Turba de bárbaros exige a cabeça de colunista da Gazeta do Povo – defendamo-lo!

O artigo do Carlos Ramalhete ao qual eu fiz referência ontem aqui desencadeou uma enxurrada de protestos (em sua esmagadora maioria, de baixíssimo nível) nas redes sociais e nas mensagens enviadas à Gazeta do Povo. Em sua página do Facebook o colunista publicou a nota de esclarecimento que eu reproduzo abaixo. Quanto ao mérito do texto (solenemente ignorado pela turba ignara que se lançou furiosamente em marcha a pedir a cabeça do articulista em uma bandeja de prata em meio a gritos histéricos de acusações totalmente descabidas que refletem, por um lado, a mais completa incapacidade de interpretação textual e, por outro, um desejo nada velado de silenciar toda a voz dissidente), quase nada foi dito. Aproveito o ensejo para fazer – mais uma vez – eco à posição do Carlos Ramalhete: à sua posição verdadeira, e não às distorções grotescas contra as quais se levantaram centenas de manifestações de ódio irracionais.

Diante da mobilização dos bárbaros, é absolutamente imprescindível que os que concordamos com os argumentos do Carlos publicados ontem na Gazeta do Povo – ou pelo menos com o direito do Carlos de expôr a sua opinião em uma coluna de jornal – nos manifestemos (em ordem de importância):

  1. em emails de apoio à redação do jornal: leitor@gazetadopovo.com.br ou pelo “Fale Conosco” do site da Gazeta; [FUNDAMENTAL]
  2. nesta Petição Pública à Gazeta do Povo, em favor da liberdade de expressão e pedindo a manutenção da coluna;
  3. na página criada ontem para oferecer apoio ao Carlos Ramalhete; e
  4. na página oficial do colunista no Facebook.

Sem isso, corremos o sério risco de amargarmos uma dolorosa derrota nesta batalha midiática e até de perdermos este precioso espaço semanal que a Gazeta do Povo concede ao pensamento conservador. Não basta, portanto, apenas gostar dos textos, curti-los e divulgá-los; é preciso deixar claro àqueles que bancam esta proposta – especificamente, os editores da Gazeta do Povo – que ela atende, sim, a uma necessidade de parcela considerável da população brasileira e que, portanto, é imprescindível mantê-la a despeito dos uivos dos bárbaros que já se organizam para censurá-la.

Manifestações de apoio já se esboçam na blogosfera:

A seguir, a nota de esclarecimento publicada pelo Ramalhete no Facebook.

* * *

NOTA

Com referência ao artigo “Perversão da adoção”, publicado no dia 30 de agosto, quinta-feira, em minha coluna, no jornal Gazeta do Povo, esclareço o seguinte:

1) Escrevi em defesa da adoção e contra a sua perversão e lamento que isso tenha sido mal interpretado por grupos de interesse.

2) A adoção é um ato de amor, que merece o apoio de toda a sociedade.

3) Repudio, contudo, como sua perversão, a entrega definitiva de uma criança a quaisquer comunidades de vida que não uma família.

4) Mais ainda, repudio forçar uma criança à linha de frente da tentativa em curso de desconstrução da família, inscrevendo em seu documento de identidade uma impossibilidade biológica.

Agradeço o apoio e solidariedade das centenas de leitores que se manifestaram junto a mim e junto ao prestigiado jornal Gazeta do Povo.

Minha página, no Facebook, continua aberta para toda manifestação respeitosa.

Carlos Ramalhete

O bom senso entregue às feras

Divulgo o (sempre oportuno) texto de hoje do Carlos Ramalhete na Gazeta do Povo, chamado “Perversão da adoção”. O articulista tece comentários sobre a recente decisão do STJ de permitir que uma dupla de homens adotasse uma criança.

Uma certidão de nascimento em que constem os nomes do pai e mãe adotivos é uma mentira piedosa, que serve para evitar constrangimentos.

