50 anos da morte de Pio XII

Hoje, o Santo Padre Bento XVI celebrou uma Capela Papal em comemoração pelo cinqüentenário da morte do Servo de Deus Pio XII. O Fratres in Unum acabou de publicar fotos da celebração. Da homilia pronunciada pelo Santo Padre, traduzo os textos a seguir, bem adequados à recente polêmica envolvendo a figura deste grande Príncipe da Igreja:

A Guerra [Segunda Guerra Mundial] pôs em evidência o amor que [Pio XII] nutria por sua “amada Roma”, amor testemunhado pela intensa obra caritativa que promoveu em defesa dos perseguidos, sem distinção alguma de religião, etnia, nacionalidade ou filiação política. Quando, ocupada a cidade, ele foi diversas vezes aconselhado a deixar o Vaticano para manter-se a salvo, a sua resposta sempre foi idêntica e decidida: “não deixarei Roma e nem meu posto, ainda que tivesse que morrer” (cfr Summarium, p.186). Os familiares e outras testemunhas referiram-se, além disso, à privação de alimento, aquecimento, vestuário e conforto, à qual ele se submeteu voluntariamente para compartilhar a mesma condição das pessoas duramente provadas pelos bombardeios e consequências da Guerra (cfr A. Tornielli, Pio XII, Un uomo sul trono di Pietro). E como esquecer a radiomensagem natalícia de dezembro de 1942? Com voz partida pela comoção, deplorou a situação das “centenas de milhares de pessoas que, sem nenhuma culpa própria, às vezes somente por razões de nacionalidade ou de família, são destinadas à morte ou a uma progressiva decadência” (AAS, XXXV, 1943, p. 23), em uma clara referência à deportação e ao extermínio perpetrado contra os judeus.

Agiu muitas vezes de modo secreto e silencioso justamente porque, à luz da situação concreta daquele complexo momento histórico, ele intuía que somente deste modo era possível evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus. Por estas suas intervenções, numerosos e unânimes atestados de gratidão foram a ele dirigidos ao fim da Guerra, bem como no momento de sua morte, pelas maiores autoridades do mundo judeu, como, por exemplo, pelo Ministro do Estado de Israel Golda Meir, que assim escreceu: “quando o mais assustador martírio se abateu sobre o nosso povo, durante os dez anos do terror nazista, a voz do Pontífice se levantou em favor das vítimas”, concluindo com emoção: “nós choramos a perda de um grande servidor da paz”.

Infelizmente, o debate histórico sobre a figura do Servo de Deus Pio XII, nem sempre sereno, falhou em trazer à luz todos os aspectos do seu pontificado multifacetado. Muitíssimos [tantissimi] foram os discursos, as alocuções e as mensagens que manteve com cientistas, médicos, expoentes das categorias de trabalhadores mais diversas, algumas das quais conservam ainda hoje uma extraordinária atualidade e continuam a ser um ponto seguro de referência.

[…]

Caros irmãos e irmãs, enquanto rezamos para que prossiga felizmente a causa de beatificação do Servo de Deus Pio XII, é bonito recordar que a santidade foi o seu ideal, um ideal que não deixou de propôr a todos. (…) Neste nosso mundo que, como então, é assaltado por preocupações a angústias sobre o seu futuro; neste mundo onde, talvez mais do que então, o afastamento de muitos da verdade e da virtude deixa entrever cenários desprovidos de esperança, Pio XII nos convida a voltarmos o nosso olhar para Maria assunta na Glória Celeste. Convida-nos a invocá-la confiantes, para que nos faça apreciar sempre mais o valor da vida sobre a terra e nos ajude a volver o olhar para o objetivo verdadeiro ao qual somos todos destinados: aquela Vida Eterna que, como assegura Jesus, possui já quem escuta e segue a Sua Palavra. Amém!