propriedade particular pelos pobres integrantes do MST, a CNBB omite-se”.

E vai ficar tudo por isso mesmo? Senhores bispos, os senhores irão simplesmente deixar que a Igreja seja escarnecida em público, associada a atos de vandalismo, acusada de hipocrisia, de conivência, de omissão?

Para variar, escrevi sobre o assunto a S.E.R. Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário Geral da CNBB, e a S.E.R. Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da mesma. Para variar, não obtive nenhuma resposta. A mensagem que enviei segue abaixo. Se os bispos não respondem aos seus fiéis, a quem eles podem recorrer?

* * *

[Email enviado em 07 de outubro de 2009]

Sua Excelência Reverendíssima Dom Geraldo Lyrio Rocha,
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

Sua Excelência Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa,
Secretário Geral da supracitada Conferência,

Foi noticiado recentemente pela imprensa a ação de alguns integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na ocupação da fazenda Santo Henrique, no interior de São Paulo. Em um vídeo que pode inclusive ser visto na internet – cf. http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u634176.shtml -, é mostrado um trator guiado por integrantes do MST destruindo uma plantação de laranjeiras.

Ao que me conste – posso estar enganado -, não é lícito, segundo a Moral Católica, ocupar uma fazenda produtiva (mesmo que a área seja “pública”) e destruir por conta própria, sem autorização judicial, as plantações de uma produtora legal de suco de laranja. No entanto, tomei conhecimento de uma nota da Comissão Pastoral da Terra protestando contra a divulgação destas cenas de barbárie e vandalismo, que pode ser encontrada no seguinte link:

http://www.cptnacional.org.br/?system=news&action=read&id=3414&eid=8

Isto posto, gostaria de fazer algumas perguntas (às quais, sinceramente, espero respostas):

1. Foi moralmente lícita a ação dos integrantes do MST na fazenda Santo Henrique?

2. Sendo a CPT parte da CNBB, devo concluir que a Conferência concorda com o teor da nota publicada por esta Comissão Pastoral?

3. A CNBB não vai publicar uma nota condenando os atos de barbárie e vandalismo perpetrados pelos integrantes do MST?

Renovando os meus votos de estima,
e rezando pelos Sucessores dos Apóstolos no Brasil,
subscrevo-me, em Cristo,
Jorge Ferraz
Leigo, Recife – PE

CNBB – Comunicado à Imprensa

[De novo, antes tarde do que nunca e, de novo, é melhor do que nada.

A propósito, não recebi resposta à carta enviada a Dom Dimas.

Fonte: CNBB.]

Comunicado à imprensa

em 01/10/2009 13:22:07

A Assessoria de Imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) esclarece que, contrariamente ao que foi veiculado pela imprensa nesta quarta-feira, dia 30 de setembro, a CNBB não emitiu nenhuma nota em apoio à indicação de qualquer candidato ao cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.

Esclarece, ainda, que a opinião do Secretário Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, divulgada pela imprensa, foi dada em uma entrevista, concedida após a indicação do Dr. Antônio Toffoli já ter sido oficialmente anunciada. Na ocasião, Dom Dimas expressava os votos de que o novo Ministro pudesse desempenhar suas funções segundo os valores éticos e cristãos, e que pudesse, assim, colaborar para que a justiça se cumpra sempre mais em nosso país. A resposta, portanto, deve ser lida neste contexto.

A CNBB reafirma seu respeito à autonomia das instituições democráticas do país e às autoridades constituídas, confiando que sempre se regerão pelos princípios da justiça, da ética e da verdade.

Brasília, 1º de outubro de 2009

Pe. Geraldo Martins Dias

Assessor de Imprensa da CNBB

Carta à CNBB – Nomeação de Abortista para o STF

[Carta enviada a Sua Excelência Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário-Geral da CNBB, por ocasião do apoio à indicação de Toffoli para o Supremo Tribunal Federal.]

Sua Excelência Reverendíssima,
Dom Dimas Lara Barbosa,
Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

Conceda-me V.E.R. a sua bênção!

Excelência, foi com profundo pesar que encontrei nos meios de comunicação – v. http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u630895.shtml – a seguinte manchete: CNBB defende indicação de Toffoli para o STF. E a seguinte frase proferida por V.E.R.:

“O ministro sempre tem declarado ser uma pessoa católica. O próprio padre Toffoli dá testemunho do irmão, não só falando da sua competência como também do seu proceder ético. Nesse sentido, esperamos que no Judiciário possa exercer sua função contando com a colaboração do futuro ministro de fazer a justiça acontecer no nosso país”.