Por outro lado, por mais que haja quem tente “desconstruir a família tradicional”, continua sendo biologicamente impossível ser filho de 20 freiras ou dois barbados. Uma certidão em que constem dois “pais” e nenhuma mãe – ou 20 “mães” e nenhum pai – é um absurdo patente, um abuso de autoridade por parte do Estado.

Subscrevo os argumentos do Ramalhete, que vêm ao encontro de tantas coisas que eu já falei aqui e alhures sobre o assunto. Se é verdade que sempre houve crianças que foram criadas por orfanatos, por tias solteironas, por trupes de circo ou por duplas gays, não é menos verdade que jamais passou pela cabeça de ninguém igualar estas estruturas de facto à família de jure. Se sempre houve (dolorosas) exceções, nunca deixou de haver a consciência de que a família é o locus naturalis onde são geradas e [portanto, devem ser] educadas as crianças. As exceções são simplesmente exceções, sem dúvidas necessárias por vezes, mas ainda assim intrinsecamente deficientes em relação àquilo que sempre se percebeu como um direito da criança: uma família.

Quando o nosso Poder Judiciário resolve, via canetada, eliminar artificialmente a distinção natural entre a família e a estrutura de fato que (excepcionalmente) assume o encargo de educar uma criança abandonada, perde-se o referencial e se esquece por qual motivo, afinal de contas, existe uma proteção especial dos poderes públicos à instituição familiar. A inalienável vocação desta de gerar e educar filhos para Deus e cidadãos para o Estado fica assim obnubilada pelas quimeras ideológicas da vez. Trocar esta organização natural da sociedade por uma estrutura pseudofamiliar modista (evidentemente incapaz de assumir os encargos daquela) é entregar o bom senso às feras.

Uma certidão de nascimento – assim como uma de óbito – sempre foi o reconhecimento público de um fato: aquela criança nasceu de fulano e de sicrana. Sempre se tratou de uma declaração (ou seja, de algo que reconhece uma realidade pré-existente), e não de um decreto (que cria ex nunc um ente de razão e o dota artificialmente de alguns direitos e deveres). Destarte, uma certidão de nascimento onde conste o nome de “dois pais” (ou de “duas irmãs”, ou de todos os integrantes de uma trupe de circo, etc.) é uma aberração jurídica, é um escárnio à realidade e uma traição social. Sacrificar esta natural visão de mundo em favor de uma fantasia utópica pode ser uma maneira eficaz de bajular um determinado grupo social ou de angariar algumas simpatias irresponsáveis; mas sem dúvidas não atende aos interesses objetivos da sociedade e nem contribui para que nos tornemos mais civilizados. Ao contrário até: quando os caprichos de particulares são preferidos à ordem natural da sociedade, nós estamos dando as costas à civilização e caminhando – e, pior ainda, cada vez mais imperceptivelmente – em direção à barbárie.

P.S.: Peço a todos que não deixem de escrever emails para o jornal – via leitor@gazetadopovo.com.br – elogiando o artigo do Carlos, que certamente vai despertar a ira dos militantes gays de plantão. Este feedback é muito importante para que a Gazeta do Povo possa avaliar corretamente este espaço do jornal concedido ao pensamento conservador, sem as distorções provocadas pela patrulha cibernética revolucionária.

Uma versão embalada a vácuo da triste elite da Roma decadente – Carlos Ramalhete

Como de costume, está excelente o texto de hoje do Carlos Ramalhete na Gazeta do Povo. Leiam lá, comentem e compartilhem. Apenas um trecho:

São pulsões básicas e desordenadas, que tomam a frente nos interesses e deixam o cuidado da sociedade ao encargo de aventureiros. A CPI do momento passa por noticiário político, enquanto a população se dedica a palpitantes notícias sobre qual pintinho vai ou quer ir para qual buraquinho. É um tipo de pseudonotícia que só desperta interesse por ser uma forma de projeção dos próprios desejos, e sua onipresença acaba levando a que se confunda o desejo, que é algo de foro íntimo, com a própria identidade social. Daí termos uma presença crescente de quem se defina a partir do uso que faz ou quer fazer de pintinhos e buraquinhos; daí termos uma demanda crescente por meios de esconder e sufocar as consequências físicas e psicológicas desta fixação – do aborto aos remédios de tarja preta, passando pela contracepção e pela distribuição de camisinhas –; daí termos, em suma, uma sociedade que tenta ser, ela toda, uma versão industrializada e embalada a vácuo da triste elite da Roma decadente.

Um retrato triste, mas verdadeiro. Que Deus nos ajude particularmente nestes tempos terríveis, porque dos homens – muito menos dos homens dos dias que correm! – não podemos esperar senão uma alegre e irresponsável marcha rumo à barbárie.

Diversidade de opiniões sobre o feminismo

A Gazeta do Povo, na esteira da brilhante polêmica jornalística inaugurada há duas semanas por ocasião da “Marcha das Vadias” de Curitiba, publicou hoje duas opiniões bem distintas sobre o assunto. Jogada de mestre: basta passar a vista por ambos os artigos para que salte aos olhos a diferença entre ambos – bem como a diferença entre as maneiras como cada uma das posições encara não apenas a mulher, mas o próprio ser humano.

O primeiro se chama “O futuro já chegou” e é da lavra da profa. Maria Rita de Assis César. Duro e rebuscado ao limite do intragável. Nele, palavras de ordem e chavões totalmente estranhos ao dia-a-dia do brasileiro médio: “minorias sociais-sexuais”, “estruturalista, pós-estruturalista”, “movimentos sociais de inspiração queer”, etc. E, no meio da bazófia, camuflada e quase imperceptível, a concepção de “feminismo” que as mulheres brasileiras teriam tanta dificuldade para aceitar: para a articulista, «fazer política no presente é colocar em cena o corpo e o desejo (…), politizando o corpo, a sexualidade e o desejo». Ou seja: segundo alguns expoentes do feminismo contemporâneo, o corpo da mulher não é um recinto sagrado cuja intimidade deve ser valorizada, muito pelo contrário: é um objeto de luta política que deve ser exposto nas ruas. É desta maneira que as intelectuais do movimento feminista dizem defender as mulheres.

O segundo texto intitula-se “Diversidade e identidade” e é assinado pela pedagoga Sueli Caramello Uliano. O texto é doce e suave, este sim representativo dos verdadeiros anseios das brasileiras que, no seu dia-a-dia, não estão nem um pouco interessadas nos faniquitos das anarco-feministas que monopolizaram o discurso dito “em defesa das mulheres”. Ao contrário, este texto é um bálsamo que chega a dar vontade de citar na íntegra e, se não o faço, é para que os acessos sejam direcionados a quem é de direito: cliquem, leiam, curtam, compartilhem, divulguem. À guisa de exemplo, um parágrafo somente:

Lutar contra a violência, principalmente quando é praticada contra os mais fracos fisicamente, sempre terá respaldo popular. Mas o despudor não tem esse respaldo porque expõe do ser humano apenas o seu lado de animal fisiológico, omitindo a pessoa na sua integridade, coisa que só a elegância pode preservar. Ser livre não é ser vadia, como afirma o artigo citado. Ser livre é uma condição da pessoa, que traz consigo longa lista de responsabilidades, aspirações, direitos e deveres. Há que se discutir a questão em outro nível.

É esta a verdadeira valorização da mulher, cuja defesa não pode ser deixada nas mãos de senhoras alienadas que confundem impudicícia com liberdade e para as quais o mundo perfeito realizar-se-á somente quando o ser humano for capaz de encarar um desfile histérico de tetas baloiçantes ao vento com a mesma serenidade com a qual contempla as folhas caindo no outono. É importante dizer com clareza o quanto esta idéia é estúpida. É importante deixar claro que, independente do que disserem, estas senhoras não representam as mulheres.