Não consigo compreender os motivos que levaram V.E.R. a fazer semelhante declaração, nem sei quem está assessorando V.E.R., mas sei que tal declaração é um profundo e doloroso golpe desferido contra os católicos que, nesta Terra de Santa Cruz, amamos a Igreja de Nosso Senhor e nos esforçamos para defender os Seus direitos.

O ministro que “sempre tem declarado ser uma pessoa católica” é, além de petista (e V.E.R. deve se lembrar do recente caso do direito à objeção de consciência negado a dois petistas pelo Conselho de Ética do partido), publicamente favorável ao aborto e ao “casamento” de homossexuais, como pode ser visto na seguinte reportagem da revista VEJA:

O senhor é católico praticante, e a Igreja defende a manutenção da criminalização do aborto. Não há aí uma contradição? Respondo com tranquilidade: sou contra o aborto. E duvido que exista sobre a Terra algum ser humano favorável ao aborto. Mas o problema tem de ser encarado de outro ponto de vista: qual é a melhor forma de combatê-lo? Qual é a melhor maneira de diminuir o número de casos de aborto? A criminalização não é a resposta. Ela pode até ser importante do ponto de vista moral para dizer que é algo errado, incorreto, mas não resolve o problema. Não adianta alimentar uma polêmica de religião versus estado ou de feminismo versus Igreja. É necessário que as pessoas pensem na melhor forma de combater o aborto. Resumindo: sou contra o aborto e contra sua criminalização.

[…]

O senhor também já deu parecer favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Essa é uma posição do governo? Essa é uma posição da interpretação das leis do Brasil. Está clara na Constituição a proibição de discriminação de qualquer espécie. Eu entendo que a Constituição atende também à realidade do homossexualismo. Na medida em que há uma relação homoafetiva, você tem de protegê-la legal e constitucionalmente. A Igreja tem todo o direito de considerar isso um pecado. Aquele que é católico vai se entender com a Igreja. Agora, o estado e AGU têm de se pautar pela Constituição, que proíbe a discriminação de qualquer espécie.

Fonte: http://veja.abril.com.br/060509/entrevista.shtml

Então, resumindo: o sujeito é petista, é publicamente favorável ao aborto, publicamente favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo e, portanto, publicamente favorável a coisas que são frontalmente contrárias à Lei Natural, e V.E.R. vem a público defender a sua nomeação para o Supremo Federal Tribunal, enaltecendo a sua “competência” e o seu “proceder ético”? Que competência, Excelência? Que ética?

Perdoe-me V.E.R. pela dureza das palavras que este email carrega, mas é preciso dizê-lo com clareza: Excelência, estamos cansados! Estamos cansados de nos envergonharmos dos nossos bispos e de nossa Conferência Episcopal. Estamos cansados de encararmos a CNBB como sendo uma inimiga da qual, a qualquer momento, pode vir um golpe traiçoeiro desferido contra a Igreja de Nosso Senhor. Estamos cansados de dar murros em ponta de faca e de defendermos em público tudo aquilo que a Igreja ensina e defende para, depois, no dia seguinte, os meios de comunicação publicarem que a CNBB defende precisamente o contrário. Com que cara ficamos nós, Excelência, que não queremos senão ser católicos, quando os nossos bispos vêm a público defender o contrário do que a Igreja defende? Como não sentir uma profunda dor da alma, ao vermos que as nossas muralhas estão guardadas por sentinelas pusilânimes e relapsas, que parecem não temer Aquele Dia no qual o Justo Juiz vai pedir contas do trabalho que fizeram e deixaram de fazer?

Para ficar somente no exemplo do caso concreto (poderíamos trazer incontáveis outros), no caso da presente indicação do petista abortista para a vaga do Min. Direito no Supremo Tribunal Federal, vários católicos Brasil afora protestaram contra a presença do defensor do aborto no STF. Para não me alongar desnecessariamente, tenha V.E.R. a bondade de conferir os seguintes links:

http://contra-o-aborto.blogspot.com/2009/09/toffoli-o-papista.html

http://diasimdiatambem.wordpress.com/2009/09/29/toffoli/

E então, Excelência? Quando nós, católicos, levantamo-nos em público contrariamente à nomeação de um sujeito que é pró-aborto para o Supremo Tribunal Federal do Brasil e, no dia seguinte, as manchetes dos jornais dizem que a CNBB apóia a indicação do mesmíssimo indivíduo para o mesmíssimo cargo, como Vossa Excelência acha que nós ficamos? De que maneira podemos defender a Igreja, se os senhores bispos desta Terra de Santa Cruz estão empenhados em atraiçoá-La covardemente?