Esta é uma luta pela dignidade das mulheres

Todos devem ter acompanhado a interessantíssima repercussão que teve, na semana passada, o artigo do Carlos Ramalhete em defesa da dignidade feminina contra os descalabros das auto-intituladas vadias itinerantes. O segundo capítulo da novela foi a publicação, no mesmo jornal, de um artigo da lavra da “coordenadora da Marcha das Vadias em Curitiba”, cujos dois principais problemas ao meu ver são:

  1. ter cuidadosamente evitado enfrentar o mérito da crítica à forma depravada (no nome e nas atitudes) que estas senhoras escolheram para protestar contra uma situação não obstante digna de revolta e de protesto (coisa, registre-se, que ninguém nega);
  2. ter deliberadamente ocultado a grande bandeira que os movimentos feministas em geral e a “Marcha das Vadias” em particular desfraldam despudoradamente quando não precisam posar de vítima perante a opinião pública: o aborto (atenção, foto indecorosa).

O Ramalhete voltou ao tema na sua coluna de hoje, em um belo texto – não o deixem de ler e compartilhar – chamado “Dignidade e Degradação”, onde explica as coisas de maneira tão pedagogicamente mastigada que não é possível às feministas rasgarem as vestes de novo, acusando-o (como na semana passada) daquilo que ele, absolutamente, não fez. Exercitando a sua espetacular capacidade de apresentar analogias elucidativas, o articulista da Gazeta do Povo dispara:

Combate-se a violência primeiramente perseguindo e punindo o agressor, mas o mais fraco também deve ser ajudado a reconhecer sua dignidade e a projetá-la. Sair às ruas negando em ato a dignidade feminina pode parecer uma boa ideia para quem vive num padrão de classe média, para quem tem a certeza dada pela experiência de que sua dignidade não está em jogo. Para a moça viciada e pobre, que se prostitui por droga, um bando de madames se afirmando “vadias” é uma piada de mau gosto, como seria para um escravo um bando de doutores brancos com a cara pintada de rolha queimada fazendo piruetas com enxadas.

E, a despeito de toda a cortina de fumaça levantada pelas revolucionárias, o cerne da questão sempre foi esse: a dignidade feminina. Dignidade que é aviltada pelo marido bêbado que espanca a esposa, pelo estuprador que covardemente ataca uma mulher, pelos “homens que se esfregam nojentos / no caminho de ida e volta da escola” e também pelas senhoras atentando contra o pudor ao saírem por aí com as tetas de fora. Contra esta loucura coletiva, são extremamente lúcidas as palavras com as quais o Ramalhete termina a sua coluna:

Evitar um estupro com uma unha comprida e bem tratada no olho do marginal faz mais pela dignidade feminina que 1 milhão de mulheres seminuas em público numa marcha.

E é isto o que realmente interessa. O resto – de misoginia, de machismo, de coisificar as mulheres, de ser leniente com a violência por elas sofrida, etc. etc. – é somente o lenga-lenga destas inimigas das mulheres que querem, a todo custo, levantar bonecos-de-palha contra os quais possam despejar a virulência da sua retórica vazia para que as demais pessoas não vejam a incoerência sibilina no discurso que elas próprias querem impôr à sociedade. Esta semana ainda vale o pedido para que cartas de apoio sejam enviadas ao jornal:

– leitor@gazetadopovo.com.br ou
– http://www.gazetadopovo.com.br/faleconosco/

A fim de que a opinião pública tenha uma correta dimensão da representatividade das “Vadias” no conjunto da população feminina brasileira. Os sofismas não podem vencer o bom senso e a ideologia disparatada não pode pretender ser reconhecida acima da realidade. Esta é uma luta pela dignidade das mulheres. Que cada um tome nela a sua – importante – parte.

Ainda a Marcha das Vadias e a histeria dos revolucionários: a repercussão

Com relação ao que falei aqui a respeito do lúcido artigo do Carlos Ramalhete contra a “Marcha das Vadias” publicado ontem na Gazeta do Povo de Curitiba – e da intolerante reação revolucionária que se lhe seguiu –, são dignas de menção outras iniciativas parecidas com a minha que surgiram na blogosfera conservadora de ontem para hoje.

1. Marcha das Vadias: militando pela imodéstia e pela morte, por Everth Queiroz. «Este tumulto generalizado em reação ao brilhante artigo do prof. Carlos Ramalhete não tem razão de ser. Porque, como qualquer outro evento, este também é passível de crítica; afinal, vivemos em uma sociedade em que convivemos diariamente com o plural, com opiniões diferentes, com modos diversos de enxergar a realidade. Acontece que o pessoal desses novos movimentos sociais – e aqui a nossa crítica se estende aos grupos LGBT – não tolera ser contrariado, não suporta ver seus interesses ou anseios contestados».

2. Ah, que é isso? Elas estão descontroladas! Feministas surtam e declaram guerra à Gazeta do Povo por artigo crítico à “Marcha das Vadias”, por Renan Cunha. «O que eu, realmente, não consigo entender é como uma pessoa que se autointitula vadia – sinônimo de puta – tem a pretensão de se dizer ofendida por alguém dizer que ela veste carcaça de gambá. É o cúmulo da falta de senso do ridículo e da vergonha na cara. Até porque, acaso uma pessoa que se despe em público, expondo seu corpo à céu aberto, não está se igualando a uma carne no balcão do açougue?».

3. Mancha das Vadias, por Wagner Moura. «É incrível a lógica del@s. Fingindo desejo de visibilidade, el@s se “invisibilizam” para melhor poder agir. Elas querem o de sempre: aborto, fim da família e todas essas causas financiadas pelas mesmas fundações internacionais de sempre. Mas embalando tudo para presente com um monte de mulher nua gritando palavras de ordem e chamando atenção para como o fato de se dizerem vadias não as torna vadias… É mais, digamos, divertido. E o brasileiro gosta e com o tempo vai se acostumar. No futuro – sombrio – vamos ler aquelas máterias de famílias as mais sem cérebro levando suas crianças para um evento desses e dizendo que é bom, é maravilhoso, é cidadão e que suas crianças precisam crescer nesse mundo».

Permanece válido o convite que fiz ontem a todos os que não concordam com a coisificação feminina personificada com tanta crua eloqüência em manifestações de feministas como a “Marcha das Vadias” para que escrevam – e peçam que outros também escrevam – à Gazeta do Povo manifestando apoio ao artigo do Carlos Ramalhete e à linha editorial do jornal de Curitiba:

a) enviando email para leitor@gazetadopovo.com.br; e
b) por meio da página de “Fale Conosco” (http://www.gazetadopovo.com.br/faleconosco/) do jornal.

Conheça, pense, divulgue. O Brasil agradece.

Redução de danos para aborto ilegal: mais uma investida pró-aborto do governo

As atuais políticas de redução de danos não fazem sentido. Acho que nunca conheci alguém que fosse defensor entusiasta delas e, ao mesmo tempo, não nutrisse uma simpatia mal-disfarçada pela prática cujos “danos”, supostamente, se está querendo minimizar. Na teoria, tais políticas deveriam servir para minimizar os impactos de uma prática nociva enquanto se trabalha diligentemente por sua erradicação; na prática, elas servem para anestesiar as consciências e acostumar as pessoas (e o orçamento público) a determinadas atitudes pouco aceitas pela sociedade enquanto se planeja (e se executa) a sua inserção social.

E a coisa se reveste de uma particular perversidade quando alguém propõe políticas de redução de dano para o aborto. A notícia já provocou reações bastantes fortes internet afora. À guisa de exemplo, trago duas.

Primeiro, o Reinaldo Azevedo, dizendo que o Ministério da Saúde estuda forma oblíqua de legalizar e patrocinar o aborto. Destaco: «Dilma era favorável à legalização do aborto. Disse isso mais de uma vez. Declarou ter mudado de opinião quando se fez candidata. […] Eleita, Dilma nomeou para o Ministério das Mulheres uma abortista fanática e aborteira confessa e mantém o tema como agenda permanente do governo, embora escolha sempre um caminho oblíquo».