Excelência, não queremos senão ser católicos. E não queremos senão ter bispos católicos, que parem de atrapalhar o já árduo trabalho de defender a Igreja nesta sociedade paganizada onde vivemos. É acaso isso pedir demais? Será possível que a Conferência vai continuar a vida inteira militando contra tudo aquilo que a Igreja sempre ensinou e defendeu? Será possível, Excelência, que nos será negada até mesmo a esperança de vislumbrar uma luz no fim do túnel?

Com uma profunda dor na alma,
e rezando pelos Sucessores dos Apóstolos,
subscrevo-me,
filialmente,

Jorge Ferraz
Leigo Católico,
Recife/PE

Inventando oposições

Sobre um comentário que foi aqui feito, referente a algumas declarações da CNBB, cumpre dizer quanto segue:

1. A notícia foi publicada, entre outros lugares, no Diário de Pernambuco (CNBB desautoriza excomunhão), na Folha de São Paulo (Para CNBB, excomunhão não vale para mãe de menina estuprada por padrasto) e em G1 (Para CNBB, ninguém foi excomungado em caso de aborto de menina de 9 anos).

2. A notícia que realmente interessa, no entanto, é aquela que foi publicada no próprio site da CNBB (CNBB fala sobre o caso a menina violentada em Alagoinha).

3. Basta dar uma simples olhada nos links acima citados para se ver que as notícias reproduzidas pela mídia secular não têm nada a ver com o que a CNBB efetivamente disse. Qualquer pessoa com mais de dois neurônios consegue ver perfeitamente isso.

4. As reportagens foram cretinamente distorcidas pela mídia; o Marcio Antonio já fez comentários muito pertinentes sobre o assunto no seu “Eles não sabem o que escrevem”.

5. A notícia veiculada no site da CNBB – ao contrário das que saíram na mídia – afirma categoricamente que a excomunhão “precisa, sim, ser tratada”; portanto, contrariando frontalmente as notícias publicadas pela mídia secular, a CNBB não “desautorizou” excomunhão alguma, nem afirmou que “ninguém foi excomungado”, nem nada parecido.

6. É importante registrarmos aqui o nosso repúdio à má fé na manipulação das informações, feita por uma mídia que deseja dar a entender que a CNBB estaria dizendo uma coisa diferente daquela que foi dita por Dom José Cardoso e, assim, semear, aos olhos do público, uma discórdia inexistente no seio da Igreja.

7. Que a excomunhão automática dependa de alguns componentes subjetivos é uma obviedade que nunca foi negada por ninguém. Aliás, nunca houve, por parte do Arcebispo de Olinda e Recife, uma declaração canônica contendo os nomes dos excomungados; tudo o que fez Sua Excelência foi, sempre, afirmar que “quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae” – o que é uma citação literal do Código de Direito Canônico (tampouco negada pela CNBB).

8. De onde se evidencia, pela segunda vez, que estão inventando oposições entre as declarações de Dom José Cardoso e as da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com o intuito de desacreditar a Igreja Católica ante a opinião pública.

9. Quanto às declarações do Secretário-Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, segundo as quais (em G1): “[n]ão sabemos quem tinha consciência ou não” e “[a]té mesmo na equipe médica, depende do grau de consciência”, isso, como dito acima (n. 7), é verdade; no entanto, e data venia, esta declaração assim feita é inconveniente e desnecessária, porque (1) enseja distorções por parte da mídia anti-católica (como as mencionadas acima), por não deixar claro que não há oposição entre isso e o que declarou Dom José Cardoso; (2) pode confundir os fiéis, fazendo-os pensar, p.ex., que, se a “consciência” do abortista faz com que ele “não ache errado” o aborto que faz, ele não incorre na pena canônica, o que é falso; e (3) se o raciocínio de que as excomunhões não podem ser declaradas porque elas dependem de fatores subjetivos for levado às últimas conseqüências, vamos chegar à absurda conclusão de que nenhuma excomunhão pode nunca ser declarada, dado que os fatores subjetivos por definição escapam ao julgamento objetivo.

10. Por fim, é de se lamentar profundamente a confusão provocada pela forma como as notícias foram veiculadas; reafirmamos tanto quanto dissemos aqui ao longo dos últimos dias, e oferecemos – mais uma vez – o nosso apoio ao Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, de novo vítima das insídias de uma mídia que está determinada a crucificá-lo em praça pública pelo simples fato de ter sido Sua Excelência – até o fim – fiel à Igreja de Nosso Senhor.