Depois, este excelente editorial da Gazeta do Povo sobre o assunto. Excerto: «A população brasileira não quer o aborto livre – fato demonstrado por inúmeras pesquisas. Todas as tentativas de legalizar a prática foram, até o momento, barradas pelo Congresso Nacional. É lamentável que, na contramão do desejo dos cidadãos e da garantia do direito fundamental à vida, o governo federal siga insistindo em maneiras de contornar a legislação e permitir a eliminação indiscriminada de inocentes».

Não se trata, por óbvio, de socorrer as mulheres que tenham complicações por conta de abortos clandestinos já consumados. É óbvio que não é este o objetivo destas novas políticas, uma vez que jamais passou pela cabeça de ninguém defender que se negue assistência médica às mulheres que chegam aos hospitais após saírem das clínicas dos aborteiros. O objetivo orquestrado aqui (e na questão do aborto dos anencéfalos, dos embriões humanos destruídos em pesquisas, em “normas técnicas” de atenção humanizada ao abortamento, na alquimia jurídica transmutando um crime em um dever do Estado, na nomeação de abortistas escancarados para postos-chave da administração pública, no anteprojeto de reforma do Código Penal, etc., etc.) é claramente a implantação do aborto no Brasil à revelia da população.

Sim, porque a população brasileira é majoritariamente contrária ao aborto, como lembrou recentemente a Dra. Lenise Garcia. E esta ubiqüidade subreptícia da agenda abortista no Brasil só revela o quanto o nosso atual governo está pouco se lixando para os anseios da população brasileira, ao menos tempo em que trabalha com afinco para honrar os compromissos abortistas assumidos com entidades e organismos internacionais.

STF: escárnio da Pátria, vergonha do Brasil

O Dr. Ives Gandra Martins voltou a escrever – desta vez na Gazeta do Povo – sobre a recente decisão do STF favorável ao aborto eugênico de crianças deficientes. Diferentemente do que alguns estão “argumentando” (ad baculum) por aí, a sua tese é bastante convincente e parece muito bem embasada (ao contrário de alguns votos sem lógica e claramente ideológicos que foram proferidos na Suprema Corte durante o julgamento da ADPF 54):

Veja-se o caso da ADPF 54, em que o tribunal maior do país criou uma terceira hipótese de impunidade ao aborto – o aborto eugênico, não constante do Código Penal (art. 128), que só cuida do aborto terapêutico ou aborto sentimental (estupro). Reza o parágrafo 2.º do artigo 103 da Constituição Federal que “declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias” (grifos meus).

Como se vê, nem por omissão incons­­titucional do Congresso poderia a Supre­­ma Corte legislar positivamente, devendo neste caso comunicar ao Congresso Nacional que sua omissão seria inconstitucional; não aplicar nenhuma sanção, se o Congresso não produzisse a norma; não definir qualquer prazo para que o faça; e não produzir a norma não produzida pelo Parlamento.

Enquanto isso, o Supremo se presta (de novo…) a mais um ridículo espetáculo de brigas de comadres com o Joaquim Barbosa fofocando sobre o Cezar Peluso. Segundo a notícia, «[d]ois dias depois de ser chamado de inseguro e dono de “temperamento difícil” pelo ministro Cezar Peluso, o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa respondeu em tom duro. Em entrevista ao GLOBO, Barbosa chamou o agora ex-presidente do STF de “ridículo”, “brega”, “caipira”, “corporativo”, “desleal”, “tirano” e “pequeno”». Sobre isto, falou com muita propriedade o Percival Puggina no Facebook:

Naquela instituição o exercício das vaidades foi muito além do limite razoável e está comprometendo o discernimento de boa parte dos ministros. A tevê fez muito mal à nossa Suprema Corte. Poucas vezes os ministros opinam com tanta razão como quando falam mal uns dos outros.

Em suma: decidem como querem, sem respeito a ninguém (ao povo brasileiro, à Constituição Brasileira ou à ordem social). Chegam ao cúmulo de extrapolar manifesta e confessadamente as suas competências: o Ayres Britto já chegou a dizer, verbis, que «[o] Supremo se tornou uma casa de fazer destino» (!) e tem a missão de «arejar os costumes, mudar paradigmas e inaugurar eras» (!!) na sociedade.

Não podemos nos sujeitar tranqüilamente a estas atitudes evidentemente tirânicas que ainda têm o escárnio de se apresentar como se fossem legítimo exercício de democracia. Quem ainda não leu a coluna de ontem do Carlos Ramalhete, faça-o agora. Faço minhas as palavras do articulista: «Se um candidato a cargo eletivo prometesse fazer qualquer destas coisas, não teria chance alguma de ser eleito. Se as propusesse depois de eleito, sua reeleição seria impossível. […] O Judiciário, porém, não depende de eleições. Para evitar pressões políticas e financeiras, para preservar a ordem social que ora parece ter se tornado sua inimiga, seus membros são dotados de garantias que, na prática, os tornam perfeitamente independentes».

São inimigos do povo, agindo em prol de interesses escusos e na contramão da vontade da população brasileira. Se antes o faziam às escondidas, agora já o confessam ser ter pejo, inebriados pelo poder e impunidade do cargo que ocupam – de onde se julgam deuses que não devem prestar contas a ninguém. Não são dignos da elevada posição que lhes foi confiada, que deveria servir à manutenção da ordem social e não à sua destruição. Cobrem de infâmia a nossa Pátria e são, na verdade, uma nódoa imunda que passará à história como a vergonha do Brasil.

Guardar a fé, o serviço de Bento XVI – #7BXVI

[Fonte: Gazeta do Povo. Não deixem de manifestar ao jornal – atráves do email leitor@gazetadopovo.com.br – a sua opinião sobre o assunto, elogiando a publicação, a escolha do tema, o espaço concedido a uma linha editorial que parece ter pouca cidadania na mídia moderna. Este blogueiro agradece.]

Guardar a fé, o serviço de Bento XVI

“Não anunciamos teorias nem opiniões privadas, mas a fé da Igreja da qual somos servidores”, disse na última Quinta-Feira Santa o Papa Bento XVI, que na segunda-feira completou 85 anos de idade e, hoje, comemora sete anos de pontificado. Ele respondia a um manifesto de padres europeus que solicitava, entre outras mudanças na Igreja, a ordenação de mulheres e a possibilidade de divorciados casados em segundas núpcias receberem a Eucaristia.

A idade avançada do Papa faz com que não falte nem mesmo quem insinue – com ares de exigência – que Bento XVI deveria renunciar por não estar mais em condições de governar a Igreja Católica do terceiro milênio. Mas, no último domingo, Bento XVI tornou a pedir que os católicos rezassem por ele, a fim de que ele cumpra a missão que lhe foi confiada. Parte desta missão é o combate ao relativismo, a noção de que valores e verdades são maleáveis de acordo com o tempo e o local. Esta mentalidade permeia tanto o mundo moderno como o interior da própria Igreja, como atesta o Apelo à Desobediência a que o Papa respondeu na Semana Santa.

O papel do bispo de Roma, como sempre foi entendido pelos católicos, é um papel de serviço e não de poder. E este serviço não tem a mesma conotação que costumamos encontrar nos dias de hoje, como se significasse bajulação das massas ou obediência subserviente às reivindicações da moda. Bento XVI recebeu a difícil missão de governar mais de 1 bilhão de fiéis católicos espalhados por um mundo plural onde o relativismo parece ser o último dogma que se manteve de pé após o homem moderno e evoluído relegar o fenômeno religioso ao terreno da superstição. E, na contramão das tendências modernas, decidiu dar ao seu pontificado uma tônica de redescoberta e valorização da identidade católica.

Esta posição foi manifestada tantas vezes que, até mesmo por uma questão de honestidade, não é lícito a ninguém ignorá-la. Ainda antes de ser eleito Papa, interpelado sobre o porquê de a Igreja Católica não agir com um pouco mais de transigência diante das exigências morais dos nossos dias – como o aborto, a contracepção, o casamento gay –, o então cardeal Ratzinger respondeu que a maior parte dos protestantes já aceitava estas práticas há muito tempo e nem por isso suas igrejas estavam com maior popularidade que a Igreja Católica.

Em sua viagem à Alemanha em setembro do ano passado, o Papa disse, em um encontro com seminaristas, que o número dos que pediam uma flexibilização da doutrina moral da Igreja, por grande que chegasse a ser, seria sempre uma falsa maioria. Porque a Igreja é formada também pelos católicos dos séculos passados, de tal maneira que não é possível haver uma maioria contra os apóstolos e os santos. Ninguém está obrigado a ser católico, mas os que querem sê-lo têm a obrigação de professar a fé que é, afinal de contas, precisamente aquilo que os define como católicos.

O Papa é guardião da fé, e não o seu artífice. Bento XVI pode não estar governando da maneira como gostariam alguns católicos mais progressistas, mas ninguém o pode acusar de estar sendo infiel à Igreja da qual ele se apresenta como o maior dos servos.

Jorge Ferraz é analista de sistemas e mantém o blog Deus lo Vult! (www.deuslovult.org), premiado como o melhor blog pessoal de religião do Brasil pelo júri acadêmico do Top Blog 2011.

Maria Clara: geneticamente selecionada para curar a irmã

Não posso deixar de registrar a excelente cobertura que a Gazeta do Povo, de Curitiba, deu ao caso da menina gerada por meio de fecundação artificial e que foi geneticamente selecionada para salvar a irmã de uma doença (aliás, há um filme de 2009 – My Sister’s Keeper – com a mesma temática).

Irmãos feitos para salvar irmãos, por Salmo Raskin: “Há o risco de a criança que veio ao mundo para salvar seu irmão se sinta diferente quando compreender o que motivou o seu nascimento. Traz à tona o temor de que possa estar mais próximo o dia em que também será aceita a seleção de embriões por fatores não ligados a doenças, ou até a manipulação de material genético de embriões”.

Bebê-medicamento é uma solução?, por Lenise Garcia: “Sorte de Maria Clara, que, por ser saudável e compatível, sobreviveu. Mas ela saberá, ao longo de sua vida, que não foi escolhida por ela mesma, mas apenas por alguns de seus genes. E Maria Vitória saberá que teve mais sorte ainda, por ter sido concebida naturalmente, pois se ela fosse fruto de uma fertilização in vitro teria ido para o ralo”.

Os limites da Genética, por Gazeta do Povo (Editorial): “[E]mbriões, saudáveis ou não, acabam indefinidamente congelados ou são simplesmente descartados – a “solução” mais comum, nas palavras do próprio médico que atendeu os pais de Maria Clara. São seres humanos cujo único “defeito” foi não ter os genes corretos – ou também apresentariam talassemia ou, mesmo sendo saudáveis, não tinham as características exigidas para proporcionar a cura de Maria Vitória. Deve-se ressaltar que eugenia é eugenia independentemente de ocorrer no útero, em laboratório ou mesmo após o parto, e também independe do objetivo da seleção; do contrário, acaba-se legitimando o pensamento de que os fins justificam quaisquer meios”.

São opiniões excelentes que carregam ainda o mérito de serem exceções honrosas: tomadas de posição assim não são facilmente encontradas na grande mídia nacional. O serviço que o jornal paranaense presta à sociedade brasileira é inestimável. Não deixem de escrever para o jornal (clicando aqui (para o terceiro texto), ou por meio do email: leitor@gazetadopovo.com.br) parabenizando-o pela linha editorial que vem adotando, e que está – na contramão de parte esmagadora da imprensa brasileira – em sintonia com os princípios e valores do povo brasileiro.